SEGUNDA EDIÇÃO DE QUINTA-FEIRA, 17 DE JANEIRO DE 2019

NO O ANTAGONISTA
PF tenta encerrar polêmica: ‘Todos os brasileiros’ que quiserem poderão ter armas
Quinta-feira, 17.01.19 10:21
Por Diego Amorim
No memorando enviado a delegados da Polícia Federal, obtido por O Antagonista, a orientação é de que “todos os brasileiros que tiverem interesse em adquirir armas de fogo de uso permitido” poderão tê-las.
O documento, assinado por Éder Rosa de Magalhães, chefe da Divisão Nacional de Controle de Armas de Fogo da PF, tenta encerrar a polêmica sobre o alcance do decreto que entrou em vigor nesta semana.
Após a apresentação de um quadro com dados da taxa de homicídios nos estados (veja abaixo), o delegado da PF pontuou que “todos os estados brasileiros apresentaram índices anuais de mais de dez homicídios por cem mil habitantes”.
“Como se depreende da coluna referente ao ano de 2016, a qual deverá ser considerada para a caracterização das áreas urbanas com elevados índices de violência, no ano em questão todos os estados brasileiros apresentaram índices anuais de mais de dez homicídios por cem mil habitantes.”
Em seguida, a conclusão é de que “estará presente a efetiva necessidade [da posse de armas] quando o interessado residir em área rural ou em área urbana com elevados índices de violência”, portanto:
“Será presumida a efetiva necessidade para todos os brasileiros que tiverem interesse em adquirir armas de fogo de uso permitido, bastando a simples apresentação de comprovante de residência.”

PF não vai fiscalizar se cidadão tem ‘local seguro’ para guardar armas
17.01.19 10:10
Por Diego Amorim
O Antagonista teve acesso a um memorando enviado ontem a delegados da Polícia Federal com as diretrizes que deverão nortear a adequação do controle de armas de fogo no país em razão do decreto assinado nesta semana por Jair Bolsonaro.
No documento, Éder Rosa de Magalhães, chefe da Divisão Nacional de Controle de Armas de Fogo da PF, reforça que “não há necessidade de comprovação da existência do cofre ou do local seguro, com tranca, para armazenamento apropriado das armas”.
“Sendo assim, não há que se falar em necessidade de realizar fiscalizações com o escopo de verificar se o interessado realmente dispõe de cofre metálico ou de local adequado para o armazenamento das armas.”
Como o próprio presidente afirmou durante a cerimônia de assinatura do decreto, o Estado vai acreditar na informação do cidadão.

A paciência de Lula
17.01.19 09:51
Lula, em carta da cadeia, recomendou a Jean Wyllys “muita paciência” (ou, no caso, pasciencia).
Considerando sua pena, quem precisa ter muita paciência é ele.

Direita X Direita
17.01.19 09:45
O futuro do Brasil será definido pelo embate entre direita e direita, segundo Matias Spektor.
“De um lado, a direita formada na esteira da globalização. Trata-se de um grupo de talho liberal. Em política, seu compromisso maior é com o constitucionalismo, o Estado de Direito e a garantia de liberdades individuais e das minorias (…).
Do outro lado, está a direita conservadora. Hoje democrática, ela prega eleições livres e competitivas e dá provas de que pode ganhá-las com folga. Seu compromisso maior é com os ideais de nação, família tradicional e fé cristã. Ela rejeita o multiculturalismo, a normalização da família não-tradicional e a laicidade — marcas distintivas da direita liberal (…).
O fiel da balança será o establishment militar, onde há liberais e conservadores.”
A esquerda? A esquerda está na cadeia.

O paradoxo do general
17.01.19 09:16
O general Eduardo Villas Bôas, que vai assessorar o general Augusto Heleno, “deve desembarcar no Palácio do Planalto com o paradoxal objetivo de, sendo um general, ajudar a limitar o eventual apetite que as Forças Armadas possam ter pelo protagonismo que receberam de Jair Bolsonaro”, diz a Folha de S. Paulo.
O general Eduardo Villas Bôas é o melhor nome para qualquer governo, e não há nada de paradoxal nisso.

Sem mudança
17.01.19 09:04
Eduardo Bolsonaro, assim como o pai, também embolsou o auxílio-mudança de 33,7 mil reais, diz a Folha de S. Paulo.
A única coisa que não muda em Brasília é a prodigalidade com o dinheiro público.

A transição venezuelana passa pelo Brasil
17.01.19 08:52
O Brasil deve reconhecer Juan Guaidó como presidente provisório da Venezuela.
O Globo informa que “três importantes líderes da oposição venezuelana no exílio desembarcaram na noite desta quarta-feira em Brasília para articular com o governo brasileiro a transição na Venezuela: ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma, o ex-presidente da Assembleia Nacional Julio Borges, e o número dois do partido Vontade Popular, Carlos Vecchio”.

Lula tour
17.01.19 08:05
O petista Pedro Uczai usou dinheiro da cota parlamentar para ir a um ato pela soltura de Lula, em Curitiba, diz a Crusoé.
O contribuinte, depois de ser roubado por Lula, é o obrigado a pagar também por sua defesa.
Leia aqui.

O chanceler guerrilheiro
17.01.19 07:57
Em 2011, num evento nos Estados Unidos, o chanceler Ernesto Araújo defendeu os atos terroristas da guerrilheira Dilma Rousseff.
A Época citou um trecho de seu discurso:
“Especialmente entre os jovens não havia esperança de ver a democracia restabelecida por meios pacíficos. A impressão era que o governo militar ia ficar para sempre. Então muitas pessoas, a despeito das instituições, decidiram pegar em armas. Ela (Dilma) foi parte disso (…).
Não foi a luta direta com armas que derrubou os militares. Mas é claro que essa luta (guerrilha) foi importante como parte de um movimento geral em direção a mais democracia, que era basicamente um movimento pacífico.”
O vínculo de Ernesto Araújo com o círculo mais íntimo da diplomacia petista, prossegue a revista, somente encerrou-se com o episódio do impeachment”.

BLOG DO J. R. GUZZO
Falta tempo
Mudar o Brasil vai exigir os quatro anos inteiros do governo Bolsonaro e sabe-se lá quanto mais tempo ainda
Por J.R. Guzzo
Quinta-feira, 17 janeiro 2019, 07h14
Publicado na edição impressa da EXAME
Já foi dito, mas vale a pena dizer de novo: o Brasil anda muito nervoso. Uma das manifestações mais comuns desta ansiedade é a cobrança de resultados concretos do governo de Jair Bolsonaro. E então: onde está a reforma da Previdência? Por que ainda não fecharam o Incra, o Ibama e a Funai? Quantos funcionários enfiados na máquina pública pelo PT (tudo peixe graúdo, ganhando de 50.000 reais por mês para cima) já foram demitidos? Por que o Brasil, até agora, não rompeu com a Venezuela? Onde estão os números de queda no índice de homicídios? E as privatizações: alguém já viu alguma privatização sendo feita? Fecharam a empresa do “Trem Bala”? Por que tanta gente fala e tão pouca coisa acontece? Enfim: porque esse governo não faz nada? 
Uma possível resposta para isso talvez esteja no calendário: quando se faz as contas, o novo governo não terá completado um mês quando o leitor estiver lendo este artigo. É verdade que já deu tempo para a ministra Damares pegar no pulo uma espetacular marmelada da era anterior ─ um contrato pelo qual você iria pagar 45 milhões de reais, isso mesmo, para instruir as populações indígenas no uso de cripto-moedas, ideia que realmente só poderia ocorrer a alguém depois dos dezesseis anos de roubalheira alucinada dos governos Lula-Dilma. Mas pouca gente parece disposta a considerar que três semanas são um prazo muito curto para mudar o Brasil, trabalho que vai exigir os quatro anos inteiros do governo Bolsonaro e sabe-se lá quanto mais tempo ainda.
O mercado, mais do que ninguém, dá sinais de que está entendendo a situação com muito mais realismo, objetividade e bom senso ─ falando com dinheiro, e não com ideias, os investidores fizeram a Bolsa de Valores bater todos os seus recordes nos últimos dias, e o dólar, eterno refúgio nas horas de medo, recuou para a sua menor cotação em dois meses. O recado aí é o seguinte: o País vai mudar, sim, na verdade já está mudando e parece estar engrenado para mudar mais do que em qualquer outra época de sua História econômica recente. Essa percepção se baseia num fato essencial. Seja lá o que o governo fizer, seja qual for o seu grau de competência na administração da máquina pública, ou seja lá quanto sucesso efetivo tiver na execução dos seus projetos, uma coisa é 100% certa: Bolsonaro, desde já e ao longo dos próximos quatro anos, vai fazer basicamente o exato contrário do que foi feito nos dezesseis anos de lula-dilmismo, incluindo o arremate dado por seu vice-presidente e aliado histórico Michel Temer. Não é muito complicado. Mesmo um governo presidido pelo centro-avante Deyverson inspiraria mais confiança, aqui e no exterior, do que qualquer gestão do PT. Pense, por 45 segundos, como estaria a situação se o presidente empossado no dia 1º. de janeiro tivesse sido Fernando Haddad, em vez de Jair Bolsonaro. Pronto. Não é preciso perder seu tempo com mais nada.
Os ministros escolhidos, em geral, parecem realmente os mais indicados para executar o trabalho que o governo se propõe a fazer. Sempre é possível que haja um bobo entre eles ─ mas até agora ainda não se descobriu quem é. A dúzia de generais, ou algo assim, que foram para o ministério ou primeiro escalão, até agora só incomodaram os jornalistas; para o governo, deram prestígio moral, autoridade e a imagem de que o Brasil está sendo dirigido por gente séria. Os ministros mais atacados, como os do Meio Ambiente, Relações Exteriores e Justiça, passam a impressão de que sabem perfeitamente o que estão fazendo ─ e de que estão muito seguros quanto aos seus objetivos práticos. A “impossibilidade” de lidar com o Congresso, apresentada como fato cientifico durante a campanha, não impressiona ninguém, a começar pelo Congresso. As reformas mais complicadas na organização do País têm boas chances de serem aprovadas ─ e isso, por si só, promete uma virada vigorosa na economia. O que está faltando, mesmo, é mais tempo para o governo acontecer. Três semanas é muito pouco.

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