SEGUNDA EDIÇÃO DE SEGUNDA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2018

NO BLOG DO JOSIAS
Bolsonaro transforma ‘lua-de-mel’ num pesadelo
Por Josias de Souza 
Segunda-feira, 31/12/2018 | 05h25
De acordo com uma lei não escrita da política, todo novo governo tem direito a cem dias de tolerância. 
Jair Bolsonaro ainda não sabe se lhe será concedida a deferência de uma lua-de-mel. Mas já transformou a praxe em pesadelo. Fez isso ao marcar para 11 de abril uma celebração do aniversário de cem dias de sua administração. 
Auxiliares do capitão avaliam que a agenda dos 100 dias pode virar uma bola de ferro se o governo não conseguir deslanchar rapidamente. Para esse grupo, o mais adequado teria sido levar os primeiros feitos à vitrine antes de marcar a exposição. O maior receio é o de que reformas como a da Previdência se arrastem em ritmo de novela. 
Um dos aliados de Bolsonaro comparou-o a um noivo que, por impetuoso, desconsidera o risco de ocorrer uma inundação na suíte nupcial. Ou um curto circuito na fiação do abajur. Fiascos do gênero converteriam a festa de 11 de abril numa celebração em torno do nada.

General deveria comparar armas a nascimentos
Por Josias de Souza 
31/12/2018 | 04h08
Aconselha-se o general Augusto Heleno que pare de comparar a posse de armas de fogo à posse de automóveis. A analogia não faz jus à sua inteligência.
"Se formos considerar número de vítima, vamos ver que está em torno de 50 mil vítimas de acidentes de automóvel por ano", afirmou Heleno. 
"Se você for considerar isso, vamos proibir o pessoal de dirigir, porque alguém está correndo risco de morrer porque o motorista é irresponsável. A posse da arma é um atributo que muitos países concedem ao cidadão para sua defesa, da família e da propriedade". 
Ora, levando-se a teoria do general ao pé da letra, a humanidade teria de censurar o conselho divino — "Crescei e multiplicai-vos" —, proibindo imediatamente a prática do sexo para fins reprodutivos. Isso resolveria definitivamente o problema, pois a maior causa de mortalidade não são os carros nem as armas, mas esse mal terrível chamado nascimento. 
Vivo, René Descartes entraria em parafuso: "Penso, logo existo", ele repetiria, antes de interrogar os seus botões: "Mas por que é que eu penso? E pra que é que eu existo?" 
O general Heleno simplificaria as coisas se declarasse algo assim: Bolsonaro vai liberar a posse de armas por decreto porque foi isso que ele prometeu na campanha. E foi para isso que seus eleitores o levaram até a vitória.

NO BLOG ALERTA TOTAL
Segunda-feira, 31 de dezembro de 2018
Jura que a Nova República termina hoje?
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Membro do Comitê Executivo do
Movimento Avança Brasil
Pergunta fatal no derradeiro dia do ano de 2018: Será que a caduca “Nova República” de 1985 acaba hoje, com a virada para 2019? Seria maravilhoso para o Brasil e para os brasileiros que tal fenômeno mágico acontecesse... No entanto, o tempo histórico não opera com tanta precisão... Além disso, por aqui, os fantasmas do passado insistem em continuar assombrando o presente, para inviabilizar o futuro. Os canalhas morrem nunca?!
“Nova República” foi o termo usado para batizar o governo que começou em 1985, com a posse de um Presidente que não foi eleito, chamado José Sarney. 
Por sacanagem irônica da História, o “Regime dos Presidentes Generais”, vulgar e popularmente chamado de “Dita-Dura”, acabou com um outro (este sim, verdadeiro) golpe militar: o General Leônidas Pires Gonçalves manobrou e urrou nos bastidores para sentar Sarney no trono do Palácio do Planalto. Os Generais de outrora saíram fora pelo portão da garagem...
Sarney foi o assassinato prévio da esperança. Foi política e institucionalmente trágica a morte súbita de Tancredo Neves (eleito “indiretamente” pelo Colégio Eleitoral do Congresso Nacional). Os militares de então resolveram que Sarney deveria assumir o poder, mesmo não tendo sido eleito. Preferiram não realizar uma nova eleição – o que seria o legal e o correto -, para não permitir alguma surpresa. A emenda das Eleições Diretas fora derrotada contrariando a vontade da maioria da população... O Brasil pagou pelo erro estratégico dos Generais de outrora... Paciência...
Novamente, por ironia da História mal contada, neste dia 1º de janeiro de 2019 o Brasil assistirá à posse de um militar reformado eleito pelo voto direto, com o apoio escancarado das Forças Armadas. O Capitão Jair Messias Bolsonaro vem acompanhado do General de Exército na reserva, Antônio Hamilton Martins Mourão, também eleito democraticamente, mesmo contra a vontade dos controladores das urnas eletrônicas. A fraude eleitoral escancarada seria muito arriscada. O medo de uma virada das Legiões falou mais alto...
Os Generais retornam ao poder. Eles promoveram uma espécie de “Intervenção Militar” pelo voto... Dizem que estão prontos para acionar o famoso “Cabo da Faxina”... O personagem seria o mais importante assessor especial do ministro Sérgio Moro – em quem o imaginário popular deposita 101% de esperança de sucesso no combate à Corrupção Sistêmica. Logicamente, os bandidos querem o contrário. Para isso e por isso, se reinventam...
Alguém pode acreditar que o MDB realmente conseguirá deixar de ser (sempre) governista após a posse de Jair Bolsonaro? O partido é camaleônico. Conseguiu indicar muitos de seus “quadros técnicos” para atuar no futuro governo. Espera ampliar a dose de indicações no segundo e terceiro escalões. A ordem geral é não largar o osso... O negócio é fazer qualquer acordo...
'Emedebostas' conseguem manter o espaço apenas alegando que “são contra o PT”... Eles farão barganhas em troca de votos no Congresso Nacional... Ainda mais se emplacarem Renan Calheiros na presidência do Senado... A turma de Sarney não se conforma em perder a hegemonia na área das Minas e Energia. Por isso, o Almirante que se cuide... O MDB está pronto para causar curtos-circuitos e retomar o poder de que sempre desfrutou no setor energético e mineral...
O MDB espera pegar Bolsonaro na curva das negociações políticas. Assim, a Nova República teria grandes chances de ter sua morte adiada sine die... Teria... Porque a esperança é que Bolsonaro não caia neste golpe baixo... Acontece que a pública máquina mortífera está aparelhada não só pelos petistas, mas, sobretudo, pelos tecnocratas 'emedebostas'. 
Moreira Franco, o famoso Gato Angorá, emplacou pessoas de confiança em áreas estratégicas do novo governo, principalmente na área Econômica e na Infraestrutura, de olho nos futuros negócios bilionários das privatizações e concessões...
Por tudo isso, persiste a pergunta cheia de ironia: Jura que a velha Nova República termina hoje?
Repetimos, por 13 x 13: oxalá Bolsonaro não caia no conto do vigário do MDB. É melhor torcer e dar três pulinhos nas ondas do Lago Paranoá...
Acabar com a Nova República é mais difícil que combater os canalhas da 'petelândia'...
Amanhã começa o trabalho do Bolsonaro... O meu continua... Obrigado aos amigos e leitores que nos permitiram chegar até aqui e seguir em frente...
Enfim: Feliz 2019 para todos nós... 
(...)

NO PUGGINA.ORG
ELEGER BOLSONARO FOI BOM, MAS NÃO BASTA
Por Percival Puggina 
Artigo publicado domingo, 30.12.2018
Escrevo a 48 horas da posse do novo presidente da República. Pela primeira vez, desde a eleição para a Constituinte de 1985, quando o País começou a ser redesenhado com mãos radicais, teremos um governo conservador e liberal. Foram 33 anos de consistente e persistente destruição dos fundamentos de uma Nação respeitável. E perdemos o respeito, inclusive o respeito próprio. Passamos a debochar de nós mesmos e chegamos ao mais sincero e profundo autodesprezo. Produto de labor político ao longo de três décadas de hegemonia esquerdista em nosso País.
Tempos de tolerância e conivência com tudo que é mau e faz mal, e de intolerância e aversão a tudo que é do bem e faz bem! Tolerância com o desrespeito à lei, com a corrupção e com a criminalidade rueira. Tolerância com o professor que não ensina e com o estudante que não estuda. Tolerância com o aparelhamento político e partidário da máquina pública. Intolerância com a verdade, a virtude, o bem, ordem, a autoridade, a transcendência. É longa, muito longa a lista das vilanias e flagelos que não vieram com as drogas. Não, as drogas vieram com os flagelos e as vilanias.
É numerosa a multidão dos indignados, dos prejudicados e dos inconformados com a vitória de Jair Bolsonaro. Nosso presidente vai enfrentar forças que jogam duro na regra do jogo e muito mais duro fora da regra do jogo através do conjunto de organizações e organismos, nacionais e internacionais que atuam sincronicamente. É o que se poderia chamar de PT Corporation e inclui a mídia amiga interna e externa, associações, movimentos sociais, aparelhos de “direitos humanos” e “ambientalistas”, grandes fundações com interesses globalistas e assim por diante.
Serão lançadas sobre o novo presidente as flechas envenenadas pela injúria, pela difamação, pela mentira e trampolinagem. O governo será atacado interna e externamente. E é bom que estejamos atentos para que essa orquestração não nos confunda, não nos faça recuar no apoio e no prestígio que, com nosso voto, conferimos ao presidente e aos compromissos que firmou com a Nação.
No entanto, o governo não será exitoso apenas se puser em prática o receituário conservador de defesa da família, da infância; do combate à corrupção, à criminalidade, à impunidade; da regência dos valores, enfim. Seu sucesso dependerá, igualmente, do receituário liberal, que enfrentará impopularidade, pois medidas saneadoras da desordem e do déficit fiscal são impopulares em qualquer país. Sem elas, porém, o Brasil não sai de uma crise que preserva seu curso e aponta para um horizonte assustador. Não podemos, neste momento decisivo, entregar o País ao discurso irresponsável dos que criminosamente o quebraram. Temos que fiscalizar nossos deputados e permanecermos firmes com aquele a quem confiamos nosso voto.
Por fim, que venha o primado da verdade, da transparência, dos erros reconhecidos sob as lentes da Lei e da Justiça para todos.
Que Deus abençoe o Brasil, neste seu renascimento de 2019.

NO BLOG DO GABEIRA
POLÍTICOS PARA SE FALAR BEM
SEGUNDA-FEIRA, 31.12.2018 EM BLOG
Arinos e Nabuco, no meu entender, têm muito em comum. Longas passagens pela Europa, famílias de políticos ilustres
Hoje gostaria de elogiar dois políticos brasileiros. Não se assustem: estão mortos.
Um deles é Afonso Arinos, cujas memórias, “A alma do tempo”, acabam de ser publicadas na íntegra pela Top Books, um feito editorial, pois constam de 1.779 páginas, incluídas as notas. Nos últimos dez dias, consegui ler 400. Não posso falar ainda sobre o livro no conjunto. Mas o que li até agora é o bastante para lamentar ter perdido, por alguns anos, a chance de conviver com Arinos no Congresso. Quando cheguei, já não estava mais.
Essa hipótese de convivência nem existiu com Joaquim Nabuco, autor de “Minha formação”. Só mesmo na fantasia poderia estar ao seu lado, fazendo perguntas, ouvindo e anotando seus discursos.
Arinos e Nabuco, no meu entender, têm muito em comum. Longas passagens pela Europa, famílias de políticos ilustres. Nabuco e Arinos escreveram sobre seus pais. Nabuco, “Um estadista do Império”, Arinos, “Um estadista da República”, dois livros já indicam uma certa continuidade histórica entre os dois.
Nabuco foi um dos líderes da campanha pela Abolição. Afonso Arinos é o autor da lei brasileira contra a discriminação racial. O que José Guilherme Merquior diz sobre Arinos, num dos prefácios de “A alma do tempo”, talvez seja válido também para Nabuco: “o sabor das elites que aprendem com a história e acabam por liderar as mudanças construtivas.”
A principal tentação é a de afirmar que existem políticos interessados no país, capazes de se bater por grandes ideias, algo bastante diferente do que se pensa hoje. Gilberto Freyre destaca essa qualidade em seu conterrâneo Nabuco, acentuando que é importante conhecê-lo num momento em que os políticos parecem mistificadores e o Congresso, uma inutilidade dispendiosa.
Minha vontade de estudar e escrever sobre as semelhanças entre Nabuco e Arinos não é tanto extrair uma lição de moral de sua experiência política e sua passagem brilhante pela vida pública.
No fundo, é mais a constatação de um tempo perdido, uma certeza de que essas estrelas não acontecem mais em nossa constelação dirigente. A hipótese é de que a política perde importância, e essa decadência está associada ao próprio declínio do Estado, que aos poucos vai perdendo suas clássicas funções.
De qualquer forma, num passe de realismo mágico, seria interessante reviver essas duas figuras e passear com elas no panorama desolador de Brasília.
Nabuco certamente ficaria mais assustado, pois morreu muito antes da mudança da capital. Arinos viu a cidade nascer, passou por ela dois meses após sua fundação. Suas observações na época coincidem com as minhas hoje.
Arinos critica a inadequação dos prédios de Niemeyer para os órgãos públicos. Acha que não têm a privacidade necessária. O mesmo tenho dito sobre o Congresso, com pouco espaço específico para articulações. Ele reclama de não ter visto um cavalo arriado, uma galinha viva nas ruas de Brasília. Vi algumas carroças, mas galinha, só nas mesas.
O mais interessante, no nascimento de Brasília, foi sua intuição de que havia algo errado nas relações humanas e que aquilo indicava um potencial de corrupção nos círculos superiores.
Outro dia, li um relato na revista “Crusoé” sobre o que se passava em alguns gabinetes da Câmara, deputados comendo pão com linguiça, pedaços de galinha e trocando imagens de mulheres nuas na telas de seus telefones. O que diriam Nabuco e Arinos diante dessa paisagem? Possivelmente, buscariam refúgio na literatura.
No meu último mandato, o nome de Nabuco surgiu como um meteoro num debate na Câmara. Um deputado me perguntou: “Quem é esse cara? Deve ser do PFL de Pernambuco, suponho”. “Ah, bem”, disse ele, e continuou o bate-boca.
Ambos, Nabuco e Arinos, de uma certa forma foram acusados de distância do País, de serem intelectuais com os olhos na Europa. Ao falar de Nabuco, Arinos explica bem o que há por trás de uma falsa impressão:
“A personalidade nacional coexiste muito bem. Nenhum diplomata brasileiro mais universal e mais nacional que Joaquim Nabuco. Nabuco é como um parque brasileiro antigo, cheio de mangueiras, de jaqueiras, de bogaris e que, de longe, dá a impressão de ser um parque inglês. É como um dos velhos jardins da Rua São Clemente”.
(Artigo de hoje (31), no Globo)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 2ª EDIÇÃO DE 25/02/2024 - DOMINGO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 25/02/2024 - DOMINGO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 26/02/2024 - SEGUNDA-FEIRA