SEGUNDA EDIÇÃO DE SEGUNDA-FEIRA, 24 DE DEZEMBRO DE 2018

NO O ANTAGONISTA
Bolsonaro e a roupa suja
Segunda-feira, 24.12.18 10:00
Ontem, a assessoria de Jair Bolsonaro divulgou fotos do presidente eleito lavando e estendendo roupas, em Marambaia.
Até blogs do PT divulgaram a foto.
Há muita roupa suja a ser lavada, Bolsonaro.

Reformas política só fizeram piorar a situação
24.12.18 11:30
A Crusoé já havia noticiado que o Fundo Partidário aumentará para 927,7 milhões de reais no próximo ano.
O Estadão fez as contas: isso representa um aumento de 500% desde 1996.
Hoje, 30 partidos dividirão esse bolo. Há 23 anos, eram 19.
Cada vez que se faz reforma política no Brasil, a coisa só piora.

A vida dos imigrantes venezuelanos no Brasil
24.12.18 11:06
Mais de 4 mil imigrantes venezuelanos já foram levados de Roraima a diversos Estados após aderirem voluntariamente ao processo de ‘interiorização’, iniciado em abril pelo governo de Michel Temer, registra o G1.
A maioria dos que vivem agora no Amazonas, na Bahia, no Distrito Federal, no Mato Grosso do Sul, na Paraíba, no Paraná, em Pernambuco, no Rio Grande do Norte e no Rio Grande do Sul não está trabalhando.
“É comum que tenham de recorrer a subempregos – poucos conseguem carteira assinada. A falta de compatibilidade de diploma do curso superior é outro empecilho. Muitos relatam ainda dificuldades de comunicação, por não entenderem a língua. Diversas famílias foram separadas, e muita gente diz sentir saudade de casa. Falam também que possuem pouco ou quase nada, por terem vindo só com a roupa do corpo.
Apesar disso, descrevem que a vida está melhor que na Venezuela. E com uma estrutura mais adequada que a de Roraima.”
Grande parte dos venezuelanos recém-chegados ao Brasil, porém, ainda se concentra em Boa Vista.
“Na única maternidade pública do Estado, os partos quase quadruplicaram e no maior hospital do Estado os atendimentos emergenciais a venezuelanos aumentaram de 628 em 2015 para 9,6 mil só no primeiro semestre deste ano. Para receber os recém-chegados, a operação Acolhida – designada pelo presidente Michel Temer para lidar com a migração venezuelana – estruturou 13 abrigos públicos no estado, que já têm mais de 6 mil moradores.”

MP diz que pagamentos a promotores estão ‘dentro da legalidade’
24.12.18 09:31
Sobre a nota “Promotores de Rondônia podem ganhar até R$ 300 mil neste mês”, a assessoria do Ministério Público do estado enviou a seguinte nota a O Antagonista:
“O Ministério Público do Estado de Rondônia esclarece que as verbas indenizatórias recebidas por Procuradores e Promotores de Justiça e servidores, no mês de dezembro, não constituem parcela da remuneração mensal e são oriundas de direitos adquiridos acumulados ao longo dos anos, relativos a indenizações de férias e/ou licenças prêmios que não puderam ser gozadas no tempo oportuno, em razão do reduzido número de Membros para atender a grande demanda de processos e procedimentos em andamento na Instituição.
Salienta, ainda, que todos os pagamentos estão dentro da legalidade, e foram realizados com recursos próprios, sem necessidade de qualquer suplementação.
Tais informações estão disponíveis para conhecimento público, no Portal da Transparência do Ministério Público do Estado de Rondônia, nos termos da Resolução nº 89/2012 do CNMP.”

Por que o Natal de Lula seria diferente?
24.12.18 08:30
Lula passará o Natal sozinho, em sua cela, sem direito a ceia especial, noticiam os jornais.
É um preso que cumpre sentença, assim como outros milhares de cidadãos brasileiros. Por que seria diferente?
Não se trata de perversidade, ao contrário do que fazem crer, mas de uma circunstância criada por ele próprio.

NO BLOG DO FAUSTO MACEDO
O Natal de Lula na prisão da Lava Jato
Por Fausto Macedo
Segunda-feira, 24 Dezembro 2018 | 06h30
Caro leitor,
esta será a primeira noite de Natal de Lula na prisão da Lava Jato. Uma cena emblemática, que a todos parecia improvável.
Preso desde 7 de abril, ele ainda está lá, naquela ‘cela especial’ da Polícia Federal em Curitiba.
O ex-presidente puxa 12 anos e 01 mês de reclusão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do triplex do Guarujá.
Lula na prisão na noite de Natal!
São poucos os que acreditavam que isso poderia, de fato, estar acontecendo, afinal, o País não tem o menor costume de manter políticos atrás das grades por muito tempo, menos ainda um ex-presidente popular e de dois mandatos consecutivos no currículo.
Outro dia eu conversava com um ministro do Supremo. Enquanto tomava um gole de café preto de coador, ele fazia as contas. “Para o Lula progredir de regime na cadeia e passar para o semiaberto tem que primeiro tirar dois anos e meio no fechado. Não tem escapatória.”
Ou seja, em tese, o velho líder petista só deverá sair da tranca dura da Lava Jato ali por setembro de 2020. Mas pode não ser bem assim.
Como na rotina da nossa Justiça, tudo é possível, sabemos disso, surpresas e emoções fortes estão a caminho, certamente.
Este ano mesmo, o País foi chacoalhado por decisões monocráticas de dois magistrados que quase devolvem a Lula a sua sonhada liberdade.
O primeiro deles, desembargador Rogério Favreto, muito simpático ao PT, cumprindo uma trivial escala de plantão no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, o Tribunal da Lava Jato, mandou soltar o ex-presidente, em sede de habeas corpus, decisão logo neutralizada pelo juiz Sérgio Moro – com apoio do relator da Lava Jato no TRF-4, desembargador Gebran Neto.
Na semana passada, às vésperas do recesso do Judiciário, veio a bomba Marco Aurélio Mello. Numa penada só, o misericordioso ministro do Supremo mandou soltar multidão de condenados em segunda instância judicial, o que incluiria Lula. Mas, em menos de seis horas, o presidente da Corte máxima, Dias Toffoli, barrou o Papai Noel do Lula ao tornar sem efeito a embrulhada de Marco Aurélio.
Nesses oito meses e 17 dias, Lula saiu uma única vez da ‘cela especial’, foi em 14 de novembro, para ser interrogado pela juíza Gabriela Hardt, a sucessora do algoz de Lula, Sérgio Moro, que o condenou a 09 anos e 06 meses de reclusão no caso triplex – pena majorada pelo Tribunal para 12 anos e 01 mês.
A vida não está mesmo fácil para Lula, caro leitor. Condenado na ação do triplex, ele é réu em um punhado de outras ações, algumas em Brasília, uma em São Paulo, outras duas sob a tutela de Gabriela, afamada magistrada enérgica, mas justa.
Em Curitiba, o ex-presidente é acusado no processo do sítio de Atibaia e no processo de uma suposta propina da Odebrecht, na forma de um apartamento em São Bernardo do Campo e de um terreno para abrigar o Instituto Lula.
Aquela audiência de 14 de novembro foi na ação do sítio.
Todos lembramos que o primeiro encontro do ex-presidente com a magistrada foi marcado pela beligerância. Logo no início da audiência, ante altercação de Lula, a magistrada pôs ordem na casa, advertiu o réu e fez ver a ele quem manda. “Ex-presidente, se começar nesse tom comigo, a gente vai ter problema.”
Enquanto o Papai Noel do Lula não chega, na forma de um abençoado habeas corpus, quem sabe, esta noite ele terá a companhia, ainda que a certa distância, de sua expedita militância, convocada para um ‘abraço’ no ex-presidente, que vai do Natal ao Réveillon – a vigília ‘Resistência’ apresentará atividades culturais, exposição de fotos, coral, ato religioso e a ceia.

NO O GLOBO
Novo advogado de Cabral também decide deixar negociação por acordo de delação
João Bernardo Kappen recebeu, há duas semanas, uma procuração para tentar colaboração premiada; é a segunda baixa na defesa do ex-governador
Por Marco Grillo
Segunda-feira, 23/12/2018-22:14  
RIO — A mudança na estratégia de defesa do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (MDB), que optou por tentar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) — a informação foi revelada pelo colunista do GLOBO, Lauro Jardim —, sofreu nova reviravolta. 
As negociações aconteceriam entre o advogado João Bernardo Kappen, o MPF e a Procuradoria-Geral da República, mas, na noite deste domingo, ele informou ao GLOBO que outro escritório vai assumir o caso. Há duas semanas, ele havia recebido uma procuração do ex-governador para representá-lo nas conversas com as autoridades.
Não foi a única baixa. O advogado Rodrigo Roca, que assumiu as ações em meados de 2017, resolveu deixar o caso também neste domingo. Ele não concorda com os novos planos do ex-governador.
Com a recente condenação em segunda instância na Operação Calicute e a colaboração premiada de Carlos Miranda, seu ex-operador financeiro, Cabral viu estreitarem os caminhos de sua defesa pelas vias fora da delação.
Filho de Cabral, Marco Antônio Cabral não respondeu aos contatos da reportagem para falar sobre as alterações na defesa.
Entre as promessas do ex-governador, estão revelações sobre corrupção no Poder Judiciário e entre ex-integrantes do alto escalão do Ministério Público do Estado do Rio — o ex-procurador-geral de Justiça Cláudio Lopes chegou a ser preso sob a acusação de receber uma mesada para proteger o ex-governador.
Também está no cardápio a confissão sobre a compra de votos para a organização dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. O esquema já foi alvo do MPF na Operação Unfair Play — Cabral é réu no processo —, e a possível nova postura sobre os Jogos representaria uma mudança brusca em relação a outras declarações dele sobre o tema.
Professor de Direito Penal da UFRJ, Francisco Ortigão explica que os benefícios estarão relacionados com a “efetividade” dos depoimentos.
— Nos processos em que já foi condenado, ele pode ter uma progressão de regime diferenciada. Em cima de novas revelações, é possível ter perdão em determinados crimes e redução de até dois terços na pena privativa de liberdade.
A possível delação representa uma nova alteração na estratégia de defesa de Cabral, cujas penas somadas na Lava-Jato já ultrapassam 197 anos. No início, o ex-governador negava ter cometido qualquer crime; depois, passou a admitir que usou para fins pessoas recursos de caixa dois de campanhas eleitorais; recentemente, decidiu ficar em silêncio nos depoimentos — na semana passada, uma audiência da Operação Ponto Final foi adiada após Cabral e outro réu informarem que não responderiam às perguntas.
Em outro momento, Cabral chegou a propor a autoridades da Lava-Jato a confissão de crimes em troca da prisão domiciliar, mas a conversa não prosperou.

NO BLOG DO NOBLAT
O plano de Queiroz
Onde ele está?
Por Ricardo Noblat
Segunda-feira, 24 dez 2018, 07h00
É um clássico. À espera de proteção, Fabrício Queiroz, ex-assessor do deputado Flávio Bolsonaro, só irá depor ao Ministério Público do Rio de Janeiro depois que a família mais poderosa da República subir a rampa do Palácio do Planalto no próximo dia 1º.
Ele precisa explicar, entre outras coisas, como movimentou em um ano pouco mais de 1 milhão de reais em sua conta bancária sem dispor de renda pessoal para tanto. E por que um cheque seu de R$ 24 mil foi parar na conta de Michelle Bolsonaro, a futura primeira dama.
Por duas vezes, Queiroz faltou ao encontro marcado com os procuradores. Alegou problemas de saúde. Está aos cuidados de médicos, embora não se saiba aonde, nem desde quando.

Ano Novo, novas prisões
A quem possa interessar
Por Ricardo Noblat
24 dez 2018, 08h00
Para os assustados com as recentes operações da Operação Lava Jato: saibam que peixes graúdos só começarão mesmo a ser fisgados depois da chegada do ano novo, da posse do novo governo e da reabertura do Congresso no início de fevereiro.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Editorial do Estadão: O desastre social do PT
O lulopetismo, ao mesmo tempo que vendia um paraíso aos pobres, deixava de implantar políticas consistentes de redução das desigualdades
Por Augusto Nunes
Segunda-feira, 24 dez 2018, 07h13
Os dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2018, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostram o aumento do número de brasileiros abaixo da linha da pobreza, mesmo com o fim da recessão, é mais um triste e revoltante retrato do engodo que foram os governos do PT, tanto do ponto de vista econômico como social. Os mais de 2 milhões de brasileiros colocados na rua da amargura em 2017 são outra contribuição do lulopetismo para o desastre em que ele mergulhou o País. Com isso o governo de Michel Temer nada teve a ver, embora essa realidade se tenha mostrado durante seu governo, pois quando ele assumiu a Presidência o absurdo já estava montado.
Os brasileiros situados abaixo da linha da pobreza fixada pelo Banco Mundial eram 54,8 milhões em 2017 – os últimos dados disponíveis -, para 52,8 milhões em 2016, um crescimento de quase 4%. O número representa 26,5% da população do País, que era estimada em 207 milhões em 2017. Quanto à população em situação de pobreza extrema, cresceu 1,7 milhão em 2017. Em 2017, eram 15,2 milhões de pessoas (7,4% da população) nessa condição, para 13,5 milhões em 2016 (6,6% da população). São números dramáticos. Só agora, se a economia continuar a se recuperar, como está fazendo, ainda que timidamente, se poderá abrir uma janela de esperança para os deixados na mão pela demagogia do lulopetismo “pai dos pobres”.
Também na distribuição desigual da riqueza nada mudou. Considerando a renda total domiciliar por pessoa, o Índice de Gini aumentou de 0,546 em 2016 para 0,549 em 2017. Esse índice aponta maior desigualdade quanto mais fica perto de 1. O mesmo se dá entre as regiões do País. Os extremos não mudaram. O Maranhão continua sendo o Estado mais pobre, com rendimento médio domiciliar por pessoa de R$ 710, menos da metade da renda nacional, de R$ 1.511 em 2017. Ali 54,1% vivem com menos de R$ 406 mensais. E o Estado mais rico é ainda Santa Catarina, onde mora população de 6,9 milhões de pessoas, a mesma do Maranhão. Somente 8,5% dos catarinenses vivem com menos de R$ 406 mensais.
A pobreza e a extrema pobreza não estão nem mesmo como o lulopetismo as encontrou. Elas pioraram, por pessoal e domicílio e por região. O chefão petista nunca se cansou – para repetir uma de suas expressões favoritas – de dizer que “este país nunca será o mesmo”. Acertou. O País ficou pior, durante os governos petistas, como mostram os números, sempre implacáveis.
André Simões, um dos coordenadores da pesquisa do IBGE, chama a atenção para verdades simples, mas importantes: o crescimento da pobreza, em momentos de crise, mostra a importância das políticas sociais com foco em redistribuição de renda, mercado de trabalho e crescimento econômico. E, claro, também de políticas de transparência.
O lulopetismo, ao mesmo tempo que vendia um paraíso aos pobres, deixava de implantar políticas consistentes de redução das desigualdades. O Bolsa Família, a grande política “social” do PT, serviu apenas para aplacar provisoriamente a fome de alguns milhões – não de tantos quanto alardearam -, ou seja, foi uma simples e típica dádiva do mais deslavado populismo, que acabou por constituir um enorme curral eleitoral. Nunca serviu para tirar ninguém da pobreza, porque para isso não preparou seus beneficiários com cursos de formação profissional, dando-lhes condições de ingressar no mercado de trabalho e libertando-os da tutela do Estado. Na primeira crise séria, o castelo de cartas ruiu.
E essa crise foi também uma contribuição do PT. Dessa vez, especificamente da presidente cassada Dilma Rousseff. Foram seus desastrosos erros econômicos e administrativos que mergulharam o País numa das piores recessões de sua história, com mais de 12 milhões de desempregados. Como esperar outro resultado disso senão o aumento da pobreza e da pobreza extrema, postas a nu pelo estudo do IBGE, quando essa situação combina perfeitamente com o ilusionismo do Bolsa Família?

NO BLOG DO GABEIRA
O BODE NA SALA
Segunda-feira, 24.12.2018 EM BLOG
No final de ano costumo tirar uma semaninha de descanso. Continuo lendo e escrevendo. Mas tento me libertar dessa gigantesca máquina de informação que nos bombardeia, incessantemente, com notícias, imagens, logotipos, memes, posts e tuítes. É uma forma de sobreviver ao estresse, à produção de cortisol que inibe a glicose no hipocampo e danifica a memória. Com o tempo, um cérebro absolutamente informado corre o risco de ser um cérebro em pandarecos.
Mas, como sou brasileiro, tomo minhas precauções. No início do mês, escrevi um artigo intitulado “Cuidado com dezembro”. É o mês que os políticos preferem para suas decisões absurdas, pois há férias, e o espírito de Natal embala as pessoas comuns. O artigo era resultado de uma experiência de meio século, pois seu ponto de partida foi o AI-5, em 13 de dezembro de 1968.
Vivendo e aprendendo. As táticas parecem cada vez mais sofisticadas. Marco Aurélio decidiu numa canetada libertar 169 mil presos (segundo a Procuradoria-Geral da República), Lula inclusive. Não deu certo. Era claro que não daria. Lula nem chegou a arrumar as malas.
No meio do ano, acompanhei da Rússia uma tentativa semelhante. Para mim, era evidente que não daria, mas a cena política teve sua dose de drama. A decisão de Marco Aurélio era tão absurda que durou apenas algumas horas. Foi derrubada, e todos que a temiam respiraram aliviados.
O que há de novo neste dezembro é a tática do bode na sala. A libertação de 169 mil presos cumpriria esse papel. O bode foi retirado, e poucos se deram conta de que Lewandowski autorizou um aumento do funcionalismo, que Rodrigo Maia promulgou uma lei que permite às cidades gastar mais, e os deputados deitaram e rolaram nos projetos de isenção fiscal e aumento do Fundo Partidário. Eles sabem que isso tudo resulta em quebradeira, mas contam, como sempre contaram, com alguma forma de aumentar impostos.
A relativa frieza não é incapacidade de me indignar. Apenas tento economizar energia, sobretudo depois de um ano tão intenso como foi 2018.
Se mergulhar acriticamente no turbilhão de notícias e polêmicas nacionais, estou perdido. De um modo geral, tenho acesso a elas depois de um dia de trabalho na rua ou no mato.
Às vezes, consigo uma precária conexão no hotel e caio num intenso debate sobre Jesus na goiabeira. Sinceramente, por mais calorosos que sejam os argumentos, minha pergunta não faz sentido, apesar de falarmos o mesmo idioma: eram goiabas brancas ou vermelhas?
Isso porque andei lendo um texto sobre Karl Barth, e sua mensagem é clara: traduzir a revelação divina em termos que não são os da fé está destinado ao fracasso.
Na infância, a árvore de preferência é a jabuticabeira. Havia a chácara de um turco, e subíamos para colher algumas jabuticabas. Os empregados às vezes respondiam com tiro de sal e atingiam o bumbum dos meninos. Doía.
Assim como no sertão de Guimarães Rosa, Deus, se vier, terá de vir armado; na chácara do turco, Jesus teria de vir acolchoado.
Observo que, nos Estados Unidos, alguns escritores acham que o ano de 2018 foi de muita raiva. Isso aconteceu também no Brasil. Eles propõem a catarse e a reconciliação como antídoto.
É um remédio fácil de receitar. O difícil é encontrar a fórmula. Em dois lugares importantes, Minas e São Paulo, a diplomação dos deputados, que sempre é uma cerimônia tediosa, resultou em pancadaria.
Um livro chamado “Seis propostas para o próximo milênio” aconselhou a leveza como uma das qualidades para o século XXI. No Brasil de hoje, consigo apenas uma semaninha para levezas. Perco uma parte de dezembro advertindo sobre armadilhas da época e entro janeiro com um pé atrás, desde o naufrágio do Bateau Mouche e o deslizamento na Enseada do Bananal, em Angra.
Muito possivelmente, teremos um ano melhor. Se não houver reconciliação, apenas um pouco mais de tolerância já pode ajudar. O resto são chuvas de verão, seu potencial destruidor, e cerca de 500 cidades brasileiras com um índice absurdo de infestação de aedes aegypti, o mosquito de dengue e chicungunha.
Mas isso já é falar de volta às aulas, em pleno período de férias. Por enquanto, vamos saudar o bode na sala: não soltaram 169 mil criminosos. Cobraram apenas alguns bilhões pela gentileza.
(Artigo publicado no Jornal O Globo em 24/12/2018)

NO JORNAL DA CIDADE ONLINE
O recado do Alto Comando: simples, direto e implacável
Por Luiz Holanda, advogado e professor universitário
Segunda-feira, 24/12/2018 às 05:57
Não há nenhuma dúvida de que algo está mudando depois da eleição de Jair Bolsonaro. Vitorioso com mais de dez milhões de votos sobre o candidato petista, que responde a 32 processos que vão desde o recebimento de dinheiro da Lava Jato a denúncias por improbidade administrativa e superfaturamento de obras, o presidente eleito - ao escolher vários militares de alta patente para compor o seu governo -, deu o tom da mudança.
O recado parece dizer que, daqui para a frente, o modelo petista de gerir a coisa pública, baseado exclusivamente na corrupção, não será tolerado. Depois de anos de roubalheira – garantida por decisões mantendo a impunidade dos corruptos -, o País acordou, e o fez sob a ameaça de trazer os militares de volta ao poder.
A maior recessão já registrada na economia, a maior dívida pública de todos os tempos e a maior quantia de dinheiro paga pelo governo somente em juros, não podiam continuar. Só no período de Dilma Rousseff a dívida chegou a R$ 1,6 trilhão. Daí não ser possível esperar que um governo, cuja plataforma política foi maior segurança e a ética na coisa pública, permitisse a continuidade dos desmandos.
Pela lógica comum, até os mais empedernidos corruptos, entre os quais alguns membros do Congresso Nacional, sabem que não é possível que um governo, eleito com a promessa de moralizar o País, não se garanta diante da turbulência que vem por aí. E o exemplo maior veio com a polêmica decisão tomada pelo ministro Marco Aurélio Mello, que, no último minuto da última sessão do STF mandou soltar 167 mil integrantes das facções marginais e da bandidagem organizada (inclusive Lula) condenados em segunda instância.
A repercussão negativa foi tanta que o Alto Comando do Exército se reuniu por meio de videoconferência para saber que atitude tomar. Embora o teor da reunião não tenha sido divulgado, o recado foi claro: ou se caça a decisão pela própria Justiça, ou a caçaremos pela força. Os militares expuseram sua insatisfação diante da tentativa de se desestabilizar o novo governo por meio de uma liminar lançada à indignação nacional. Segundo os procuradores da República, a liberação beneficiaria os criminosos de “colarinho branco” e colocaria em risco a Lava Jato e as delações premiadas, além de consagrar a impunidade.
Trinte e três anos depois de devolver o poder aos civis, os militares, que nunca estiveram tão em alta na política nacional como agora, jamais permitiriam que pessoas envolvidas em ilícitos, presas e condenadas, fossem soltas por obra e graça de uma canetada, mesmo vinda de um ministro do STF.
Por falta de aviso não foi. O comandante do Exército, general Villas Bôas Correa, quando se recusou a punir o vice-presidente eleito, general Mourão, pelas declarações que fez quando estava na ativa a respeito de uma possível intervenção militar caso o Judiciário não pusesse fim a tanta impunidade, já avisara. Naquela ocasião Villas Bôas disse que as Forças Armadas dispõem de “um mandato” para “intervir na eminência de um caos” no País.
Ao mesmo tempo, nas redes sociais se multiplicaram as mensagens de apoio a Mourão, enquanto aumentavam os pedidos para uma intervenção militar. Naquela ocasião, a fala do comandante do Exército foi apenas um aviso. Já a cassação da liminar de Marco Aurélio - por imposição do Alto Comando -, foi um claro e velado recado.
Tem muita gente achando que não haverá intervenção militar porque a comunidade internacional não permitiria. Isso é um erro. Ninguém protege um país de mais de 200 milhões de habitantes apenas protestando contra possíveis violações dos direitos humanos, o que já é o caso há 40 anos. O máximo que poderá haver, caso os militares tomem o poder, seria apenas alguns protestos, e nada mais.
Os militares não desejam intervir, mas não aceitam a corrupção como um dos princípios fundamentais de nossa administração pública. Tampouco aceitam a impunidade garantida por alguns dos ministros de nossa mais alta Corte de Justiça.
Não permitir que os corruptos assumam os cargos mais importantes da Nação já é um consenso. Se isso não bastar e os generais resolverem colocar os tanques nas ruas, só Deus sabe o resultado. Recados não faltam; basta apenas ouvi-los.

Na véspera de Natal, STF manda soltar empresário mandante do “Crime do Papai Noel”
Da Redação
24/12/2018 às 09:00
Mais uma proeza protagonizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) através da caneta benevolente e irresponsável do ministro Marco Aurélio Mello foi realizada na véspera dos festejos natalinos.
Não satisfeito com a liminar que beneficiava cerca de 170 mil presos condenados em 2ª instância, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - felizmente derrubada pela ação do presidente do STF – o ministro Marco Aurélio mandou soltar o empresário Renato Grembecki Archilla.
Ele tem uma condenação de 14 anos de prisão por mandar matar a própria filha.
Muito a propósito da data festiva de hoje, o assassino se vestiu de Papai Noel para executar a vítima e o crime chocou o País em 2001.
Archilla foi condenado em 2017 à pena de 10 anos, 10 meses e 20 dias de reclusão, em regime fechado. Após recurso do Ministério Público, a pena foi aumentada para 14 anos.
No dia 12 deste mês, o TJ-SP determinou a certificação do trânsito em julgado da sentença.
Mesmo assim, com sentença definitiva transitada em julgado, o ministro não conteve sua ira libertadora e mandou soltar.
O Ministério Público Federal recorreu.
O alvará de soltura deve ser expedido nesta segunda-feira (24).
Um inaceitável absurdo jurídico.

Dilma faz opção por Natal nos “States”, saboreando champanhe, em detrimento ao Natal na porta da cadeia
Por Otto Dantas
Sábado, 22/12/2018 às 10:40
Dilma Roussef refutou à convocação feita pela deputada federal Benedita da Silva.
A ex-presidente não vai passar o Natal na porta da cadeia, em solidariedade ao presidiário Luiz Inácio Lula da Silva;
Com dinheiro público à sua inteira disposição para passear mundo afora, Dilma embarcou de primeira classe para os Estados Unidos.
Pelo menos por enquanto, a ex-presidente ainda goza de total liberdade.
Assim, enquanto Dilma passa os festejos natalinos em Nova Iorque, bebericando o melhor champanhe, a 'catrefa' fica por aqui, chorando e gritando o enfadonho “Lula Livre”.
Aliás, esses passeios alucinados da ré, precisam ser revistos imediatamente por Jair Bolsonaro.


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