PRIMEIRA EDIÇÃO DE SEGUNDA-FEIRA, 10 DE DEZEMBRO DE 2018

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
SEGUNDA-FEIRA, 10 DE DEZEMBRO DE 2018

Somente em despesas com a venda de férias de servidores do Poder Judiciário, o Brasil gasta mais de R$2 bilhões por ano, segundo revelou o deputado Rubens Bueno (PPS-PR), que chegou a esse valor fazendo estudos para produzir o seu substitutivo, como relator da comissão especial sobre regulamentação do teto salarial. Bueno defende a moralização das benesses autoconcedidas por várias categorias.

O custo da venda de férias, sobretudo a magistrados, corresponde ao dobro das despesas com “auxílio-residência”, prestes a ser suspenso.

O projeto de Bueno está pronto desde julho, mas Benito Gama (PTB-BA), presidente da comissão, tem adiado a votação.

O chefe de auditoria interna da Apex Brasil foi afastado após dar início a investigação na área de marketing. Fábio Valgas, servidor da Controladoria-Geral da União e ex-chefe das controladorias do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Amazonas, teve de suspender seu trabalho após começar a devassa nas prestações de contas de eventos e contratos de promoção de exportações da Apex, conhecido reduto petista. A agência ignorou os nossos pedidos de esclarecimentos.

Servidores denunciam que o auditor Fábio Valgas foi afastado após “mexer nos registros” da gerência de marketing.

A gerência de marketing é poderosa, decide tudo sobre patrocínios. A diretoria só é consultada sobre gastos acima de R$5 milhões. Humm…

A área de marketing da Apex Brasil, essa caixa preta, tem sido criticada por controvertidos patrocínios ligados a seu ex-presidente Davi Barioni.

O jurista Modesto Carvalhosa, que lidera o pedido de impeachment do ministro Ricardo Lewandowski, não espera muito do Senado atual. “Esperamos que venha a ser eleito um presidente decente, no Senado, que respeite o regimento interno e submeta requerimentos ao plenário”.

Figuras experientes em transição estão impressionadas com a guerra de vaidades entre os integrantes do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Em nada lembram a figura do presidente eleito, que cultua a simplicidade.

Lobistas de empresas de telefonia estão indóceis, tentando ”reunião urgente” para tentar demover o governador eleito do DF, Ibaneis Rocha (MDB), de dotar Brasília de internet livre e gratuita.

É da Força Sindical, do deputado Paulinho da Força (SD-SP), o protesto de centrais em São Paulo, nesta terça (11), contra a extinção do anacrônico Ministério do Trabalho.

Somando as principais redes sociais, o presidente eleito Jair Bolsonaro tem mais de 23 milhões de seguidores; 10 milhões no Facebook, 8 milhões no Instagram; 2,7 milhões no Twitter, 2,3 milhões no YouTube.

…o presidente Bolsonaro precisar se acautelar para que não falte tinta à sua caneta Bic.

NO O ANTAGONISTA
A reunião mais tensa da semana
Domingo, 09.12.18 10:12
Jair Bolsonaro vai continuar a rodada de conversas com os partidos nesta semana.
A reunião mais difícil deverá ser com o próprio partido, o PSL, na próxima quarta-feira.

PCC ameaça matar promotor
09.12.18 10:31
De acordo com mensagens encontradas na penitenciária de Presidente Venceslau, o PCC ameaça matar duas pessoas, entre elas um promotor de Justiça, se Marco Camacho — o Marcola — e outros chefões da facção forem transferidos para presídios federais.
Segundo a Folha, o alvo principal seria o promotor Lincoln Gakiya, responsável pelo pedido da transferência.
As autoridades acreditam que partiu do próprio Marcola a ordem de ataque.

“Desejo que jogue na democracia”, diz Jaques Wagner sobre Bolsonaro
09.12.18 10:48
Em sua entrevista à Folha, Jaques Wagner afirmou que ainda é cedo para falar em risco autoritário de Jair Bolsonaro.
“É cedo. Quando ele mandar as primeiras matérias para o Congresso, vamos ver como vai se relacionar. Vai ser na intimidação? Desejo que ele jogue na democracia, apesar do estilo, de falar aquelas maluquices. A cadeira vai ajeitando a pessoa”.

Uma ajudinha para os municípios menos eficientes
09.12.18 11:11
O projeto que permite municípios estourarem gasto com pessoal vai beneficiar as prefeituras menos eficientes.
Atualmente, os municípios que gastam acima de 60% de sua receita com servidores ficam impedidos de receber transferências e de contratar operações de crédito.
Como lembra a Folha, o projeto, se sancionado por Michel Temer, ajudará municípios que contrataram servidores em massa nos últimos anos, já que não haverá punições em caso de descumprimento do teto de gastos.

Bolsonaro: “Nós queremos um sistema eleitoral que possa ser auditado”
09.12.18 12:37
Em uma rápida entrevista neste domingo, Jair Bolsonaro voltou a defender um sistema eleitoral que possa ser auditado.
Ele conversou com a imprensa depois de tomar água de coco na praia.
“Não é mudança no sistema eleitoral. Nós queremos ter um sistema que possa ser auditado. Nós queremos uma urna eletrônica que tenha uma maneira de, ao havendo qualquer desconfiança, você ter uma comprovação”, disse.

Ex-assessor que se explique, diz Bolsonaro
09.12.18 13:06
Jair Bolsonaro voltou a comentar neste domingo sobre o relatório do Coaf que apontou “movimentações atípicas” realizadas por Fabrício Queiroz, o ex-motorista de Flávio Bolsonaro.
“A política tem novidade a todo instante. Às vezes você tenta apagar o fogo. Um dos assessores passou R$ 800,00 para ele, tá ok? Outro repassou R$ 1.500,00. Duas passaram um valor idêntico, não sei nem o que é isso, de R$ 2.300,00. Os três depósitos mais altos foram das filhas e da esposa. Ele tem que explicar, pode ser e pode não ser, ele que explica. Das três pessoas que passaram mais de R$ 4.000,00 ao longo de um ano, tem duas filhas e uma esposa. Os outros cinco, um repassou R$ 800,00, é repasse ao longo de um ano” disse Bolsonaro, em referência aos depósitos feitos por oito assessores na conta do ex-motorista.

Bolsonaro desconversa sobre funcionária do gabinete
09.12.18 13:14
Ao ser questionado neste domingo sobre a função de Nathalia Melo de Queiroz, filha do ex-motorista de Flávio Bolsonaro, em seu gabinete, Jair Bolsonaro desconversou.
“Pelo amor de Deus, pergunta para o chefe de gabinete. Eu tenho 15 funcionários no gabinete”, disse na portaria do condomínio em que mora.
Segundo o Coaf, houve transferências entre Fabrício Queiroz e sua filha Nathalia no valor de R$ 84 mil.

“Eles não conhecem Brasília, é normal”, diz Bolsonaro sobre barraco no PSL
09.12.18 13:18
Em sua entrevista na portaria do condomínio onde mora, Jair Bolsonaro comentou neste domingo o barraco no grupo de WhatsApp do PSL.
“Eu tenho 13 deputados que estão se digladiando. O resto, 90%, estão sem problema. Até porque, se eu não me engano, são 48 deputados novos. Eles não conhecem Brasília, é normal”.

Médicas cubanas procuram OAB para conseguir refúgio no Brasil
09.12.18 14:11
Quatro médicas cubanas que atendiam na cidade de Nova Odessa, São Paulo, protocolaram pedidos de refúgio no Brasil.
Como elas não retornaram à ilha, são consideradas desertoras.
Diz o Estadão:
“Das oito cubanas que atendiam nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Nova Odessa, cinco decidiram ficar no País, mas só uma se casou e regularizou a situação de permanência. Para não serem consideradas clandestinas, a OAB encaminhou os pedidos de refúgio das outras quatro à Polícia Federal, em Piracicaba (SP).”

OAS despejada
09.12.18 17:29
No dia seguinte em que César Mata Pires Filho, herdeiro da OAS, pagou a fiança de R$ 29 milhões para ser solto, o juiz Felipe Miranda, da 16ª Vara Cível de São Paulo, determinou o despejo da empreiteira de sua sede, na Barra Funda.
Diz Lauro Jardim, em O Globo:
“Motivo: falta de pagamento dos aluguéis ao proprietário do imóvel. A OAS tem quinze dias para desocupar o prédio”.

MP de Goiás apura denúncias contra João de Deus
09.12.18 17:53
O Ministério Público de Goiás está investigando João de Deus desde o primeiro semestre de 2018, quando a procuradoria começou a colher as primeiras denúncias de abuso sexual contra o médium, publica O Globo.
Com os novos relatos de abuso divulgados no Conversa do Bial e no jornal carioca, uma nova frente de investigação será aberta.
Na manhã desta segunda-feira, o MP fará uma coletiva para explicar como serão tocadas as investigações daqui para a frente.

Pezão continua preso
09.12.18 18:35
Luiz Fernando Pezão, preso na operação Boca de Lobo, vai continuar na cadeia.
O ministro Alexandre de Moraes negou neste domingo pedido de liberdade ao governador do Rio de Janeiro, informa o G1.
Em sua decisão, Moraes avaliou que não houve ilegalidade na prisão de Pezão.
“Não há flagrante ilegalidade na compreensão firmada na decisão atacada, pois o entendimento desta Suprema Corte aponta no sentido de que o destacado modo de execução e a gravidade concreta do delito constituem fundamentos idôneos à determinação da custódia cautelar para resguardar a ordem pública.”

Mais um Bolsonaro em Brasília
09.12.18 18:51
Igor Gadelha, da Crusoé, conta que o filho caçula de Jair Bolsonaro, Jair Renan Bolsonaro, também deve se mudar para Brasília.
Renan mora atualmente com a mãe em Resende, no interior do Rio de Janeiro.
Leia a íntegra da nota aqui.

“Vamos restringir a entrada de venezuelanos”
09.12.18 19:02
Antonio Denarium, escolhido para ser o interventor federal de Roraima, afirmou neste domingo que pretende restringir a entrada de venezuelanos no Brasil pela fronteira com o estado.
“Nós vamos fazer um trabalho junto com o governo federal de restringir a entrada dos venezuelanos no Brasil e vamos fazer também um trabalho de interiorização dos venezuelanos para outros estados do Brasil”, disse à GloboNews.
“Roraima tem pouco mais de meio milhão de habitantes e a Venezuela 30 milhões de habitantes. Nós não temos estrutura, não temos como atender tantos venezuelanos.”

Julgamento de suspeição de Moro só no ano que vem
09.12.18 19:55
Guilherme Amado, em O Globo, conta que Gilmar Mendes vai devolver o pedido de HC de Lula para a votação da Segunda Turma apenas no ano que vem.
“Assim, Sérgio Moro toma posse no Ministério da Justiça sem o STF julgar se sua decisão de prender Lula foi ou não parcial”.

Luleco preso depois de amanhã
Segunda-feira, 10.12.18 05:54
Bom dia, Luleco.
“Marcelo Odebrecht anexou novos e-mails ao processo sobre a relação da empreiteira com Luís Claudio Lula da Silva”, diz a Folha de S. Paulo.
“O conteúdo dos documentos reforça o que já foi delatado”.

Bolsonaro diplomado
10.12.18 06:05
Jair Bolsonaro vai ser diplomado como presidente da República nesta segunda-feira, às 16 horas.
A próxima etapa é montar a equipe de segundo escalão sem ceder ao achaque dos partidos.

A receita para Bolsonaro
10.12.18 06:11
Jair Bolsonaro tem de retificar suas declarações à Receita Federal, “informando às autoridades o empréstimo de 40 mil reais que afirma ter feito ao policial Fabrício José de Queiroz”, disse um advogado tributarista à Folha de S. Paulo.
É claro, porém, que a imprensa vai continuar investigando o caso.

As provas do empréstimo
10.12.18 07:13
Para se livrar rapidamente das suspeitas que envolvem repasses feitos por um assessor de seu filho, Jair Bolsonaro terá que comprovar o empréstimo de 40 mil reais que disse ter feito.
Foi o que auditores fiscais explicaram ao Valor.

Renan intimida Flávio Bolsonaro com Coaf
10.12.18 06:24
Aliados de Renan Calheiros chantageiam Flávio Bolsonaro, segundo o Estadão.
Mandaram-lhe o recado de que, se ele continuar minando a candidatura do senador alagoano, o caso de seu assessor – revelado pelo Coaf – pode ir direto para o Conselho de Ética.

Prefeito de Niterói é preso
10.12.18 07:23
O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, foi preso.
“Ele foi denunciado por desvio de mais de 10 milhões de reais da verba de transporte do município”, diz o G1. “A investida é desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro”.


João de Deus: “Então você vai mexer aqui 26 vezes”
10.12.18 08:05
Mais de 30 mulheres, entre 30 e 40 anos, já denunciaram o curandeiro João de Deus por assédio sexual.
Uma delas falou ao Estadão:
Ela disse que, ao entrar numa sala com João de Deus, “ele colocou o pênis para fora e perguntou a minha idade. Disse 26. E ele respondeu: ‘Então você vai mexer aqui 26 vezes’”.

NO DIÁRIO DO PODER
Ricardo Salles é anunciado como ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro 
Advogado e administrador, Ricardo Salles foi secretário de Geraldo Alckmin 
Da Redação 
Domingo, 09/12/2018 às 16:47 | Atualizado às 22:03
O presidente eleito Jair Bolsonaro definiu neste domingo (9) o último integrante da Esplanada dos Ministérios, que terá 22 pastas. 
Em comunicado nas suas redes sociais, Bolsonaro informou que o advogado e administrador, Ricardo de Aquino Salles, será o ministro do Meio Ambiente. 
“Comunico a indicação do Sr. Ricardo de Aquino Salles para estar à frente do futuro Ministério do Meio Ambiente”, escreveu no Twitter. 
Salles foi apontado como um dos nomes mais fortes para assumir a pasta pela Coluna Cláudio Humberto, do Diário do Poder. 
O professor da USP contesta os profetas do apocalipse do “aquecimento global”. Salles é vinculado ao ex-governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, derrotado nas eleições presidenciais deste ano. 
Entre 2013 e 2014, foi secretário particular de Alckmin. De 2016 a 2017, Salles foi secretário de Meio Ambiente de São Paulo. Nas eleições deste ano, Salles concorreu a uma cadeira na Câmara dos Deputados pelo partido NOVO, mas não foi eleito. Em 2006 participou da fundação do Movimento Endireita Brasil (MEB), juntamente com quatro amigos. A entidade ficou conhecida por criar o Dia da Liberdade de Impostos em São Paulo, em 2010, evento que ocorre no mês de maio. 
O futuro ministro é formado em direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cursou pós-graduação nas Universidades de Coimbra e de Lisboa, além de ter especialização em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas. 
Em 2012, juntamente com o advogado Guilherme Campos Abdalla, pediu o impeachment do ministro Dias Toffoli, atual presidente do Supremo Tribunal Federal, por crime de responsabilidade, no julgamento da ação penal do Mensalão. Salles é réu por improbidade administrativa em ação movida pelo Ministério Público de São Paulo. O futuro ministro e outras duas pessoas são acusadas de esconder alterações em mapas do zoneamento ambiental do rio Tietê, na Grande São Paulo, em 2016. A ação aguarda uma decisão na 3ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo. 
Saiba quem são os 22 ministros do governo Bolsonaro: 
– Onyx Lorenzoni (Casa Civil); 
– Paulo Guedes (Economia); 
– General Augusto Heleno (Segurança Institucional); 
– Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia);
– Sérgio Moro (Justiça); 
– Tereza Cristina (Agricultura); 
– General Fernando Azevedo e Silva (Defesa); 
– Ernesto Araújo (Relações Exteriores); 
– Roberto Campos Neto (Banco Central); 
– Wagner Rosário (Transparência e CGU); 
– Luiz Henrique Mandetta (Saúde); 
– André Luiz de Almeida Mendonça (AGU); 
– Gustavo Bebianno (Secretaria Geral da Presidência); 
– Ricardo Vélez Rodríguez (Educação); 
– General Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo); 
– Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura); 
– Gustavo Canuto (Desenvolvimento Regional); 
– Osmar Terra (Ministério da Cidadania); 
– Marcelo Álvaro Antônio (Turismo); 
– Bento Costa Lima (Minas e Energia); 
– Dalmares Alves (Mulheres, Família e Direitos Humanos); 
– Ricardo de Aquino Salles (Meio Ambiente). 
(Com informações da Agência Brasil)


NO BLOG DO JOSIAS
Caso Coaf exige reação urgente de Sergio Moro
Por Josias de Souza 
Segunda-feira, 10/12/2018 | 03h36
Até onde a vista alcança, não há no episódio sobre a movimentação bancária suspeita do ex-motorista do primeiro-filho Eduardo Bolsonaro nenhum bom exemplo. Mas o Caso Coaf é um bom aviso. O brasileiro foi avisado do seguinte: enquanto as coisas não estiverem acomodadas em pratos asseados, o compromisso de Jair Bolsonaro de inaugurar uma gestão implacável com os malfeitos vale apenas até certo ponto. O ponto de interrogação.
Prestes a assumir um Ministério da Justiça turbinado, com o premonitório reforço do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão que farejou o vaivém "atípico" de R$ 1,2 milhão, Sérgio Moro está, por assim dizer, obrigado a dizer meia dúzia de palavras sobre o episódio. 
A presença da futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro, no epicentro da crise, indica que o pior excesso que o ex-juiz da Lava Jato pode cometer é o da moderação. Seu silêncio é simplesmente inaceitável. O próprio Moro fixou as balizas para o comportamento que se espera dele. Fez isso ao declarar coisas assim: "Eu não assumiria um papel de ministro da Justiça com o risco de comprometer a minha biografia, o meu histórico." Ou assim: "Eu defendo que, em caso de corrupção, se analisem as provas e se faça um juízo de consistência, porque também existem acusações infundadas, pessoas têm direito de defesa. 
Mas é possível analisar desde logo a robustez das provas e emitir um juízo de valor. Não é preciso esperar as cortes de Justiça proferirem o julgamento." 
Pois bem. Moro foi guindado à Esplanada graças ao "histórico" de magistrado implacável que ajudou a arrancar do Brasil a logomarca de país da impunidade. Não há como grudar nos indícios colecionados pelo Coaf a pecha de "acusações infundadas". E as primeiras manifestações dos Bolsonaro — pai e filho — constituem o início do exercício do sacrossanto "direito de defesa". 
Tomados pelas palavras, o senador eleito Flávio Bolsonaro e futuro presidente Jair Bolsonaro parecem não ter enxergado nada de anormal na atipicidade que transformou a conta do ex-motorista Fabrício Queiroz em matéria-prima para o Ministério Público Federal. O diabo é que, diante das tentativas de explicação e dos dados que se encontram pendurados nas manchetes, nada tornou-se uma palavra que ultrapassa tudo. 
De modo que, Moro haverá de concluir que "não é preciso esperar as cortes de Justiça proferirem o julgamento" para emitir um primeiro "juízo de valor". O mínimo que o ex-magistrado precisa declarar, para não "comprometer a biografia" que construiu, é que há sobre o palco um déficit de transparência. 
Em política, todo o mal começa com as explicações. O que um político faz para explicar uma má notícia é o que deixou de fazer por convicção ou precaução. Mas há males que vêm para pior. Isso ocorre quando as explicações são insatisfatórias. A encrenca que veio à luz com o relatório tóxico do Coaf, produzido no contexto de uma investigação sobre corrupção na Assembleia Legislativa do Rio, exige a transparência de um cristal. E o que se tem, por ora, é a transparência de um copo de requeijão. 
Ou Moro informa ao País que enxergou o óbvio ou passará a frequentar a cena como uma espécie de subgeneral Mourão, pois o vice-presidente eleito Hamilton Mourão já declarou: "O ex-motorista, que conheço como Queiroz, precisa dizer de onde saiu este dinheiro. O Coaf rastreia tudo. Algo tem, aí precisa explicar a transação, tem que dizer." 
Sobre os R$ 24 mil que foram parar na conta de Michelle Bolsonaro, Mourão afirmou que o marido-presidente "colocou a justificativa dele. Ele já disse que foi um empréstimo." O general acrescentou: "O Queiroz precisa explicar agora." Conforme já foi comentado aqui, a alegação de Jair Bolsonaro de que a cifra repassada a sua mulher é parte do pagamento de empréstimos de R$ 40 mil que fez ao ex-motorista do filho tem a solidez de um pote de gelatina. Flávio Bolsonaro, por sua vez, disse ter ouvido do ex-assessor uma "história bastante plausível" sobre o montante de R$ 1,2 milhão movimentado atipicamente. Mas perdeu a oportunidade de definir "plausível" no instante em que afirmou: "Eu não posso dar detalhes aqui, porque é o que ele vai falar para o Ministério Público." 
Neste domingo, 09, Jair Bolsonaro ecoou o filho. Numa entrevista em que minimizou o fato de, pelo menos oito assessores de Flávio Bolsonaro terem realizado depósitos na conta de Fabrício Queiroz, o presidente eleito declarou que é o ex-motorista quem "tem que explicar" o que parece inexplicável. O problema é que, desde que os dados do Coaf vieram à luz numa notícia do Estadão, já se passaram 120 horas (pode me chamar de cinco dias). E Fabrício, personagem que os Bolsonaro chamam de "amigo", ainda não convocou os holofotes para compartilhar com os brasileiros sua "história bastante plausível."
Diante do sumiço do "amigo", a família Bolsonaro, sempre tão loquaz, revela-se intelectualmente lenta no provimento de explicações, moralmente ligeira nas conclusões sobre a normalidade dos indícios e politicamente devagar na avaliação do estrago que o caso produz. 
Qualquer dessas velocidades é um insulto à inteligência alheia. A ofensa será maior se Sérgio Moro imaginar que pode assistir a tudo com o distanciamento de um scholar entretido com o paradoxo de um presidente que se enrola antes da posse depois de se eleger enrolado na bandeira da moralidade. 
A conjuntura exige do ex-juiz da Lava Jato uma reação urgente. Nem que seja uma cara de nojo.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 10/12/2023 - DOMINGO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 05/8/2023 - SÁBADO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 2ª EDIÇÃO DE 08/4/2024 - SEGUNDA-FEIRA