SEGUNDA EDIÇÃO DE SEXTA-FEIRA, 16 DE NOVEMBRO DE 2018

NO O ANTAGONISTA
Sindicalistas de toga garantiram o aumento e agora querem manter auxílio-moradia
Sexta-feira, 16.11.18 11:13
Associações de juízes federais e procuradores, noticia o Valor, resistem a aceitar o fim do auxílio-moradia e devem pressionar o STF para que, se o tema for colocado em pauta, seja realizada discussão mais ampla, que se estenda a outros Poderes, em relação à extinção desse e de outros benefícios, conhecidos como “penduricalhos”.
O Antagonista lembra que Michel Temer ainda não decidiu se veta ou não o reajuste do Judiciário, com efeito cascata no funcionalismo.

PT chama novo chanceler de ‘irresponsável’
16.11.18 11:00
O PT está fazendo barulho com a indicação de Ernesto Araújo como ministro das Relações Exteriores.
Em nota, o partido chama o escolhido por Jair Bolsonaro de “verborrágico e irresponsável” e diz que o chanceler faz “ataques gratuitos ao PT e à esquerda”.

A reação do mercado ao presidente do BC
16.11.18 10:30
O mercado gostou da indicação de Roberto Campos Neto para o comando do Banco Central, informação antecipada por O Antagonista.
A sexta-feira começou com a Bolsa subindo e o dólar caindo.
“Analistas e investidores comemoraram o anúncio vendo principalmente que Neto não deverá fazer grandes mudanças na condução da política monetária”, registra o InfoMoney.

Médicos selecionados em novembro
16.11.18 10:13
O Ministério da Saúde informou que a primeira chamada do edital para substituir os médicos cubanos será realizada ainda em novembro.
O presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde avisou que, a partir do dia 25 de novembro, já haverá um voo diário, providenciado pelo governo cubano, para levar os médicos de volta à sua prisão.

Boca de crocodilo
16.11.18 09:47
Circula entre os integrantes do PSL um dossiê contra Onyx Lorenzoni, diz a Veja.
“O que os expoentes do PSL buscam não é coerência, e sim cargos de primeiro escalão. Eles alegam que Lorenzoni está sequestrando a administração de Bolsonaro e distribuindo espaços privilegiados ao DEM, em detrimento da legenda do presidente eleito.
Essa queixa se encontra registrada logo na primeira frase do dossiê, que diz o seguinte: ‘O deputado Onix (sic), réu confesso de prática de caixa dois, está fazendo do governo Bolsonaro um balcão de negociações de seu partido DEM, pois já colocou dois ministros e está tentando colocar mais dois'”.
Um deputado do PSL, Delegado Waldir, disse para a reportagem:
“Ninguém é cego. O DEM tem dois ministros, quer mais um e ainda a presidência da Câmara. Eles estão muito gulosos. Estão com boca de crocodilo. Minha preocupação são as pessoas que estavam com o Bolsonaro antes do Onyx e neste momento estão sendo esquecidas.”

A Justiça 'bumbunizada'
16.11.18 09:38
A defesa de Dani Bumbum, a esteticista que causou a morte de uma mulher que queria aumentar os glúteos, conseguiu soltá-la.
A Justiça brasileira é 'bumbunizada'.

O Negão de Bolsonaro
16.11.18 09:15
A Crusoé fez uma ótima reportagem sobre Paulo Negão, o sogro de Jair Bolsonaro.
Diz mais sobre o presidente eleito – e dos fatores que o levaram à vitória – do que qualquer matéria a respeito de seus filhos.
Leia um trecho:
“Paulo Negão não diz, mas planeja se mudar. Hoje ele mora a cinco minutos do Sol Nascente, a segunda maior favela do Brasil. Sua rua, que dá para uma avenida que costuma alagar nos períodos de chuva no Planalto Central, fica perigosa à noite. É frequentada por usuários de drogas. Mesmo de dia, ninguém dá bandeira por ali. Ao chegarem do trabalho, os moradores entram em casa rapidamente e qualquer cara diferente que aparece é vista com desconfiança. Bem em frente à casa do sogro de Bolsonaro, com muro amarelo e portões pretos que guardam um sedan de 2009, há um beco com entulhos, mato alto e cavalos de carroceiros. Paulo Negão não gosta da bagunça. Já organizou vaquinhas com os vizinhos para retirar o lixo dali, que por vezes vira fogueira e enche as casas de cinzas. O rubro-negro mais ilustre da vizinhança é elogiado por capinar, ele próprio, o matagal. O esforço é para melhorar um pouco o nível de segurança nas cercanias — a professora Rosemeire Saturnino, que mora lá há três décadas e cresceu com Michelle Bolsonaro, conta que no ano passado houve uma tentativa de estupro no beco.”
Leia a reportagem completa aqui.

Novo comando na Lava Jato paulista
16.11.18 08:21
A Lava Jato em São Paulo mudou de comando e será chefiada pela procuradora Thaméa Danelon, diz a Folha de S. Paulo.
É mais uma mulher rigorosa no caminho de Lula.
Como disse O Antagonista algumas semanas atrás, a Lava Jato paulista só estava esperando o fim da campanha presidencial para denunciar Lula e Luleco.
Releia aqui.

“Sou divorciada e não discuto nada de cozinha”
16.11.18 08:13
A juíza Gabriela Hardt é a primeira mulher a tocar um caso de grande magnitude na Lava Jato, diz a Crusoé.
Já na primeira audiência com Lula, ouviu dele insinuações de cunho machista. 
 - ‘A senhora sabe que, não sei se a senhora é casada, mas seu marido entende pouco de cozinha como eu.  Não discuto cozinha’, disse Lula. 
Gabriela Hardt foi seca: 
 - “Sou divorciada e não discuto nada de cozinha’”.
Exceto aquela que foi paga com propina da OAS, Lula.
Os assinantes da Crusoé podem ler a reportagem completa clicando aqui.

NO BLOG DO FAUSTO MACEDO
Suíça entregará extratos bancários de dono de cervejaria
Justiça do país europeu aprovou envio ao Brasil de documentos relativos ao empresário Walter Faria, dono da Itaipava
Por Jamil Chade/GENEBRA
Sexta-feira, 16 Novembro 2018 | 05h30
A Justiça na Suíça aprovou o envio ao Brasil de extratos bancários relativos ao empresário Walter Faria, dono da Itaipava, fabricante de cerveja e denunciada por supostamente cooperar com a Odebrecht no financiamento ilegal de campanhas eleitorais no Brasil.
Num processo que durou três anos, a defesa de Faria insistia que a transmissão dos extratos ‘não tinha qualquer utilidade, já que o processo penal pela qual as autoridades brasileiras tinham solicitado a cooperação judicial da Suíça já havia sido definitivamente julgada’.
Num documento publicado no dia 14 de novembro último, o Tribunal Federal da Suíça rejeitou o recurso do empresário brasileiro e, atendendo a um pedido de abril de 2015, autorizou que os dados sejam enviados ao Ministério Público no Paraná. Os extratos se referem a pelo menos duas contas e uma ‘sub-conta’, todas mantidas em bancos na Suíça.
Com a informação, os procuradores brasileiros poderão traçar a origem do dinheiro e a quem ele foi entregue.
Em diferentes delações de ex-executivos da Odebrecht, o empresário é citado em esquemas de financiamento ilegal de campanha, ao lado da construtora.
Walter Faria já teria confirmado a existência de quatro contas suas na Suíça.
O esquema cruzado entre a construtora e a cervejaria implicava em depósitos da Odebrecht no exterior para a fabricante. No Brasil, era o Grupo Petrópolis, que controla a Itaipava, quem fornecia o dinheiro em reais para que a Odebrecht pudesse bancar de forma ilegal candidatos, num total que supera a marca de R$ 120 milhões.
Em depoimento à Polícia Federal, Faria chegou a afirmar que usou o programa de repatriação estabelecido pela Receita Federal para regularizar a situação do dinheiro. “Todas as contas foram objeto de repatriação junto à Receita Federal”, disse.
Na delação premiada do ex-chefe do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, Hilberto Mascarenhas da Silva Filho, o esquema de desvio de cerveja do Grupo Petrópolis abasteceu a máquina de pagar propinas, montada por Marcelo Bahia Odebrecht, com R$ 105 milhões de dinheiro vivo, em 2007 e 2008. Era a corrupção e o caixa 2 de políticos e agentes públicos, alvos da Operação Lava Jato.
“Eu soube, eles comentaram que era um desvio de quantidade, no medidor. Porque o imposto é gerado em função na quantidade de cerveja que passa em determinado medidor. Então eles criaram, parece, um by pass, para adulterar a quantidade de imposto”, afirmou Hilberto Silva.
“Essa venda dessa cerveja, que passava a latere, era vendido, e o dinheiro gerado ia para o caixa 2. Esse caixa 2 era vendido para nós”, explicou o delator.
“Segundo me foi dito por Vanuê (Faria, da Petrópolis), em visita à fábrica de Boituba, não me recordo o ano, a disponibilidade de gerar reais em caixa 2 da Itaipava vinha através de uma espécie de burla do medidor de produção de sua (s) fábrica (s), produzindo assim cerveja ‘fria’ sem pagar imposto que era vendida em pequenos bares sem nota, gerando disponibilidade desses recursos.”
O empresário Marcelo Odebrecht também confessou em sua delação que a partir de 2006 o empreiteira passou a ter relações ilícitas de parceria com o Grupo Petrópolis.
A parceria rendeu dois momentos de práticas criminosas de fraudes, lavagem de dinheiro e atos contra o sistema financeiro, em que os dois grupos empresariais cruzaram suas estruturas paralelas.
A que envolve o ‘caixa 2 da cevada’, em um primeiro momento, de 2006 até 2008. A Odebrecht comprava reais não-contabilizados da cervejaria no Brasil e pagava em dólares, em conta secreta no exterior – típica operação de dólar-cabo.
A segunda fase, a partir de 2010 e até 2014
O Grupo Petrópolis teria sido espécie de ‘laranja’ para a Odebrecht fazer repasses oficiais para campanhas políticas e partidos.
A cervejaria fazia doações em seu nome, dentro da cota legal permitida a ela, e recebia da empreiteira por fora, como no acerto de valores das obras das duas fábricas da Itaipava construídas pela construtora.
COM A PALAVRA, WALTER FARIA
O empresário Walter Faria e o Grupo Petrópolis sempre se colocaram à disposição das autoridades para esclarecimentos e apresentação de documentos, já os tendo apresentado quando solicitados.

NA VEJA.COM
EUA elogiam postura de Bolsonaro em relação ao ‘Mais Médicos’
Departamento de Estado americano considera que presidente eleito do Brasil agiu bem ao contestar a parceria com médicos cubanos
Por AFP
Sexta-feira, 16 nov 2018, 00h35 - Publicado em 15 nov 2018, 23h44
O governo dos Estados Unidos elogiou nesta quinta-feira, 15, a postura crítica do presidente eleito Jair Bolsonaro sobre o programa Mais Médicos, implementado com a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) e Cuba, o que motivou o cancelamento da participação dos profissionais de saúde cubanos.
“Que bom ver o presidente eleito Bolsonaro insistir em que os médicos cubanos no Brasil recebam seu justo salário ao invés de deixar que Cuba leve a maior parte para os cofres do regime”, escreveu no Twitter Kimberly Breier, a principal funcionária do Departamento de Estado dos EUA para a América Latina.
O presidente eleito pretendia submeter os médicos cubanos a um “teste de capacidade”, pagar o salário integral aos profissionais e permitir a vinda de suas famílias para o Brasil.
“Em torno de 70% do salário destes médicos é confiscado pela ditadura cubana. E outra coisa, que é uma falta de respeito com os que recebem tratamento por parte destes cubanos: não temos qualquer comprovação de que sejam efetivamente médicos e estejam aptos a desempenhar sua função”, declarou Bolsonaro na quarta-feira.
Em resposta, Havana anunciou que irá abandonar o programa brasileiro – do qual participa desde a sua criação, em 2013, devido a declarações do presidente eleito, que anunciou mudanças no programa a partir de 1º de janeiro DE 2019, quando tomará posse.
Nesta quinta, um grupo de 196 médicos retornou para Cuba após três anos de trabalho no Brasil – os primeiros após o anúncio de Havana de sair do programa Mais Médicos.
“O Ministério da Saúde Pública de Cuba tomou a decisão de não continuar participando do programa Mais Médicos e assim o comunicou à diretora da OPAS e aos líderes políticos brasileiros que fundaram e defenderam esta iniciativa”, diz um comunicado oficial de Cuba.
Também questionou “o preparo dos nossos médicos” e condicionou “a sua permanência no programa à revalidação do título”, destaca o texto oficial cubano.
“A retirada do programa será apoiada por nossos médicos, pois nem os princípios nem a dignidade são negociáveis”, afirmou a vice-ministra da Saúde de Cuba, Regla Angulo, ao receber os profissionais no aeroporto.
Para Bolsonaro, o cancelamento do programa de envio de médicos cubanos ao Brasil foi uma decisão “unilateral” e “irresponsável” da “ditadura” de Cuba, que não aceitou as mudanças pretendidas pelo presidente eleito para manter a cooperação.
Cerca de 20.000 médicos cubanos trabalharam no Brasil durante cinco anos, e a decisão cubana afeta cerca de 8.000 que o fazem atualmente.
Segundo fontes diplomáticas brasileiras, os médicos cubanos retornarão a seu país antes do Natal, embora calculem que cerca de 2.000 poderiam permanecer no Brasil devido a relacionamentos amorosos e familiares, que lhes permitiriam obter o visto de residência.

NO BLOG DO ALUIZIO AMORIM
Sexta-feira, novembro 16, 2018
JAIR BOLSONARO PROMOVERÁ UMA NOVA "ABERTURA DOS PORTOS DO BRASIL" COM A INDICAÇÃO DO DIPLOMATA ERNESTO ARAÚJO COMO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES
A indicação do diplomata Ernesto Araújo como Ministro de Relações Exteriores pelo Presidente eleito Jair Bolsonaro, já está balançando meio mundo. Pelo menos sabe-se que no Itamaraty tem bons profissionais e não apenas áulicos dos comunistas. E até mesmo gente de viés conservador, como de fato é a característica de Ernesto Araújo.
O vídeo (que pode ser visto no link https://www.facebook.com/jairmessias.bolsonaro/videos/584596088639327/?t= foi postado pelo próprio Jair Bolsonaro em sua página no Facebook. Trata-se de parte de noticiário da Globo News com a reportagem e comentários da jornalista Cristina Lobo a respeito da indicação de Araújo como chanceler.
A matéria está normal, mas o editor e a apresentadora demonstraram um grande interesse em destacar que Ernesto Araújo é dono de um blog pró-Bolsonaro e anti-PT. Tanto é que, ao longo do comentário de Cristina Lobo, esta informação permanece no letreiro.
Li alguns artigos no blog de Ernesto Araújo e já coloquei link na relação de sites/blogs que disponibilizo aqui no blog na coluna ao lado bem abaixo. (vide página original do blog) Só posso dizer que é um acontecimento importante para o Brasil o fato de que, a partir da posse do novo Governo do Presidente Jair Bolsonaro, o Itamaraty deixará de ser um aparelho de apoio aos comunistas.
Pelo conteúdo dos artigos de Ernesto Araújo pode-se constatar que o diplomata se revela um cultor do conservadorismo. Em sendo assim, não é surpresa sua ojeriza ao PT. 
Quanto ao fato de ser apoiador de Bolsonaro faz todo o sentido, já que o ideário político que cultiva se afina totalmente com o pensamento de Jair Bolsonaro, exposto muito francamente ao longo de sua carreira como Deputado Federal e mais recentemente durante a campanha eleitoral.
(...)
Aliás, os milhares de eleitores que sufragaram nas urnas Jair Bolsonaro como Presidente do Brasil, o fizeram justamente por suas propostas essencialmente conservadoras. Passada a refrega eleitoral e a festa da vitória, esses eleitores, que inundaram as ruas e praças do País, agora parecem que se aquietaram. 
Ora, essa é a típica reação política dos conservadores. Todos esses eleitores retomaram o curso normal de suas vidas, do seu trabalho e até mesmo de seus hobbies. Mas não se enganem. Esses eleitores permanecem atentos a todo o movimento político, especialmente do Presidente eleito, acompanhando a grande mídia e, sobretudo, as redes sociais, blogs e sites independentes.
A maioria do povo brasileiro não é de esquerda e nem de direita, é conservadora. Insisto que o conceito de conservador tem de ser referido de forma contínua. Já escrevi aqui no blog que a dicotomia esquerda e direita é uma construção dos teóricos marxistas, ou seja, a maior parte dos ditos intelectuais que dominam as universidades. Aos marxistas sempre interessou a manutenção de um clima de guerrilha permanente e divisão de classes. Sem essa pegada beligerante em ebulição constante os comunistas já teriam desaparecido da face da Terra. Como a maioria da população do Planeta não é constituída de "intelectuais", fica fácil para os comunistas açular essa guerrilha permanente em todas as esferas da sociedade.
Comumente, esse estratagema tem um limite de ação e acaba desmoronando. Desmoronou na outrora poderosa ex-URSS. E acaba de desmoronar no Brasil com a eleição de Jair Bolsonaro como Presidente da República.
Entretanto, a aparente quietude dos eleitores conservadores no período pós-eleição - fiquem atentos - não significa alienação. Ainda mais nos dias de hoje com a Internet e as redes sociais.
No mais, com a indicação de Ernesto Araújo como Chanceler de seu Governo, o Presidente Jair Bolsonaro promove, na verdade, uma nova "Abertura dos Portos do Brasil". E isto é ótimo! Afinal, teremos mais opções além das frutas podres do Mercosul e dos biscoitos mofados da União Europeia.

NO BLOG DO GABEIRA
SOBREVIVER AO ANO QUE VEM
Sexta-feira, 16.11.2018 EM BLOG
É um momento de escolha de ministros, definição da estrutura do governo. Não importa o que saia daí, o que nos espera no ano que vem é inescapável: o Brasil pode quebrar. A reforma da Previdência não é só um momento de alívio para o governo Bolsonaro, mas também para 14 Estados em profunda crise financeira, entre eles Rio de Janeiro, Minas e Rio Grande do Sul.
Visitei Minas para ver melhor o que aconteceu nas eleições. Inédita na História, a vitória de Romeu Zema, do Partido Novo, contou com 71,8% dos votos. Foi um salto no escuro, preferível para os eleitores aos velhos partidos que dominaram o Estado: PSDB e PT.
A melhor forma de começar uma nova época é realizar a reforma da Previdência. Não resolve tudo, mas indica que o mais difícil foi feito. Paradoxalmente, a reforma é a maneira de seguir vivo até 2022, mas significa, no primeiro instante, uma perda de popularidade. Na Rússia, a reforma previdenciária roubou muitos pontos de aceitação do governo Putin. Sufocada pela Copa do Mundo, a resistência manifesta-se também numa desconfiança, uma sensação de perda.
Segundo o Moscou Times, essa reforma foi decidida por Putin, mas seu déficit talvez pudesse ser facilmente coberto pelos excedentes do petróleo. Mas e os investimentos, a defesa? O governo precisava se antecipar.
No caso grego, a reforma talvez não tenha desgastado tanto a esquerda no poder. Era claramente inevitável. E havia a pressão da União Europeia. O ressentimento acabou canalizado para Angela Merkel.
No caso brasileiro, a reforma da Previdência tem uma chance singular. Ela é claramente uma forma de neutralizar o processo de transferência de renda dos mais pobres para os mais ricos. Ela tem um quê de Robin Hood, mas esse encanto sozinho não basta para emplacá-la. Em primeiro lugar, será preciso convencer os pobres de que, no fundo, estão ganhando com as mudanças; em segundo lugar, e isso é colossal, vencer a resistência das corporações, algumas articuladas com partidos da esquerda.
O ajuste fiscal será a primeira grande prova tanto para Bolsonaro como para Zema.
O ano que vem marca o início de uma fase triunfante do liberalismo. Ele bateu o marxismo no terreno, mas também partilha com ele um certo idealismo. Um, vê no Estado o caminho da salvação, o outro, o vê no mercado. Como observa John Gray na sua crítica à Nova Direita na Inglaterra, ambos ignoram que são construções humanas e, como tal, imperfeitas.
Uma conclusão de Gray é que essas correntes idealistas veem a vida política de uma forma que conduz a derrotas. Elas tendem a investir num projeto de esperanças transcendentais, numa época sem fé. O conselho realista de Gray é baixar a bola, aceitar a humilde tarefa de uma improvisação sem fim, em que um bem é comprometido para salvar outros, uma espécie de equilíbrio entre os males necessários da vida humana e a perspectiva sempre presente do desastre a ser despachada para outro dia.
Não chego a tanto. Ele teorizava sobre os liberais que concluíam sua passagem pelo governo. Aqui, os vencedores precisam pôr suas ideias em ação.
Mas não consigo esquecer a experiência vivida no Congresso. Vi muitos grandes projetos. E vi sua trajetória real. Alguns deles costumo comparar com o grande peixe pescado pelo velho Santiago no romance O Velho e o Mar, de Hemingway. Comido aos pedacinhos, chegou à praia apenas como um grande esqueleto.
Assim como foi com o marxismo, os liberais vitoriosos correm o risco do que se chama húbris ideológico. Húbris é uma palavra grega que traduzimos como excesso de autoconfiança. De modo geral, esse excesso de autoconfiança é inerente à nossa prática de perseguir princípios universais, esquecendo a política como uma humilde discussão racional, uma acomodação mutual, em busca de um modus vivendi.
De qualquer forma, o Estado brasileiro é uma carga pesada nas costas da sociedade.
Lembro-me de que, há quase uma década, já discutíamos isso, da ineficácia de algumas estatais aos gastos escandalosos da máquina. Numa das comissões temáticas, questionei os gastos anuais do governo com viagens: R$ 800 milhões. Naquela época já havia um leque de possibilidades tecnológicas, do Skype às teleconferências. Essa escolha liquidaria os gastos. Mas reduziria os ganhos do funcionalismo com diárias.
A relação dessa gigantesca máquina político-partidária com a sociedade precisa ser resolvida em favor das pessoas.
O aumento dos juízes do STF vai nos custar R$ 6 bilhões. É um preço alto, caro, em bens e serviços. Mas tem um lado pedagógico: ficou claro para todo mundo como a elite burocrática se apossa de uma parte maior do bolo, numa sociedade mergulhada na crise econômica.
Creio que muitas pessoas votaram contra isso. Se minha presunção é verdadeira, está em curso uma modesta revolução cultural. Muitas pessoas que viam no Estado um provedor, e de certa forma a Constituição o moldou assim, começam a vê-lo como um obstáculo, sanguessuga.
Isso é o caminho para que seja revisto, de acordo com as circunstâncias históricas e culturais do Brasil de hoje. Não será necessariamente mínimo, que é uma construção ideal. Ele será o que resultar desse que, para mim, é o grande embate de 2019.
No passado, quando terminavam as eleições as pessoas se voltavam para seus problemas, o que é saudável. A verdadeira força transformadora, no entanto, virá da sociedade, e não de esquemas ideais. É possível que, num quadro de crise, ela continue alerta, pois agora começa a viver as consequências de sua escolha.
Não será um ano fácil. Aos que podem, é recomendável ao menos uma semana de férias. Isso porque a economia é apenas uma variável. Além dos 12 milhões de desempregados, parte do território urbano é ocupada por grupos armados, as cadeias são um barril de pólvora, a corrupção se estende pelo interior.
Não sei se exagero, mas sinto-me como se fosse a luta pela sobrevivência de um país viável.
(Artigo publicado no Estadão em 16/11/2018)

NO BLOG DO MERVAL PEREIRA
Direita se organiza
POR MERVAL PEREIRA
Sexta-feira, 16/11/2018 04:30
José Dirceu, o outrora superpoderoso ministro de Lula, continua sendo o que melhor pensa estrategicamente no PT, mesmo com muitos anos de cadeia pela frente. Ele já entendeu que o governo Bolsonaro tem “muita base social, muita força e muito tempo pela frente. Vai transformar a segurança em pauta”. Dirceu diagnostica que em 13 anos e meio de governo, o PT “se afastou do dia a dia do povo”. 
A escolha do embaixador Ernesto Araújo para ministro das Relações Exteriores corresponde à ideia de dar ao presidente eleito Jair Bolsonaro um papel relevante entre os partidos do espectro direitista na América Latina e no mundo. Ele seria uma espécie de “Celso Amorim da direita”, em referência ao chanceler que inventou a imagem de Lula como grande líder popular no mundo, a ponto de pretender mediar o conflito do Oriente Médio e a crise dos Estados Unidos com o Irã. 
Não deu certo, mas restam, principalmente na Europa, intelectuais e líderes de esquerda que ainda consideram Lula um preso político. Com uma imagem desgastada no exterior, devido a seu histórico político de radicalismos, Bolsonaro vai precisar se firmar como líder de sua tendencia política, e quem esta ajudando nessa tarefa é Eduardo Bolsonaro, eleito o deputado federal mais votado da História do País, e Steve Bannon, ex-conselheiro de Donald Trump e ideólogo de uma direita internacional que projeta um grupo para reunir os partidos de direita ou extrema direita da Europa em torno de discussões políticas comuns. 
A indicação de Ernesto Araújo teve o entusiasmo de André Marinho, filho de Paulo Marinho, que é suplente do Bolsonaro senador, mas só começou a ser levada a sério com o apoio de Eduardo, que pretende ser o líder intelectual da direita na região. Ele viajará aos Estados Unidos, onde morou, para manter contatos com autoridades do governo Trump, já que seu pai não pode viajar. 
Na América Latina, a Fundação Índigo, ligada ao PSL, partido de Bolsonaro, tentou levar o então candidato a uma reunião em Foz do Iguaçu, financiada por um Centro de Estudos em Seguridade (CES), ligado à Universidade de São Paulo (Unifesp). A ideia era que o evento fosse um contraponto ao Foro de São Paulo, que reúne representantes da esquerda de vários países, criado em parceria entre Lula e Fidel Castro, e chegou a eleger a maioria dos presidentes de países vizinhos. 
A quase totalidade hoje está envolvida em corrupção no mesmo esquema com a Odebrecht que o PT exportou para a região. Quem entendeu com antecedência a ascensão da direita no País e no mundo, com pesquisas qualitativas que já prenunciavam esse comportamento conservador do eleitor brasileiro foi o Democratas, através do ex-prefeito César Maia, do Rio de Janeiro. 
Ele colocou o partido em contato com a Internacional Democrata de Centro (IDC), contraponto à Internacional Socialista (IS), que tem em seus quadros o PDT como membro efetivo e o PT como observador. Ambos boicotaram a entrada do PSDB como membro efetivo. 
Mas o DEM não teve coragem de assumir uma posição direitista pura, seguindo o que diziam as pesquisas, que indicavam o eleitor médio brasileiro mais ligado a valores conservadores, família e propriedade, e também receoso com a segurança publica.
Entre os palestrantes da "Cúpula Conservadora das Américas" em Foz do Iguaçu estariam na mesa de cultura o príncipe Luiz Philippe de Orleans e Bragança, filiado ao PSL, o cientista político venezuelano Roderick Navarro, o cubano Orlando Gutierrez-Boronat, do Diretório Democrático Cubano, e o filósofo e escritor Olavo de Carvalho. 
Diversos representantes de países da América do Sul, como Paraguai, Colômbia, Chile, estão na relação do encontro, que foi adiado para dezembro porque Bolsonaro não quis fazer a reunião durante a campanha eleitoral, com receio dos gastos serem vetados pela Justiça Eleitoral. 
Como se vê, a turma que chegou ao poder nada tem de amadora, embora ainda se ressinta de uma organização de comunicação que evite a bateção de cabeças. Dirceu tem razão, e um dos projetos dos Bolsonaro é entrar no nicho eleitoral do PT no Nordeste. É a primeira vez que um governo não petista terá a oportunidade de mostrar àquela região, sustentáculo do PT com os votos que levaram Haddad ao segundo turno, que também se preocupa com os pobres.

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