PRIMEIRA EDIÇÃO DE QUARTA-FEIRA, 03 DE OUTUBRO DE 2018

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
QUARTA-FEIRA, 03 DE OUTUBRO DE 2018

Se Haddad (PT) “é Lula”, como alardeia sua propaganda, isso vale “para o bem e para mal”: o ex-prefeito herda votos e também a elevada rejeição do ex-presidente presidiário, segundo revelam as pesquisa Ibope do dia 1º (registro nº BR-08650) e Datafolha (registro nº BR- 03147) do dia 2. Em apenas 4 dias, sua rejeição subiu como foguete de 27% para 38%, segundo o Ibope, e de 32% para 41%, pelo Datafolha. Bolsonaro caiu de 46% para 45% segundo o Datafolha.

Único “pré-candidato” cuja rejeição era maior que a de Bolsonaro, Lula, que cumpre 12 anos de cadeia, transferiu essa herança para Haddad.

Provocou estranheza a rejeição de Haddad que subiu até 11 pontos em 4 dias, sem que nada tenha acontecido para justificar isso.

Entre 24 de setembro e 2 de outubro, só o Ibope divulgou três pesquisas. A rejeição a Haddad cresceu quase 30% nesse período.

Fernando Haddad (PT), que vive trombeteando seus milagres no MEC, deveria aproveitar o guia eleitoral para explicar ao País por que, candidato à reeleição, ele teve só 16% dos votos, menos que brancos e nulos. Os paulistanos já sabem o porquê: ele foi um prefeito muito ruim.

Haddad lidera a rejeição entre homens: 43%, contra 35% de Bolsonaro. Entre mulheres, o nome do PSL tem 51% de rejeição o petista, 33%.

Haddad (PT) é rejeitado por 58% entre os que recebem mais de cinco salários mínimos por mês e Bolsonaro (PSL) por 59% no Nordeste, segundo o Ibope. São os maiores indicadores de rejeição.

…Bolsonaro virou massa de pão: quanto mais apanha, mais cresce.

Ibope e Datafolha atestam o fracasso da estratégia de Alckmin (PSDB), que esperava destruir o adversário Jair Bolsonaro para ocupar o seu lugar. Acabou favorecendo o candidato do PT e o próprio Bolsonaro, que cresceu até quando a campanha #elenao saiu às ruas, no sábado.

Outro erro infantil de Alckmin foi pregar “equilíbrio contra radicalismo”. Se desse uma olhada nas pesquisas veria que os brasileiros querem isso mesmo, atitude radical de mudança. E não mais do mesmo.

Os adversários ainda não perceberam que é o eleitorado quem arrasta Bolsonaro, e não o contrário. Seu mérito é se deixar usar pelo clamor dos eleitores pela ruptura com o sistema político que enoja a maioria.

Juristas aplaudiram a decisão do ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal, de apoiar o ministro Luiz Fux, seu vice-presidente, que havia neutralizado a autorização do ministro Ricardo Lewandowski para o ex-presidente e presidiário Lula dar entrevistas. Mas a impressão geral é a de que Lewandowski e Fux erraram. Fux foi corajoso, mas Toffoli pôs ordem no STF, mandando o caso ao plenário.

Lewandowski achou que, negando a entrevista, a juíza de Curitiba descumpriu decisão colegiada do STF sobre liberdade de imprensa.

A decisão colegiada, por não ser específica, não poderia ser usada por Lewandowski. Ele errou porque não mandou o caso para o plenário.

Já o ministro Luiz Fux suspendeu a entrevista acolhendo recursos do Partido Novo. Mas só União, Estados etc têm legitimidade para isso.

O diretor do ex-Museu Nacional do Rio de Janeiro, R$24 mil por mês, não foi demitido e nem sequer teve a dignidade de pedir o boné, apesar da incompetência até para manter no local brigadistas contra o fogo.

NO DIÁRIO DO PODER
CAIXA DA CORRUPÇÃO
Empresário se espantou com malas cheias de dinheiro em apartamento 
Ele contou que irmão de Geddel pediu o imóvel para pertences do pai 
Da Redação 
Terça-feira, 02/10/2018 às 18:32 | Atualizado às 22:50
Em depoimento, o empresário Sílvio Antônio Cabral da Silveira, proprietário do apartamento em Salvador, onde foram encontrados R$ 51 milhões, e que resultou na prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, afirmou que se surpreendeu em ver “um bocado de mala cheia de dinheiro” em seu imóvel. Silveira ressaltou que foi à Polícia Federal por iniciativa própria, “Eu fui na Polícia Federal sem chamamento nenhum, sem advogado, sem ninguém saber o que era, certo de quê? De que tinha livros, quadros, alguma coisa desse tipo. Quando cheguei lá para surpresa minha tinha lá na Polícia Federal um bocado de mala cheia de dinheiro”. Afirmou que não fazia ideia de que seu imóvel era usado para guardar dinheiro, fato que ficou sabendo quando a Operação Tesouro Perdido foi deflagrada.
O empresário contou que o empréstimo atendeu ao pedido do deputado federal Lúcio Vieira Lima (MDB-BA), que havia dito precisar de um local para guardar os pertences do pai falecido. “Quando houve a morte do pai dele, fui ao PMDB prestar solidariedade a Lúcio. Fui embora. Uns 15 ou 20 dias depois, ele me chamou para ir no partido e queria bater papo comigo”. Então, sem nenhuma formalidade, após consultar seu sócio, Silveira emprestou o imóvel a Lúcio. “Ele sabia da dificuldade que nos estávamos de vender os apartamentos e me perguntou se eu podia emprestar alguma unidade a ele. Eu disse que não tinha problema nenhum, eu ia perguntar ao sócio majoritário, mas acho que não tem nenhum problema. O apartamento (unidade 201) acabou sendo vendido. E as malas e caixas que estavam nele foram transferidas para o 202”
Silvio Silveira é testemunha de acusação da Procuradoria Geral da República (PGR) no processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) em que são réus o ex-ministro Geddel Vieira Lima, o seu irmão o deputado Lúcio Vieira Lima, Marluce Vieira Lima, mãe de Geddel e de Lúcio. Além de Job Ribeiro, ex-assessor de Lúcio e Luiz Fernando Costa Filho, sócio da empresa Cosbat. Todos os réus são acusados dos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa.

OPERAÇÃO LAVA JATO
Supremo decide que Jucá deve ser interrogado em processo após testemunhas 
MPF denunciou o senador por corrupção e lavagem 
Da Redação
02/10/2018 às 18:18 | Atualizado às 22:59
Por 3 votos a 1, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu hoje (2) que o senador Romero Jucá (MDB-RR) será interrogado após a oitiva das testemunhas arroladas na ação penal que foi aberta na Corte e que tem o parlamentar como réu. O colegiado julgou um recurso da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a decisão do relator do caso, ministro Marco Aurélio, que determinou a realização do depoimento de Jucá como primeiro ato processual da ação penal.
A defesa do senador também concordou com o entendimento da PGR. Segundo os advogados, o acusado deve falar por último no processo em “respeito aos princípios do contraditório e da ampla defesa”.
Em março, a Primeira Turma aceitou denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o senador pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, em um desdobramento da Operação Lava Jato. Na ocasião, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, que representa Jucá, afirmou durante o julgamento que o MPF pretende criminalizar a atuação regular do senador como parlamentar. Ele também leu trechos da delação em que se baseou a denúncia, argumentando que, em nenhum momento, Cláudio Melo Filho afirmou, cabalmente, que a doação eleitoral fora contrapartida pela modfiicação das medidas provisórias.(ABr)
MORDOMIAS MILIONÁRIAS
Renan Filho gastou R$3 milhões com voos de jatinho e 299 horas de helicóptero 
Dos R$3 milhões gastos, o alagoano bancou voo de R$131 mil com 3 passageiros 
Por Davi Soares 
02/10/2018 às 22:17 | Atualizado às 23:44
“Valorizar cada centavo do dinheiro de Alagoas”, é o que diz o discurso do candidato à reeleição Renan Filho (MDB), em sua propaganda eleitoral sobre “eficiência” dos gastos públicos, na qual critica o desperdício e a falta de planejamento que atribui a gestões passadas. Mas os seus planos de voos registrados oficialmente expõem gastos ofensivos a quem vive no Estado com segundo pior desempenho do Brasil na criação de emprego. Renan Filho gastou R$ 2,9 milhões com voos de jatinho, em um intervalo de um ano e quatro meses. E voou no helicóptero oficial durante 299 horas e 18 minutos, ao custo estimado de R$ 427 mil com combustível, entre janeiro de 2015 e fevereiro deste ano eleitoral. Só em companhia do pai, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), foram 13 voos. 
As histórias por trás das centenas de milhões de centavos gastos diretamente por Renan Filho para se deslocar pelos ares foram obtidas pelo Diário do Poder, por força da Lei de Acesso à Informação (LAI). E revelam como exemplo mais evidente do alto custo destas despesas a viagem de Renan Filho com dois assessores, entre Maceió (AL) e Brasília (DF), passando pelo Rio de Janeiro (RJ), que custou mais de R$ 131 mil, nos dias 17 e 18 de maio de 2016. Somente com os deslocamentos aéreos na aeronave modelo Falcon, da empresa Sotan Táxi Aéreo, foram gastos R$ 43,7 mil por passageiro, com o objetivo de cumprir compromissos no Fórum Nacional João Paulo Reis Velloso, no Rio e no Tribunal de Contas da União (TCU) e em dois ministérios, em Brasília. Na lista de passageiros: Renan Filho, seu assessor especial, Henrique Fernandes de Albuquerque Vital e o secretário da Fazenda, George André Palermo Santoro, que é pago para zelar pelos cofres estaduais. Três meses antes, outra viagem de jatinho, somente com três passageiros, sangrou R$ 128,6 mil dos cofres do Estado que mantém péssimos indicadores sociais. E o alto custo da agenda ainda revelou-se totalmente ineficiente até hoje. 
O investimento levou o governador Renan Filho até à empresa Agrícola Famosa, no Ceará, acompanhado de seu assessor Henrique Vital e do então secretário da Agricultura, Álvaro Vasconcelos, entre 16 e 18 de fevereiro. A falta de retorno desta viagem é evidenciada pela frustração de seu objetivo, que era atrair para o Sertão de Alagoas a empresa especializada em fruticultura irrigada. A empresa chegou a ser anunciada pelo então secretário como reforço para a economia alagoana, em Delmiro Gouveia. Mas jamais plantou uma muda em solo alagoano. O voo teve itinerário partindo de Maceió (AL), passando por Iratí e Fortaleza, no Ceará, e seguindo até Brasília (DF), antes de retornar à capital alagoana. 
R$ 46 mil para bater palmas no TRF5 
A ineficiência e o despropósito do gasto público em um estado pobre como Alagoas se repete em outros dois voos que levaram Renan Filho, assessores e políticos para cerimônias de posses de magistrados, no Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5), em Recife (PE). Cada um dos voos que levaram a cúpula do poder público de Alagoas para aplaudir desembargadores na capital do Estado vizinho custou R$ 23,2 mil ao trabalhador alagoano. 
O primeiro voo, em 11 de dezembro de 2015, levou no jatinho o governador e mais dois assessores para a posse do desembargador federal Rubens Canuto, no TRF5. Já o segundo voo repetiu-se em 03 de abril de 2017, para outra posse da cúpula diretiva do TRF5, com Renan Filho mais seis passageiros, incluindo o presidente do Legislativo, Luiz Dantas (MDB) e seu filho e candidato a sucessor, Paulo Dantas, o deputado estadual Marcelo Victor (SD), entre outros. 
Todos os 35 voos do governador de jatinho foram feitos em aviões modelos Falcon e Learjet60, por meio de contrato entre a empresa Sotan Taxi Aéreo e o Estado de Alagoas. Tal relação contratual finalizou em abril de 2017. Gastava 5000% a mais. 
A partir do término do contrato com a Sotan, o governo de Alagoas passou a gastar de 1000% a até quase 5000% menos com o preço das viagens de Renan Filho a Brasília, em comparação com o custo daquelas realizadas com os jatinhos. O menor custo por passageiro nos jatinhos da Sotan foi de R$ 10,2 mil por pessoa transportada de Maceió a Brasília no voo de ida e volta com maior lotação – nove viajantes – entre 31 de agosto e 1º de setembro de 2016. Gasto que chegou a R$ 46 mil por cabeça, quando Renan Filho viajou apenas com Henrique Vital, no mesmo trajeto, em 1º de junho de 2016. Das onze viagens de ida e volta feitas por Renan Filho em voos comerciais de Maceió a Brasília, durante o ano seguinte ao término no contrato com a Sotan, seis custaram entre R$ 925,96 e R$ 1,6 mil; quatro ficaram entre R$ 2 mil e R$ 2,6 mil e somente uma custou mais caro: R$ 5,3 mil. Ainda assim, um custo bem menor que o menor preço de frete pago pelos jatinhos para a capital federal: de R$ 88,1 mil.
No ano seguinte após deixar de usar os jatinhos, o custo do transporte aéreo de Renan Filho caiu para um total de R$ 56.669,06, de abril de 2017 a março de 2018. A despesa caiu drasticamente, mesmo com a inclusão de uma viagem internacional de ida e volta de Maceió à Colômbia, em dezembro de 2017, passando por Brasília e Rio de Janeiro, ao custo de R$ 10.559,59. E ainda havia quatro reembolsos pendentes, de cancelamento de viagens, até maio deste ano.
Mesmo que o total da despesa de voos de carreira fosse multiplicada pela lotação máxima dos nove passageiros que foram transportados uma única vez entre os voos de jatinho, o custo seria de cerca de meio milhão de reais, em um ano. Bem menor que os R$ 2.987.237,08 gastos com os voos fretados durante um ano e quatro meses.
Quase 300 horas voando no segundo menor estado do Brasil 
Ao responder à reportagem sobre o pedido por detalhes dos voos do governador, o Gabinete Civil do Estado de Alagoas disse que os custos da utilização do helicóptero de propriedade do Estado pelo governador, com sua manutenção e transporte se encontraria no Portal da Transparência. Porém, muitas das notas de venda de combustível de aviação emitidas não diziam respeito apenas ao custo de abastecimento da aeronave utilizada por Renan Filho, modelo AgustaWestland AW-119 MkII Koala, com prexo PT-GMG. 
Felipe Cordeiro, autoridade responsável pelo cumprimento da Lei de Acesso à informação no Gabinete Civil do Estado de Alagoas, considerou “importante ressaltar que o helicóptero não apenas serve de transporte para o governador, mas também é utilizado em operações da polícia e resgate. Como esta reportagem tem foco nos gastos com o governador, o Diário do Poder teve que fazer uma estimativa de custos com base nos custos das 299 horas e 18 minutos de voos de Renan Filho, informadas oficialmente. E chegou à cifra aproximada de R$ 427,6 mil somente de custos com combustível, após apurar que o modelo da aeronave consome uma média de 70 galões por hora de voo, o que equivale a 264,6 litros. Foi tomada como base o menor preço do litro de querosene de aviação pago pelo Estado, de R$ 5,40 por litro, no maior período dos voos, conforme atas de registro de preços nº 065/2016 e 418/2016, da empresa Mapesa.
No segundo menor estado em extensões territoriais do Brasil, com 27,7 mil km² foram mais de 223 viagens, sendo 75 voos de helicóptero para levar o governador ao aeroporto com o propósito de “otimizar” a agenda de trabalho de Renan Filho. 
O ex-presidente do Senado e pai do governador, Renan Calheiros (MDBAL) foi o único senador a viajar no helicóptero, de 2015 até fevereiro de 2018. Foram 13 viagens de Renan ao lado de seu herdeiro político. Mas outros parlamentares também foram passageiros assíduos do helicóptero que transportava o governador. Políticos como o líder do governo na Assembleia Legislativa, Ronaldo Medeiros (MDB-AL), e outros aliados emedebistas como os deputados estaduais Isnaldo Bulhões e Jó Pereira, e os deputados federais Paulão (PT), Ronaldo Lessa (PDT) e Givaldo Carimbão (Avante). 
Por meio da assessoria do governador, o Diário do Poder questionou a Renan Filho se o candidato à reeleição considera que esses gastos representam a valorização de cada centavo do dinheiro do alagoano? Ou são parte do mesmo desperdício e a falta de planejamento que ele critica citando gestões passadas? Renan Filho informou que não iria responder às perguntas.
(...)

NO BLOG DO JOSIAS
Munição de Bolsonaro no 2º turno virá de Lula
Por Josias de Souza
Quarta-feira, 03/10/2018 02:19
Embalado pelo crescimento no Datafolha e no Ibope, Jair Bolsonaro já prepara o roteiro para a fase final da eleição. Refere-se ao segundo turno no condicional. “Se houver…” , ele passou a dizer. Celebra o fato de que cada candidato terá o mesmo tempo no horário eleitoral. Um dos aliados do capitão disse ao blog que parte do roteiro a ser levado ao ar por Bolsonaro na TV e no rádio foi escrito por Lula. “Usaremos munição fornecida pelo inimigo”, ironizou.
Enquanto Fernando Haddad classifica seu padrinho como “perseguido político”, Bolsonaro recordará que o Mensalão e o Petrolão nasceram na administração de Lula. Como contraponto ao slogan do PT, que promete um “Brasil feliz de novo”, Bolsonaro jogará no colo de Haddad algo que o PT mantém no armário: a ruína econômica de Dilma Rousseff, a “gerentona” de Lula.
Na fase do mano a mano, o comitê de Bolsonaro tratará Haddad como um outro nome para o indulto de Lula, cuja prisão fará aniversário de seis meses neste domingo, dia da eleição. Hoje, o capitão dispõe de 8 segundos no rádio e na TV. Passará a usufruir de 600 segundos (pode me chamar de dez minutos) — um salto de 7.400%. Pelo menos um terço do tempo deve ser dedicado ao “roteiro do Lula”.
Mantido esse script, o segundo turno tende a virar a potencialização de um plebiscito em que o eleitor decidirá se o PT deve ou não voltar ao Planalto. Pode-se afirmar desde logo, com algum grau de certeza, que Lula fará o próximo presidente da República. Se não eleger Haddad, enviará Bolsonaro ao Planalto.
No momento, reina o pessimismo na monarquia carcerária de Curitiba. Após uma semana em que Lula discutira com Haddad a hipótese de antecipar o anúncio do próximo ministro da Fazenda, o petismo assiste ao avanço da infantaria de Bolsonaro sobre redutos tradicionais da estrela vermelha. Entre eles a região Nordeste. Na reta final do primeiro turno, só uma coisa sobe na planilha do candidato petista: o índice de rejeição (41% no Datafolha, 38% no Ibope).


Desavença no STF entra em estágio autofágico
Por Josias de Souza
Terça-feira, 02/10/2018 19:56
Quando alguém procura o Judiciário, busca segurança jurídica. Pois bem, submetido a uma causa simples — o pedido de um jornal para entrevistar Lula na cadeia —, o Supremo Tribunal Federal produziu quatro decisões em dois dias úteis. E não decidiu coisa nenhuma. Em vez de segurança, produziu incerteza e divisão interna.
Costuma-se dizer que decisão do Supremo não deve ser discutida, mas acatada. Mas é preciso saber qual decisão merece respeito. Ricardo Lewandowski expediu liminar autorizando a Folha de S. Paulo a entrevistar Lula. Luiz Fux cassou a decisão, proibindo a entrevista. Lewandowski ressuscitou a autorização.
Respeita-se qual jurisprudência, a de Lewandowski ou a de Fux? Nenhuma das duas, respondeu Dias Toffoli, o presidente do Tribunal. O caso será levado ao plenário do STF. Lewandowski xinga os colegas em privado. Ele ameaça rodar a toga e se retirar da sessão. Toffoli assumiu o comando do STF tendo a pacificação interna como prioridade. O novo barraco mostra que a divisão entrou em sua fase autofágica. Todos querem respeitar o Supremo. Mas o Supremo não se dá ao respeito.

Haddad não vê culpado pela rejeição no espelho
Por Josias de Souza
02/10/2018 16:38
A taxa de rejeição atribuída a Fernando Haddad pelo Ibope deu um salto de 11 pontos percentuais. Agora, 38% do eleitorado declara que jamais votaria no petista. Por quê?, perguntou-se a Haddad. E ele: “Temos sofrido muito ataque do PSDB, mas isso não está favorecendo o PSDB, está favorecendo o fascismo. Alimentar o ódio é alimentar o fascismo. Quanto mais a gente alimentar o ódio, mais o fascismo vai crescer. Parte expressiva da elite brasileira abandonou a social-democracia para o fascismo.”
Quer dizer: para Haddad, a culpa pelo crescimento do índice de aversão à sua candidatura é de Geraldo Alckmin. Nessa versão, os ataques do candidato tucano ao petismo aguçam o ódio que serve de nutriente para a candidatura de Jair Bolsonaro. Em Português mais direto: em campanha, Haddad revela-se capaz de quase tudo, menos de pronunciar meia dúzia de palavras que se pareçam com uma autocrítica.
Haddad poderia considerar a hipótese de que o Mensalão e o Petrolão contribuem para a rejeição de parte do eleitorado a um presidenciável petista. Entretanto, ele já insinuou em várias oportunidades que o PT deve se orgulhar dos escândalos, pois eles só vieram à tona porque os governos petistas fortaleceram os órgãos de controle, a Procuradoria e o Judiciário. Também disse que a petro-roubalheira nasceu na ditadura.
Se consultasse uma criança de cinco anos sobre sua rejeição, Haddad talvez ouvisse algo assim: “O fiasco econômico de Dilma levou uma legião de eleitores a cultivar uma ojeriza ao PT.” Mas Haddad não daria ouvidos à criança. Ele já declarou mais de uma vez que a ruína econômica não foi obra da ‘presidenta’. A culpa seria de sabotadores tucanos e de Eduardo Cunha, que se uniram para implodir o governo Dilma.
Considerando que o eleitor paulistano escorraçou Haddad da prefeitura de São Paulo em 2016, impondo-lhe uma inédita derrota no primeiro turno da eleição municipal, o preferido de Lula poderia responsabilizar a si mesmo por parte da rejeição atual. Mas Haddad atribui o próprio fracasso não à sua gestão como prefeito, mas ao “clima que se criou no Brasil” em 2016.
Há duas semanas, Haddad declarou o seguinte: “O que aconteceu em 2016? O Temer assumiu a Presidência da República e o Tasso Jereissati, ex-presidente tucano, admitiu em entrevista que o maior erro do PSDB foi ter contestado as eleições de 2014, foi ter aprovado pautas-bomba contra o governo da Dilma e ter embarcado no governo Temer.” Ou seja: Haddad acha que perdeu a prefeitura para João Doria por culpa do Temer e de uma conspiração tucana anti-Dilma.
De resto, o presidenciável petista renderia homenagens à racionalidade se admitisse que Lula não transfere apenas votos, mas também ressentimento. Antes de ser enquadrado pelo TSE na Lei da Ficha Limpa, o padrinho-presidiário de Haddad já ostentava no Ibope taxa de rejeição de 30%. Uma evidência de que um pedaço do eleitorado se recusa a dedicar devoção ao primeiro ex-presidente da História a ser condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.
O problema é que, para ser candidato do PT, Haddad precisa rezar pelo catecismo da legenda. E a aceitação da doutrina religiosa do petismo pressupõe a concordância com a tese de que Lula, a “alma viva mais honesta” que a República já viu, tem uma missão de inspiração divina a cumprir na Terra. Uma missão tão sublime que é indiscutível.
Haddad visita a cadeia de Curitiba semanalmente. Não dá um passo na campanha sem ouvir as orientações da divindade-presidiária. Faz isso porque aceita o dogma segundo a qual Lula, um corrupto de segunda instância, não deve explicações senão à sua própria noção de superioridade.
A despeito de submissão incondicional ao credo petista, Haddad não enxerga no espelho um culpado pelo aumento da taxa de rejeição. Corre o risco de ser surpreendido por uma aparição matutina da autocrítica. Quando levantar a cabeça para escovar os dentes, enxergará um reflexo desaforado: “Olá, vim apresentar você a você mesmo.”



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