PRIMEIRA EDIÇÃO DE QUARTA-FEIRA, 1º-8-2018

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
QUARTA-FEIRA, 1º DE AGOSTO DE 2018
As relações das distribuidoras com a Agência Nacional do Petróleo (ANP) clamam por investigação policial nacionalizada, como indica a operação Margem Controlada, da Polícia Civil do Paraná, nesta terça (31). A estatal BR Distribuidora, Ipiranga e Raízen/Shell, que controlam 70% do mercado nacional de combustíveis, são acusadas de práticas criminosas contra a livre concorrência. Graças aos favores da ANP, em prejuízo de quem produz e de quem vende combustíveis nos postos.

As distribuidoras obrigam os postos bandeirados a comprar só os seus produtos. E impõem preços finais e até a margem de lucro dos postos.

A prática de fidelizar postos à força é amparada pelos artigos 14 e 25 da Resolução nº 42 da ANP, de maio de 2013, plena era Dilma.

Os 24 mil postos bandeirados (56% do total) são forçados pela ANP a comprarem combustíveis apenas da respectiva distribuidora.

Também é uma resolução da ANP que obriga os produtores de etanol a vender o combustível só às distribuidoras, tornando-o bem mais caro.

O Banco do Brasil cancelou contratos com 117 empresas terceirizadas de cobrança, “cães raivosos” que caçam inadimplentes, para contratar a subsidiária Cobra Tecnologia, de acanhados resultados há 44 anos. O BB espera, com a Cobra, poupar e ganhar mais. As terceirizadas alegam que será a vez dos seus 5 mil empregados conhecerem a rua da amargura, onde “moram” aqueles que tanto têm atormentado.

As 117 empresas de cobrança que foram substituídas pelo BB empregam mais de 5 mil funcionários exclusivamente para cobranças.

A Associação das Empresas de Recuperação de Crédito representou contra o contrato junto ao Tribunal de Contas da União (TCU).

O BB nega irregularidades e estima crescimento para R$400 milhões na arrecadação, com a cobrança extrajudicial de dívidas pela Cobra.

Nesta terça, a AGU recorreu outra vez contra liminar da Justiça Federal autorizando o produtor a vender etanol aos postos, mesmo depois de o presidente do próprio TRF-5 haver negado um segundo recurso.

Um dos efeitos mais perversos do poder das distribuidoras na Agência Nacional do Petróleo (ANP) é colocar jovens procuradores em defesa de resoluções suspeitas da agência e não na defesa do País. Nesse caso, dos produtores e consumidores explorados por atravessadores.

Perdas irreparáveis no País dos “vasos ruins”: faleceram nesta terça o jornalista Ari Cunha, muito querido em Brasília, e o jurista Hélio Bicudo, admirado em todo o País. Dois homens de bem, grandes brasileiros.

Estrategistas do PT avaliam que o partido terá no mínimo 18% dos votos, com ou sem Lula candidato. Não comentam os resultados de Fernando Haddad, o pré-candidato de fato, patinando nos 3%.

…autorizar candidatura de Dilma, este ano, é como permitir que um causador de grave acidente dirija a ambulância.

NO O ANTAGONISTA
TRE-PR tira caso de Beto Richa das mãos de Moro
Terça-feira, 31.07.18 17:23
O TRE-PR acolheu um pedido da defesa de Beto Richa e, de novo, tirou uma investigação sobre o tucano das mãos de Sergio Moro, informa a repórter Tabata Viapiana, da CBN.
O ex-governador do Paraná é investigado pela suspeita de ter recebido R$ 2,5 milhões da Odebrecht, via caixa dois, para sua campanha à reeleição em 2014.
Na Justiça Eleitoral, Richa pode responder apenas pelo caixa dois, para o qual as penas são menores. Se o caso continuasse com o juiz da Lava Jato, poderia responder também por corrupção.
A decisão do TRE, porém, é liminar, e o relator, Luiz Fernando Penteado, disse que o caso poderá voltar à Justiça comum se surgirem mais indícios ao longo das investigações.

Exclusivo: Filha de desembargador que tirou Beto Richa de Moro ganhou cargo no governo do tucano
31.07.18 20:14
Por Claudio Dantas
Como noticiamos mais cedo, o desembargador Luiz Fernando Wowk Penteado acolheu pedido da defesa de Beto Richa e retirou das mãos de Sergio Moro o inquérito do ex-governador, devolvendo-o à Justiça Eleitoral.
Penteado ignorou posição do STJ, que havia determinado o oposto.
O desembargador também não viu problemas em julgar recurso do tucano, apesar de sua filha ter sido nomeada pelo próprio Richa, em novembro de 2017, para cargo comissionado na Governadoria.
Camila Witchmichen Penteado, que recebe salário bruto de R$ 7 mil, também é filiada ao PSDB de Prudentópolis.
O Antagonista tentou contato com Penteado, mas não obteve retorno.

Dodge quer desarquivar inquérito sobre tucano
31.07.18 20:30
Raquel Dodge recorreu da decisão de Dias Toffoli que mandou arquivar um inquérito sobre Bruno Araújo derivado do acordo de delação premiada da Odebrecht, informa a Folha.
Esse inquérito inclui planilhas com 22 nomes de políticos e autoridades de Pernambuco, incluindo um ministro do STJ e outro do TCU, que também foram arquivadas sem investigação.
O arquivamento decidido por Toffoli, a pedido da defesa do deputado do PSDB pernambucano – que já foi ministro das Cidades de Michel Temer –, contrariou a PGR e a PF, que haviam pedido mais 60 dias para concluir as investigações.

Chico Buarque e Martinho da Vila vão pedir a bênção a Lula
31.07.18 19:47
O saite de Lula anuncia que Chico Buarque e Martinho da Vila visitarão seu bandido de estimação na carceragem da PF, em Curitiba, nesta quinta-feira.
Não foi divulgado se os sambistas cantarão musiquinhas para agradar ao Grande Líder, mas é certo que a clássica “Reunião de Bacana” (do refrão “se gritar ‘pega ladrão’…”) está descartada.

Torquato Jardim troca chefe de divisão anticorrupção
31.07.18 19:40
Sem alarde, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, trocou a chefia do DRCI, Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional.
O órgão de combate à corrupção ganhou destaque com os acordos internacionais no âmbito da Lava Jato.
Clique AQUI para ler a reportagem de Igor Gadelha em Crusoé.

Sem mortos no acidente no México
31.07.18 19:32
O governador do estado mexicano de Durango, José Aispuro, disse no Twitter que não houve mortes na queda do avião da Aeroméxico que viajava para a Cidade do México.
A aeronave levava 97 passageiros e quatro tripulantes. Os feridos estão sendo encaminhados a hospitais da região.

Gleisi quer derrubar aliança do PT do Ceará com Eunício
31.07.18 19:09
Gleisi Hoffmann disse que vai recorrer ao diretório nacional do PT para derrubar decisão do diretório cearense do partido que beneficia Eunício Oliveira, relata a Época.
Os petistas do Ceará aceitaram abrir mão de candidatura ao Senado para, “informalmente”, se aliar ao atual presidente da Casa, que busca a reeleição.
“Não apoiamos Eunício. Essa decisão de ter candidatura ao Senado será feita no diretório nacional”, disse a presidente do PT.
Deve ser chato mesmo encher a boca para falar dos “golpistas” do MDB e ter de se aliar a um deles. Curioso é isso não ser um problema no caso de Renan Calheiros.

Puccinelli entra com habeas corpus no STF
31.07.18 18:31
Por Claudio Dantas
O ex-governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli acaba de entrar no STF com um pedido de habeas corpus.
O caso está nas mãos de Dias Toffoli.
Réu por desvio de recursos e lavagem de dinheiro, Puccinelli foi preso preventivamente dias atrás, em mais um desdobramento da Operação Lama Asfáltica.
Na semana passada, o TRF-3 negou outro pedido de liberdade.

Raquel Dodge defende rejeição de novo pedido de soltura de Lula
Brasil 31.07.18 18:13
Raquel Dodge enviou ao STF uma manifestação de 80 páginas em que defende a rejeição do recurso da defesa de Lula que tenta colocar o presidiário em liberdade, informa o site Jota.
A PGR afirma que a medida perdeu o objeto, uma vez que o TRF-4 já analisou a admissibilidade de recursos aos tribunais superiores contra condenação na Lava Jato e que os argumentos do recurso extraordinário são inadmissíveis e improcedentes.
Dodge escreve ainda que a pena de 12 anos e 01 mês de prisão para Lula, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex, deve ser mantida e vê o petista como o responsável por orquestrar o esquema.
E diz que Lula “confunde “direito à ampla defesa” com “direito à defesa ilimitada”, exercida independentemente de sua utilidade prática para o processo, em razão do mero “querer” das partes.
O recurso do presidiário pode ser analisado pelo Supremo na volta do recesso do Judiciário.

PGR não tem a menor dúvida sobre os crimes de Lula
31.07.18 18:18
Vale a pena ler alguns trechos do parecer contra o recurso que pede a liberdade de Lula, enviado por Raquel Dodge ao STF.
Escreve a procuradora-geral da República:
“Luiz Inácio Lula da Silva, valendo-se do seu cargo assim como da sua posição no cenário político nacional, não apenas orquestrou todo o esquema de arrecadação de propinas oriundas da Petrobras por diversos partidos como também atuou para que seus efeitos se perpetuassem, nomeando e mantendo em cargos de direção da mencionada empresa estatal pessoas comprometidas com atos de corrupção e que efetivamente se corromperam e se omitiram em seu dever de ofício de impedir o resultado criminoso.”
Para a PGR, não há como sustentar que os desvios praticados por um presidente da República devam ser tratados do mesmo modo que os incorridos por qualquer outro agente público.
Dodge acrescenta que os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro praticados por Lula tinham também a motivação de manter o esquema de cartel e corrupção na Petrobras funcionando.

Jesus: enforcado, ‘teria sido crucificado” e refugiado
31.07.18 16:59
De um observador da cena brasileira, sobre um jornalista ter dito ontem, no Roda Viva com Jair Bolsonaro, que Jesus foi “um refugiado”:
“Os jornalistas brasileiros têm um grande problema com Jesus. Muitos anos atrás, saiu publicado na Folha que Jesus foi enforcado. A retificação foi ainda mais curiosa: o jornal afirmou que, na verdade, Ele ‘teria sido’ crucificado. Daqui a pouco vão dizer que Lázaro foi ressuscitado pela organização Médicos Sem Fronteiras.”

Brasil: ao infinito e aquém
31.07.18 16:47
Enquanto o MST afronta a Justiça na frente do STF e jornalistas que cobrem a eleição presidencial estão preocupados com o que ocorreu em 1964, o Brasil volta a fazer papelão internacional.
No ranking de competitividade da suíça, IMD de 2018, com 63 países, o Brasil figura em sexagésimo lugar, à frente apenas de Croácia (o critério futebol não foi levado em conta), Mongólia e Venezuela.
Ao infinito e aquém.

NO BLOG DO JOSIAS
Marina se apresenta como opção sem pesticida
Por Josias de Souza
Quarta-feira, 01/08/2018 05:11
Numa sucessão marcada pela intoxicação ideológica, Marina Silva tenta se apresentar ao eleitor como uma opção sem pesticida. Prega a “união do País”. Abomina “bravatas” e “soluções mirabolantes”. Sem menções na Lava Jato, sustenta que “a lei é para todos”. Declara que “o Centrão não pode substituir a população”. E conclui que a interrupção do ''retrocesso'' é uma tarefa que, no processo eleitoral, está “entregue aos 200 milhões de brasileiros”
Numa entrevista à Globonews, Marina tirou o pó do discurso que exibiu nas duas campanhas anteriores. Ajustou a retórica às circunstâncias, sem alterar sua essência. Continua oferecendo esperança. O problema é que suas boas intenções não conseguiram convencer nem os correligionários que migraram da Rede para outras legendas, deixando-a falando sozinha.
“É parte da democracia”, alegou Marina, antes de engatar um tipo de raciocínio que faz lembrar a mixórdia argumentativa que impediu a ampliação de sua base eleitoral em 2014: “Eu acredito num partido-movimento. Não é necessariamente o partido, como já se pensou no passado, que vai homogeneizar, dominar a sociedade como um todo. Hoje, a ideia de partido está mudando no mundo.”
Na Rede, as divergências não são dissolvidas por meio do voto. Debate-se cada encrenca por tempo indefinido, até que a exaustão produza o que Marina chama de “consenso progressivo”. Quem ouve a candidata e observa o nanismo da Rede, talvez fique tentado a perguntar para os seus botões: se Marina virar presidente, como vai governar? “Com os melhores”, diz ela. Serão recrutados “nos partidos e na sociedade”.
O diabo é que, na montagem da campanha, o poder de sedução de Marina não funcionou. Ela revive um paradoxo. Sem os agrotóxicos do Centrão, conquistou a prerrogativa de apresentar-se ao eleitorado como farinha de outro pacote. Mas seu talento para o recrutamento dos “melhores” ainda não lhe rendeu nenhum aliado. Por isso, dispõe de míseros 8 segundos no horário eleitoral. Tenta atenuar o nanismo eletrônico firmando uma parceria de última hora com o PV. Ofereceu o posto de vice ao amigo verde Eduardo Jorge.
Nas pesquisas, Marina enxerga Jair Bolsonaro no para-brisa. Atribui a liderança do rival ao fato de que “as pessoas estão indignadas e decepcionadas”. Desapontaram-se com a “centro-esquerda” petista e com a “centro-direita” tucana. “O primeiro grito é de indignação”, afirma Marina. Logo virá a “reflexão”, ela acredita, embalada pelo “debate de ideias e propostas.”
Para Marina, Bolsonaro esgrime “ideias retrógradas em relação à democracia, aos direitos humanos, à segurança pública e à gestão pública. São ideias avessas a tudo que já avançamos nesse País.”
“As pessoas vão começar a pensar”, declara Marina. Avalia que “não é razoável” o brasileiro “eleger um presidente da República, pagar mais de 34% de impostos para o Estado, para que o eleito diga depois ao cidadão: ‘Agora, defenda-se você, com sua família.’ Vai chegar um momento em que a sociedade vai parar para pensar e dizer: ‘Quero uma policia que funcione, tecnologia para investigar de forma efetiva, proteção das fronteiras para acabar com o tráfico de drogas e de armas. Não quero que os bandidos continuem governando de dentro dos presídios’.”
Ao apontar a falta de miolos do pedaço da sociedade que idolatra Bolsonaro, Marina estende o tapete para os órfãos de Lula e para os desalentados do centro. Seu discurso por vezes transita em cima do muro. Não vai revogar a reforma trabalhista. Mas planeja rever os “pontos draconianos.” Defende a reforma da Previdência. Contudo, esquiva-se de dizer qual seria a idade mínima para que mulheres e homens vistam o pijama.
Herdeira natural de parte do eleitorado de Lula, Marina referiu-se à prisão do ex-correligionário petista nos seguintes termos: “Eu acho que nenhum brasileiro fica feliz com um ex-presidente com a trajetória que ele teve e estar onde está. Mas a lei é para todos. E não se pode ter dois pesos e duas medidas. É triste o que está acontecendo? É. Mas é a lei e tem que ser cumprida.”
Na sucessão de 2014, Marina substituiu o presidenciável Eduardo Campos, que morreu num acidente aéreo. Cavalgando a estrutura do PSB e a coligação costurada pelo morto, ela chegou a ultrapassar Aécio Neves nas pesquisas. Quando abriu dez pontos sobre Dilma Rousseff nas simulações do segundo turno, foi moída no triturador de marketing que João Santana montou com verbas sujas da Odebrecht.
Nessa ocasião, Dilma ocupava no horário eleitoral um latifúndio de 12 minutos. Usando apenas uma fração desse tempo, o PT levou ao ar manipulações que Marina não conseguiu desmontar nos dois minutos de que dispunha. Agora, com uma vitrine eletrônica bem menor, a candidata da Rede está, novamente, espremida entre adversários.
Com um patrimônio presumido de 20 milhões de votos, Marina tenta polarizar com Bolsonaro e, simultaneamente, reza para não ser ultrapassada por Ciro Gomes, por Geraldo Alckmin ou pelo poste que Lula tentará eletrificar depois que for barrado pela Justiça Eleitoral. Não é uma tarefa simples. A candidata talvez tenha de adicionar à sua mistura uma pitada de pesticida.

PT federal engole Renan e engasga com Eunício
Por Josias de Souza
Terça-feira, 31/07/2018 18:24
Candidatos à reeleição, o governador cearense Camilo Santana, do PT, e o senador Eunício Oliveira, do “golpista” MDB, percorrem a campanha de 2018 de mãos dadas. Eunício enfiou partidos que gravitam em sua órbita dentro da coligação do governador, vitaminando-lhe o tempo de propaganda eleitoral. Camilo providenciou para que o PT se abstenha de lançar candidato a senador no Ceará, potencializando as chances de êxito do presidente do Senado.
O arranjo provocou um curto-circuito na cúpula do PT federal e no diretório da legenda no Ceará. Desencaparam-se os fios porque o acerto de Camilo com Eunício carbonizou a candidatura do senador petista José Pimentel. Ele planejava medir forças com Eunício. Mas foi desligado da tomada. Integrados à caravana do petista Camilo, os irmãos Ciro e Cid Gomes avalizaram a articulação que pavimenta o caminho de Eunício.
Pelas redes sociais, a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, informou que não há digitais de Lula no acerto com Eunício. Disse que o PT não irá apoiá-lo. Mas silenciou sobre a cotovelada recebida pelo companheiro Pimentel, que até já se despediu da campanha por meio de nota. A movimentação faz do PT um partido ainda mais desconexo. Em Alagoas, o petismo engole, sorridente, o apoio de Renan Calheiros. No Ceará, o PT engasga com Eunício Oliveira. Se o problema é o impeachment de Dilma Rousseff, ambos voltaram a favor.

Bem alimentado, Lula terceirizou greve de fome
Por Josias de Souza
31/07/2018 06:17
Seis militantes de movimentos sociais iniciaram nesta terça-feira, em Brasília, uma greve de fome pela libertação de Lula. Comandante do ''exército do MST'', João Pedro Stédile declarou que o tempo de duração da greve será determinado pela ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal.
“Ela foi indicada para respeitar a Constituição”, disse Stédile, ao lado dos companheiros que prometem fechar a boca. “Tem dois recursos aguardando julgamento – uma ADC do PCdoB, que consulta se uma pessoa pode ser presa antes do julgamento de todos recursos; e um outro recurso da OAB, sobre validade da presunção de inocência até o julgamento da última instância. Basta colocar os recursos em plenário para acabar com a greve.”
Em Português claro, deseja-se pressionar o Supremo para rever a regra que autorizou o encarceramento de condenados em segunda instância. A questão já foi apreciada pelos ministros da Suprema Corte quatro vezes desde 2016. Na votação mais recente, produziu-se um placar de 6 votos a 5 contra a concessão de um habeas corpus que impediria a prisão de Lula.
Ironicamente, os devotos do líder petista fazem por Lula um sacrifício que ele se abstém de fazer por si mesmo. Lula desenvolveu uma ojeriza por greves de fome. Em fevereiro de 2010, ainda na pele de presidente, o agora presidiário realizou uma viagem oficial a Cuba. Desembarcou em Havana no dia da morte do dissidente cubano Orlando Zapata Tamoyo, que ficara sem comer por 85 dias.
Instado a comentar a privação alimentar do preso político cubano, Lula declarou: “Lamento profundamente que uma pessoa se deixe morrer por uma greve de fome. Eu, depois da minha experiência de greve de fome, pelo amor de Deus, ninguém que queira fazer protesto peça para eu fazer greve de fome que eu não farei mais.”
Na época, o repórter Elio Gaspari rememorou a “experiência” de Lula: “Em 1980, quando penou 31 dias de cadeia que ajudaram-no a embolsar pelo Bolsa Ditadura um capital capaz de gerar mais de R$ 1 milhão, Lula fez quatro dias de greve de fome. Apanhado escondendo guloseimas, reclamou: ‘Como esse cara é xiita! O que é que tem guardarmos duas balinhas, companheiro?’.”
Em março de 2010, já de volta ao Brasil, Lula adicionou ao comentário infeliz que fizera em Havana uma pitada de escárnio. Em defesa da soberania cubana, o então presidente petista comparou os presos políticos da ditadura dos irmãos Castro com os bandidos comuns esquecidos no interior do sistema carcerário de São Paulo.
Eis o que declarou Lula: “Eu penso que a greve de fome não pode ser utilizada como pretexto de direitos humanos para libertar pessoas. Imagina se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade. Temos que respeitar a determinação da Justiça e do governo cubano de deter as pessoas em função da legislação de Cuba, como quero que respeitem ao Brasil.”
Quer dizer: considerando-se os critérios de Lula, condenado a 12 anos e 01  mês de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro, os militantes que se dispõem a deixar de inserir alimentos por sua libertação deveriam respeitar a “determinação da Justiça” brasileira. Sucede, porém, o oposto.
Bem alimentado, Lula patrocina o surgimento de mais uma excentricidade eleitoral. Depois da candidatura presidencial cenográfica de um ficha-suja, depois da campanha presidencial por correspondência, Lula conduz desde a cela especial de Curitiba um inusitado processo de terceirização de greve de fome.

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