PRIMEIRA EDIÇÃO DE DOMINGO, 10-6-2018

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
DOMINGO, 10 DE JUNHO DE 2018
As empreiteiras enroladas na Lava Jato embolsaram R$142,9 milhões desde o início de 2018 em contratos com o governo federal, apesar de toda roubalheira que fizeram na Petrobras. A Odebrecht, que teve mais de 70 acordos de delação premiada fechados por executivos para dar detalhes das maracutaias da empresa, continua a mais “prestigiada” e faturou R$ 94,8 milhões; exatos dois terços do total pago até agora.

Mesmo com o maior faturamento, a Odebrecht está a anos luz dos R$3 bilhões que recebeu de 2012 a 2014, auge do relacionamento com PT.

Em 2016, o valor recebido apenas nos cinco primeiros meses do ano foi cerca de cinco vezes superior ao atual: R$662 milhões.

Faturam menos Queiroz Galvão (R$23,3 milhões), Constran (R$13,3 milhões), Galvão (R$9,7 milhões) e Engevix (R$1,6 milhão).

Outras empreiteiras não receberam nada até agora. Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS e Mendes Júnior estão zeradas.

Até o final do mandato do presidente Michel Temer não há previsão de abertura de vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) para ele indicar. Já o seu sucessor, que será escolhido em outubro, terá pelo menos duas: do decano, Celso de Mello, que se aposentará em novembro de 2020, e do vice-decano Marco Aurélio, que em julho de 2021 vai pendurar a toga porque atingirão a idade-limite de 75 anos.

Os ministros que se aposentarão na sequência, mas só daqui a cinco anos, em 2023, são Ricardo Lewandowski e Rosa Weber.

É baixa a média de idade dos ministros do STF. Luiz Fux, por exemplo, só cai na “expulsória” em abril de 2028 e Cármen Lúcia um ano depois.

Gilmar Mendes sai do STF em 2030, Fachin e Luís Roberto Barroso em 2033, Dias Toffoli em 2042. Alexandre de Moraes só daqui a 25 anos.

Ao completar 56 anos, a Eletrobras passa por uma crise de meia idade. Com filhos (distribuidoras) dando prejuízos bilionários e sem saber o que fazer, a solução é o Brasil se livrar dela, com a privatização.

Os políticos amam se meter em futebol. Projeto do deputado Capitão Augusto (PR-SP) obriga árbitros de futebol a declararem (por escrito) o time do coração, para impedi-los de apitar jogos desses clubes.

Será apresentado nesta quarta (13), com uma semana de atraso, o parecer do relator do novo Código de Processo Penal, João Campos (PRB-GO). Prevê prisão após as sentenças da segunda instância.

Quebrados, os Correios anunciaram que o Programa Jovem Aprendiz terá inscrições encerradas nesta segunda. São 4.983 vagas de trabalho para jovens entre 14 e 22 anos completos, e pessoas com deficiência.

Apoiadores do ex-governador cearense Ciro Gomes tentam articular na Câmara uma improvável aliança entre o PDT do cearense e o DEM de Rodrigo Maia. Um autêntico casamento de jacaré com cobra d’água.

NO O ANTAGONISTA
Tudo igual no Datafolha
Brasil, domingo, 10.06.18 06:14
Nada mudou no Datafolha.
Jair Bolsonaro, com 19%, continua em primeiro lugar, ganhando dois pontinhos nas últimas semanas.
Marina Silva manteve seus 15%.
Ciro Gomes passou de 9% para 10%.
Geraldo Alckmin está emperrado com 7%.
Alvaro Dias caiu de 5% para 4%.

Bolsonaro supera Lula
Brasil 10.06.18 06:55
Jair Bolsonaro superou Lula no voto espontâneo: 12% a 10%.
Essa é a única novidade do Datafolha.
O presidiário sempre liderou essa pesquisa.
Em setembro do ano passado, ele aparecia com 18%. Em janeiro deste ano, ainda mantinha 17%. Em abril, caiu para 13%. Agora despencou para 10%.
O PT insiste que o criminoso ficha suja vai se candidatar, mas o eleitorado, que não é totalmente idiota, sabe que isso é mentira.

A queda de Lula
Brasil 10.06.18 06:37
Lula chegou a pontuar 37% no Datafolha, em novembro do ano passado.
Agora ele aparece com 30%, seu velho patamar.
O número que importa, porém, é outro: nos votos espontâneos, o presidiário despencou de 18% para 10%.
O eleitorado sabe que sua candidatura é um engodo.

Temer atropelado
Brasil 10.06.18 06:45
Michel Temer foi atropelado pelos caminhoneiros.
Dois meses atrás, ele era rejeitado por 70% do eleitorado. Agora disparou para 82%, segundo o Datafolha.
O Antagonista defendeu seu afastamento no ano passado: por meio de uma renúncia, de um voto no Congresso Nacional ou de um julgamento no TSE.
Nada disso deu certo.
Michel Temer se acorrentou à poltrona e o resultado foi desastroso para o Brasil.

Ex-prefeito de Búzios é condenado a 21 anos de prisão
Brasil, sábado,  09.06.18 20:38
O ex-prefeito de Búzios, Delmires de Oliveira Braga, foi condenado a 21 anos de prisão por fraude a licitações e peculato, publica o Estadão.
Entre 1997 e 2004, em dois mandatos de Mirinho Braga, como é conhecido Delmires, a prefeitura contratou o Grupo Sim diretamente, sem a abertura de licitação.
Estima-se que o prejuízo ao município, em valores atualizados, seja de R$ 10 milhões.

O polo gelado e Bolsonaro
Brasil 09.06.18 20:01
O “polo democrático e reformista” foi criado por FHC para tentar conter o que classifica de extremismos de esquerda (Ciro Gomes) e direita (Jair Bolsonaro) na próxima eleição.
O MDB faz parte do “polo democrático e reformista”, mas tudo tem limite. Muitos emedebistas estão prontos para pular para a canoa de Bolsonaro.
O “polo democrático e reformista” é um gelo eleitoral até o momento. E a política brasileira é povoada por uma fauna com convicções inabaláveis.

Lula diz que está em solitária
Brasil 09.06.18 18:43
Em carta para o cantor Maciel Melo, Lula diz que está em uma solitária na PF de Curitiba, publica a colunista social da Folha.
O presidiário disse também na carta que acabou de ler um livro do artista pernambucano.
Em pouco mais de 60 dias em que está na Superintendência da PF, há quem acredite que Lula tenha lido mais de 21 livros.

Por apoio do PSB, PT propõe sacrificar campanhas estaduais
Brasil 09.06.18 18:18
O PT disse que propõe sacrificar candidaturas próprias estaduais em troca do apoio do PSB e do PCdoB na corrida presidencial, publica a Folha.
“Por 19 votos contra 05 e 01 abstenção, a Executiva Nacional do PT registrou em papel que ‘está clara a primazia do projeto nacional sobre as disputas regionais’. A resolução submete as candidaturas e alianças estaduais à prévia autorização da cúpula partidária”.
Entre as candidaturas que deverão ser sacrificadas está a da petista Marília Arraes. No lugar dela, o PT passaria a apoiar, então, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, do PSB.

CNMP investiga promotor que chamou Gilmar de ‘laxante’
Brasil 09.06.18 17:46
O CNMP instaurou uma reclamação disciplinar contra Fernando Krebs, promotor do MP-GO que chamou Gilmar Mendes de “o maior laxante do Brasil” por “soltar todo mundo, sobretudo os criminosos de colarinho branco”, registra o Estadão.
O corregedor do CNMP, Orlando Moreira, disse que Gilmar encaminhou uma reclamação “em razão de afirmação ofensiva”.
Krebs disse que arrolará Joaquim Barbosa e Rodrigo Janot — os desafetos de Gilmar — como testemunhas de defesa.

NO BLOG DO JOSIAS
Datafolha expõe uma democracia no precipício
Por Josias de Souza
Domingo, 10/06/2018 05:01
Quem for buscar no Datafolha deste domingo pistas sobre o resultado da eleição de outubro desperdiçará um naco do domingo. O quadro é de franca indefinição. Utilizará melhor o seu tempo quem conseguir enxergar a fatalidade que se esconde atrás das estatísticas. A pesquisa expõe uma democracia escorregando da beirada para dentro do precipício. E o pior está por vir. Com o sistema político no buraco, um pedaço expressivo do eleitorado age como se desejasse jogar terra em cima.
O Brasil continua na constrangedora situação de ter o líder na pesquisa fazendo campanha para um cargo que a Lei da Ficha Limpa o impede de disputar. O PT sabe que a foto de Lula, preso há dois meses como um corrupto de segunda instância, será retirada da urna pela Justiça Eleitoral. Mas acaba de confirmar sua pré-candidatura. E o Datafolha informa que 30% do eleitorado ainda se dispõem a votar num ficha-suja. Espanto!

Excluindo-se Lula do jogo, a taxa de eleitores sem candidato (voto em branco, nulo, nenhum ou não sabe) sobe de 21% para 33%. Ou seja: mais de um terço do eleitorado acompanha o lero-lero dos demais candidatos e não consegue enxergar nada além de pus no fim do túnel. Pasmo!
A disputa pelo governo-tampão do Tocantins demonstra que há males que vêm para pior. O resultado dessa mistura de zanga com desalento pode ser o desastre. O eleitor tocantinense foi chamado a votar depois da cassação dos mandatos do governador Marcelo Miranda e de sua vice Cláudia Lélis. Somando-se a legião que se absteve de comparecer às urnas com a multidão que anulou o voto ou votou em branco, chegou-se quase à metade do eleitorado (49,33%) do Estado.
Ao lavar as mãos, o eleitor favoreceu a oligarquia partidária que faz sumir o sabonete. Foram para o segundo turno o atual governador interino, Mauro Carlesse, e o senador Vicentinho Alves. O primeiro é filiado ao PHS, partido que acompanhou Eduardo Cunha até a porta da cadeia. O segundo pertence aos quadros do PR, legenda controlada como um cartório pelo ex-presidiário do Mensalão, Valdemar Costa Neto. Idealizador da Lei da ficha Limpa, o juiz aposentado Márlon Reis amargou um constrangedor quinto lugar.
No plano nacional, informa o Datafolha, o número 2 ainda é Jair Bolsonaro. Nos cenários sem Lula, ele assume a liderança, com 19% das intenções de voto. Estupefação!
Bolsonaro pode ser definido como uma novidade com cheiro de naftalina. Parlamentar de cinco mandatos, o ex-capitão do Exército é pós-graduado nas mumunhas da política. Como jamais teve acesso à chave do cofre, vangloria-se de não frequentar os inquéritos por corrupção. Mas foi filiado, entre 2005 e 2016, ao PP, que está no topo do ranking de envolvidos na Lava Jato. Cobiça o apoio do PR do mensaleiro Valdemar Costa Neto. E responde como réu a duas ações no Supremo por apologia ao crime e injúria.
Uma dessas ações refere-se ao caso em que Bolsonaro declarou, da tribuna da Câmara, que não estupraria a colega petista Maria do Rosário por falta de merecimento. Alegou que a deputada é muito feia. Quando fica fora de si, Bolsonaro costuma exibir o que tem por dentro. Num hipotético governo comandado por ele, policiais teriam licença para matar, todo brasileiro portaria uma arma, terras indígenas seriam ficção jurídica, e patrícios homos e trans viveriam num inferno.
Acotovelam-se no pelotão inferior Marina ‘isolada’ Silva (15%), Ciro ‘voluntarista’ Gomes (entre 10% e 12%) e Geraldo ‘Odebrecht’ Alckmin (7%). É muita alternativa para pouca empolgação. O eleitorado parece vislumbrar uma obviedade: seja quem for o próximo inquilino do Planalto, sua margem de manobra será muito estreita, pois os partidos se equiparam para reeleger um Congresso majoritariamente composto pelo rebotalho.
A Lava Jato iluminou o lado obscuro do sistema político. Entretanto, excetuando-se os apologistas da intervenção militar, todos sabem que não há solução fora da política. E o que fazem os partidos políticos? Esforçam-se para provar que a prioridade da política é impedir o País de fazer política. Para governar, o presidente terá de aderir à realpolitik, eufemismo chique para aliança com corruptos. E o sistema continuará rodando como parafuso espanado.
Se a nova pesquisa do Datafolha sinaliza alguma coisa é o seguinte: o futuro era muito melhor antigamente. Stefan Zweig, autor austríaco mundialmente conhecido, publicou em 1941 o livro “Brasil, País do Futuro.” Nele, anotou que o Brasil “quase não deveria ser qualificado de um país, mas antes de um continente, um mundo com espaço para 300, 400 milhões de habitantes, e uma riqueza imensa sob este solo opulento e intacto, da qual apenas a milésima parte foi aproveitada.”
Zweig não está mais entre nós. Suicidou-se. Com os olhos voltados para o futuro, não suportou o presente. A população do ''continente'' brasileiro ainda não roçou os 400 milhões de habitantes vaticinados por ele. Mas já somos 208 milhões, dos quais mais de 146 milhões dispõem de título eleitoral. A riqueza imensa de que falava o escritor fez do Brasil o país do faturo.
Agora, submetido a uma tempestade de lama, restaria abrir o guarda-chuva. Mas a inconsciência do eleitor e a inconsequência dos candidatos indicam que o voto pode se tornar um apetrecho inútil como um guarda-chuva sem o pano que o recobre. Um país não afunda por cair no precipício. Afunda-se por permanecer lá. E não há nas dobras da pesquisa do Datafolha nenhum sinal de que o Brasil encontrou uma escada.



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