SEGUNDA EDIÇÃO DE 02-3-2018 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NO O ANTAGONISTA
Os tempos mudaram
Brasil Sexta-feira, 02.03.18 09:20
Fernando Gabeira desmontou a demagogia da imprensa:
“Houve um certo drama porque os pobres foram fotografados por soldados. Quem dramatiza são pessoas da classe média que vivem sendo fotografadas, na portaria de prédios, na entrada de empresas. Por toda a parte alguém nos filma.
Há uma lei específica sobre identificação. É razoável discutir com base nela. Mas é inegável também que os tempos mudaram. Na Europa e nos EUA por causa do terrorismo, aqui por causa da violência urbana.
Não se trata de dizer sorria, você está sendo filmado. É desagradável e representa uma perda de liberdade em relação ao passado. Mas expressa um novo momento.”

Luma de Oliveira quer 190 milhões de Eike
Sociedade 02.03.18 09:12
Luma de Oliveira entrou com uma ação contra Eike Batista. Ela quer 190 milhões de reais do ex-marido. Quando se divorciaram, em 2004, ele teria omitido, na partilha de bens, uma mina de ouro que valeria 378 milhões de reais.
Ela diz que descobriu a existência da mina em 2008, porque a Receita cobrou o imposto sobre o bem omitido. Eike ficou de acertar a partilha, mas enrolou a moça.
Na ação, Luma afirma que “jamais havia lidado com questões de natureza empresarial ou administrativa” e que “todas as decisões que tomou referentes à partilha de bens do ex-casal foram baseadas em um único elemento: a confiança que depositava em seu cônjuge”.
A notícia foi publicada pelo Radar.

Lula preso ou Lula preso
Brasil 02.03.18 08:43
Seis ministros do STF preparam um golpe para tirar Lula da cadeia, impedindo a prisão dos condenados em segundo grau.
Segundo Merval Pereira, porém, os outros cinco ministros pretendem reagir.
“Há quem entenda que, a partir da condenação em segunda instância, estão dadas as condições da prisão preventiva do condenado, para evitar que tente fugir do País, perturbe a ordem pública, ou atue atrapalhando a instrução processual.
Uma questão de ordem pode ser levantada após o resultado final para que o STF acate a tese de que, embora a prisão para execução provisória da pena não seja possível antes de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça, a prisão preventiva nesses casos passa a ser a regra, sujeita a restrições que serão especificadas.”
Lula, nesse caso, seria preso preventivamente até o julgamento no STJ, que deve ocorrer no segundo semestre.

Lula preso ou Lula preso (2)
Brasil 02.03.18 08:58
Na pior das hipóteses, diz Merval Pereira, Lula deve ser preso antes de 15 de agosto.
“O ex-presidente pode se beneficiar de uma nova interpretação do STF e ficar livre até uma decisão final do STJ, mas ganhará pouco tempo, pois o processo já estará na reta final. E, antes disso, é provável que o STJ também já tenha analisado o recurso contra a inelegibilidade provocada pela Lei da Ficha Limpa. Lula poderá estar inelegível e preso antes do prazo para o registro das candidaturas, que termina em 15 de agosto.”

Cármen Lúcia engrandece o STF
Brasil 02.03.18 08:34
Cármen Lúcia se recusa a pautar às pressas o habeas corpus de Lula, apequenando o STF.
“Nessa batida”, diz Merval Pereira, “a decisão final sobre o recurso de Lula deve ser tomada neste mês de março, provavelmente ainda na primeira quinzena. Confirmada a condenação, a execução provisória da pena será determinada ao Juiz Sérgio Moro pelo TRF-4, levando Lula à cadeia.”

Celso Amorim é o plano Z do PT
Brasil 02.03.18 08:16
A candidatura de Jaques Wagner morreu.
Assim como Lula, ele só está preocupado em escapar da cadeia.
Por isso mesmo, segundo a Folha de S. Paulo, o PT já pensa no plano C: Celso Amorim.
Diz a reportagem:
“Para dar visibilidade ao ex-chanceler, dirigentes petistas estudam anunciar o nome de Amorim para vice na chapa de Lula, uma vez que o PT não deverá ter aliados no primeiro turno da disputa presidencial deste ano.
Sem experiência eleitoral, Amorim poderia, então, cumprir agendas ao lado de Lula sem que fosse interpretado como um ensaio para a eleição.”
Celso Amorim é um dos poucos petistas com a ficha limpa.
Mas é claro que o PT nunca vai candidatá-lo, porque lhe faltam os votos. Ele é o plano Z do PT.

O novo jatinho de Lula
Brasil 02.03.18 07:31
Lula pode ser preso a partir do dia 23.
De acordo com o roteiro vazado para a Veja, “o efetivo da PF em Curitiba, de cerca de 350 pessoas, estará de prontidão para trabalhar no dia da prisão.
A PM também já foi acionada e alertada para conter protestos de rua e isolar avenidas.
A Infraero tem recebido informes sobre como Lula, depois de preso, viajará de São Paulo a Curitiba (…).
A PF em Brasília já disponibilizou um jato para o deslocamento do ex-presidente”.

Lula preso sem algemas e sem camburão
Brasil 02.03.18 07:37
A prisão de Lula não terá algemas nem camburão.
A PF, diz a Veja, “quer evitar erros cometidos em ações anteriores, para não vitaminar o discurso de Lula segundo o qual ele tem sido vítima de uma caçada judicial”.

A cadeia está pronta para receber Lula
Brasil 02.03.18 07:50
A PF, de acordo com o plano vazado para a Veja, “espera deter Lula em sua casa em São Bernardo do Campo, mas está disposta a negociar com a defesa do ex-presidente o local de rendição”.
Em seguida, o criminoso condenado pela Lava Jato “será encaminhado ao aeroporto de Congonhas, provavelmente com destino ao aeroporto Afonso Penas, em Curitiba. Diz-se ‘provavelmente’ porque caberá à Justiça definir onde se dará o cumprimento da pena”.
Se ele for preso no Complexo de Pinhais, “a logística já está planejada.
Ao chegar, o ex-presidente deverá ficar de quinze a trinta dias isolado para que seja avaliado seu comportamento”.

As cinco celas de Lula
Brasil 02.03.18 07:57
Lula disse à colunista social da Folha de S. Paulo que se prepara para a cadeia fazendo ginástica e tomando Whey.
Enquanto isso, a PF estuda os cinco locais em que ele pode ser preso: o quartel do Exército, a Base Aérea de Curitiba, a carceragem da PF, o complexo de Pinhais e uma cadeia em São Paulo.

NA VEJA.COM
Gravação mostra pedido de propina no Ministério do Trabalho
Empresário registrou conversa com dois lobistas que pediram R$ 4 milhões por serviço junto à pasta, comandada pelo PTB
Por Thiago Bronzatto
Quinta-feira, 1º mar 2018, 22h55 - Publicado em 1 mar 2018, 21h22
A reportagem de capa de VEJA que chega às bancas nesta sexta-feira revela uma pérola da roubalheira que ocorre em Brasília com uma frequência que nem a Operação Lava Jato conseguiu evitar até agora. Uma conversa gravada pelo empresário gaúcho Afonso Rodrigues de Carvalho, no ano passado, mostra dois lobistas pedindo 4 milhões de reais em troca de um serviço junto ao Ministério do Trabalho, que só será realizado porque, além da propina, quem manda no pedaço é o deputado Jovair Arantes, líder do PTB na Câmara e aliado do presidente Michel Temer.
Lobista 2: (…) A gente vai ter até que envolver o deputado Jovair
Empresário: Não é o Jovair Arantes?
Lobista 2: É… O Jovair está junto com a gente, porque ele tem força e por ser do meu Estado de Goiás. Eles tinham feito um cálculo. Eles tinham pedido 500.000 para pagar a parte técnica, para pagar as pessoas envolvidas lá e uma ponta para o Jovair. E 2,5 (milhões de reais) quando sair…
À exceção de um dos lobistas, que confirmou a cobrança e o pagamento de propina, todos os demais envolvidos no caso negam a existência de qualquer irregularidade.

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Caso Jônatas: polícia apreende de moto a champanhe em SC
O casal Renato e Aline Openkoski arrecadou mais de R$ 4 milhões para ajudar no tratamento de saúde do filho, mas o uso do dinheiro está sob suspeita
Por Fernanda Bassette
Quinta-feira, 1º mar 2018, 20h36 - Publicado em 1 mar 2018, 18h08
Uma coleção de óculos escuros que estampam marcas como Ray-Ban, Prada e Dior. Um helicóptero de brinquedo guiado por controle remoto. Uma SUV Sportage avaliada em 140.000 reais. Roupas. Anéis. Uma caixa de iPhone. Uma moto.
Os bens acima estão entre os itens apreendidos pela Polícia Civil de Santa Catarina na manhã desta quinta-feira (1º), em Joinville, na residência do casal Renato e Aline Openkoski, pais do bebê Jônatas Henrique. Parte desses bens foi doada para que se arrecadasse recursos para o tratamento do menino por meio de um leilão.
O casal é investigado sob a suspeita de usar indevidamente parte do dinheiro de doações para o garoto, que sofre de uma síndrome rara. Após o diagnóstico, há cerca de um ano, eles conseguiram arrecadar ao menos 4 milhões de reais em campanha ao redor do País.
O dinheiro era destinado a um remédio caríssimo que pode garantir a sobrevivência do menino até a idade adulta, mas doadores questionam gastos dos Openkoski com bens, uma casa maior e viagem para Fernando de Noronha no réveillon. Os dois afirmam que as suspeitas são descabidas e que usam a verba para o tratamento e o bem-estar do garoto. Conheça aqui a história completa.
Um revólver de brinquedo também foi levado. “Ele [Renato] teria usado para fazer fotos e intimidar as pessoas que estavam questionando a lisura da campanha”, afirmou a delegada, que disse ter ouvido ao menos quatro pessoas que foram ameaçadas por questionar o uso do dinheiro. O casal não foi localizado para comentar a operação.

Suíça apura contas de Paulo Preto, apontado como operador do PSDB
Objetivo é desvendar a origem e o destino das transferências que teriam sido realizadas pelo ex-diretor da Dersa; material será enviado à Justiça brasileira
Por Estadão Conteúdo
Sexta-feira, 02 mar 2018, 08h50
O Ministério Público da Suíça informou nesta quinta-feira (1º) que, a pedido da Justiça brasileira, está levantando os documentos e extratos de quatro contas bancárias atribuídas ao ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto. O órgão confirmou ainda que congelou qualquer movimentação financeira envolvendo as contas no banco Bordier & Cia..
O objetivo é desvendar a origem e o destino das transferências que teriam sido realizadas por Souza — apontado como operador do PSDB — entre 2007 e 2018. Segundo a Justiça brasileira, os recursos somavam 113 milhões de reais antes de serem transferidos das contas suíças para o Caribe. Foi pedido o bloqueio da soma.
O material apurado pelo MP suíço será enviado ao Brasil para que a Procuradoria-Geral da República possa dar seguimento aos inquéritos. O escritório do procurador-geral da Suíça confirmou que, por solicitação das autoridades brasileiras, “um pedido de assistência mútua legal está atualmente sendo conduzido” em relação ao suspeito.
Os suíços confirmaram que foram eles quem primeiro repassaram ao Brasil, de forma espontânea, a informação da existência das contas. Em 2017, as autoridades suíças encontraram 113 milhões de reais (35 milhões de francos suíços) em quatro contas no país europeu em nome do ex-diretor da Dersa (estatal de desenvolvimento rodoviário). Ele comandou a estatal paulista entre 2007 e 2010, período que compreende o mandato do ex-governador e atual senador José Serra (PSDB).
Poucos meses depois do primeiro contato entre os suíços e o Brasil, no entanto, em novembro de 2017, a Procuradoria em Berna indicou que recebeu um pedido de cooperação por parte do Ministério Público Federal para que os dados fossem aprofundados. O trabalho dos suíços tem sido o de coletar, no Bordier & Cia., todos os extratos e documentos de transações relativas às quatro contas, desde o dia de sua abertura, em 2007, até hoje.
Conforme apurou o jornal O Estado de S. Paulo, a descoberta das contas foi revelada pelo próprio banco, que decidiu informar às autoridades de regulação da Suíça sobre a existência do depósito depois de identificar transações suspeitas. Isso teria ocorrido em junho de 2016.
As contas estão vinculadas a uma offshore panamenha e, ainda no ano passado, o suspeito teria transferido os ativos para outro paraíso fiscal, nas Bahamas. A suspeita dos investigadores é de que o dinheiro teria saído da Suíça diante do avanço das apurações do MP suíço contra brasileiros citados em casos da Lava Jato.
As contas, mesmo assim, foram congeladas. Ainda que os valores já não estejam mais na Suíça, a esperança dos procuradores é de que os extratos e documentos bancários ajudem a elucidar a origem dos recursos e quem, durante quase uma década, teria sido beneficiário dos depósitos.
O caso ainda foi anexado pelos advogados do ex-diretor da Dersa ao inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal, com relatoria do ministro Gilmar Mendes, que investiga o senador José Serra. O procedimento foi autorizado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte, com base na delação da Odebrecht — ex-executivos da empreiteira relataram irregularidades em obras do Rodoanel, em São Paulo. Os citados negam.
Outra lado
O advogado Daniel Bialski, que defende ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza, disse que “efetivamente” não teve acesso a essa investigação e também aos documentos citados pelo Ministério Público Federal sobre as contas atribuídas fora do País.
“Essa investigação feita em SP afronta decisão anterior proferida em reclamação perante o STF e por isso, a defesa aguarda decisão sobre requerimento feito pedindo a avocação desse novo procedimento à Excelsa Corte e, igualmente, o reconhecimentos da nulidade de seus atos e decisões.”
Em nota, a Dersa e o governo do de São Paulo afirmam que Souza não faz parte da empresa desde abril de 2010 e que, desde 2011, instituiu um Código de Conduta Ética e criou canais internos para o recebimento de denúncias.
O texto diz ainda que tanto a empresa quanto o governo paulista têm interesse na apuração dos fatos e no andamento das investigação. “A companhia reforça seu compromisso com a transparência e permanece à disposição dos órgãos de controle para colaborar com o avanço das investigações.”
“Se houve conduta ilícita com prejuízo aos cofres públicos, o Estado irá cobrar as devidas responsabilidades, como já agiu em outras ocasiões”, afirma a nota. O senador José Serra (PSDB-SP), que governou São Paulo entre 2007 e 2010, disse, em nota, que “não tem nenhuma relação com esses fatos apontados”.

NO BLOG DO NOBLAT
PT, meia volta, volver!
Temer, o “golpista” bem-sucedido duas vezes
Por Ricardo Noblat
Sexta-feira, 02 mar 2018, 09h00
A intenção pode não ter sido essa. Certamente, não foi. Mas ao dizer o que disse em longa entrevista à Folha de S. Paulo, Lula obrigará o PT a rever parte do seu atual discurso.
O PT diz que “eleição sem Lula é fraude”. Lula disse que é contra o boicote às eleições. Logo, reconhece que eleição sem ele não é fraude. A não ser que preferisse participar de uma fraude mesmo assim.
O PT diz que Dilma foi derrubada por um “golpe” liderado por Temer. E que a segunda fase do golpe passa pelo impedimento de Lula para ser candidato – talvez até por sua eventual prisão.
Lula disse à Folha que Temer foi vítima de uma tentativa de golpe patrocinada pela Rede Globo, mas que soube reagir e venceu. Admirável, pois, embora Lula continue a pensar mal dele.
Doravante, a narrativa do “golpe” construída pelo PT deveria ganhar um novo personagem – Temer, o golpista bem-sucedido duas vezes, para inveja dos seus adversários, e uma ponta de ciúme de Lula.

NO BLOG FATOS (J. R. GUZZO)
Plano Z
O “Plano B” do PT para as eleições foi a pique. Espera-se pelo próximo
Por J.R. Guzzo
Quinta-feira, 1º mar 2018, 18h47
O PT está com o mesmo problema de Diógenes na Grécia Antiga. O filósofo, como se conta na história, andava pelas ruas de Atenas, em plena luz do dia, carregando na mão uma lanterna acesa. “Para que essa lanterna, Diógenes?”, perguntavam os atenienses que cruzavam com ele. “Para ver se eu acho um homem honesto nesta cidade”, respondia. É o que o PT está procurando hoje entre os seus grão-senhores ─ um sujeito honesto, ou, pelo menos, que tenha uma ficha suficientemente limpa para sair candidato à Presidência da República. Está difícil achar essa figura. O “Plano A” do partido para as eleições sempre previu a candidatura do ex-presidente Lula. Quem mais poderia ser? Nunca houve, desde a fundação do PT, outro candidato que não fosse ele ─ e quem achou um dia que poderia se apresentar como “opção” jaz há muito tempo no cemitério dos petistas mortos e excomungados.
Como no momento Lula está condenado a doze anos e tanto de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro, sem contar outras sentenças que pode acumular nos próximos meses, sua candidatura ficou difícil. O “Plano B” previa que em seu lugar entrasse o ex-governador da Bahia, Jaques Wagner ─ mas o homem acaba de ser indiciado por roubalheira grossa num inquérito da Polícia Federal, acusado de levar mais de 80 milhões de reais em propina em seu governo. O “Plano C” poderia incluir a atual presidente do partido. Mas ela também é acusada de ladroagem pesada, e só está circulando por aí porque tem “foro privilegiado” como senadora; aguarda, hoje, que o Supremo Tribunal Federal crie coragem para resolver o seu caso um dia desses. (De qualquer forma, seria um plano tão ruim que ninguém, nem entre a “militância” mais alucinada, chegou a pensar a sério no seu nome.) O “Plano D”, ao que parece, é o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Ele é uma raridade no PT de hoje ─ não está correndo da Polícia, nem cercado por uma manada de advogados penalistas. Em compensação, tem de lidar com a vida real. O problema de Haddad não é folha corrida ─ é falta de voto. Na última eleição que disputou perdeu já no primeiro turno para um estreante, o atual prefeito João Dória, e de lá para cá não aconteceu nada que o tivesse transformado num colosso eleitoral.
Um “Plano E” poderia ser o ex-ministro Ciro Gomes. Mas Ciro não é do PT, os petistas não gostam dele e o seu grau de confiança nos possíveis aliados é mínimo. “É mais fácil um boi voar do que o PT apoiar um candidato de outro partido”, disse há pouco. Daí para um “Plano F”, “G” ou “H” é um pulo. Sempre haverá algum nome para colocar na roda. Resolve? Não resolve. O problema real é que o PT se transformou há muito tempo num partido totalmente franqueado ao mesmo tipo de gente, exatamente o mesmo, que sempre viveu de roubar o Erário em tempo integral. O partido, hoje, é apenas mais uma entre todas essas gangues que infestam a política brasileira. A dificuldade eleitoral que o PT encontra no momento não é o fato de que Lula foi condenado como ladrão duas vezes, na primeira e na segunda instâncias. É que, tirando o ex-presidente da campanha, nada muda ─ o sub-mundo ao seu redor continua igual. Ou seja: o partido não vai se livrar da tradicional maçã estragada e tornar-se sadio outra vez. A esta altura, o barril todo já foi para o espaço. De plano em plano, podem ir até a letra “Z” sem encontrar o justo procurado por Diógenes.

NO O GLOBO
MP quer refazer investigação de Janot sobre e-mails de Dilma
Procurador critica denúncia feita contra a ex-presidente por obstrução à Justiça
POR VINICIUS SASSINE
Sexta-feira, 02/03/2018 4:30/atualizado 02/03/2018 9:19
BRASÍLIA — O polêmico caso dos e-mails atribuídos à ex-presidente Dilma Rousseff, por meio dos quais ela teria alertado João Santana e Mônica Moura sobre os avanços da Lava-Jato, pode voltar à etapa zero das investigações. O então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou a petista por obstrução dos trabalhos da Justiça e, para isso, usou o episódio como uma das provas do crime. Agora, o caso foi remetido à primeira instância e, na visão da Procuradoria da República no Distrito Federal (PRDF), não foi devidamente investigado.
O procurador da República, Ivan Marx, pediu arquivamento do trecho da denúncia de Janot que trata dos e-mails cujos rascunhos teriam sido utilizados pela então presidente para alertar seu marqueteiro e a mulher dele sobre os passos da Lava-Jato. Marx manifestou a intenção de refazer a investigação a respeito.
A PRDF solicitou autorização para retirar cópia do processo, em caso de arquivamento, com a finalidade de instaurar um procedimento investigatório criminal – equivalente a um inquérito da Polícia Federal (PF) – para apurar se Dilma alimentou esses e-mails, de onde alimentou (Palácio do Planalto, Palácio da Alvorada ou qualquer outro espaço) e se obstruiu a Justiça com o gesto. Isso significaria, na prática, uma nova investigação, distinta da que foi feita pela Procuradoria Geral da República (PGR) na gestão de Janot.
O então procurador-geral denunciou Dilma, o ex-presidente Lula e o ex-ministro Aloizio Mercadante ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo crime de obstrução da Justiça, em 6 de setembro de 2017, menos de duas semanas antes de deixar o cargo de procurador-geral. A peça lista três episódios que configurariam o crime: suposta oferta de apoio político e financeiro ao então senador Delcídio Amaral (ex-PT-MS), de forma que não fizesse acordo de delação premiada; intenção de dar posse a Lula no cargo de ministro da Casa Civil, com o propósito de blindar o ex-presidente com o foro privilegiado; e as supostas conversas entre Dilma e Mônica via rascunho de uma conta do Gmail, com alertas cifrados sobre os avanços da Lava-Jato em direção a João Santana, marqueteiro das campanhas da petista.
Relator da Lava-Jato no STF, o ministro Edson Fachin determinou a transferência do caso para a primeira instância, uma vez que já não havia autoridades com foro privilegiado entre os denunciados. Os autos foram remetidos à Justiça Federal em Brasília em janeiro deste ano. No começo de fevereiro, o procurador Ivan Marx encaminhou documento com pedido de arquivamento do caso específico dos e-mails e com solicitação de cópia para um novo inquérito.
Os outros dois episódios levados em conta para a denúncia de Janot contra Dilma ainda estão pendentes de análise, não havendo manifestação sobre reiteração da acusação feita pelo ex-procurador-geral ou sobre um eventual pedido de arquivamento. Na acusação, Janot enquadrou Dilma no crime de obstrução de investigação que envolve organização criminosa, combinado com o concurso material de crimes (“três vezes”), previsto no Código Penal.
Na estrutura do Ministério Público Federal (MPF), não existe hierarquia, o que significa que um procurador da República que atua na primeira instância não está subordinado ao procurador-geral da República ou a subprocuradores-gerais da República, por exemplo. Marx criticou, no pedido enviado à Justiça Federal, a denúncia de Janot.
O procurador argumentou que os três episódios citados não estão conectados, de forma a justificar uma mesma acusação à Justiça. A suposta troca de e-mails entre Dilma e Mônica baseou-se apenas em ação cautelar de quebra de sigilos telemáticos e telefônicos citados no processo, sem existirem elementos suficientes para ratificar a denúncia, conforme o pedido enviado pela PRDF à Justiça Federal. A instauração de um novo procedimento de investigação serviria para esclarecer os fatos, conforme o procurador.
Entre as primeiras diligências previstas, caso a Justiça concorde com o arquivamento e com a remessa de uma cópia do processo ao MPF, está um pedido de informações ao Arquivo Nacional sobre os registros existentes a respeito da militância de Dilma contra a ditadura militar. Isto porque os e-mails supostamente utilizados para a comunicação entre a então presidente e a mulher do marqueteiro trazem uma referência a um episódio na ditadura, segundo a denúncia de Janot.
“Em agosto de 2015, Dilma Vana Rousseff criou as contas de correio eletrônico 2606alvarina@gmail.com e 2606iolanda@gmail.com, compartilhando a respectiva senha com Mônica Moura”, cita a denúncia. “Ambas passaram a utilizar tal correio eletrônico para trocar mensagens cifradas sobre a Operação Lava-Jato. As mensagens não eram enviadas para evitar monitoramento e rastreamento, mas eram apenas escritas e salvas como rascunhos”, continua.
Segundo Janot, o número “2606” é uma referência “à data de 26 de junho de 1968, em que o grupo Vanguarda Popular Revolucionária, integrado por Dilma Rousseff, praticou um atentado com carro-bomba em um quartel em São Paulo, durante ditadura militar”. “Ademais, ‘Iolanda’ Barbosa era o nome da esposa do general Costa e Silva, presidente da República na época. Tais circunstâncias indicam a efetiva relação entre a situação e Dilma”, diz o procurador-geral na denúncia. A PRDF quer os dados do Arquivo Nacional para verificar se a petista efetivamente militou na VPR.
Outra diligência seria ouvir Mônica Moura. A denúncia da PGR diz que, nas proximidades de ela e o marido serem presos pela PF na Lava-Jato, Dilma escreveu a seguinte mensagem, em 19 de dezembro de 2015: “O seu grande amigo está muito doente. Os médicos consideram que o risco é máximo. O pior é que a esposa, que sempre tratou dele, agora está com câncer e com o mesmo risco. Os médicos acompanham os dois, dia e noite.”  “Tratava-se de um aviso antecipado sobre a prisão do casal de publicitários. Na época, a advertência foi, ainda, reiterada por meio de telefonemas feitos por Dilma e Mônica em 20 e 21 de dezembro”, escreveu Janot.
Outra diligência possível é a solicitação de informações à Google – empresa dona do Gmail – sobre de qual IP partiu o registro dos e-mails e do conteúdo nos rascunhos. Isto permitiria verificar se partiu de algum computador dos Palácios do Planalto e da Alvorada. A medida pode ser adotada após as primeiras diligências previstas.
Segundo o então procurador-geral, “os dados telemáticos confirmaram a existência dos e-mails em questão, inclusive daquele em que o rascunho transcrito acima, o qual já havia sido apresentado por meio de ata notarial, foi elaborado”. A denúncia cita outra mensagem cifrada, no mesmo e-mail, com data de 22 de fevereiro de 2016: “Vamos visitar nosso amigo querido amanhã. Espero não ter nenhum espetáculo nos esperando. Acho que pode nos ajudar nisso ne?”
“Os dados telefônicos obtidos no mesmo feito confirmaram diversos telefonemas trocados entre Mônica Moura e terminais cadastrados em nome da Presidência da República no período dos fatos”, afirma a denúncia da PGR. Os alertas serviram para João e Mônica se precaverem contra buscas e apreensões e prisões, conforme Janot. Eles acabaram presos em 23 de fevereiro daquele ano, numa fase da Lava-Jato deflagrada no dia anterior – mesmo dia do segundo conteúdo da suposta comunicação via rascunho do Gmail.
A reportagem do GLOBO procurou a assessoria da ex-presidente para que ela comentasse as acusações e a movimentação do processo. A assessoria afirmou que a avaliação é de que esperariam a publicação da reportagem para saber do que se trata. Na época da denúncia, Dilma afirmou que a atitude do procurador-geral era “lamentável e sem qualquer fundamento”.
A reportagem também procurou a assessoria de Janot para saber a posição do ex-procurador-geral a respeito da tramitação do processo em primeira instância. Não houve retorno até o fechamento desta edição.



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