PRIMEIRA EDIÇÃO DE 16-02-2018 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
SEXTA-FEIRA, 16 DE FEVEREIRO DE 2018
Diplomata acusado por agressão e até de estupro de mulheres, e que se queixa por não ter sido beneficiado nas promoções da carreira, Renato de Ávila continua impune, mas obteve da Justiça Federal uma decisão inusitada: a suspensão das promoções por merecimento no Ministério das Relações Exteriores. Renato exultou no Twitter, ontem, lembrando que foi ele quem representou junto ao Ministério Público Federal.

Em dezembro de 2017, ex-namorada disse ter sido várias vezes agredida e estuprada por Renato. O Sindicato dos Diplomatas o repudiou.

O Fundo Partidário, que deve distribuir R$780 milhões este ano, já rendeu aos partidos R$64,5 milhões apenas em janeiro. O PT de Lula continua a ser o maior beneficiado: faturou R$8,2 milhões em apenas um mês, seguido pelo PSDB do senador Aécio Neves: R$7,11 milhões. Para piorar, o Congresso aprovou a reforma política, em 2017, criando o “fundo eleitoral” que vai dar aos partidos ao menos R$1,7 bilhão.

O PMDB de Michel Temer e Renan Calheiros é o terceiro partido que mais dinheiro levou do Fundo Partidário, em janeiro: R$6,91 milhões.

De 2007 a 2017, os partidos levaram R$4 bilhões do fundo partidário. E agora vão dividir cerca R$2 bilhões extraídos do bolso do contribuinte.

Além dos dois fundos, partidos políticos também dividem o que a Justiça Eleitoral arrecada com multas, cerca de R$80 milhões por ano.

Os R$ 400 milhões que o Corinthians e a Odebrecht terão de devolver aos cofres públicos, relativos à construção do estádio de Itaquera, é menos do que a Caixa gasta com propaganda em um ano.

O governo Michel Temer vende a ideia de que criar um Ministério de Segurança Pública vai resolver o problema da criminalidade no Brasil. Não vai. E o pior é que aumentará as despesas, e o custo Brasil.

O assalto ao comandante da Polícia Militar, além de expor ao ridículo a Segurança de Alagoas, flagrou o coronel usando, como seu, o carro oficial levado pelos bandidos. A lei costuma chamar isso de improbidade administrativa.

Sepúlveda Pertence é um advogado excepcional, mas Lula foi avisado de que ele não faz milagres. Afinal, foi contratado para tentar encontrar uma maneira – no Supremo, que presidiu – de livrar Lula da cadeia.

Um ano depois de estrear sua conta no Twitter, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, já soma mais de 50 mil seguidores. Ele atribui isso à confiança da sociedade no Exército.

A África do Sul empossou o quinto presidente eleito diretamente desde o fim do apartheid. Mas, lá, não há alternância: todos os eleitos eram filiados ao partido Congresso Nacional Africano, de Nelson Mandela.

Dados da Confederação de Lojistas (CNDL) indicam que 60,7 milhões de brasileiros estão negativados. Como muitos nem sabem disso, projeto do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) condiciona o registro da inadimplência quinze dias depois de o consumidor ser informado.

...o carnaval não deveria ser realizado na avenida e sim na Praça dos Três Poderes: farra de verdade é lá.

NO DIÁRIO DO PODER
LAVA JATO
JÁ FORA DA PRISÃO, SCHMIDT PRETENDE SER JULGADO LONGE DE MORO, EM PORTUGAL
ENROLADO NA LAVA JATO, RAUL SCHMIDT PEDE JULGAMENTO EM LISBOA
Publicado quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018 às 23:46 - Atualizado às 23:47
Por Sílvia Caetano, correspondente
Lisboa – Acusado de ser um dos operadores do esquema de corrupção revelado pela operação Lava Jato, o luso-brasileiro Raul Schmidt deixou a prisão nesta quinta-feira (15), na Policia Judiciária de Lisboa, para aguardar em liberdade o julgamento do recurso impetrado por sua defesa perante o Tribunal da Relação de Portugal. O objetivo é rever a decisão de sua extradição. A defesa alega que ele não poder ser extraditado pelo fato de ser português nato. O recurso será agora apreciado pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ), o que pode levar cerca de dois meses ou até mais.
O juiz do Tribunal da Relação que autorizou sua liberação entendeu não haver razões para mantê-lo preso enquanto tramita o processo. Isso não significa que ele esteja livre das acusações. A defesa de Schmidt alega que seu atual estatuto de português nato, obtido em tempo recorde num processo que transformou sua cidadania adquirida em originária, vem do nascimento. E como nenhum português pode ser extraditado, ele está protegido por esse estatuto de cidadão nacional.
ADVOGADO ALEXANDRE MOTA PINTO.
Este é o ponto que será apreciado pelo STJ, decidindo se acolhe ou não a tese da defesa. As informações foram prestadas ao Diário do Poder pelo advogado Alexandre Mota Pinto, que vem atuando em favor de Raul Schmidt desde o mês passado. Ele foi buscar seu cliente na Policia Judiciária, nesta quinta-feira, para levá-lo até seu apartamento, na Rua São Mamede, na Baixa de Lisboa, de onde não poderá ser ausentar. Já sem passaporte, Schmidt, conforme seu novo advogado português, quer ser julgado pela Justiça do pais “porque não confia na justiça brasileira”.
Segundo o advogado Alexandre Mota Pinto, o julgamento do caso pela Justiça portuguesa seria possível se os procuradores e juízes de Curitiba concordassem. Para isso, teriam de enviar o processo, com suas provas e todos os documento para a Justiça de Portugal. Não há qualquer caso semelhante na Lava Jato.
O desfecho é aguardado com grande expectativa nos meios jurídicos. Antes da transformação da sua cidadania em originária, a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, já havia dito que, no caso da extradição para o Brasil, ele somente poderia ser julgado pelos crimes praticados antes da aquisição da cidadania. Como agora Raul Schmidt é considerado português nato, o Supremo Tribunal de Justiça de Portugal terá de decidir como o caso será tratado.

LAVA JATO
GIM ARGELLO DEVE PASSAR AO REGIME SEMIABERTO APÓS 22 MESES DE PRISÃO
RÉU PRIMÁRIO, ELE CUMPRIU UM SEXTO DA PENA NA LAVA JATO
Publicado quinta-feira,15 de fevereiro de 2018 às 21:26 - Atualizado às 22:22
Da Redação
O ex-senador Gim Argello, (PTB-DF), que cumpre pena de prisão em Curitiba, passará ao regime semiaberto ainda este mês, após haver cumprido os requisitos de progressão de regime, previstos na legislação penal. A informação foi avançada em primeira mão pelo jornalista Claudio Humberto, colunista do Diário do Poder, na edição de 21 de outubro do ano passado.
Argello se habilitou ao semiaberto após dois dos três juízes do Tribunal Regional Federal da 4ª Região o absolveram do crime de obstrução, reduzindo sua pena de 19 anos para 11 anos e 08 meses de reclusão. Como é réu primário, ele se habilitou ao benefício após concluir um sexto dessa pena, que corresponde a 1 anos e 11 meses. 
O ex-senador está preso desde abril de 2016, ou seja, cerca de 22 meses. Argello foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 19 anos pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça.

LAVA JATO
TRIBUNAL REGIONAL DA 4ª REGIÃO SE NEGA A OUVIR PALOCCI OUTRA VEZ
CONDENADO A 12 ANOS DE CADEIA, ELE QUERIA AMPLIAR DEPOIMENTO
Publicado quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018 às 17:41 - Atualizado às 18:56
Da Redação
O desembargador João Pedro Gebran Neto, do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), negou ao ex-ministro Antonio Palocci (Casa Civil/Fazenda/Governos Lula e Dilma) ouvi-lo novamente. Palocci queria ser reinterrogado pela Corte de apelação da Operação Lava Jato.
Palocci está preso desde setembro de 2016 e tenta fechar delação premiada. Em junho do ano passado, o ex-ministro foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro a 12 anos, 02 meses e 20 dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. No processo, Palocci foi acusado de envolvimento no pagamentos de US$ 10.219.691,08 em propinas, referentes a contratos firmados pelo Estaleiro Enseada do Paraguaçu – de propriedade da Odebrecht – com a Petrobras, por intermédio da Sete Brasil. O dinheiro, segundo a Justiça, foi pago ao marqueteiro de campanhas do PT, João Santana.
O ex-ministro foi interrogado em abril do ano passado pelo juiz Moro. Na ocasião, Palocci sugeriu entregar informações que seriam ‘certamente do interesse da Lava Jato’, mas sem entrar em mais detalhes.
O processo está, atualmente, no TRF-4. A 2.ª instância vai analisar a sentença aplicada por Moro a Palocci e a outros condenados.
Segundo Gebran Neto, o sistema processual brasileiro ‘não permite a seletividade de declarações dos corréus, o aguardo da solução da causa com a responsabilidade criminal para, posteriormente, buscar a alternativa da confissão ou colaboração para redução de pena’.
Ao negar o pedido de Palocci, o desembargador afirmou que ’em alguns pedidos de reinterrogatórios em segundo grau, no âmbito da Operação Lava-Jato, é a intenção em obter benefícios, revelando fatos já apurados no curso da instrução ou que somente são importantes para processos conexos ou novas investigações’. João Pedro Gebran Neto é o relator da Lava Jato na Corte.
“Estas informações não têm qualquer utilidade neste processo, porque não podem ser usadas como prova. Se há fatos a serem revelados, devem ser prestadas as informações perante a autoridade policial ou o Ministério Público Federal”, afirmou Gebran.
“Estando a instrução processual concluída, um novo interrogatório não se mostra fundamental na avaliação das provas, podendo o Tribunal, se entender que não são elas suficientes, afastar a responsabilidade criminal do réu, seja ele colaborador ou não.” (Com informações da agência Estado)

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Delírios sobre o nada
Se não houver uma virada de mesa grosseira, a sentença que condenou o ex-presidente a doze anos de prisão terá de ser cumprida
Por J.R. Guzzo
Sexta-feira, 16 fev 2018, 07h03
Publicado na edição impressa da EXAME
Se você é um empresário, executivo no desfrute de um emprego ─ sobretudo na área de “Relações Externas” e similares ─ ou tem algum tipo de situação profissional que o coloque na “classe A”, há uma boa probabilidade de já ter dito, ou ouvido dizer no seu círculo social: “É muito ruim que o Lula se transforme num mártir”. Admitindo-se a hipótese de que o ex-presidente possa, eventualmente, vir mesmo a adquirir essa grife de “mártir”, a questão que se coloca é a seguinte: “Muito bem ─ e o que você sugere que seja feito a respeito disso na prática?” Eis aí o ponto central. Se você está preocupado com a possibilidade de que a lei seja cumprida e Lula acabe indo para a cadeia ─ bem, você está com um problema. A dificuldade, no caso, é que não há nada a fazer. Se não houver uma virada de mesa grosseira nos nossos superiores e supremos tribunais de Justiça, algo equivalente aos procedimentos em uso hoje em dia nas altas cortes da Venezuela, a sentença que condenou o ex-presidente a doze anos de prisão terá de ser cumprida. Aí, se ele ficar com uma imagem de santo perseguido, oprimido e injustiçado perante a opinião pública, paciência ─ o Brasil terá de conviver com esse grave problema. A alternativa é rezar para que os nossos mais altos magistrados resolvam que a lei não se aplica no caso de Lula, em nome dos superiores interesses da Pátria.
As aflições de uma parte da elite nacional (ou daquilo que costuma ser descrito assim) quanto ao futuro penal de Lula é uma notável comprovação do subdesenvolvimento brasileiro mais clássico. É o contrário do progresso. Sociedade bem sucedida, democrática e próspera cumpre a lei. Sociedade atrasada, injusta e desigual, como é o caso do Brasil, acha que a aplicação da lei precisa ser feita “com cuidado”, pois pode criar sérios problemas. As presentes desventuras do ex-presidente, no entendimento de muitas das mais ilustres cabeças do “Brasil civilizado”, liberal e frequentemente milionário, compõem um “quadro de risco”. Para desmontá-lo, vêm com a conversa obsoleta, medíocre e velhaca de que é preciso ter “criatividade” e buscar saídas de “engenharia política” para obter um “consenso” capaz de “pacificar” os ânimos e preparar o País para a “transição”. Pacificar o que, se não há guerra? Transição para onde? Nada disso se explica com um mínimo de lógica ou de inteligência. A única coisa que se entende, nisso tudo, é a obsessão de passar por cima da lei.
A lenda do martírio de Lula, e das espantosas consequências que isso teria sobre o Brasil e o resto do mundo, é uma dessas coisas construídas em cima do nada. Elas exercem uma atração irresistível sobre o público descrito nas primeiras linhas deste artigo ─ e, ao mesmo tempo, sobre os formadores de opinião, etc. Desde que o ex-presidente teve a sua condenação confirmada pelo Tribunal Federal Regional-4, em fins de janeiro, ficou mais do que comprovado que as grandes massas populares, que deveriam se levantar num movimento de revolta em apoio ao líder, estão pouco ligando para o seu destino. Tratava-se de fato sabido há longo tempo, pela absoluta falta de interesse do público em sair às ruas para defender a causa do PT, mas o debate político insistia em manter a ficção do “levante social”. Agora está mais do que demonstrado que isso não existe ─ e se isso não existe, de onde vem a história de que Lula pode virar um “mártir” se tiver de cumprir sua sentença? Não vem de lugar nenhum. É apenas uma invenção, como as teorias dos seus advogados sobre “falta de provas”, acertos entre magistrados para condenar o réu, desrespeito aos “procedimentos legais” e tantas outras bobagens. É, também, um singular retrato da porção “liberal” das classes ricas deste País. Têm, no seu íntimo, horror de Lula. São contra tudo o que ele diz ─ embora uma boa parte tenha se beneficiado do que ele fez. Não querem que Lula volte a ser presidente. Mas, ao mesmo tempo, querem que ele não seja incomodado em nada. Em matéria de almoço grátis, é o que há.

A tuiteira Gleisi precisa ser trancada no banheiro
A senadora paranaense anda enxergando mensagens imaginárias de apoio ao grupo criminoso que preside
Por Augusto Nunes
Quinta-feira, 15 fev 2018, 20h20
Medo de cadeia faz mal à cabeça, e pode levar ao colapso mentes prejudicadas desde sempre por severas avarias. É o caso de Gleisi Hoffmann, rebatizada com os codinomes “Amante” e “Coxa” pelo departamento de propinas da Odebrecht. Há poucas semanas, por exemplo, Gleisi enxergou uma homenagem ao ex-presidente Lula numa faixa exibida pela torcida do Bayern de Munique. Demorou algum tempo para descobrir que a inscrição “Forza Luca”, e não "Forza Lula", era endereçada a um italiano ferido numa briga entre torcedores.
Agora, de novo pelo Twitter, a senadora paranaense viu uma homenagem ao seu partido no título de Vai Dar PT, cantada por Léo Santana no Carnaval da Bahia. Ao saber que as duas consoantes eram as iniciais da Perda Total a que se refere a letra, tentou não perder o rebolado: em outro tuíte, garantiu que a expressão aludia ao governo Michel Temer. E tentou colocar no colo dos que ridicularizaram a gafe o filhote concebido por Lula e amamentado por Dilma Rousseff. Foi o chefão condenado a 12 anos e 01 mês de cadeia quem decidiu que o vice do poste seria Temer, em quem a tuiteira doidona votou em 2010 e em 2014.
Ministro das Relações Exteriores do governo Jânio Quadros, Afonso Arinos dizia que o presidente teria desistido da renúncia se fosse trancado no banheiro até que o surto passasse. É o que deve ser feito sempre que Gleisi enxergar alguma inexistente mensagem de apoio ao grupo criminoso que preside. Convém trancafiá-la antes que saque o celular da bolsa e recomece o show de besteirol triunfalista.

NO BLOG DO JOSIAS
Ao intervir no Rio, Temer pula dentro do incêndio
Por Josias de Souza
Sexta-feira, 16/02/2018 05:38
Michel Temer tem pelo menos três problemas sobre a mesa: seu governo é reprovado por 70% dos brasileiros, seu preposto na chefia da Polícia Federal colocou a Operação Abafa a Jato na vitrine e sua reforma da Previdência tomou o caminho do brejo. Não tendo nada a dizer sobre nenhum desses temas, Temer optou por mudar de assunto. Pendurou nas manchetes uma intervenção no setor de segurança pública do Rio de Janeiro. Acha que a ousadia fará seu projeto de reeleição ascender por gravidade. Contudo, o mais provável é que tenha apenas se jogado no centro de um incêndio onde não há saída de emergência.
Temer pensa dez vezes antes de mover os lábios. Não dá um “bom dia” sem uma profunda reflexão. Quando ordenou aos ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e Raul Jungmann (Defesa) que fossem buscar o governador Luiz Fernando Pezão no Rio de Janeiro, sabia que a lei manda que não se mexa na Constituição enquanto houver Estados sob intervenção federal. Há quem sustente que reformas como a da Previdência poderiam tramitar, desde que não fossem promulgadas. Mas esse é outro debate. Por ora, o que importa para Temer é cavar um pretexto que lhe permita sair de fininho de uma reforma que definhou por insuficiência de votos.
Pezão fez cara de dúvida quando soube o motivo da visita de Jungmann e Moreira. A ideia de uma intervenção formal não lhe caiu bem. Preferia algo informal. Acalmou-se ao saber que Temer havia jurado que não daria um passo sem o seu consentimento. O pseudo-governador não dispõe de um itinerário. Mas acha que ainda está no volante. Entregou gostosamente os pontos ao ser informado de que a ingerência federal ficaria restrita à área da segurança pública, que seu governo já não controla.
Embora Pezão não tenha percebido, sua administração acabou na viagem do Rio para Brasília. Ao final da reunião no Palácio da Alvorada, seu mandato estava, por assim dizer, encurtado em dez meses e meio. Para tentar recarregar suas próprias baterias, Temer desligou o correligionário da tomada. Poderia ter deixado o afilhado do presidiário Sérgio Cabal derretendo em sua própria gordura até o término do mandato. Mas preferiu abreviar o processo de carbonização.
Dizer que o gesto de Temer foi ousado é pouco. Ousadia teve Fernando Henrique Cardoso quando promoveu, em 1997, uma intervenção branca no governo de Alagoas. No caso de Temer, a intervenção é preto no branco, como se diz. E ocorre no coração do País, não num Estado periférico. É mais do que uma ousadia. Beira a temeridade.
Em Alagoas, depois de levar as finanças estaduais à breca, o então governador Divaldo Suruagy encareceu a FHC que a União assumisse o buraco. Enviado por Brasília, o economista Roberto Longo tornou-se interventor informal na Secretaria de Fazenda alagoana. Carbonizado, Suruagy licenciou-se do cargo. Pouco depois, renunciou para evitar um impeachment.
No Rio, a iniciativa da intervenção foi de Temer, esclareceu um ministro. Embora o Estado também esteja quebrado, o alvo de Brasília é a segurança. Assume o comando das Polícias o general Walter Souza Braga Neto. Trata-se de um militar de mostruário. Não brinca em serviço. Para realizar o seu trabalho a sério, exigirá meios.
O contribuinte que paga seus impostos em outros Estados, alguns tão violentos quanto o Rio, logo se perguntará quanto de verba pública federal escorrerá pelo ralo até que Temer se convença de que o drama da violência fluminense, por insolúvel, não será resolvido nos dez meses que lhe restam de mandato.
O noticiário da TV Globo sobre o surto de violência no carnaval carioca teve grande peso na decisão de Temer. Em privado, o presidente e seus auxiliares alegam que, ao distribuir as culpas pelo descalabro, as reportagens da emissora já não fazem distinção entre as autoridades locais de segurança e as autoridades federais. Destacadas para ajudar a manter a lei e a ordem, as Forças Armadas também foram empurradas para dentro do micro-ondas. Nessa versão, seria melhor entrar de vez na briga do que ser atropelado como um pedestre inadvertido.
O decreto de intervenção terá de ser aprovado no Congresso. Eleito pelo Rio, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, fez cara de poucos amigos. Último a ser chamado para a reunião do Alvorada, ao lado do presidente do Senado, Eunício Oliveira, Maia abespinhou-se por não ter participado do debate desde o início. Levou o pé atrás. Esboçou contrariedade. Ironicamente, coube ao governador Pezão amolecer as resistências. “Não dá mais para adiar, Rodrigo.”
Assim, ficou decidido que Temer, depois de ser retratado como vampiro no enredo da escola de samba Tuiuti, instalará no Planalto uma sucursal do inferno. Nos próximos meses, o presidente se dedicará a brincar com fogo. Torça-se para que as Forças Armadas não saiam chamuscadas. Soldados, como se sabe, são treinados para matar inimigos, não para prender patrícios.

Se criar ministério resolvesse, não existira crise
Por Josias de Souza
Quinta-feira, 15/02/2018 22:50
Só há dois tipos de governantes: ou o sujeito é parte do problema ou é parte da solução. Michel Temer é parte da encrenca. Há um ano, ele lançou um redentor Plano Nacional de Segurança Pública. Deu em vexame. Agora, o presidente flerta com uma nova velha ideia de gênio. Diante do avanço do crime organizado, Temer cogita criar o Ministério da Segurança Pública. Ah, agora vai!
Hoje, o Brasil gasta R$ 2,4 mil por mês para manter um criminoso atrás das grades. E investe R$ 2,2 mil por ano para custear um estudante do ensino médio numa escola pública. Repetindo: o Estado gasta 13 vezes mais com os presos do que com os estudantes. E não funcionam direito nem as cadeias nem as escolas.
Ninguém respondeu ainda a uma pergunta simples: de onde virá o dinheiro para o reforço da segurança pública? Por ora, a única certeza sólida é a de que a nova pasta a ser criada absorverá a Polícia Federal — o que é um sinal de perigo. No mais, nada de novo sob o Sol. É assim desde os portugueses: rebatiza-se o Cabo das Tormentas de Cabo da Boa Esperança e imagina-se que tudo está resolvido.
O Ministério da Segurança poderia se chamar Gisele Bündchen. Michel Temer continuaria sendo parte do problema. E a crise do setor de segurança não deixaria de ser horrorosa.

Candidatura de Huck envelheceu antes do parto
Por Josias de Souza
Quinta-feira, 15/02/2018 21:33
Bem-sucedido em sua atividade profissional, Luciano Huck descobriu enterrada dentro de si uma vocação irrefreável para a vida pública. Prenhe de boas intenções, foi seduzido pela ideia de colocá-las em prática. Ardendo no desejo de servir ao povo, lançou-se ao trabalho das consultas políticas. Súbito, Huck descobriu-se numa posição parecida a de um apostador que acorda sobressaltado de um pesadelo no qual, depois de perder a Ferrari e o jatinho do BNDES na mesa de pôquer, dirige-se ao meio-fio entoando Angelica: “Vou de táxiiiiiiii…”



Aécio, FHC, Lula e Cabral: veja políticos que já tiraram foto com Huck9 fotos2 / 9
2009 - Durante premiação da Revista IstoÉ Gente, em dezembro de 2009, Luciano Huck tirou uma selfie com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Recentemente, se referindo a Huck, Lula afirmou: "Tudo o que eu quero na vida é disputar com alguém com o logotipo da Globo na testa"VEJA MAIS >Imagem: Reprodução/Revista IstoÉ

Caindo-lhe a ficha, Huck se deu conta de que estava prestes a entrar numa fria. À frente de movimentos apartidários de renovação política, doía-lhe a ideia de ter que ancorar seu projeto presidencial num partido tradicional. Liberal, achegou-se ao PPS, sucedâneo do velho e bom Partido Comunista. Em jantar com Fernando Henrique Cardoso, o animador de auditório recebeu uma aula de Realpolitik, o nome de fantasia para hipocrisia política.
Huck aprendeu com o grão-mestre do tucanato que, dissociado de uma vistosa coligação partidária, a carruagem do PPS viraria abóbora antes do melhor da festa. Sem reforço, o apresentador não seria eleito. Elegendo-se com sua própria popularidade, o Congresso não o deixaria governar. Se deixasse, cobraria caro. E o novato logo veria transformar-se em realidade o pesadelo de apostar a governabilidade de sua hipotética administração numa mesa com a presença do PMDB de raposas com a experiência de Temer, Padilha, Moreira e Jucá.
Com a noção de meios e fins já meio embaralhada no caldeirão que ardia no interior de sua cabeça, Huck ainda flertou com um partido que, salvo pequenos hiatos, frequenta o poder desde as caravelas: o DEM — ex-Arena, ex-PFL… Huck foi refugado como se fosse lata velha irreformável. A despeito de ter contas a ajustar com a Lava Jato, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, enxerga na conjuntura de ponta-cabeça uma chance de chegar, ele próprio, ao Planalto — sem intermediários.
Suavemente, familiares e amigos de Huck foram levando o pé à porta. Com firmeza, os patrocinadores e o empregador do personagem esclareceram que não permitiriam que suas logomarcas escalassem o palanque. A TV Globo informou que mostraria a porta de saída também para Angélica. Sem volta. Aos pouquinhos, o porre cívico de Huck foi dando lugar a uma ressaca monetária.
Engolfada por um sistema político arcaico, a candidatura presidencial de Luciano Huck, o ''novo'', envelheceu antes do parto. Nesta quinta-feira, o ex-quase-futuro presidenciável anunciou sua segunda desistência. E ninguém conhece uma mísera ideia do agora ex-candidato. Toda aquela vocação para a vida pública, as boas intenções, o imenso desejo de servir ao povo, tudo aquilo foi suplantado pelo risco de perder as duas invenções mais sedutoras da Humanidade: fama e dinheiro. “Contem comigo, mas não como candidato a presidente”, reiterou Huck.

Ideia de domar a PF revelou-se delírio de Temer
Por Josias de Souza
Quinta-feira, 15/02/2018 19:17
Quando parecia encurralado, Michel Temer articulou o arquivamento de sua cassação no TSE e organizou os funerais de duas denúncias criminais na Câmara. Fez tudo isso a partir de uma recomposição da aliança do Planalto com o atraso. Articulou-se com magistrados patriotas, cercou-se de ministros suspeitos, abraçou-se com Aécio Neves e comprou a lealdade da milícia parlamentar de Eduardo Cunha. A certa altura, sentindo-se invulnerável, Temer pintou-se para a guerra. Sentou na cadeia de diretor-geral da Polícia Federal o delegado Fernando Segóvia, um chegado de José Sarney. De repente, o que parecia ser tinta feita de urucum no rosto de Temer revelou-se a maquiagem de um índio de bloco carnavalesco.
Em pleno carnaval, Segóvia concedeu uma entrevista cujo conteúdo Sérgio Porto chamaria de “Samba do Crioulo Doido”. Insinuou que o inquérito sobre propinas portuárias, estrelado por Temer, se encaminhava para o arquivo. E deixou no ar a impressão de que o delegado que perscruta os calcanhares do presidente poderia ser punido. De bate-pronto, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo, intimou-o a prestar esclarecimentos e ordenou que dobrasse a língua. Segóvia disse ter sido “mal interpretado” pela imprensa. Mas a crise e o estrago estavam feitos.
Sobreveio uma reação inédita da corporação da PF. Num ofício radioativo endereçado à diretoria de Combate à Corrupção, os delegados do Grupo de Inquéritos Especiais — que inclui dos portos à Lava Jato — avisaram que não tolerarão interferências alienígenas no inquérito que envolve Temer. E ameaçaram requerer ao Supremo “medidas cautelares” previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal. Coisas como afastamento do cargo público e recolhimento domiciliar noturno, por exemplo.
Em resposta, o chefe da diretoria anticorrupção, Eugênio Ricas, número dois da PF, viu-se compelido a expedir um ofício no qual reconhece que os delegados têm o dever de reagir contra eventuais ingerências. Enumerou providências adotadas para potencializar as investigações e anotou que elas precisam avançar, “doa a quem doer.” Internamente, Segóvia penitencia-se pela entrevista que não deveria ter concedido. E revela-se preocupado com seus desdobramentos. No Planalto, avalia-se que, a pretexto de prestar serviços, o afilhado de Sarney complicou a vida de Temer.
Se a crise serviu para alguma coisa foi para demonstrar que a ideia de que é possível domesticar a Polícia Federal, sempre presente no imaginário de governantes encrencados, não passa de delírio. A novidade do episódio está no ineditismo da cena. Segóvia tornou-se o primeiro diretor-geral da história da Polícia Federal que é dirigido pela corporação que deveria comandar. De resto, o inquérito dos portos, que se encaminhava para uma prateleira no fundo da loja, voltou à vitrine.

NA VEJA.COM
Propina financiava até IPVA e conta de luz de Gleisi, diz delator
Reportagem de VEJA conta as revelações do advogado Marcelo Maran, que confessou ter controlado as contas da senadora
Por Hugo Marques
Sexta-feira, 16 fev 2018, 06h02
Em depoimento inédito colhido pela Procuradoria-Geral da República, o advogado Marcelo Maran detalhou como dinheiro desviado dos cofres públicos financiou, além das campanhas eleitorais de Gleisi Hoffmann, o conforto da senadora e de sua família.
Segundo Maran, despesas comezinhas da atual presidente do PT e do marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, eram bancadas por uma conta-propina abastecida, na ponta, pelo dinheiro do contribuinte. Os gastos incluíam gasolina, taxas de IPVA, conta de luz, condomínio, conserto de liquidificador, brinquedos para seus filhos e pequenos luxos, como motorista particular – informações que ela nega.
As revelações estão em reportagem publicada na edição de VEJA que chega nesta sexta-feira às bancas. O texto pode ser lido na íntegra aqui.

NO O ANTAGONISTA
“Gleisi pode ser presa”
Brasil Sexta-feira, 16.02.18 09:07
Gleisi Hoffmann calcula que, com 100 mil votos, tem chance de se eleger deputada federal e manter o foro privilegiado.
Mas o STF pode condená-la antes disso.
“Uma de suas ações”, diz a Veja, “deve entrar na pauta do Tribunal ainda neste semestre. Nela, Gleisi e o marido respondem por corrupção e lavagem de dinheiro (…). Dado que o Supremo é a última instância da Justiça, a parlamentar, se condenada, se tornará inelegível. Dependendo da pena, ainda pode ser presa.”

“Gleisi recebeu entre 150.000 e 200.000 reais por mês em dinheiro sujo”
Brasil 16.02.18 08:18
O operador de Gleisi Hoffmann, Marcelo Maran, apresentou à PGR planilhas nas quais detalha os gastos da presidente do PT.
Diz a Veja:
“Gleisi e Paulo Bernardo receberam entre 150.000 e 200.000 reais por mês em dinheiro sujo, de 2010 a junho de 2015, quando a Lava Jato desmantelou o esquema.”

Gleisi recebeu 23 milhões de reais em propinas
Brasil 16.02.18 06:03
A PF descobriu que Gleisi Hoffmann recebeu mais de 23 milhões de reais em propinas.
A conta foi feita pela Veja, que teve acesso a todos os inquéritos nos quais a presidente do PT é investigada.
A propina foi dividida da seguinte maneira:
– 7 milhões de reais desviados do ministério do Planejamento
– 5 milhões de reais da Odebrecht
– 10 milhões de reais da JBS
– 1 milhão de reais diretamente do Petrobras
Gleisi deu PT – ou perda total.

Crivella vai para o espaço
Brasil 16.02.18 07:48
Marcelo Crivella pode ser acusado de improbidade administrativa por sua viagem à Europa durante o carnaval.
O Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro, segundo O Globo, “diz que há evidências de que não existiam compromissos oficiais por lá”.
A viagem custou 130 mil reais para a Prefeitura.

Joesley esfrega os dedos
Brasil 16.02.18 07:19
Em seu encontro secreto com Michel Temer na garagem do Jaburu, Joesley Batista esfregou os dedos ao se referir a Rodrigo Rocha Loures.
Foi o que ele disse em seu depoimento à PF, segundo O Globo:
“Joesley questionou Temer de maneira enfática: posso tratar todos os assuntos com Rocha Loures? Ocasião em que, simultaneamente, o depoente demonstrou gestualmente ao presidente uma sinalização de dinheiro com os dedos; que o presidente Michel Temer também enfaticamente respondeu dizendo que poderia tratar de tudo com Rocha Loures e que Loures é da minha mais estrita confiança’”.

Não, Pezão, não dá mais
Brasil 16.02.18 07:02
Luiz Fernando Pezão tem de renunciar imediatamente.
O Globo relata que, no Palácio do Jaburu, durante a reunião em que o governo decidiu intervir no Rio de Janeiro, o governador do Estado disse para Rodrigo Maia:
“Rodrigo, não dá mais, o Rio está em estado de calamidade na Segurança, não temos saída e não podemos adiar nem mais um dia!”

O GOLPE DE TEMER
Brasil 16.02.18 06:38
Michel Temer colocou os tanques nas ruas para evitar uma derrota na reforma previdenciária.
Ao intervir no Rio de Janeiro, ele afundou a PEC.
Diz O Globo:
“Pelo artigo 60 da Constituição, enquanto o decreto de intervenção estiver em vigor, o Congresso Nacional não pode aprovar qualquer mudança na Constituição, o que significa a suspensão da articulação para votação da reforma da Previdência. O presidente do Congresso, Eunício Oliveira, deverá convocar uma sessão do Congresso 24 horas após a publicação do decreto para que ele seja votado.”

Pezão entrega o comando ao Exército
Brasil 16.02.18 06:30
Luiz Fernando Pezão perdeu o controle do Rio de Janeiro.
Diz O Globo:
“Atendendo a um apelo do governador, que admitiu não ter mais controle da situação, o presidente Michel Temer decidiu decretar a intervenção federal na Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro.
O decreto, que o presidente assina hoje, dá poderes totais para o general Braga Netto, chefe do Comando Militar do Leste, sobre todas as forças de Segurança do Estado, incluindo as Polícias Militar e Civil, e o autoriza a tomar as medidas que achar necessárias para conter a ação do crime organizado no Rio.”

Maluf deve continuar em regime fechado, diz Dodge
Brasil Quinta-feira, 15.02.18 20:15
Raquel Dodge defendeu que o STF rejeite o pedido de habeas corpus apresentado pela defesa de Paulo Maluf para que ele deixe a Papuda e cumpra prisão domiciliar.
A PGR alegou que os advogados do deputado não apresentaram argumentos que justifiquem o pedido de prisão domiciliar.
Dodge também disse que as alegações da defesa não contêm fundamentação jurídica nem respaldo na jurisprudência do STF – segundo ela, não se concede habeas corpus contra decisão do plenário ou de uma turma do Supremo.

Urgente: Desembargador suspende novamente interrogatório de Lula sobre caças
Brasil 15.02.18 18:48
O desembargador Néviton Guedes, do TRF-1, suspendeu novamente os interrogatórios de Lula e deu seu filho Luís Cláudio Lula da Silva, marcados para o dia 20 de fevereiro.
Eles seriam questionados na ação penal sobre a compra dos caças suecos NG Gripen. Lula e Luleco são acusados de tráfico de influência e lavagem de dinheiro.
Ainda não há uma nova data.


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