PRIMEIRA EDIÇÃO DE 04-01-2018 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Quinta-feira, 04 de Janeiro de 2018
Mega da virada retoma suspeita de ‘caixa preta’
O estranho caso da megasena da virada, com três apostas ganhadoras numa mesma lotérica, e várias outras em municípios remotos, fez ressurgir a desconfiança em relação às loterias da Caixa, que se transformaram em autêntica “caixa preta”. A desconfiança tem a ver com a “cláusula pétrea” da Caixa: ao contrário do resto do mundo, no Brasil não é divulgada a identidade dos “novos milionários”.
Parece máfia
Há casos até de ameaça de morte a parlamentares que pretenderam tornar obrigatória a divulgação da identidade dos ganhadores de loteria.
O mundo caiu
Projetos para divulgar ganhadores fazem o mundo “desabar”, disse certa vez o autor de um deles, o ex-senador capixaba Gerson Camata.
Alegação risível
A Caixa alega “segurança” para manter em sigilo os ganhadores, como se os “novos milionários” não pudessem bancar a própria proteção.
Contra transparência
Seja qual for o governo, o lobby da Caixa sempre atua para sufocar projetos de divulgação da identidade dos ganhadores de loterias.
Publicidade
Foi Temer, e não Sarney, quem vetou ministro
O ex-presidente José Sarney nada teve com o desconvite ao deputado Pedro Fernandes (PTB-MA) para assumir o Ministério do Trabalho. Ao contrário: ao ser informado, até exclamou: “Que bom, Pedro é nosso amigo”. A reação à escolha partiu de outros políticos do Estado, como o senador Edison Lobão (PMDB), que lembraram ao presidente Michel Temer da aliança entre Pedro Fernandes e o governador, Flávio Dino (PCdoB), crítico feroz do governo federal. Temer desistiu do convite.
Cavando a própria ‘cova’
Fernandes tratou de se “queimar” fazendo declarações hostis a Sarney, após sua indicação para o cargo de ministro, irritando o Planalto.
Traição política
Pedro Fernandes foi secretário de Educação e de Cidades da ex-governadora Roseana Sarney, a quem é acusado de trair.
Nem precisou
Lobão nem sequer tratou sobre Pedro Fernandes com Temer. Conversou com ministros, como Eliseu Padilha (Casa Civil).
Nem de graça
O livro sobre Dilma “A vida quer é coragem”, do ex-assessor petista Ricardo Batista Amaral, que custava R$39,90, está oferecido a R$2,99 na Livraria Leitura. Ainda assim, continua encalhado.
Treta nos contratos
A delação do ex-presidente do Detran-MT e do ex-governador Silval Barbosa, segundo a imprensa local, encrencam de vez a antiga empresa FDL, atual EIG, e seu ex-diretor-geral Merison Amaro, além do ex-diretor do Detran, Carlos Santana, atual sócio da Tecnobank.
Não pode ficar assim
A população potiguar deve exigir das autoridades que sejam responsabilizados cível e criminalmente os policiais amotinados. Motim é crime, e mata: 101 vidas foram ceifadas durante a “greve”.
Anistia, não
A Justiça e os poderes constituídos também devem ficar vigilantes: se os amotinados do Rio Grande do Norte forem punidos, logo surgirão os políticos oportunistas propondo “anistia”, para lhes garantir impunidade.
Agenda folgada
O ritmo no Itamaraty não deve estar assim tão puxado. Meio da semana, plena quarta-feira, o único compromisso do chanceler Aloysio Nunes foi almoçar com o prefeito João Dória, em São Paulo.
Desrespeito seletivo
Leitor da coluna ilustra bem a desorganização na Latam. Viajou de Brasília para Salvador com mala de mão, mas no retorno foi impedido de levar a mesma mala, enquanto outras, maiores, eram ignoradas.
Em família
A indicação de Cristiane Brasil para assumir o Ministério do Trabalho pode provocar insatisfação, mas silenciosa: ninguém é besta de reclamar do fato de Roberto Jefferson haver escolhido a própria filha.
Faltou muito
As receitas do governo federal fecharam o ano de 2017 em R$ 2,536 trilhões. O resultado é quase R$ 1 trilhão a menos que o previsto no início do ano e R$ 300 bilhões a menos que o registrado em 2016.
Pensando bem...
... economistas orientam pagar dívidas com o 13º, mas deviam era contar o que fazer quando o salário acaba e as dívidas não.

NO DIÁRIO DO PODER
Suplente de Cristiane Brasil já foi preso por exploração sexual
Nelson Nahim foi condenado a 12 anos no caso 'Meninas de Guarus'

Publicado quarta-feira,  03 de janeiro de 2018 às 20:45
Da Redação
Nelson Nahim Oliveira, o suplente da deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), futura ministra do Trabalho, já foi preso em 2016 sob a acusação de participar de uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes, em Campos de Goytacazes (RJ), no caso que ficou conhecido como "Meninas de Guarus".
Oliveira é irmão do ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho. Ele foi preso com outras 12 pessoas, em junho de 2016, numa ação conjunta da Polícia Civil com o Ministério Público do Rio de Janeiro.
De acordo com a denúncia, os réus mantinham e exploravam crianças e adolescentes, entre 8 e 17 anos de idade, em uma casa situada em Guarus, distrito de Campos, para fins de prostituição e exploração sexual. A casa fica sempre com as portas e janelas trancadas, com correntes e cadeados, sempre sob vigília armada. E as crianças e adolescentes eram obrigadas a consumir drogas, como cocaína, haxixe, crack, ecstasy e maconha, sem que pudessem oferecer resistência.
Os acusados foram condenados pelos crimes de quadrilha armada, estupro de vulnerável, exploração sexual de crianças e adolescentes. A maior pena aplicada foi de 31 anos para os condenados Leilson Rocha e Ronaldo Santos, sendo aplicada pena de 12 anos para Nelson Nahim.
Na época da prisão, ele negou ter envolvimento com crime. Ficou preso por quatro meses, e depois conseguiu a liberdade com habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Na mesma coligação, Oliveira também seria o eventual suplente do deputado Celso Jacob (PMDB-RJ), que cumpre pena em regime semiaberto por falsificação de documento público e dispensa indevida de licitação para construção de creche na época em que comandou a prefeitura de Três Rios (RJ), em 2002.

Nova ministra do Trabalho foi citada em delação da Odebrecht
Deputada Cristiane Brasil é filha do mensaleiro Roberto Jefferson

Publicado quarta-feira,  03 de janeiro de 2018 às 17:36
Da Redação
Escolhida pelo presidente Michel Temer (PMDB) para assumir o Ministério do Trabalho, a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) foi citada na delação da Odebrecht. A parlamentar é filha do ex-deputado Roberto Jefferson, condenado a 07 anos e 14 dias de prisão no processo do Mensalão, do qual foi o pivô.
As declarações que atingiram Cristiane Brasil foram tornadas públicas em abril do ano passado. Na ocasião, a deputada registrou que o Supremo Tribunal Federal não havia solicitado investigação contra ela. “Não há nada a meu respeito senão um comentário sem qualquer prova feito por um dos delatores da operação”, afirmou.
Cristiane Brasil foi delatada pelo executivo Leandro Andrade, um dos delatores da Odebrecht na Operação Lava Jato. O empreiteiro relatou ao Ministério Público Federal um episódio que classificou como ‘pitoresco’, supostamente ligado à deputada.
Segundo o delator, a pedido do deputado Pedro Paulo (PMDB-RJ) foram entregues R$ 200 mil à Cristiane Brasil em 2012. O dinheiro foi repassado pelo próprio executivo, afirmou à Lava Jato. A parlamentar nega enfaticamente ter recebido valores ilícitos.
Andrade narrou que os R$ 200 mil foram retirados de um saldo supostamente acertado por outro executivo-delator da Odebrecht, Benedicto Junior, o ‘BJ’, no primeiro semestre de 2012, com Eduardo Paes (PMDB), como contribuição eleitoral para a campanha do peemedebista à reeleição para a Prefeitura do Rio.
Segundo Leandro Andrade, do montante total, Pedro Paulo ‘mandou’ pagar ‘dois candidatos que faziam parte da base de apoio dele’, Brizola Neto e Cristiane.
“O da Cristiane Brasil, o que aconteceu foi que eu estava no dia da programação de ela ir retirar esse dinheiro nesse escritório. Eu não ficava direto lá, mas ia de vez em quando para reuniões. Ela mesma foi retirar esse dinheiro. O que aconteceu foi que o portador nosso, o doleiro, não sei exatamente como é que chama, demorou a chegar. Ela ficou na antessala do escritório. Minha secretária que atendia lá veio dizer: ‘Tem uma deputada aí, que está esperando há um tempão, já está ficando nervosa’. Fui e a chamei para tentar fazer uma sala. Realmente nós conversamos, me apresentei, não conhecia. Ela estava lá para pegar o dinheiro”, relatou.
O executivo afirmou que Cristiane ‘estava sozinha’. “Teve um fato também pitoresco. Nessa sala que eu tinha, existia uma câmera para fazer conference call e Skype com minhas obras no interior. Ela ficou super incomodada com aquilo, achando que eu estava gravando aquele momento. Ela perguntou: ‘mas aquilo ali funciona?’. Eu percebi o constrangimento e falei: ‘não se preocupe que aquilo não é…’. Eu mesmo fui lá, tirei a câmera e botei no chão.”
De acordo com o delator, cerca de 20 minutos depois, ‘o portador chegou’. Andrade declarou que ‘alguém’ entrou na sala com uma mochila. O executivo afirmou não lembrar se foi o próprio portador.
“De dentro da mochila, ele tirou o pacote de plástico onde tinha um valor de R$ 250 mil anotado em cima, R$ 200 mil, desculpa, anotado em cima. Ela pegou esse valor, ela estava com uma mochila. Pegou esse valor, botou dentro da mochila, agradeceu e saiu. Esse fato foi exatamente eu entregando para ela”, relatou.
O Ministério Público Federal quis saber se Leandro Andrade tinha registro da entrada de Cristiane Brasil no escritório.
“Não tenho registro. No (escritório do) Le Monde não tem, porque nós tentamos pegar e não existe”, afirmou. “O pedido desse dinheiro foi feito pela área de Operações Estruturadas através da Lucia Tavares.”
Quando a delação da Odebrecht foi tornada pública, em abril de 2017, os citados se manifestaram desta forma:
“O STF não solicitou investigação contra mim e não há nada a meu respeito senão um comentário sem qualquer prova feito por um dos delatores da operação”, declarou, na ocasião, Cristiane Brasil.
“Esclareço que os poucos contatos que já tive com profissionais da companhia se limitaram a raros eventos institucionais. Estou, como sempre estive, à disposição da Justiça e da sociedade para esclarecer o que for necessário.”
Também nessa mesma época, as assessorias do deputado Pedro Paulo e do ex-prefeito Eduardo Paes declararam. “Conforme foi afirmado pelos próprios delatores em nenhum momento a empresa recebeu qualquer tipo de vantagem ou benefício em obras da Prefeitura do Rio. Além disso, Benedicto Junior foi enfático ao afirmar em seu depoimento que nunca pagou propina a Eduardo Paes.”
O vereador Brizola Neto disse, na ocasião. “Me causou perplexidade e revolta a matéria veiculada na imprensa citando meu nome como ‘possível destinatário’ em esquema de corrupção. Baseada em uma simples suposição, a matéria dá a entender que eu teria recebido dinheiro do ex-prefeito Eduardo Paes para a minha campanha. Na ocasião estava no PDT e rompi com o partido fundado por meu avô justamente por não concordar com a aliança com Eduardo Paes. Inclusive fui processado por Paes e pelo então secretário Pedro Paulo pelas inúmeras denúncias que fiz sobre seus desmandos durante meu segundo mandato como vereador da cidade do Rio de Janeiro. Sempre pautei minha atuação pelo exemplo de ética, honestidade e respeito ao povo aprendido com meu avô Leonel Brizola. É lamentável que estejamos vivendo tempos no Brasil em que reputações são enxovalhadas pela prática que se tornou comum de denuncismos sem provas. Reitero que nunca me envolvi em nenhum tipo de negociata e estou à disposição para prestar qualquer esclarecimento.” (AE)

NO BLOG DO JOSIAS
Reforma da Esplanada é uma troca de cúmplices

Por Josias de Souza
Quinta-feira, 04/01/2018 03:57
Se 2017 foi o ano da tempestade, 2018 será o ano da cobrança. Depois de vender a alma para enterrar duas denúncias criminais na Câmara, um exame de consciência levaria Michel Temer a pensar numa boa faxina. Mas este é um governo guiado pela inconsciência moral. E o presidente, sem demora, já nas primeiras horas do ano, deflagrou uma nova orgia em cima dos detritos da farra anterior. Não teve tempo nem de limpar a mancha na almofada, colocar o abajur em pé e verificar se alguém ficou escondido atrás do sofá. Reabriu o balcão das barganhas à luz do dia, na frente das crianças.
Se a Lava Jato serviu para alguma coisa foi para elevar à última potência a sensação de que o caruncho do clientelismo e do fisiologismo resulta em corrupção. Mas Temer decidiu que todas as zonas da administração pública entregues a partidos com vocação para tirar lasca$ do Estado serão mantidas sob os cuidados das mesmas legendas. Os suspeitos que deixarem a Esplanada para ir às urnas darão lugar a outros suspeitos indicados pelos mesmos PTBs e PRBs. É como se o governo admitisse tacitamente que considera uma dose de perversão inevitável.
Em qualquer país do mundo, um volume de 12,5 milhões de desempregados levaria o governo a tratar com reverência uma pasta batizada de Ministério do Trabalho. No Brasil de Temer, esse pedaço vital da máquina pública pertence ao PTB. E passará a ser gerenciado pela deputada Cristiane Brasil, filha do ex-deputado Roberto Jefferson. Na saída de um encontro com o presidente, Jefferson contou como tudo se deu:
“O nome dela surgiu, não foi uma indicação. Nós estávamos conversando, aí, falou, ‘Roberto, e a Cristiane, por que não a Cristiane?’. Foi da cabeça do presidente. Ela é uma menina experimentada, foi secretária municipal em vários governos na cidade do Rio de Janeiro, por que não? Falei, ‘presidente, aí o senhor me surpreende, eu vou ter que consultar’. Aí liguei para ela. Ela disse: ‘pai, eu aceito’.”
Súbito, as lágrimas inundaram os olhos de Jefferson diante das câmeras. Está emocionado?, indagou uma repórter. O entrevistado confirmou. Delator do Mensalão, Jefferson teve o mandato de deputado passado na lâmina. Condenado pelo Supremo Tribunal Federal a 7 anos e 14 meses de cadeia, puxou 1 ano e 2 meses de cana. Contra esse pano de fundo tóxico, disse ter enxergado na conversão da filha em ministra um resgate da imagem da família.
Que beleza! Os empregos continuam sumidos. Mas o governo sujo de Temer resgatou a imagem mal lavada do clã de Jefferson. “Alvíssaras!”, gritarão os desempregados nas filas, brandindo seus currículos inúteis. O nome de Cristiane soou na delação da JBS como participante de negociação que rendeu R$ 20 milhões ao PTB. O dinheiro comprou o apoio da legenda à candidatura presidencial de Aécio Neves em 2014. Cristiane foi mencionada também na delação da Odebrecht como beneficiária de mochila com R$ 200 mil.

Nada disso resultou, por ora, em investigação, apressa-se em dizer a filha de Jefferson. Preocupação tola. Num governo presidido pelo primeiro presidente da História a ser denunciado criminalmente no exercício do mandato, um par de menções em inquéritos vale como medalhas de honra ao mérito. Não bastasse tais credenciais, ao pronunciar a frase fatídica —“Pai, eu aceito!”— a filha de Jefferson deixou aliviado o oligarca José Sarney, que vetara o deputado maranhense Pedro Fernandes, primeira sugestão do PTB para a pasta do Trabalho.
Assumirá a vaga de Cristiane na Câmara dos Deputados um suplente do também governista PSD, partido controlado pelo ministro Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia). Chama-se Nelson Nahin. É irmão de um político manjado: Anthony Garotinho. Arrasta a bola de ferro de uma condenação a 12 anos de cadeia por exploração sexual de menores e adolescentes no Rio de Janeiro. Passou uma temporada de quatro meses atrás das grades. Foi libertado em outubro passado, graças a um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal..
O condenado Nahin será recepcionado na base congressual de Temer com fogos de artifício. Se der uma declaração a favor da reforma da Previdência, verá um tapete vermelho estender-se sob seus pés na entrada do Palácio do Planalto. Não demora e estará na fila das emendas e dos cargos, pois em Brasília nada se cria, nada se transforma, tudo se corrompe.
Mal foi resolvido o impasse da pasta do Trabalho, já aportou na mesa de Temer a carta de demissão do ministro da Indústria e Comércio. Você talvez não se lembre, mas esse outro cargo estratégico era ocupado por um personagem opaco: Marcos Pereira. Trata-se de um pastor da igreja Universal, que dá as cartas no PRB. Ele responde a inquérito no Supremo. Seu nome também soou na delação da JBS. Mas Temer já bateu o martelo: a vaga permanecerá com o PRB. Amém!
Estima-se que até o início de abril, prazo limite para que os candidatos deixem seus cargos no Poder Executivo, pelo menos 17 ministros pedirão para sair. Mantido o padrão das primeiras substituições, os partidos que enxergam na Esplanada oportunidades de negócios não perdem por esperar. Ganham!
O problema não começa nas legendas. Começa no presidente, que oferece graciosamente os ministérios. Temer não é o primeiro a fazer isso. É apenas um dos mais despudorados. Se existem áreas abertas à barganha mesmo com a Lava Jato a pino é porque o cinismo tornou-se uma marca indissociável do atual governo. PTBs e PRBs apenas jogam o jogo que lhes é proposto. E Temer decidiu tratar a reforma de sua equipe de governo não como uma substituição de ministros, mas como uma troca de cúmplices. 

PT cospe num prato em que já não pode comer

Por Josias de Souza
Quinta-feira, 04/01/2018 03:42
O PT espalha pela internet um bordão: “Eleição sem Lula é uma fraude.” Esse slogan embala um movimento que se autoproclama defensor “da Justiça, da democracia e da candidatura de Lula.” Na Justiça do PT, o único veredicto válido é a absolvição de Lula. Na democracia do PT, o único aceitável é a re-re-reeleição de Lula. No Brasil paralelo que o PT construiu para si mesmo, o único caminho para a felicidade é a candidatura de Lula.
No Brasil real, que o PT finge não existir, Lula é um presidenciável precário, que imprime no processo eleitoral um rastro pegajoso. Suas pegadas são feitas de mensalão, petrolão, apartamento de praia, sítio de veraneio, tráfico de influência, contas milionárias e palestras de fancaria.
Em 24 de janeiro, a segunda instância do Judiciário pode grudar em Lula um veredicto que fará dele candidato favorito à cadeia, não ao Planalto. O companheiro José Dirceu, multicondenado no Mensalão e no Petrolão, antecipa a reação do PT. Chama a provável condenação de Lula de golpe do Judiciário. Se golpe houver, será contra a impunidade. Noutros tempos, o PT exigia pratos limpos. Hoje, suprema ironia, o partido cospe num prato em que já não pode comer.

Réu cenográfico, Lula quer usar TRF como palco

Por Josias de Souza
Quarta-feira, 03/01/2018 19:43
Lula carrega sobre os ombros nove denúncias criminais. Seis já viraram ações penais. Uma deu origem à sentença em que Sérgio Moro o condenou a uma cana de nove anos e meio. O grande volume de encrencas judiciais fez de Lula um réu cenográfico. Ele não presta depoimentos, dá espetáculos. Não se explica, desconversa. Não se defende, ataca. Em 24 de Janeiro, o TRF-4 pode tocar fogo no teatro de Lula. Ao farejar o cheiro de queimado, o réu tenta uma derradeira encenação. Pede para ser ouvido pelos desembargadores que o julgarão.
A encrenca será destrinchada na 8ª Turma do TRF-4. Integram-na três desembargadores: João Pedro Gebran Neto (relator), Leandro Paulsen (revisor) e Victor Laus. Não há no script espaço para manifestação de Lula. Vão ao microfone seus advogados. Entretanto, a julgar pela petição dos seus defensores, o pajé do PT não tem muito a dizer. Sua coreografia, por repetitiva, tornou-se manjada.
Os advogados alegam que Sérgio Moro violou “as garantias fundamentais” de Lula ao transformar seu interrogatório numa “verdadeira inquisição”. Nessa versão, o juiz da Lava Jato impediu a “livre manifestação” de Lula, cerceando “o exercício de sua autodefesa”. Ignorando o fato de que a coisa toda foi filmada, os doutores sustentam que as perguntas de Moro tiveram “o nítido intento de constranger e intimidar” o réu.
Ou seja: Lula pede para falar porque deseja encenar no TRF um ato que poderia ser chamado de “mais do mesmo.” Considerando que o petismo já alardeia que os juízes são “golpistas” e que “eleição sem Lula é fraude”, o grande líder do PT vai a Porto Alegre para jogar um jogo que considera jogado. A encenação do lado de dentro do Tribunal seria apenas parte de um espetáculo maior.
Terminado o julgamento, o eventual condenado desfilaria seu figurino de mártir defronte da plateia de devotos que o aguardará do lado de fora. Já se pode ouvir o discurso da vítima ao fundo: “Se tem uma coisa de que me orgulho é que não tem, nesse País, uma viva alma mais honesta do que eu'', dirá Lula, para delírio dos seus fieis. ''Fui condenado sem provas. Desafio os delegados, o Moro, o Dallagnol e os desembargadores a apresentarem uma prova de que recebi um centavo!”
Lula vive uma experiência paradoxal: com os pés no palanque, sua voz rouca estala de autoridade moral. Nas Varas Federais e nos Tribunais, o que Lula chama de reputação é a soma de incontáveis ilegalidades desacompanhadas de argumentos capazes de rebatê-las. Ocorre uma incongruência. Lula acha que é uma coisa. Sua reputação, entretanto, já virou outra coisa.
Em respeito ao passado remoto de Lula, muita gente observa o personagem em chamas, mas evita gritar incêndio dentro do teatro. O problema é que encenações como a que Lula, seus advogados e o petismo desejam protagonizar no TRF-4 mostram que, às vezes, torna-se inevitável gritar teatro dentro do incêndio.

NO O ANTAGONISTA
O acordo da Petrobras nos EUA mostra que só há um final admissível para o Petrolão: Lula condenado
Brasil Quinta-feira, 04.01.18 04:07
Como noticiado, a Petrobras deve pagar 3 bilhōes de dólares para colocar um ponto final no processo coletivo que acionistas americanos moveram contra a empresa brasileira, por causa das perdas decorrentes com o Petrolão.
Se o acordo for aprovado pela Justiça americana, será o quarto maior desse tipo já fechado na História dos Estados Unidos.
Os 3 bilhões de dólares representam outra paulada no caixa da empresa, mas darão fim à possibilidade de um júri popular arbitrar por soma ainda maior. Quem pagará o custo, ao final, serão os brasileiros que não roubaram um centavo da Petrobras e desde sempre arcam com a sua existência, fruto do delírio nacionalista.
A Petrobras se livrará de um risco e, formalmente, da responsabilidade pela roubança do Petrolão. Segundo o acordo, a companhia será considerada “vítima dos atos revelados pela Operação Lava-Jato, conforme reconhecido por autoridades brasileiras, inclusive o Supremo Tribunal Federal”.
Se há vítima de corrupção, há culpado ou culpados. E, no caso da Petrobras, diante do tamanho do esquema, os culpados só poderiam ter chefes. E, no caso da Petrobras, gigante estatal com uma direção indicada por políticos, esses chefes só poderiam ser políticos. E, no caso da gigantesca e estratégica Petrobras, esses políticos não poderiam agir sem o consentimento do maior dos políticos.
A empresa, no seu acordo, invoca a Lava Jato. Os procuradores da Lava Jato já apontaram, com abundância de provas, quem era o chefe, o Comandante Máximo, aquele que tinha total domínio dos fatos (fatos que precisavam da sua aprovação direta ou indireta para se realizarem como tais) e deles usufruiu política e materialmente.
O nome do Comandante Máximo é Luiz Inácio Lula da Silva.
A narrativa da Petrobras nos Estados Unidos e no Brasil só fará totalmente sentido quando o chefe do esquema de corrupção que quase nocauteou a maior empresa nacional — e jogou o País numa crise econômica sem precedentes — for condenado em definitivo. A condenação em definitivo dará sentido e final feliz, pois exemplar, a um crime do qual não se admite repetição.
Os processos contra Lula são muito mais coletivos do que a “class action” americana contra a Petrobras. É uma nação inteira que precisa de reparação e, repetindo, exemplo.
Que os desembargadores do TRF-4 tenham essa dimensão. Não, senhores, não se trata apenas de um triplex.
O general no Planalto
Brasil 04.01.18 07:51
Em meados de 2017, Carlos Marun convidou o general Sérgio Etchegoyen para se filiar ao PMDB.
Segundo Gerson Camarotti, “o objetivo era transformá-lo em candidato na disputa pelo Palácio do Planalto”.
Na verdade, o general Sérgio Etchegoyen já comanda o Palácio do Planalto. E nem precisou se eleger.
A ética é elástica
Brasil 04.01.18 07:39
Em 2012, eu Diogo, publiquei uma coluna sobre “Lula, o Filho do Brasil”.
O último parágrafo era dedicado ao produtor do filme, Luiz Carlos Barreto.
Leia aqui:
“Luiz Carlos Barreto, em 1966, produziu um curta-metragem de propaganda para José Sarney. O curta-metragem foi dirigido por um conhecido marqueteiro: Glauber Rocha. Desde aquele tempo, Luiz Carlos Barreto, “o Filho do Brasil”, é quem melhor sintetiza o caráter nacional. Durante a ditadura militar, ele tomou conta da Embrafilme. No período de Fernando Henrique Cardoso, fez propaganda para a Embratur e para o BNDES. Quando o lulismo foi desmascarado, em 2006, ele disse: ‘O Mensalão não era mensalão. Era uma anuidade. Faz parte da ética política. E a ética política é elástica’. A ética cinematográfica é igualmente elástica. E, no caso de Luiz Carlos Barreto, é uma anuidade.”
“O italiano me perguntou como anda nosso apoio ao filme de Lula”
Brasil 04.01.18 07:26
Marcelo Odebrecht entregou à PF um e-mail relacionado ao financiamento do filme “Lula, o filho do Brasil”.
O e-mail, reproduzido pelo Estadão, diz:
“O Italiano me perguntou sobre como anda nosso apoio ao filme de Lula, comentei nossa opinião (com a qual concorda) e disse que AA tinha acertado a mesma com o Seminarista, mas adiantei que se tivermos nos comprometido com algo, seria sem aparecer o nosso nome. Parece que ele vai coordenar/apoiar a captação de recursos”.
Italiano é Antonio Palocci, Seminarista é Gilberto Carvalho e AA é Alexandrino Alencar.
Em seu depoimento, Marcelo Odebrecht explicou:
“Pode concluir pelos e-mails que, aparentemente, Gilberto Carvalho tratou do assunto junto a Odebrecht, mas que Palocci coordenaria o assunto junto às demais empresas (…). Concluiu pelas mensagens que foram feitos pagamentos para produtora ligada ao filme sem que se fizesse necessária a operacionalização mediante a Equipe de Operações Estruturadas”.
Lula, o filho da Odebrecht
Brasil 04.01.18 07:08
A PF está investigando o financiamento do filme “Lula, o filho do Brasil”.
Em 11 de dezembro, o delegado Felipe Hille Pace interrogou Antonio Palocci e Marcelo Odebrecht sobre o assunto.
Antonio Palocci, segundo o Estadão, disse que “deseja colaborar na elucidação de tais fatos, mas que, neste ato, se reserva ao silêncio”.
Marcelo Odebrecht, por sua vez, forneceu documentos à PF e esclareceu que os acertos da empreiteira com os produtores do filme foram feitos por seu pai.
Os três apostadores de Parelheiros são um só
Sociedade Quarta-feira, 03.01.18 21:26
A Veja informa que os supostos três apostadores que ganharam a Mega da Virada em Parelheiros, zona sul de São Paulo, são na verdade uma pessoa só.
O apostador, por engano, jogou os mesmos números três vezes.
A ministra contra os decotes
Brasil 03.01.18 17:29
O Valor fez um histórico dos principais projetos relatados na Câmara por Cristiane Brasil, a filha de Roberto Jefferson que assumirá a pasta do Trabalho, de Michel Temer.
O principal deles, diz o jornal, foi a proposta de regulamentação do lobby, que teve requerimento de urgência aprovado na CCJ na última sessão do ano.
“A pauta mais polêmica, contudo, foi a tentativa de evitar que mulheres que frequentam a Câmara utilizassem decotes exagerados e saias curtas (…). O projeto gerou críticas dos demais deputados e não avançou”, escreve o Valor.
Cristiane também foi acusada pelo delator Leandro Andrade de ter recebido R$ 200 mil da Odebrecht. Ela chamou a acusação de “comentário sem qualquer prova”.


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