SEGUNDA EDIÇÃO DE 27-10-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NO DIÁRIO DO NORDESTE
Decisão do STF confirma a extinção do TCM do CE
Oito ministros disseram que é constitucional a decisão da Assembleia que acabou com a Corte de Contas municipais


Sexta-feira, 01:00 · 27.10.2017
O Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou, no fim da tarde de ontem, por oito votos a dois, a extinção do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) do Ceará, ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) proposta pela ATRICON, a Associação que reúne os Tribunais de Contas do País, contra a emenda constitucional aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado, em agosto passado.
O relator da ADI foi o ministro Marco Aurélio Mello, o mesmo que relatou, no passado, uma ação contra a extinção do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Maranhão. A sessão de ontem dos ministros do Supremo deu continuidade a que foi iniciada no dia 5 deste mês, interrompida logo após a apresentação do relatório e as sustentações orais dos representantes das partes envolvidas na ADI, além da ATRICON.
Eram partes, também, outras associações ligadas a servidores de Tribunais de Contas e os partidos políticos ligados ao Governo do Estado e os da oposição, no caso o PDT, o PSD e o PSDB. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Ceará também era parte e foi representado pelo seu presidente, Edilberto Pontes.
No julgamento de ontem estava ausente o ministro Dias Toffoli. Votaram pela improcedência da ADI os ministros Marco Aurélio Mello, relator, Edson Fachin, Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello e Cármen Lúcia. Foram contra os ministros Alexandre Moraes e Gilmar Mendes. Com a decisão do STF, não há mais o que ser questionado quanto à extinção do TCM.
A sessão transcorreu normalmente até antes do intervalo feito para um lanche dos ministros. Faltavam votar Gilmar Mendes, Celso de Mello e Cármen Lúcia. Quando foi votar, o ministro Gilmar, questionando a motivação da emenda que extinguiu o TCM, passou a tecer comentários sobre outras decisões daquele Tribunal, em casos diferentes do discutido.
Políticos
Em dado momento, o ministro Roberto Barroso, insatisfeito com os comentários, disse para o ministro Gilmar Mendes: "V.Exa. Não trabalha com a verdade". A ministra Cármen Lúcia advertiu-os de que estavam no plenário da Suprema Corte e pediu que se limitassem ao julgamento da ADI. Gilmar respondeu citando decisão de Barroso beneficiando José Dirceu.
Antes de chegar à conclusão de ontem, políticos cearenses, nos últimos dias, fizeram inúmeras incursões no sentido de convencerem os ministros de suas teses de competência ou não da Assembleia de emendar a Constituição do Estado para extinguir o TCM. O governador Camilo Santana, o presidente da Assembleia, Zezinho Albuquerque, e o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, compuseram o grupo de defesa da extinção.
Por seu turno, o conselheiro Domingos Filho liderou o outro grupo de políticos e representantes de associações, questionando a competência do Legislativo estadual. O próprio ministro Marco Aurélio, na semana passada, chegou a pedir, em meio à sessão da Corte, que a ministra Cármen Lúcia pautasse a continuidade do julgamento, pois ele estava sendo provocado a conceder a liminar que, no seu entendimento, deveria ser do pleno daquela Corte. A ministra atendeu ao seu apelo e colocou a matéria na pauta iniciada na sessão da última quarta-feira.
MemorialO ministro Lewandowski, ontem, em meio ao julgamento, disse ter recebido informações do governador Camilo Santana sobre a fusão dos Tribunais de Contas e que, inclusive, teria sido construído um prédio novo para abrigar os funcionários.
O nome do deputado Heitor Férrer também foi citado no momento do julgamento da ADI. O parlamentar entregou aos ministros do STF um Memorial em que ele relata o comportamento de conselheiros do extinto TCM, citando, nominalmente, alguns casos em que teria prevalecido, nas decisões daquela Corte de Contas, o interesse político.
À exceção do ministro Alexandre Moraes, todos os demais entenderam que a Assembleia é competente para extinguir o Tribunal de Contas dos Municípios. Moraes, além de entender que o TCM havia sido recepcionado pela Constituição Federal, alegou que a motivação dos deputados cearenses feria os princípios constitucionais federais.
Liminar
Por seu turno, o ministro Gilmar Mendes não fez qualquer questionamento quanto à competência do Legislativo estadual, mas defendeu a necessidade de o julgamento ser suspenso para que uma audiência pública esclarecesse os reais motivos da extinção do TCM. Para ele, pelo menos deveria haver um período de transição para as transferências das atribuições do TCM para o TCE, de modo que não houvesse solução de continuidade no controle externo da administrações públicas municipais.
Essa foi a segunda ADI chegada ao Supremo Tribunal Federal contra a extinção do TCM. A primeira foi em dezembro do ano passado, quando foi aprovada a primeira emenda constitucional com essa finalidade. Naquela oportunidade, a ministra Cármen Lúcia, presidente da Corte, concedeu uma liminar suspendendo os efeitos da emenda constitucional, até ulterior manifestação do relator da ação, o ministro Celso de Mello.
Este, por sua vez, durante todo o primeiro semestre deste ano, não proferiu nenhuma decisão, dando oportunidade a que os deputados estaduais cearenses votassem uma nova emenda constitucional, com alguns reparos em relação à primeira. A votação foi concluída em agosto passado, dando motivo para uma nova ADI, ontem julgada. No curso do processo legislativo, considerado normal pelos ministros do Supremo, aconteceram embates entre os deputados governistas e oposicionistas, chegando a questões serem levadas ao Judiciário local.
Em meio a tudo isso, ocorreram, também, várias e calorosas discussões e troca de insultos, culminando com uma declaração da procuradora de Contas do extinto TCM, Leylianne Feitosa, chamando os deputados estaduais de moleques, assunto hoje esquecido na Assembleia.
No momento, todas as atribuições do extinto Tribunal de Contas dos Municípios estão sendo desempenhadas pelo Tribunal de Contas do Estado. Todos os servidores do extinto órgão já estão lotados no TCE. Os sete conselheiros, porém, estão em disponibilidade com todos os seus direitos e garantias preservados, podendo, ainda, serem convocados para o TCE, quando surgirem vagas.

NO BLOG DO MERVAL PEREIRA
Os dois têm razão

Por Merval Pereira
Sexta-feira, 27/10/2017 06:30
Nada mais definidora da homogeneidade moral (lembrando Marcito Moreira Alves) dos antigos companheiros do governo PT/PMDB do que a dança desavergonhada no plenário da Câmara do deputado peemedebista Carlos Marun, festejando a superação da segunda denúncia contra seu correligionário Michel Temer.
Equiparou-se o deputado à desfaçatez de uma ex-colega sua, a então deputada petista Ângela Guadagnin que, em 2006 fez uns passos de samba no mesmo plenário, para comemorar despudoradamente a absolvição do seu colega de partido, João Magno, que escapou de um processo de cassação por ter recebido dinheiro de Marcos Valério no Mensalão.
O nome das duas dancinhas é o mesmo, “a dança da pizza”, como foi batizada a exibição vergonhosa de Guadagnin que, em raro caso de punição popular pelo voto, não foi reeleita. Espera-se que o seu companheiro de hipocrisia tenha o mesmo destino em 2018.
Não foi apenas na dança no plenário, porém, que os dois partidos se equipararam. A votação de quarta-feira foi pródiga em revelar as contradições tanto de petistas e aliados quanto dos peemedebistas e seus aliados. É fácil para os militantes petistas agora atribuir ao PMDB os males de todos os pecados, como se antes o partido de Temer tivesse tido outro comportamento político.
Fingem esquecer os que hoje estão na oposição que Michel Temer só está na presidência da República pela escolha formal do PT, que queria o apoio do PMDB para garantir a governabilidade no Congresso. Na política brasileira havia (ainda será assim depois de tanta lambança?) uma máxima que dizia que o PMDB não tinha condições de chegar ao governo pelo voto, mas nenhum governo poderia abrir mão de seu apoio no Congresso.
Até o governo Dilma, o PMDB era um partido que compunha a maioria legislativa de todos os governos, mas não tinha poder real, apenas poder regional limitado. Tanto Fernando Henrique quanto Lula tiveram o bom senso de acomodar as principais lideranças peemedebistas em seus governos sem lhes dar poder real.
O PSDB escolheu o PFL, hoje DEM, para dar o vice, o grande político pernambucano Marco Maciel. Lula escolheu o mineiro José de Alencar, ambos leais aos presidentes e afinados com seus programas de governo. Só com a escolha de Dilma Rousseff para sucedê-lo Lula decidiu ampliar o poder do PMDB, com receio de que a fraqueza política de seu poste impedisse o PT de governar.
Montou uma coalizão parlamentar tão ampla quanto possível para tentar garantir a governabilidade, e assim ampliou também o esquema de corrupção que mantinha unida sua base parlamentar. Assim como os petistas se arrependeram de terem escolhido Temer como vice de Dilma apenas depois que o PMDB deixou de se contentar com o mero fisiologismo e passou a querer o poder real, também os que apoiaram Temer na substituição de Dilma o fizeram não por considerar que o PMDB fosse o partido ideal para governar o País, mas simplesmente por ser isso o que a Constituição brasileira determinava.
Não desse Dilma as razões concretas para sofrer o impeachment, ele não aconteceria, já que a impopularidade não derruba nenhum presidente. O então presidente Sarney é exemplo disso. Mesmo impopular, conseguiu negociar seu mandato para cinco anos, abrindo mão de um, e não foi ameaçado pelo impeachment, embora propostas nesse sentido sempre surgissem, mas sem nenhuma possibilidade de efetivação.
A partir daquela fatídica conversa entre o presidente e Joesley Batista, porém, tudo mudou de figura. Os que ficaram ao lado do governo o fizeram por conta de seus interesses pessoais, políticos ou fisiológicos, pois já não tinham mais razão para manter o apoio a um governo legítimo, mas claramente comprometido em sua integridade moral.
Na votação de quarta-feira, petistas e aliados de esquerda acusavam o governo Temer de corrupção baseados na denúncia do ex-Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, além de atribuir a seu governo as mazelas que recaem sobre a Petrobras e outras estatais, como se nada tivessem a ver com elas. Já os governistas de hoje acusavam o PT de ser o responsável pela maior crise econômica que já se abateu sobre o País, com uma recessão que já dura três anos, causando desemprego recorde.
Este é o caso clássico de os dois lados terem razão na maior parte das acusações.
 


NO JORNAL DA CIDADE ONLINE
Exclusivo: Lula tem forte entrevero com Carolina Pimentel

Por Amanda Acosta - Articulista e repórter
amanda@jornaldacidadeonline.com.br
Quarta-feira, 25/10/2017 às 22:32
O ex-presidente Lula começa a enfrentar problemas que talvez não imaginasse que fossem acontecer.
As esposas dos comparsas estão se rebelando.
A experiência mais traumática nesse sentido foi com dona Margareth Palocci, que foi peça decisiva para a opção por delação do marido, o ex-ministro Antonio Palocci.
Desta feita, na tal caravana petista em Minas Gerais, Lula enfrentou a fúria de Carolina Pimentel, esposa do governador Fernando Pimentel.
A fonte do Jornal da Cidade Online não presenciou a discussão, mas soube que Lula e a primeira dama mineira discutiram, sem que o governador se intrometesse.
Fernando Pimentel acompanhou o embate calado, sem esboçar qualquer reação.
Carolina Pimentel vive um momento de extrema dificuldade jurídica. Tem um enorme receio de ser presa e teria cobrado isso de Lula.
O ex-presidente, como sempre, tirou o corpo fora, tentou fazer discurso para Carolina, que teria ficado furiosa com a desfaçatez do petista.
O recado, ao final da briga, foi de que não vai silenciar, caso seja presa.
Pimentel, constrangido teria abraçado a esposa e pedido desculpas a Lula.
Carolina, chorando, xingou o ex-presidente várias vezes.
Os fatos abalaram enormemente a caravana de Lula em Minas Gerais.

Cabral joga todas as suas fichas em Gilmar Mendes
Quinta-feira, 26/10/2017 às 14:13
A estratégia adotada por Sérgio Cabral Filho na recente audiência perante o juiz Marcelo Bretas teve a orientação metódica do advogado Rodrigo Rocca. Isto é inquestionável. Houve até ensaio no presídio.
A intenção é provocar um cenário de suspeição sobre o juiz Marcelo Bretas, exatamente como vem tentando fazer a defesa do ex-presidente Lula com o juiz Sérgio Moro.
No caso de Lula, não obtiveram sucesso. Cristiano Zanin e sua trupe foram derrotados em todos os recursos.
Rocca, o advogado de Cabral, por sua vez, tem esperanças, notadamente em função das desavenças havidas entre o juiz Bretas e o ministro Gilmar Mendes.
Por outro lado, o que se observa é que esta nata da advocacia brasileira, que presta serviços para políticos envolvidos em casos escabrosos de corrupção, não tem qualquer compromisso com a decência.
Poderiam até ser mais eficientes se mantivessem o respeito e a ética em seu modo de agir.
Não. A opção é pela tentativa de macular a reputação de um magistrado.
O que Cabral fez na audiência é inadmissível. Um verdadeiro show de petulância e atrevimento.
O jornalista Augusto Nunes resumiu com propriedade: “O ex-governador gatuno declarou-se ‘injustiçado’, acusou o juiz de querer projetar-se às custas de um benfeitor da população fluminense, redefiniu o conceito de propina, insinuou que sabe o suficiente para roubar também a segurança de Bretas e sua família.”
Diante disso, prossegue o jornalista: “Foi punido com a transferência para um presídio menos exposto à influência da Famiglia Cabral. É pouco. O Flagelo do Rio merece ser transformado numa das evidências ambulantes de que o cumprimento da pena deve começar tão logo a sentença seja confirmada em segunda instância.”
Perfeito. Abaixo Gilmar Mendes e suas sandices!

NO BLOG DO NOBLAT
O Poder e a Vida

Sexta-feira, 27/10/2017 - 01h36
Por Ricardo Noblat
"Por delicadeza, perdi a minha vida", cantou o poeta francês Arthur Rimbaud, em verso famoso.
Pelo poder, muitos políticos perderam a vida. Entre nós, o mais famoso, mas não o único, foi Tancredo Neves.
Mineiro de São João Del Rey, Tancredo esteve no centro dos acontecimentos políticos de maior magnitude da História do Brasil desde a morte de Getúlio Vargas em 1954.
Por mais de um ano, enquanto consolidava sua candidatura à sucessão do último dos generais da ditadura militar de 1964, escondeu a doença que o mataria.
Foi eleito em janeiro de 1985, internado na véspera de tomar posse em março e passou por sete cirurgias. Seu corpo sem vida subiu a rampa do Palácio do Planalto no dia 22 de abril.
O presidente Michel Temer carrega uma sonda amarrada à sua perna direita desde que foi vítima na última quarta-feira de um problema urológico que o fez sangrar.
Não deveria ter saído logo do Hospital do Exército, onde foi internado. Saiu caminhando como se estivesse “inteiro”.
Deveria ter repousado no dia seguinte, mas fez questão de dar expediente normal no Palácio do Planalto como se “inteiro” estivesse.
Para gravar um vídeo, ficou de pé e tentou disfarçar o incômodo de se apoiar na perna direita.
Voará a São Paulo para exames no Hospital Sírio Libanês. Ali é esperado desde ontem, quinta-feira.
Há mais de um mês que os médicos constataram que ele tem uma artéria do coração parcialmente obstruída. É candidato a um exame de cateterismo. Preferiu deixar para mais tarde.
Pelo poder, mas também por vaidade, arrisca a vida.

NO EL PAÍS
Os mistérios escondidos nos relatórios secretos sobre a morte de Kennedy
As obscuras manobras da CIA e a viagem do assassino do presidente norte-americano ao México chamam a atenção no arquivo que Trump mandou liberar

Por Jan Martínez Ahrens
Washington 26 OUT 2017 - 14:36 CEST 
Publicado no Blog do Noblat em 27/10/2017 - 09h04
No dia 1º. de outubro de 1963, uma terça-feira, um homem magro liquidou sua fatura no hotel Comercio. Após quatro dias completos na Cidade do México, não tinha obtido nenhum resultado. Com expressão perdida, dirigiu-se ao terminal da viação Transportes del Norte e lá ocupou o assento número 12 do ônibus a linha 332. Eram 8h30 quando o veículo partiu. O bilhete marcava como parada final Nuevo Laredo, na fronteira com os EUA. Um destino que era insuficiente para esse norte-americano mal encarado, que 53 dias depois mataria com um tiro na cabeça o 35º. presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy.
A estada de Lee Harvey Oswald no México guarda uma das grandes incógnitas do crime que abalou os Estados Unidos no século XX. Inicialmente menosprezada durante a investigação, a estranha viagem se tornou ao longo dos anos um dos capítulos mais intrigantes do caso. Os contatos do magnicida com agentes da KGB (serviço secreto soviético) e com diplomatas cubanos na capital mexicana motivaram teorias conspiratórias de todo tipo, ao mesmo tempo em que mostravam as atitudes ambíguas da inteligência norte-americana.
Os passos de Oswald foram notados e seguidos pela CIA, mas os relatórios que detalham suas aventuras nunca vieram completamente à tona. Pertencem a esse secreto corpus de 3.100 documentos que o presidente Donald Trump ordenou liberar e que, se nada o impedir, vai sacudir os alicerces da memória coletiva norte-americana. “São telegramas, correspondências, memorandos, relatórios, orçamentos, fotografias e gravações. No caso da CIA, seus documentos mais importantes se referem a operações de agentes contrários a Kennedy, imersos em operações anticastristas”, explica o especialista Jefferson Morley, ex-jornalista do The Washington Post e autor de The Ghost: The Secret Life of CIA Spymaster James Jesus Angleton (“O fantasma - A Vida Secreta do Mestre da Espionagem da CIA, James J. Angleton”, inédito no Brasil).
Guardados nos Arquivos Nacionais, os documentos estão blindados por uma lei de 1992 que expira nesta quinta-feira, 26. Nos bastidores, sabe-se que a CIA está pressionando para que não sejam divulgados. “A agência está especialmente preocupada com os documentos dos anos sessenta que se referem a programas que ainda continuavam ativos nos anos noventa e que poderiam expor redes de espionagem”, detalha o especialista Phil Shenon, autor de Anatomia de um Assassinato: A História Secreta da Morte de JFK (Companhia das Letras, 2013). Junto a esse temor se oculta também um mecanismo de autodefesa contra a possibilidade de que a incompetência das agências de inteligência venha à tona.
“A Comissão Warren, encarregada da investigação do magnicídio, concluiu que Oswald só era alvo de revisões rotineiras por parte do FBI e da CIA. Mas se tratava de uma pessoa que o próprio chefe de contrainteligência da CIA, James Angleton, tinha sob atenção constante e próxima. E é muito possível que os documentos lancem uma luz sobre esse interesse nada rotineiro”, indica Morley.
“Os relatórios mostrarão que a CIA e o FBI sabiam muito mais de Oswald do que contaram à Comissão Warren. A História oficial o desenha como um lobo solitário cuja trama para matar Kennedy nunca foi notada. Mas as agências dispunham de mais dados do que disseram. Se tivessem agido conforme a sua informação, talvez Oswald fosse freado antes da chegada de Kennedy a Dallas”, explica Shenon.
As omissões dos serviços inteligência serão a chave desses papéis. A magnitude desse erro será revelada pelas investigações internas feitas nas agências, até agora ocultas. Isso inclui também o monitoramento de Oswald no México. “É o capítulo mais importante e secreto do assassinato de Kennedy. O índice documental mostra que o escritório da CIA no México o manteve sob vigilância. E um relatório não sigiloso de 1966 revela que Oswald chegou a falar abertamente de matar Kennedy no consulado cubano. A CIA soube disso em tempo real? Informou sobre isso?”, pergunta-se Shenon.
As respostas poderão passar mais 25 anos enterradas. Tudo dependerá do alcance final da perda do sigilo sobre os arquivos. Mas os passos de Oswald no México têm, por enquanto, outra fonte: a Direção Federal de Segurança, a polícia secreta mexicana. Sob as ordens de Fernando Gutiérrez Barrios, o mesmo agente que em 1956 deteve Fidel Castro e Che Guevara, os agentes redigiram relatórios detalhados e interrogaram todos os indivíduos que estiveram com o assassino.
A leitura dos documentos sigilosos, depositados no Arquivo Geral da Nação, na Cidade do México, e aos quais o EL PAÍS teve acesso, dão conta da personalidade oscilante e ressentida de Oswald, um desertor do Corpo de Marines, casado com uma russa e que depois de um fracassado exílio na União Soviética pretendia abandonar o Texas e voltar a Moscou.
Para isso, fazendo-se passar por fotógrafo, cruzou o rio Grande em 26 de setembro de 1963 e dirigiu-se à Cidade do México num ônibus da viação Flecha Roja. Ao longo das 20 horas dessa viagem, em nenhum momento ocultou suas simpatias comunistas. A dois turistas australianos falou sobre seus anos na URSS e lhes recomendou que se alojassem no hotel Cuba. Ele ficaria no hotel Comercio, localizado na rua Sahagún, bairro de Guerrero.
Já na capital mexicana, a primeira coisa que fez foi se dirigir à Embaixada cubana. Lá solicitou um visto de trânsito para a URSS. Mostrou seu passaporte, sua antiga carteira de trabalho soviética e sua certidão de casamento, e declarou ser membro do Partido Comunista dos EUA. A funcionária que o atendeu, Silvia Tirado de Durán, iniciou a tramitação e lhe solicitou fotos novas. Oswald saiu para fazê-las e, sempre segundo os documentos confidenciais mexicanos, aproveitou para ir à representação soviética, onde conversou com dois agentes da KGB que atuavam como funcionários consulares. Depois de lhes assegurar que o FBI não o queria vivo, manifestou seu desejo de obter um visto o mais rapidamente possível. Quando lhe explicaram a lentidão do processo, Oswald estourou e, com o rosto avermelhado, provocou um dos russos: “Isto vai terminar em tragédia para mim!”.
Depois, voltou à Embaixada de Cuba para entregar as fotos. Então voltou a se enfurecer ao saber que sem a autorização soviética não poderia conseguir a permissão cubana de trânsito. Seus gritos levaram a secretária Tirado a chamar o cônsul para que tentasse acalmá-lo. Foi em vão. Diante da atitude violenta do norte-americano, o diplomata se irritou e anunciou que não lhe concederia o visto.
Oswald, com 23 anos, estava em queda livre. Os que o viram o descrevem como um homem mal vestido, colérico e teimoso. Tanto que, no dia seguinte, voltou à embaixada russa. Era sábado, e os funcionários se preparavam para um jogo de vôlei. Em tom dramático, insistiu em que necessitava do visto. Chorou, avisou que estava com medo do FBI e sacou um revólver como prova de que estava ameaçado. Deixou-o sobre uma mesa. Um funcionário, com cuidado, o descarregou. Oswald, diante das negativas, foi embora arrasado.
A partir daí, o fio se perde. Sabe-se que no domingo foi a uma tourada e visitou museus, e na segunda, visitou a Cidade Universitária em busca do apoio de estudantes castristas. De nada lhe valeu.
Seu último movimento foi registrado na noite da própria segunda-feira, quando foi visto numa festa twist organizada por funcionários cubanos. No evento, ao qual compareceu a escritora Elena Garro, ex-mulher do poeta Octavio Paz, Oswald teria se encontrado com a funcionária Silvia Durán, com quem, concluiu-se depois, chegou a ter uma relação sentimental. Garro se recordaria de tê-lo visto falando com dois homens junto a uma lareira.
Na manhã seguinte, às 6h30, deixou o hotel Comercio para voltar aos Estados Unidos. Quase oito semanas depois, em 22 de novembro, mataria o presidente dos Estados Unidos. E dois dias mais tarde seria assassinado pelo mafioso Jack Ruby.
Deixou para trás um imenso mistério. A investigação oficial norte-americana o apontou como único culpado. Os interrogatórios mexicanos não encontraram nenhuma contradição. Mas as forças da agência mexicana de inteligência DFS (Dirección Federal de Seguridad, em espanhol) chegaram tarde e só agiram depois do  assassinato. Antes, o escritório local da CIA tinha seguido os passos de Oswald. O que viu, o que informou, ainda é secreto. Agora pode deixar de ser.


NO O ANTAGONISTA
Liminar derrubada
Brasil Sexta-feira, 27.10.17 10:59
O governo conseguiu derrubar a liminar que impedia o leilão do pré-sal.
Vendam logo aquele negócio.
Coitada da Carminha
Brasil 27.10.17 10:37
Um dos aspectos que mais chamaram a atenção ontem, durante o bate-boca entre Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes, foi a falta de pulso de Cármen Lúcia, presidente do STF.
Coitada da Carminha.
Ontem Barroso colocou Gilmar sob suspeição
Brasil 27.10.17 10:35
O que ocorreu ontem no STF foi muito além do Fla-Flu.
Luís Roberto Barroso, no plenário do Supremo, acusou Gilmar Mendes de “mudar de jurisprudência de acordo com o réu” — e complementou que “isso não é Estado de Direito, é Estado de compadrio”.
Ou seja, o Brasil inteiro pôde ouvir um ministro do STF colocar outro ministro do STF sob suspeição.
O delator Picciani
Brasil 27.10.17 10:32
A Lava Jato do Rio de Janeiro não vai terminar tão cedo.
Jorge Picciani, segundo a Veja, procurou a PGR para tentar negociar uma delação premiada.
Romário delatado
Brasil 27.10.17 08:42
Romário recebeu 5 milhões de reais para apoiar Luiz Fernando Pezão, segundo a Veja.
Foi o que disse Hudson Braga, operador do governador do Rio de Janeiro e delator da Lava Jato.
Dilma depõe hoje a Sérgio Moro
Brasil 27.10.17 10:27
Pela primeira vez, Dilma Rousseff deverá prestar depoimento hoje para o juiz Sérgio Moro, como testemunha de defesa de Aldemir Bendine.
O ex-presidente da Petrobras, preso em julho, foi nomeado pela petista para acabar com a corrupção na estatal. Deu no que deu.
O depoimento será por videoconferência.




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 2ª EDIÇÃO DE 25/02/2024 - DOMINGO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 25/02/2024 - DOMINGO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 26/02/2024 - SEGUNDA-FEIRA