PRIMEIRA EDIÇÃO DE 20-9-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Quarta-feira, 20 de Setembro de 2017
CPI da JBS começa ouvindo staff de Janot na PGR
O ex-procurador-geral Rodrigo Janot será dos primeiros convocados a depor na CPI da JBS, segundo prevê o relator da comissão, deputado Carlos Marun (PMDB-MS). Antes dele, outros ex-integrantes do seu staff na PGR serão chamados pela CPI: o ex-procurador Marcelo Miller, ex-braço direito de Janot e o ex-chefe de gabinete Eduardo Pelella, citados nos áudios reveladores de Joesley Batista e Ricardo Saud.
Ângelo também
O procurador Ângelo Goulart Villela, que ficou preso por 76 dias por suspeita de receber dinheiro da JBS, também vai depor antes de Janot.
Passando a limpo
Carlos Marun tem clareza de que a CPI pretende passar a limpo as circunstâncias do acordo de delação premiadíssima de Joesley & cia.
Desenvoltura
A CPI também quer saber, diz Marun, por que Joesley e Saud citam Miller e Pellela nos áudios como se conhecessem a rotina na PGR.
Outra vertente
A CPI pretende que Ângelo Villela aprofunde sua afirmação à Folha de suposto plano para derrubar Temer e impedir Raquel Dodge na PGR.
Câmara se arma contra manifestações violentas
A Câmara dos Deputados não precisou de licitação para comprar mais de 1.200 itens de munição de “menor potencial ofensivo” para fazer sua segurança. Foram centenas de balas de borracha, granadas de gás lacrimogêneo e granadas de luz e som para municiar os seguranças do Congresso contra manifestações mais agressivas ou invasões como as de índios, sem-terras, policiais etc. Toda a munição custará R$ 289 mil.
Armas & munição
A Câmara já havia comprado em abril as armas em que serão usadas a munição não-letal adquirida agora.
Até os dentes
Foram adquiridas 454 armas de gás de espuma de pimenta e lacrimogêneo por R$136 mil. Tudo também sem licitação.
Não haverá mais
A invasão de agentes penitenciários da Câmara foi uma das mais violentas da História. Até explodiram bomba dentro da Câmara.
Um ano muda tudo
Há um ano, o governo lutava para manter a inflação de 2016 dentro do teto da meta de 6,5%. Conseguiu. Este ano a história é outra: a previsão está em 3,08% e a luta é para mantê-la acima do piso de 3%.
Inidoneidade
As gigantes Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, OAS etc. podem assinar contratos com o governo. O mesmo não se pode dizer de uma tal de Tomé Engenharia, declarada inidônea.
Alckmin no Recife
O pré-candidato a presidente Geraldo Alckmin segue a trilha do rival João Dória e vai ao Fórum Nordeste 2017, no Recife, segunda (25), para conversar com empresários do setor sucroenergético e políticos.
O inacreditável acontece
O deputado Rogério Marinho (PMDB-RN) custa a acreditar que juízes do trabalho burlem a nova lei da elogiada reforma trabalhista, da qual foi relator. “Isso seria crime”, destaca. Mas todos acham que em caso de descumprimento, o Supremo vai enquadrar a Justiça do Trabalho.
Unanimidade na CNA
O baiano João Martins da Silva Júnior foi eleito presidente da CNA, a Confederação Nacional de Agricultura, com inéditos 100% dos votos. Aliados destacam suas qualidades: leal, low profile, fala o que pensa.
Campanha
Enquete no site Diário do Poder, já com mais de 3.500 votantes, sobre quem será eleito presidente em 2018, Jair Bolsonaro lidera com 24%, seguido de João Dória (19%) e Álvaro Dias (16%). Em 4º, Alckmin (12%) e Lula em 5º, com (11%). Marina tem 8% e Ciro 7%.
Papel da União
Audiência pública discutirá nesta quarta (20) do Senado aplicativos de transporte de passageiros como Uber e Cabify. É que legislar sobre o tema é competência exclusiva da União, não de câmaras municipais.
Reforma no telhado
Após a comissão da Reforma Política aprovar que partidos façam bingos e sorteios para financiar campanhas, onze ONGs, incluindo a Transparência Brasil, passaram a combater os “jogos de azar políticos”.
Pensando bem...
...não aprovar a reforma política pode ser a verdadeira reforma que os parlamentares querem.
 
NO DIÁRIO DO PODER
STF mantém com Moro delação da Odebrecht que incrimina ex-senador Gim
Ex-senador está preso desde de abril de 2016, em Curitiba
Publicado: terça-feira, 19 de setembro de 2017 às 19:24 - Atualizado às 23:43
Da Redação
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu hoje (19) manter a decisão de enviar ao juiz federal Sérgio Moro a parte das delações da empreiteira Odebrecht que cita o ex-senador Gim Argello (PTB-DF). Por unanimidade, a colegiado negou o pedido feito pela defesa do parlamentar para que o caso seja julgado pela Justiça Federal em Brasília.
Na Operação Lava Jato Argello foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 19 anos de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e por obstrução das investigações. De acordo com a acusação do Ministério Público Federal (MPF), Argello recebeu propina para deixar de convocar empreiteiros para depor na então Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) da Petrobras, em 2014. Na época, ele era o vice-presidente da comissão.
Argello está preso desde abril do ano passado em um presídio na região metropolitana de Curitiba.(ABr) 
 
NO BLOG DO JOSIAS
Exército: intervenção militar tem aval constitucional sob iminência de caos
Por Josias de Souza, quarta-feira,  20/09/2017 05:25
O general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, informou que não cogita punir o também general Antonio Hamilton Mourão por ter defendido uma “intervenção militar” caso o Judiciário não resolva o problema da corrupção. Elogiou o subordinado: “O Mourão é um grande soldado, uma figura fantástica, um gauchão…”. Tentou virar a página: “É uma questão que já consideramos resolvida internamente.” Mas inaugurou um novo capítulo da polêmica ao declarar que a Constituição concede às Forças Armadas “um mandato” para intervir se houver no País “a iminência de um caos.”
As declarações do general Villas Bôas foram feitas em entrevista ao repórter Pedro Bial, levada ao ar na madrugada desta quarta-feira, no programa ‘Conversa com o Bial’. O comandante do Exército admitiu que a fala do general Mourão “dá margem a interpretações.” A pretexto de contextualizar o raciocínio do subordinado, evocou o artigo 142 da Constituição, que anota as atribuições do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. E terminou deixando claro que também avalia que, na antessala do caos, os militares podem intervir. Mais do que isso: a ação seria um dever constitucional. Absteve-se de definir o que seria ''a iminência de um caos.''
Veja o que disse o general Villas Bôas no pedaço mais palpitante da conversa: “Se você recorrer ao que está na Constituição, no artigo 142, como atribuição das Forças Armadas, ela diz ali: que as Forças Armadas podem ser empregadas na garantia da lei e da ordem, por iniciativa de um dos Poderes. E isso tem acontecido recorrentemente. Estamos lá no Rio de Janeiro, estivemos lá no Espírito Santo. Mas, antes, no texto [constitucional], diz: as Forças Armadas se destinam à defesa da Pátria e das instituições. Essa defesa das instituições, dos Poderes constituídos, ela poderá ocorrer por iniciativa de um deles ou na iminência de um caos. Então, as Forças Armadas teriam um mandato para fazê-lo.”
Agora repare o que está escrito no artigo 142, citado pelo comandante do Exército: “As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos Poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.”
Pois bem. Villas Bôas está certo quando diz que “as Forças Armadas podem ser empregadas na garantia da lei e da ordem, por iniciativa de um dos Poderes.” Neste exato instante, a pedido do governador Luiz Fernando Pezão e por ordem de Michel Temer, a tropa do Exército socorre a Polícia do Rio de Janeiro. O general soa esquisito, porém, quando declara que, em “defesa das instituições e dos Poderes constituídos, os militares podem agir “por iniciativa de um deles [um dos Poderes]” ou por conta própria sempre que houver a “iminência de um caos.”
Ora, o texto do artigo 142 anota explicitamente que as Forças Armadas estão “organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do presidente da República.” Não está escrito que o caos concede aos militares “um mandato” para agir à revelia do presidente. Mesmo que o inquilino do Planalto se chame Michel Temer e tenha sido denunciado um par de vezes pela Procuradoria-Geral da República.
Pedro Bial recordou a Villas Bôas que Antônio Mourão, como general da ativa, está proibido de opinar sobre assuntos políticos. Caberia ao comandante do Exército punir o subordinado. Mas o entrevistado preferiu manusear panos quentes. “Tem que contextualizar, né Bial? O ambiente que ele estava era um ambiente fechado. Ele foi provocado numa pergunta…”
De fato, o general Mourão pregou a intervenção militar numa palestra promovida pela maçonaria, em Brasília. Mas não está previsto em nenhuma norma do Exército que, entre quatro paredes, os oficiais podem transgredir as normas. De resto, a transgressão do subordinado de Villas Bôas tornou-se aberta, muito aberta, abertíssima no instante em que foi veiculada na rede mundial de computadores. A propósito, se você ainda não assistiu, veja no vídeo https://youtu.be/qbisQVqPbBI
Conforme notou Villas Bôas, o general Mourão animou-se a falar sobre intervenção militar em reação a uma pergunta. O que o comandante do Exército se absteve de recordar — ou se lembrou de esquecer — é que a questão dirigida a Mourão fez menção explícita à situação penal do presidente da República.
A pergunta foi enviada por uma pessoa da plateia. Um mediador leu para Mourão. Vale a pena reproduzir: ''A Constituição Federal de 88 admite uma intervenção constitucional com o emprego das Forças Armadas. Os Poderes Executivos [sic] e os Legislativos estão podres, cheio de corruptos, não seria o momento dessa interrupção, dessa intervenção, quando o presidente da República está sendo denunciado pela segunda vez e só escapou da primeira denúncia por ter 'comprado', entre aspas, membros da Câmara Federal? Observação: fechamento do Congresso, com convocações gerais em 90 dias, sem a participação dos parlamentares envolvidos em qualquer investigação. Gente nova.''
Ao responder, o subordinado de Villas Bôas não fez nenhuma ressalva que preservasse Michel Temer, o suposto comandante supremo das Forças Armadas. Ao contrário, sem ânimo para resguardar Temer, o general Mourão endossou o conteúdo da indagação: “Excelente pergunta”, disse o palestrante, antes de soar claro como água de bica: “É óbvio, né?, que quando nós olhamos com temor e com tristeza os fatos que estão nos cercando, a gente diz: 'Pô, por que que não vamo derrubar esse troço todo?' Na minha visão, aí a minha visão que coincide com os meus companheiros do Alto Comando do Exército, nós estamos numa situação daquilo que poderíamos lembrar lá da tábua de logaritmos, 'aproximações sucessivas'. Até chegar o momento em que ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso.”
Mourão insinuou que, se necessário, os militares agiriam com método: “Nós temos planejamentos, muito bem feitos. Então no presente momento, o que que nós vislumbramos, os Poderes terão que buscar a solução. Se não conseguirem, né?, chegará a hora que nós teremos que impor uma solução. E essa imposição ela não será fácil, ele trará problemas, podem ter certeza disso aí.”

Se Lula virar ficha-suja, PT pode tornar-se piada
Por Josias de Souza, quarta-feira,  20/09/2017 01:05
O Partido dos Trabalhadores está tonto. A tonteira cresce à medida que aumentam as chances de Lula se tornar um político ficha-suja, inabilitado para disputar eleições. O PT ameaça adotar uma estratégia muito parecida com um plano de fuga. O partido discute a sério a ideia de boicotar as eleições de 2018. Sem Lula, o PT deixaria de lançar candidatos ao Planalto, à Câmara e ao Senado. E viajaria pelo mundo gritando: “É fraude.”
O preso José Dirceu, “guerreiro do povo brasileiro”, apoia o boicote. A investigada Gleisi Hoffmann, presidente do PT, acha que o debate expõe a gravidade da hipotética perseguição a Lula. José Américo, deputado estadual do PT de São Paulo, chega a dizer que, sem Lula na urna eleitoral, o País corre “um risco de guerra civil.” Dizia-se o mesmo do impeachment. Mas a única arma que o brasileiro pegou foi o currículo — 13 milhões estão na batalha pelo emprego perdido sob Dilma.
Em 13 anos, o PT produziu dois megaescândalos. No Mensalão, Lula safou-se. No Petrolão, até o companheiro Palocci o chama de corrupto. Os partidos políticos brasileiros têm cabeças demais e miolos de menos. O PT sofre da mesma escassez de miolos, mas com uma cabeça só. O que o PT informa agora, com outras palavras, é o seguinte: se o cabeça for preso, a organização desistirá de se apresentar como partido político para se refundar como uma piada.

PT terá de incluir outro juiz no ‘complô’ antiLula
Por Josias de Souza, terça-feira,  19/09/2017 19:59
Lula é um recordista penal. Tornou-se nesta terça-feira um heptaréu. Repetindo: com nove denúncias a pesar-lhe sobre os ombros, já foi enviado ao banco dos réus em uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete ações penais. A sétima ação foi aberta nesta terça-feira. Nada a ver com Sergio Moro, Curitiba ou Lava Jato. Deve-se a providência ao juiz Vallisney de Souza Oliveira. Trabalha em Brasília. Atua na Operação Zelotes.
Após folhear denúncia que recebeu na semana passada do Ministério Público Federal, Vallisney concluiu que há indícios suficientes para processar Lula por corrupção passiva. Neste processo, o pajé do PT é acusado de comercializar uma medida provisória que interessava à indústria automobilística.
A novidade obriga o PT a atualizar o seu rol de conspiradores. Na lista negra do petismo, o juiz Vallisney ficará uma posição abaixo de Moro. Se condenar Lula, iguala-se ao colega de Curitiba, que já pendurou no pescoço do grão-mestre do PT uma sentença de nove anos e meio de cadeia.
O PT construiu um conceito peculiar de Justiça. Quando o processo é contra um rival — Michel Temer e Aécio Neves, por exemplo — elimina-se o benefício da dúvida. A culpa é indubitável. A cadeia, um imperativo. Quando o encrencado é um petista — José Dirceu e João Vaccari, por exemplo — a falta de provas é evidente. A prisão, um abuso de poder. Se o acusado é Lula… Bem, aí o caso é de flagrante perseguição política.
É mais fácil e confortável para o Partido dos Trabalhadores sustentar a tese de que Vallisney aderiu ao grande complô urdido por Moro, procuradores, delegados, agentes federais e repórteres golpistas para transformar Lula de político modelo em corrupto. A alternativa seria admitir que tudo o que está na cara não pode ser uma conspiração da lei das probabilidades contra um inocente.

Temer na ONU é a insustentável leveza do nada
Por Josias de Souza, terça-feira,  19/09/2017 14:10
O Nada escalou a tribuna da Assembleia Geral da ONU na manhã desta terça-feira. Chama-se Michel Temer. Alguns dos presentes talvez tenham tentado enxergá-lo. Perceberam que era inútil. O olhar atravessava o Nada e ia bater no mármore ao fundo. Discursos como o que foi lido pelo presidente são redigidos no Itamaraty. O ghost writer escalado pela diplomacia esforçou-se para dar a Temer a aparência de um orador invisível, que não causasse problemas a si mesmo. Exagerou.
Cenho imponente, o Nada soou taxativo sobre temas em relação aos quais sua opinião não tem a mais remota relevância: “Os recentes testes nucleares e missilísticos na Península Coreana constituem grave ameaça…”. E silenciou sobre uma questão que, por intrigante, os brasileiros e os líderes mundiais gostariam de ver respondida: por que diabos o Brasil abdicou do progresso para se consolidar como uma cleptocracia clássica?
Desdobrando-se para realçar a inutilidade da fala que o redator fantasma do Itamaraty acomodou-lhe nos lábios, Temer discorreu sobre armas nucleares — “Reiteramos nosso chamado a que as potências assumam compromissos adicionais de desarmamento” —, falou sobre Oriente Médio — “Amigo de palestinos e israelenses, o Brasil segue favorecendo a solução de dois Estados convivendo em paz e segurança” —, realçou a encrenca da Síria — “A solução que se deve buscar é essencialmente política” —, sem esquecer todos os demais conflitos que inquietam o Planeta — “No Afeganistão, na Líbia, no Iêmen, no Mali ou na República Centro-Africana, as guerras causam sofrimentos intoleráveis.”
O Nada sugeriu à plateia um passeio incômodo: “Percorramos os campos de refugiados e deslocados no Iraque, na Jordânia, no Líbano, no Quênia. Ouçamos as histórias dos que perderam pais, mães, filhos, filhas. São famílias que foram tragadas pela irracionalidade de disputas que não parecem conhecer limites. De disputas que, com frequência inaceitável, se materializam ao arrepio do direito humanitário.”
O “mal do terrorismo”, o “crime transnacional”, as “violações dos direitos humanos em todo o mundo”, o “racismo, a xenofobia e todas as formas de discriminação”, os “refugiados da Venezuela”… O redator do Itamaraty fez do Nada um personagem capaz de falar de tudo, exceto da moralidade e da ética que seu governo sonega aos brasileiros. Sobre o Brasil, a propósito, Temer realçou dois temas: ecologia e economia. Disse meias-verdades sobre ambos, privilegiando a metade que é mentirosa.
“O Brasil orgulha-se de ter a maior cobertura de florestas tropicais do Planeta”, realçou o redator do Itamaraty, antes de anunciar “a boa notícia de que os primeiros dados disponíveis para o último ano já indicam diminuição de mais de 20% do desmatamento naquela região.” Nenhuma palavra sobre o decreto que Temer editou, reescreveu, revogou e planeja reeditar para assegurar a exploração mineral numa área de reserva na Amazônia, a Renca. O vaivém sobre a matéria provocou gritaria local e internacional. Só por isso o lero-lero ambiental frequentou as preocupações do redator do Itamaraty.
“O Brasil atravessa momento de transformações decisivas”, declarou, de repente, o Nada. “Com reformas estruturais, estamos superando uma crise econômica sem precedentes. Estamos resgatando o equilíbrio fiscal”, acrescentou, alheio à recentíssima conversão da meta fiscal brasileira de rombo em cratera. “O novo Brasil que está surgindo das reformas é um país mais aberto ao mundo”, prosseguiu o Nada, sem se dar conta de que, voltando a Brasília, terá de negligenciar novamente a reforma da Previdência para priorizar a recompra na Câmara dos votos que garantirão o enterro da nova denúncia da Procuradoria.
Tomado pela densidade, o discurso de Temer na ONU pode ser definido como a insustentável leveza do nada. Observada pela utilidade, a fala do presidente brasileiro foi dinheiro do contribuinte desperdiçado numa viagem dispensável. Considerando-se a importância que o mundo atribuiu às palavras do redator do Itamaraty, o Nada conseguiu, finalmente, unir os brasileiros. Ateou em todos o mais profundo sentimento de vergonha. O vexame só não é insuperável porque Temer deve retornar à ONU em 2018.
 
NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Batista deixou de ser sobrenome. Virou estigma
A segunda geração, representada por Joesley, obrigou o patriarca Zé Mineiro a revogar a aposentadoria e, aos 83 anos, voltar ao batente

Por Augusto Nunes
Terça-feira, 19 set 2017, 19h54
Num vídeo institucional da empresa que fundou e o filho Joesley transferiu dos cadernos de economia para o noticiário político-policial, José Batista Sobrinho conta como foi o começo do império no interior de Goiás: “Eu carregava malas de dinheiro de um lado para o outro para comprar, abater e vender boi”, lembra o patriarca que, por ter nascido em Alfenas, ficou conhecido como Zé Mineiro.
Em outro vídeo, o primogênito José Batista Junior, o Junior Friboi, conta o que os filhos faziam assim que o pai voltava de alguma viagem: “A gente ficava passando as notas amarrotadas, contava, amarrava direitinho, tudo muito caprichado, escrevendo os valores nos pacotes”. Hoje, seria necessária uma imensidão de crianças para reprisar o serviço com os bilhões de reais que o grupo J&F movimenta diariamente. E as malas repletas de cédulas passaram a ser carregadas por políticos arrendados pelos Batista para tornar ainda maior um colosso empresarial.
Ou porque o pai lhes ensinou a coisa errada ou por que não entenderam a lição, os filhos aprenderam a amar o dinheiro acima de todas as coisas. Tamanha paixão acabou induzindo a segunda geração a consumar um feito raro: obrigar o patriarca a revogar a aposentadoria e, aos 83 anos, voltar ao batente. O BNDES, sócio minoritário do monstro que ajudou a parir, livrou-se de Joesley e Wesley, engaiolados em Brasília. Mas segue exposto ao perigo que assombra a empresa familiar.
Neste momento, Zé Mineiro certamente está ensinando aos netos como se conta dinheiro com ligeireza ─ e já de olho no mais veloz. Será ele o sucessor. O velho negociante de carne bovina ainda não descobriu que, no mundo da proteína animal, Batista deixou de ser sobrenome. Virou estigma. 
 
NO O ANTAGONISTA

O irmão de Geddel

O Globo diz que o relatório conclusivo da PF sobre os 51 milhões de reais encontrados no esconderijo de Geddel Vieira Lima menciona “a ciência e a participação do irmão de Geddel, o deputado federal Lúcio Quadros Vieira Lima”.
Michel Temer terá de manobrar um bocado para abafar esse episódio.

O eleitorado de Lula

O Estadão diz que “chamou a atenção entre políticos tucanos o fato de o desempenho de Lula na pesquisa da CNT ainda não ter sido afetado por Antonio Palocci”.
Os eleitores de Lula engolem qualquer tipo de crime.
Antes do depoimento de Antonio Palocci, eles já sabiam que Lula era o chefe da ORCRIM e que embolsou um pacote de propinas da Odebrecht.
O que importa, nesse caso, é o juízo de Sergio Moro, que vai dar uma banana para a pesquisa da CNT.

2018 sem Distritão

A Câmara rejeitou o Distritão para 2018.
Felizmente.

Perícia da PF confirma delação de Márcio Faria, diz JN

Segundo o Jornal Nacional, perícia da PF no sistema eletrônico que registra o pagamento de propina pela Odebrecht confirmou parte da delação de Márcio Faria, ex-diretor da empreiteira.
A perícia atestou pagamento feito, em conta no exterior, ao grupo do PMDB na Câmara, o chamado “quadrilhão”. A propina teria chegado a US$ 32 milhões.
O negócio teria sido fechado no escritório político de Michel Temer, em 2010. Em nota, o Palácio do Planalto disse ao JN que a narrativa da delação é uma “mentira absoluta”.

Mais de cem mortos no México

Neste momento, o número de mortos no terremoto de hoje no México é de pelo menos 119.
O total de mortes já superou o do tremor do dia 7 de setembro, no sul do país – 98.

DENÚNCIA CONTRA LULA É CLARA E OBJETIVA, DIZ JUIZ

Na decisão contra Lula, obtida por O Antagonista, o juiz Vallisney de Oliveira diz que a denúncia do MPF descreve de modo “claro e objetivo” os crimes imputados ao ex-presidente e a seu ex-chefe de gabinete, Gilberto Carvalho.
“Lula e Gilberto aceitaram promessa de vantagem indevida feita por Mauro Marcondes (empresa M&M), José Ricardo da Silva (SGR), Alexandre Paes dos Santos (SGR), Paulo Arantes Ferraz (MMC) e Carlos Alberto de Oliveira Andrade (Caoa).”
Em troca, “infringindo dever funcional, favoreceram as montadoras ao editarem, em celeridade e procedimento atípicos, a Medida Provisória 471, franqueando aos corruptores, inclusive, conhecimento do texto da norma antes de ser publicada e numerada, depois de realizados os ajustes recomendados”.
Para Vallisney, “está demonstrada a plausibilidade das alegações contidas na denúncia”.

Nota de Lula, o heptaréu

A assessoria do ex-presidente divulgou a seguinte nota sobre a sétima ação penal em que ele é réu:
“A denúncia sem sentido ou provas aceita hoje pelo juiz da 10ª Vara de Brasília é mais um exemplo da perseguição contra o ex-presidente Lula, que dessa vez será julgado pela prorrogação de uma política de desenvolvimento regional, criada antes de seu governo, que tornou as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste responsáveis por 13% dos empregos na indústria automobilística e 10% das exportações de veículos. Querem transformar em crime as boas coisas que Lula fez pelo Brasil.”
Como disse Josias de Souza, o PT já está tratando de incluir outro juiz –Vallisney de Oliveira – no grande complô contra o Estimado Líder.

Fachin nega retorno à PGR de denúncia contra Temer

Edson Fachin negou pedido da defesa de Michel Temer para que devolvesse à PGR a denúncia apresentada por Rodrigo Janot por incluir acusações de crimes anteriores ao exercício do mandato.
Fachin explicou em sua decisão que será preciso aguardar a conclusão do julgamento de amanhã sobre a validade das provas da delação da JBS.

PGR denuncia Robinson Faria

A Procuradoria-Geral da República denunciou o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, informa a Folha.
A denúncia se baseia na Operação Anteros da PF, que investigou tentativa de obstrução da Justiça na investigação do desvio de recursos na Assembleia Legislativa do Estado.
O atual governador presidiu a Assembleia de 2003 a 2010. A denúncia da PGR foi remetida para o Superior Tribunal de Justiça.



 
 
 

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