PRIMEIRA EDIÇÃO DE 11-9-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NO BLOG DO FAUSTO MACEDO
PF faz buscas na casa de Marcelo Miller
Agentes cumprem mandados de busca também em São Paulo

Por Fausto Macedo e Julia Affonso
Segunda-feira, 11 Setembro 2017 | 06h23
A Polícia Federal faz buscas nesta segunda-feira, 11, na casa do ex-procurador da República, Marcelo Miller na Lagoa, no Rio. Ele é suspeito de fazer jogo duplo em favor da J&F.
Agentes cumprem mandados de busca também em São Paulo. Um dos alvos é a casa dos empresários Joesley Batista e de Ricardo Saud.
Marcelo Miller teve a prisão requerida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A custódia foi negada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal.

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Segunda-feira, 11 de Setembro de 2017
Já se fala em delação premiada do ex-procurador
Circulou como uma bomba, entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), a informação de que o ex-procurador Marcelo Miller, que foi braço direito do procurador-geral Rodrigo Janot, estaria inclinado a propor um acordo de delação premiada. A informação começou a circular após a notícia de que seria iminente a sua prisão, com o escândalo provocado pela nova gravação de Joesley Batista.
Joesley no sal
Não está claro qual seria o alvo de eventual delação de Marcelo Miller, mas em princípio seu depoimento agravaria a situação de Joesley.
Virando a casaca
A suspeita no MPF é que Marcelo Miller ainda era procurador quando se integrou informalmente à defesa da turma da JBS.
Eles entregaram
Suposto acerto com Marcelo Miller foi descrito na gravação que Joesley fez de sua conversa com Ricardo Saud, lobista da J&F/JBS.
Domínio do fato
Um ministro do STF ironizou ontem à tarde: “Se for confirmada a delação do Miller, o MPF levará em conta a teoria do domínio do fato?”
Senadores receberam R$ 40,2 milhões em 2017
Entre janeiro e agosto deste ano, com dois períodos de recesso no meio, os 81 senadores já custaram ao contribuinte mais de R$40,2 milhões. Nesse total, consideram-se oito salários de R$33.763 até agosto, mais a primeira parcela do 13º, além de gastos reembolsados pela cota parlamentar, de até R$44,2 mil por mês, e gastos como diárias de viagens oficiais e, em plena era digital, envio de cartas.
Equipe de fora
O custo dos senadores não inclui os 3.376 funcionários que pagamos para eles, nos gabinetes e nos escritórios estaduais.
Custo de funcionários
O gabinete do ex-suplente Hélio José (PMDB-DF) tem 84 assessores, todos eles recebendo salários invejáveis.
Investimento melhor
O custo do serviço prestado pelos 81 senadores seria suficiente para contratar 5 mil desempregados, pagando-lhes o salário mínimo.
Língua de trapo
No papo de botequim gravado, Joesley faz referência grosseira a outra mulher, sua advogada Fernanda Tortima. Filha de ex-preso político, foi casada com procurador e seu marido atual é desembargador do TJ-RJ.
Segure o bolso
A Câmara deve votar nesta terça-feira, 12 a PEC 77, que pretende criar o fundo eleitoral de R$3,6 bilhões para bancar campanhas. O contribuinte terá de pagar ainda mais R$ 900 milhões/ano a título de “fundo partidário”.
Diz que não estou
Ciro Gomes pediu reunião com a executiva do PSB para falar de campanha presidencial de 2018. Os socialistas aceitaram para serem educados. Não querem papo, a não ser com o PSDB de Geraldo Alckmin, para prestigiar o vice Márcio França, ou Marina Silva (Rede).
Prefeito celebridade
Em visita a Brasília, Wellington Muniz, o comediante “Ceará”, que faz imitações muito engraçadas, disse que já iniciou o processo para imitar o prefeito de São Paulo, João Dória. Por enquanto “só observa”, diz.
Investigar é preciso
Os números não são divulgados, para não tornar ainda mais suspeita a decisão da Anac criando a cobrança pela bagagem, mas há empresas aéreas faturando com malas mais de 30% da receita de passagens.
Mesmo barro
As gravações mostram um Joesley incapaz de articular uma só frase sem ofender o vernáculo. Não admira que tenham encontrado, ele e o ex-presidente Lula, tantos pontos em comum. Ficaram muito amigos.
Petrópolis no poder
Petrópolis chega ao poder no Conselho Nacional de Justiça amanhã: o ministro Aloysio Corrêa da Veiga, botafoguense ilustre, vai representar o TST de Lélio Bentes, fluminense de Niterói. E de coração.
‘Refis’ dos aeroportos
O Senado analisa esta semana a MP 779 que “estabelece critérios de aditivos contratuais das outorgas nas parcerias do setor aeroportuário”. Ou seja: é uma MP que facilita a vida de aeroportos privatizados.
Pensando bem...
...Joesley deveria saber que, como diz a sabedoria popular, bêbado só mente quando está sóbrio.

NO DIÁRIO DO PODER
BNDES em Cuba ainda é ‘caixa preta’ a ser aberta pelas autoridades
Três operações da PF investigam utilização do BNDES em Cuba

Publicado: domingo, 10 de setembro de 2017 às 00:00 - Atualizado às 12:11
Redação
Ao menos três operações investigam a escandalosa utilização do BNDES para bancar negócios da JBS e obras da Odebrecht no exterior. O volume é tão espantoso que só a transferência de recursos do BNDES para Cuba recomenda a criação de força-tarefa especial. A suspeita é que a obra do porto de Mariel, em Havana, pode ter rendido ao “quadrilhão do PT” mais de US$ 500 milhões, ou R$1,5 bilhão. A informação é do colunista Cláudio Humberto, do Diário do Poder.
Na inauguração do porto de Mariel, Dilma disse que a Odebrecht faria o aeroporto de Havana financiado pelo BNDES. Nem havia projeto ainda.
O governo Lula criou uma maneira de financiar obras da Odebrecht no exterior sem licitação, por meio de acordos bilaterais com os países.
Investigações indicam que obras bancadas pelo BNDES na África e na América Central foram obtidas para a Odebrecht pelo próprio Lula.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Suje-se Gordo
Pois não é que na semana que findou, o conto de Machado foi levado ao palco do Brasil por outros personagens?
Por Deonísio da Silva
Domingo, 10 set 2017, 11h27
O locador era o cunhado. O locatário era Machado de Assis, que sofria ameaças de despejo por atrasar o aluguel.
Sim, o maior escritor brasileiro mudou de residência várias vezes, em busca de um imóvel para morar. Por isso, de vez em quando é encontrado no Rio um lugar onde Machado morou. E ele povoou seus livros de personagens que trabalham demais enquanto seus patrões ou donos passam a vida sem nada fazer, apenas fofocando.
A Abolição e a República, os dois grandes temas da segunda metade do século XIX, viriam somente no fim do século. A Abolição de 1888 proclamou a República de 1889, por assim dizer.
Espelhando um Brasil que demorava a mudar suas estruturas, Machado escreveu romances e narrativas curtas, estas em forma de contos ou crônicas, dando os indícios, com a conhecida sutileza e sofisticação, dos movimentos subterrâneos que anunciavam as mudanças que a outros tantos pareceram abruptas, repentinas. Não eram. Estavam sendo preparadas há muito tempo.
Num conto, intitulado Suje-se Gordo, a narração é feita pelo presidente do conselho de um júri. Diz ele: “O primeiro réu que condenei, era um moço limpo, acusado de haver furtado certa quantia, não grande, antes pequena, com falsificação de um papel”.
Um dos jurados, o mais exaltado em condenar, perora nestes termos, dando o título do conto: “O crime está mais que provado. O sujeito nega, porque todo o réu nega, mas o certo é que ele cometeu a falsidade, e que falsidade! Tudo por uma miséria, duzentos mil réis! Suje-se gordo! Quer Sujar-se? Suje-se gordo!”.
Já o narrador invoca mais de uma vez a recomendação do Evangelho: "Não queirais julgar para que não sejais julgados”.
Passa-se o tempo e vem outro júri em que o réu não se sujou por quatro patacas, mas por cento e dez contos, uma enorme quantia para a época. Uma carta de sua lavra torna evidente o crime. Os jurados são doze. Nove deles votam pela absolvição. Apenas dois acompanham o voto do narrador para condená-lo.
O nome do réu é Antônio do Carmo Ribeiro Lopes. A surpresa do desfecho: quando integrante do júri, foi dele o conselho “suje-se gordo”. E agora tornara-se réu.
Talvez o nome do personagem seja ironia adicional de Machado ao latinista Castro Lopes, com quem travou dura polêmica sobre neologismos. Pois Castro Lopes queria chamar abajur de lucivéu, repórter de alvissareiro, reclame de preconício, futebol de ludopédio, e turista de ludâmbulo, entre outras barbaridades.
Pois não é que na semana que findou, o conto de Machado foi levado ao palco do Brasil por outros personagens? Um duro crítico da corrupção, crime em que tantas vezes já incorrera no passado, e, sem ironia nenhuma, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, já condenado à prisão, transformada em domiciliar, voltou à cela porque seguiu a recomendação do personagem machadiano e sujou-se gordo. Foram mais de R$ 51 milhões.

“A verdade vos condenará”
Como é que Geddel pôde juntar R$ 51 milhões sem explicações?
Publicado na Coluna de Carlos Brickmann
Por Augusto Nunes
Domingo, set 2017, 08h13
Há gente, sem a qual uma ladroeira desse porte seria inviável, festejando a liberdade. Estão enganados: o tesouro em dinheiro vivo encontrado no apartamento do amigo de Geddel traz o “Abre-te Sésamo” de investigações que poderão chegar a resultados espetaculares. Esqueçamos os dólares e euros: nossa moeda (e nosso tema) é o Real. Os quase 43 milhões de reais.
Imaginemos que o caro leitor tenha fundos para sacar R$ 30 mil de sua conta no banco. Não basta dirigir-se ao caixa: é preciso ligar antes, marcar hora, porque o banco não armazena grandes quantias. Sua transação será comunicada às autoridades e pode entrar nos cruzamentos de informações do seu Imposto de Renda. Aliás, essa comunicação às autoridades é feita a partir de retiradas, cheques ou remessas de R$ 5 mil em diante.
Como ensinou Deep Throat, o delator que ajudou os repórteres Carl Bernstein e Bob Woodward a decifrar o escândalo de Watergate, que derrubou o presidente americano Richard Nixon, siga o caminho do dinheiro. Como é que Geddel pôde juntar R$ 51 milhões sem explicações?
Ou os bancos não informaram as autoridades ou as autoridades fecharam os olhos. Nos dois casos, a falha é suspeita. Não se diga que os corruptores já mandaram as propinas em dinheiro vivo: grandes empresas fazem transferência bancária, pagam em cheque, emitem boletos. Esta é a hora de seguir o caminho do dinheiro. Chegarão aos bancos, ao Governo, a ambos?
Os puros
No quadro de investigações e denúncias da Lava Jato e conexos, brilham os bancos pela ausência. Devemos imaginar que nenhum banco nacional ou estrangeiro concordou em dar apoio a campanhas eleitorais, em nome, claro, da democracia? Nenhum terá oferecido um pixuleco a quem poderia ajeitar alguma situação desconfortável? Nem o BNDES, fonte inesgotável de empréstimos a juros baixíssimos, subsidiados por nós, a empresas como a J&F, de Joesley, controladora de JBS, Friboi e outras? É difícil acreditar que justo quem trabalha com dinheiro nunca tenha sido procurado.
Os impolutos
Há casos que mostram bom relacionamento entre bancos e governantes. Um ocorreu quando uma analista de investimentos fez previsões sombrias, e o próprio Lula exigiu sua demissão (lembra? “Essa moça que falou não entende porra nenhuma de Brasil e não entende nada de governo Dilma. Manter uma mulher dessas num cargo de chefia… Pode mandar embora e dar o bônus dela para mim que eu sei como é que falo”. O banco demitiu a analista imediatamente. Ninguém terá recebido o tal bônus, como agrado?
O demolidor
Não nos esqueçamos de que o ex-ministro Antônio Palocci fez um depoimento devastador por conta própria, sem delação premiada. Ele, antes de qualquer outro petista, estabeleceu contato com os bancos. Sabe o que o sistema financeiro fez no verão passado. Sua delação premiada promete.
O autogolpe
“Quando a esperteza é muita”, ensinava o sábio político mineiro Tancredo Neves, “vira bicho e come o dono”. Joesley Batista pensava ser esperto, depois que gravou uma conversa comprometedora com Michel Temer, para entregá-la à Procuradoria, em troca de pagar uma multinha, ficar livre e se mudar com a família, o dinheiro e as empresas para os EUA.
O mundo real
Não era tão esperto assim. Numa gravação que entregou à Procuradoria, havia uma conversa com assessores diretos em que diz grosserias sobre a presidente do Supremo, usa frases que lançam suspeitas sobre as relações com um procurador que o investigava (e logo se demitiu, mudando de lado, para trabalhar com seus advogados), insinua ter sob controle vários ministros do STF. Há duas versões sobre o áudio que gravou e entregou:
a) Não conhecia direito o gravador, que se liga sozinho quando há som. Ao apagar a gravação, não sabia que ela fica fora do alcance, mas um perito a recupera. Só é mesmo apagada quando algo for gravado em cima.
b) Queria vincular seus assessores à delação, para evitar traições.
Em qualquer caso, agiu como amador. E a Polícia Federal é profissional.
Sonho impossível
Joesley tinha um sonho: fazer a delação premiada antes de ser preso, ficar livre, levar suas empresas para os Estados Unidos (talvez a holding J&F para a Irlanda, onde a tributação é mais civilizada), viver no Primeiro Mundo. Acontece que o acordo da delação prevê a perda dos benefícios em caso de omissões ou falsidades. Seus bens podem ficar indisponíveis. Ele e as empresas podem ser acusados de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. As ações podem ser leiloadas para cobrir multas e prejuízos. O segundo maior acionista do grupo, o BNDES, passaria a controlador). Temer não perderia a chance de se vingar. Quem tudo quis nada vai ter.

NO BLOG DO JOSIAS
Janot vai à berlinda no Congresso e no Supremo

Por Josias de Souza
Segunda-feira, 11/09/2017 03:04
Na última semana do seu mandato, que termina no próximo domingo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot enfrentará dois testes de prestígio. Num, a CPI Mista do Congresso sobre a JBS votará nesta terça-feira requerimento que pede sua convocação para prestar depoimento. Noutro, o plenário do Supremo Tribunal Federal julgará dois pedidos da defesa de Michel Temer contra Janot.
Na primeira petição, os advogados pedem que Janot seja considerado suspeito para atuar nos processos contra Temer. Na segunda, pedem a suspensão da nova denúncia que o procurador-geral cogita apresentar contra o presidente, acusando-o de obstrução de Justiça e formação de organização criminosa. Alega-se que é preciso aguardar o término da investigação sobre o acordo de delação da JBS.
Não são negligenciáveis as chances de Janot amargar uma derrota na CPI. O presidente da comissão, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), esteve no Palácio do Jaburu, para acertar o passo com Temer. Aberta com o pretexto de investigar os negócios da JBS com o BNDES, a CPI decidiu alvejar também o acordo de colaboração judicial firmado por Janot com sócios e executivos da empresa.
Além de Janot, pretende-se convocar os irmãos Joesley e Wesley Batista, o executivo Ricardo Saud e o ex-procurador da República Marcelo Miller, suspeito de ter assessorado os delatores quando ainda era membro do Ministério Público Federal. Há também na fila da CPI requerimentos de convocação de dois ex-presidentes do BNDES: Luciano Coutinho e Demian Fiocca.
Embora não esteja alheio à movimentação de seus desafetos no Legislativo, é com o Supremo que Janot está mais preocupado. Ali, o procurador-geral espera prevalecer. A hipótese de ser considerado suspeito para atuar em processos contra Temer, por impensável, grudaria na testa de Janot o selo de acusador parcial.
O eventual bloqueio de uma segunda denúncia contra o presidente, por inimaginável, amputaria os poderes de Janot, condenando-o a um final de gestão melancólico. O curto-circuito no acordo de delação da JBS elevou o nível das críticas ao procurador-geral no Supremo. Mas avalia-se na Procuradoria que pelo menos seis dos 11 ministros da Suprema Corte prestigiarão Janot: Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux, Celso de Mello e Cármen Lúcia.
O pano de fundo das decisões do Supremo é o debate sobre a validade das provas obtidas por meio da colaboração judicial da JBS. A suspeita de que os delatores sonegaram dados e contaram com o assessoramento de um ex-auxiliar do próprio Janot, o ex-procurador Marcelo Miller, levou à suspensão do acordo e à prisão temporária de Joesley Batista e do seu funcionário Ricardo Saud.
Pela lei, as provas continuariam válidas em caso de rescisão do acordo. Entretanto, conforme já noticiado aqui, a eventual confirmação de que Marcelo Miller orientou os delatores quando ainda era membro da Procuradoria, poderia levar à anulação pontual de algumas provas.

Mediocridade e acaso conduzem Joesley à cana
Por Josias de Souza
Domingo, 10/09/2017 13:44
Joesley Batista é ao mesmo tempo um típico capitalista brasileiro - grosso modo falando - e uma vítima da tecnologia. Conseguiu manusear a senha do cofre do BNDES. Mas não aprendeu a lidar com a tecla On-Off do gravador. O linguajar tosco foi a glória e a derrocada do dono da JBS. Sabia fazer amigos, cúmplices e dinheiro — muito dinheiro. Mas não conseguiu fazer boas frases. Suas últimas palavras antes da decretação de sua prisão foram: “Cê tem certeza que esse troço tá desligado, Ricardinho?!?”
O áudio-trapalhão que Joesley entregou à Procuradoria, aparentemente sem saber, traduz magnificamente o personagem. Mentor da delação mais lucrativa da Era da Lava Jato, Joesley não teve uma sensibilidade à altura do seu feito. Para sorte dos brasileiros, tudo ficou claro na “conversa de bêbado” que o personagem teve com seu empregado Ricardo Saud.
Arrojado, Joesley se auto impôs uma meta ambiciosa: “Nós temos que ser a tampa do caixão. (…) Nós vai ser quem vai dar o último tiro. Vai ser quem vai bater o prego da tampa.” Desastrado, o empresário contou para o gravador que chegaria à premiação máxima da imunidade penal tomando o atalho da ilegalidade. Pulou para dentro do caixão ao declarar-se “100% alinhado” com um ex-procurador da equipe de Rodrigo Janot, perfeitamente familiarizado com as mumunhas da Lava Jato.
Se adivinhasse o seu destino, Joesley talvez tivesse investido o dinheiro do BNDES numa fábrica de gravadores. Daria menos lucro do que a picanha. Mas produziria equipamentos mais, digamos, confiáveis. Outra alternativa seria a contratação de dublês para substituir os delatores da JBS nas cenas de perigo.
O ministro Edson Fachin talvez poupasse Joesley ‘Stalone’ Batista da cadeia se o protagonista tivesse sido substituído na hora do close defronte do gravador por alguém com menos aptidão para o uísque e melhor dicção.
Quando Ricardinho perguntasse sobre Marcelo Miller, o dublê se espantaria: “Heimmmm? Quemmm?” Na hora em que o empregado mencionasse a hipótese de atrair ministros do Supremo para a lama, o dublê chamaria o garçom: “Água, por favor.”
O que mais assusta no autogrampo que captou a desfaçatez de Joesley e Saud é a sua banalidade perversa. As manobras, os estratagemas, os subterfúgios, nada disso surpreende o brasileiro. A essa altura, a plateia já aprendeu que, no vácuo moral em que trafegam os negócios do Estado, o cinismo é a regra. O que deixa todo mundo transtornado é a constatação de que a punição do bandido depende do acaso.
Joesley e seu subordinado estão sendo encarcerados temporariamente pelo excesso de mediocridade, não por terem sido desmascarados pelo aparato investigatório do Estado. Encrencaram-se porque se portaram como bárbaros embriagados diante de um gravador que não sabiam operar. A plateia se pergunta: quem deterá os usurpadores que souberem a diferença entre ‘on’ e ‘off’?

NO O ANTAGONISTA
O jogo duplo
Brasil Segunda-feira, 11.09.17 07:29
As buscas de hoje foram autorizadas por Edson Fachin, atendendo a pedido de Rodrigo Janot.
Elas podem esclarecer de uma vez por todas o papel de Marcello Miller no acordo com a JBS.
Em particular, no grampo de Michel Temer.
Saudade de Janot
Brasil 11.09.17 07:19
Agora que caiu a blindagem de Joesley Batista, a PF poderá voltar a investigá-lo.
Prepare-se para grandes surpresas.
Muita gente vai sentir saudade de Rodrigo Janot.
É preciso passar a limpo o acordo da JBS
Brasil 11.09.17 07:11
Delegados da PF fazem buscas nas casas de Joesley Batista, Marcello Miller e Ricardo Saud, acompanhados pelos procuradores da PGR.
PF e PGR precisam se unir para passar a limpo o acordo da JBS.
Só a verdade pode salvar as provas contra os criminosos que pagaram e receberam propinas do matadouro.
Geddel estraga a festa de Temer
Brasil 11.09.17 05:59
Michel Temer está festejando a derrocada de Rodrigo Janot.
Mas Geddel Vieira Lima – escute O Antagonista – vai estragar sua festa.
Por que Fachin? Por que Janot?
Brasil Domingo, 10.09.17 21:05
Joesley Batista e Ricardo Saud estão presos, mas alguns fatos permanecem sem explicação
Edson Fachin poupou Marcelo Miller, mas o pedido de prisão dos empresários tem base forte na suspeita de colaboração ilícita do então procurador com os delatores. Como Miller pode não ter sido preso?
O ministro emitiu os mandados de prisão temporária de Joesley e Saud desacompanhados de mandados de busca e apreensão, que permitiriam à Polícia Federal entrar na casa dos delatores. Por quê?
O Antagonista apurou que Fachin encaminhou à PGR os mandados de prisão na sexta-feira à noite, mas a PF só os recebeu às 16h de sábado. Um dos mandados chegou com endereço errado e precisou ser retificado. Demora e falha estranhas.
O encontro furtivo de Rodrigo Janot com o advogado de Joesley, Pierpaolo Bottini, revelado por O Antagonista, ocorreu no final da manhã de sábado, antes que a PF fosse comunicada oficialmente dos mandados de prisão. Embora Janot e Bottini digam que se encontraram por acaso, O Antagonista sabe que os dois combinaram o encontro e trataram, sim, das prisões de Joesley e Saud.
O “boteco” do encontro, aliás, é um depósito de bebidas do Lago Sul, em Brasília, distante do roteiro de lazer da capital. Janot frequenta o local, mas o advogado paulista obviamente não. Por que não tiveram um encontro formal?
Segundo fontes da PF, informações preliminares indicavam a prisão de Miller e as ações de busca e apreensão em todas as prisões. A PF chegou a preparar um avião e deflagraria a operação na segunda-feira. Mudança de última hora?
Joesley e Saud têm muito o que explicar. Mas Fachin e Janot também têm.
Kakay entrega Lula
Brasil 10.09.17 16:29
Kakay, amigo de José Dirceu, garantiu que Joesley Batista disse a verdade à PGR.
Ele confirma, portanto, que a JBS deu 150 milhões de dólares em propinas para Lula e Dilma Rousseff.
Joesley contrata Kakay
Brasil 10.09.17 15:04
Joesley Batista e Ricardo Saud, segundo o Jota, arrumaram um novo advogado: Kakay.
Os delatores contrataram um defensor que detona publicamente a Lava Jato?
É um sinal muito claro de que eles decidiram partir para a guerra contra o MPF.



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