PRIMEIRA EDIÇÃO DE 29-8-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
TERÇA-FEIRA, 29 DE AGOSTO DE 2017
Entidades que representam magistrados da Justiça do Trabalho têm discutido com grupos de procuradores formas de descumprir a lei da reforma trabalhista, recentemente aprovada, e que entrará em vigor em novembro. A armação inclui doutrina e distribuição de cartilhas para subsidiar decisões ignorando a nova lei, por razões ideológicas e pelo temor de esvaziamento. E até futura extinção da Justiça do Trabalho.
Juízes são instruídos a boicotar a lei citando “princípios constitucionais de valorização do trabalho”, como se a Reforma o desvalorizasse.
Magistrados também são doutrinados a citar supostas “normas internacionais” que se sobrepõem à lei da Reforma Trabalhista.
Ministro de corte superior ironiza a burla: “As novas normas podem implicar, cedo ou tarde, na extinção desse ramo inútil e caro...”.
As entidades optam pelo boicote em vez de arguir contra a Reforma Trabalhista no STF. Avaliam que suas chances são muito reduzidas.
Dois dos três escritórios que defendem Eduardo Cunha atenderam ao apelo da família e decidiram não abandonar a causa, após a divulgação de carta em que o ex-deputado ataca o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo. As bancas Figueiredo & Veloso e Délio Lins e Silva & Associados ficam na causa, mas deram um ultimato a Cunha: ele ficará sem advogado se tomar iniciativas sem consultá-los antes.
A saída do escritório Sanchez Rios da defesa de Eduardo Cunha foi atribuída no meio a uma tentativa de “fazer média” com a Justiça.
A carta de Cunha quase provocou debandada dos advogados, já irritados com reiteradas atitudes do ex-deputado à revelia deles.
Ticiano Figueiredo, revelação da advocacia criminal, e Délio Lins e Silva, que cuida inclusive do acordo de delação, lideram a defesa.
O Supremo Tribunal Federal (STF) tornou públicos os salários dos seus 1.196 servidores. Os ministros, que em tese recebem o “teto salarial”, ganham muito menos do que centenas de juízes e desembargadores.
Para acabar com recebimentos milionários nos Três Poderes, bastaria o STF, em interpretação definitiva da Constituição, proibir que a soma dos auxílios e extras seja superior ao salário base.
Circula nas redes sociais a campanha “Xô, Renault”, contra comercial obtuso que, a pretexto de ironizar, apenas reafirmou preconceitos e estereótipos tipo “Nordestino é preguiçoso” ou “Carioca é malandro”.
Na tentativa desesperada de ganhar votos, Eduardo Braga (PMDB) até atacou a reforma trabalhista. Foi inútil: Amazonino Mendes (PDT), seu velho mentor, venceu o 2º turno da disputa pelo governo do Amazonas.
Na campanha que acabou domingo no Amazonas, o TRE tomou uma rara decisão: afastou o juiz da propaganda eleitoral, Paulo Fernando de Britto Feitosa, acusado de dormitar em processos. Ele coordena cursos na Escola Superior da Magistratura local, cujo papel é capacitar juízes.
Após ser rejeitado pedido de urgência para projeto de lei que quebraria o sigilo das operações do BNDES, PT e PMDB respiram aliviados no Senado. Mas o mérito do projeto ainda não foi avaliado.
A Engevix informou que negocia acordo de leniência com o governo. E que a declaração de inidoneidade, proclamada pelo Tribunal de Contas da União, está suspensa. Desse modo, apenas uma empreiteira enrolada da Lava Jato está proibida de contratar com o poder público.
O Impostômetro, que contabiliza a tunga no bolso do contribuinte brasileiro a cada a segundo, ultrapassou ontem a marca dos R$1,4 trilhão desde o início do ano.
... com o fim do imposto sindical obrigatório e indecoroso, a sessão para a CUT na Câmara nem parecia homenagem; parecia velório.

NO DIÁRIO DO PODER
DELAÇÃO JBS
STF AUTORIZA INQUÉRITO DE INVESTIGAÇÃO CONTRA SENADOR JOSÉ SERRA
SEGUNDO JOESLEY BATISTA, SENADOR RECEBEU R$ 20 MILHÕES PARA CAMPANHA PRESIDENCIAL EM 2010
Publicado: segunda-feira, 28 de agosto de 2017 às 20:32
Redação
A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura do inquérito de investigação contra o senador José Serra (PSDB-SP). A decisão, baseada nas delações de executivos da JBS, foi assinada no dia 18 de agosto, mas só entrou no andamento processual do STF nesta segunda (28).
“As oitivas dos representantes legais das empresas emissoras das notas fiscais que deram lastro à suposta contribuição eleitoral não contabilizada, assim como a do senador da República, José Serra, constituem o ponto de partida para o aprofundamento das investigações”, escreveu a ministra em sua decisão.
O pedido de investigação foi apresentado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em junho e acusa o senador de possível omissão de dados na prestação de contas de sua campanha, configurando o crime de caixa dois que tem pena de até cinco anos de prisão mais multa.
Na delação, Joesley Batista, dono da JBS, relatou uma doação não contabilizada para a campanha de Serra à Presidência, em 2010. Segundo o empresário, o senador solicitou o repasse de cerca de R$ 20 milhões à campanha. Desse valor, apenas R$ 13 milhões foram declarados à Justiça Eleitoral. O relator informou que o restante da quantia foi repassado por meio de notas fiscais de R$ 6 milhões e R$ 420 mil.
Por se tratar de uma investigação não relacionada com a Lava Jato, Janot pediu a redistribuição e o caso passou das mãos do ministro Luiz Edson Fachin para Rosa Weber.

PAGAMENTOS CAMUFLADOS
RENAN FILHO PAGOU R$ 10 MILHÕES À LOCADORA QUE TORNOU RENAN RÉU
LOCADORA DE AMIGO DE RENAN FATURA R$10 MILHÕES DO GOVERNO DE AL
Publicado: segunda-feira, 28 de agosto de 2017 às 23:30 - Atualizado às 00:34
Davi Soares
O governo de Renan Filho (PMDB) pagou R$ 10,2 milhões à locadora Costa Dourada Veículos LTDA., desde a posse do governador peemedebista, em 1º de janeiro de 2015. Somente nos dois anos e oito meses de mandato, o gasto representa quase a metade dos R$ 25,6 milhões pagos à empresa pelo Estado de Alagoas, ao longo dos últimos dez anos. A locadora com sede em Maceió é a mesma da ação penal do Supremo Tribunal Federal (STF), na qual o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) é réu pela acusação de crime de peculato, em dezembro de 2016.
Um dos sócios da locadora é Ildefonso Antônio Tito Uchôa Lopes, que foi apontado como dirigente “laranja” de emissoras alagoanas de rádio avaliadas em R$ 2,5 milhões que, na realidade, seriam de Renan Calheiros. A relação foi investigada por comissão do Senado, em 2007, e foi ponto de partida para um dos processos de cassação que Renan enfrentou e venceu. O senador sempre negou a propriedade das rádios.
O senador Renan tem dito que acredita que provará sua inocência, na ação penal por peculato, envolvendo a Costa Dourada. No processo, ele é acusado de destinar parte da verba indenizatória do seu gabinete no Senado, para a locadora que, segundo a Procuradoria Geral da República, não prestou os serviços. Foram R$ 44,8 mil pagos pelo senador à Costa Dourada Veículos, entre janeiro e julho de 2005. E, em agosto daquele ano, a empresa emprestou R$ 178,1 mil ao ex-presidente do Senado.
O outro sócio da Costa Dourada é Augusto Cesar Ferreira e Uzêda, responsável pela área internacional da empreiteira OAS em 2013, que foi afastado do cargo por causa da Operação Lava Jato. Uzêda foi citado na investigação sobre a acusação de tráfico de influência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em favor da OAS, no exterior, por causa de uma mensagem de SMS enviada, em novembro de 2013, ao ex-presidente da empreiteira, Léo Pinheiro.
O ex-executivo atuou na operação em que a OAS bancou uma viagem do ex-presidente Lula para o Chile, com o suposto objetivo de tratar de um assunto de interesse da empreiteira. Na mensagem, Uzêda diz que colocou um avião à disposição para Lula embarcar: “O Brahma [apelido de Lula] quer fazer palestra dia 24, 25 ou 26/11 em Santiago”, escreveu Léo Pinheiro. “O avião é por nossa conta”, respondeu o sócio da locadora. No mês seguinte à visita de Lula, a companhia venceu licitação em consórcio com outras empresas, no Chile.
Uzêda foi contratado pela J&F, em 2015, para comandar a Zetta Infraestrutura, braço da dona da Friboi no setor de energia, logística, desenvolvimento urbano e iluminação pública.
LICITADA, MAS CAMUFLADA
A Costa Dourada é uma das empresas que fazem parte do Consórcio Locação Nordeste, formado por mais 12 locadoras contratadas através do pregão presencial realizado em 2014, com valor anual de R$ 42,7 milhões, que já teve três aditivos e pode durar até 2019. Mas o esquisito é que, o Portal da Transparência do Estado de Alagoas camufla as ordens de pagamento destinados à Costa Dourada, que, se acessadas, não correspondem com a despesa empenhada.
Até é possível consultar os empenhos das despesas com “locação de veículo” junto à empresa de Tito Uchôa e de Cesar Uzêda. Mas, ou as ordens de pagamento aparecem como outros valores e outros destinatários, ou resultam em um raro erro no portal alagoano, quando acessadas.
Veja no vídeo, o que aconteceu com todos os pagamentos à locadora, consultados nesta segunda-feira (28), pelo Diário do Poder: https://youtu.be/_PYaEs2DBZg
COMEÇOU COM R$ 15 MIL
A Costa Dourada Veículos LTDA. loca veículos ao Estado de Alagoas pelo menos desde o primeiro ano do governo de Teotônio Vilela Filho (PSDB), em 2007, quando recebeu R$ 15,9 mil no ano. E seguiu faturando, ainda timidamente, R$ 263,8 mil, em 2008; R$ 636,5 mil, em 2009; até atingir R$ 1,5 milhão, em 2010, ano da reeleição do tucano.
No segundo mandato tucano, a locadora consolidou seu faturamento milionário, recebendo R$ 2,3 milhões, em 2011; R$ 2,9 milhões, em 2012; atingindo o ápice com R$ 3,8 milhões, em 2013, e R$ 3,6 milhões, em 2014. Totalizando R$ 15,3 milhões de faturamento nos oito anos do governo de Teotônio Vilela Filho
Já no governo de Renan Filho, de 1º de janeiro de 2015, até hoje, os R$ 10,2 milhões pagos à locadora nos dois anos e oito meses de mandato tem grandes chances de evoluir e fazer a Costa Dourada atingir um recorde de faturamento, ao final de 2017, quando foi lançado o projeto Força Tarefa, ampliando a locação de novas viaturas para a Secretaria de Segurança Pública de Alagoas.
Veja a sequência dos repasses do governo de Renan Filho à empresa que levou o pai do governador a se tornar réu por peculato: R$ 3.164.518,71, em 2015; R$ 3.540.715,34, em 2016; e R$ 3.582.094,30, até agora, neste ano de 2017.
Além da ação penal por peculato, o senador Renan Calheiros é investigado em 17 inquéritos no STF; sendo 13 resultantes da Operação Lava Jato, que investiga os esquemas de corrupção ligados à Petrobras.
O Governo de Alagoas não quis se pronunciar sobre o caso, nem explicar o que ocorreu no registro dessas despesas no Portal da Transparência.
O Diário do Poder também entrou em contato com o empresário Tito Uchôa, que também não respondeu à reportagem.

JUCÁ E ODEBRECHT
PGR DENUNCIA LÍDER DO GOVERNO NO SENADO POR RECEBIMENTO DE PROPINA
AS ACUSAÇÕES CONTRA O SENADOR ROMERO JUCÁ SÃO DE CORRUPÇÃO E LAVAGEM DE DINHEIRO
Publicado: segunda-feira, 28 de agosto de 2017 às 18:44 - Atualizado às 19:52
Redação
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou ao Supremo Tribunal Federal o senador Romero Jucá por solicitar e receber propina no valor de R$ 150 mil para atuar favoravelmente à Odebrecht na tramitação das Medidas Provisórias 651/2014 e 656/2014. O diretor de relações institucionais da empresa, Cláudio Melo Filho, também é denunciado por ter ajustado e pago a vantagem indevida por meio de doação oficial ao filho do senador, Rodrigo Jucá, então candidato a vice-governador de Roraima em 2014. As acusações são de corrupção e lavagem de dinheiro.
Segundo a denúncia, depois de acertada a atuação do senador para garantir que a redação do texto final da Medida Provisória 651/2014 atendesse aos interesses da Odebrecht, em 24/10/2014, a empresa doou R$ 150 mil ao Diretório do PMDB de Roraima. Nesse mesmo dia, o Diretório Estadual do PMDB de Roraima doou esse exato valor à campanha de Francisco de Assis Rodrigues a governador, de cuja chapa participava Rodrigo Jucá. O próprio sítio eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral traz a Odebrecht como doadora originária.
"Não há dúvidas de que o sistema eleitoral foi utilizado para o pagamento disfarçado de vantagem indevida a partir de ajuste entre Romero Jucá e o executivo do Grupo Odebrecht, Cláudio Melo Filho", diz o PGR. Rodrigo Janot destaca que inexistem motivos plausíveis para que a Odebrecht fizesse doações direcionadas especificamente ao Estado de Roraima.
Em acordo de colaboração premiada, Cláudio Melo Filho informou que o pagamento ocorreu exclusivamente pelo pedido de Romero Jucá, já que a Odebrecht não tinha interesse na atuação de Rodrigo Jucá em Roraima. Além disso, o então candidato a vice-governador de Roraima não tem histórico de atuação na defesa do setor produtivo nem expressividade nacional, o que reforça a falta de interesse da Odebrecht em apoiá-lo politicamente.
Pacote de bondades - Durante encontro com Cláudio Melo Filho, Romero Jucá informou que tentaria a relatoria da Medida Provisória 651/2014, conhecida como “pacote de bondades”. O senador não obteve a relatoria, mas se tornou presidente da Comissão Mista da tramitação da MP, que alterou a legislação tributária federal relativa ao Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e a outros tributos. Esses assuntos eram de interesse do grupo Odebrecht.
Na tramitação da MP, foram apresentadas 334 emendas ao texto inicial. Dessas, 23 foram apresentadas por Romero Jucá e 7 foram aprovadas total ou parcialmente. Todas as aprovadas tiveram como foco o artigo 33 e seus parágrafos, exatamente a parte que interessava à Odebrecht. A denúncia relaciona todas as alterações sofridas na MP a partir das emendas apresentadas. O problema é que o parágrafo 7º ao art. 33, proposto por emenda de Romero Jucá, que previa a eliminação de efeitos fiscais na cessão de créditos, não foi aprovado.
No entanto, dispositivo de efeitos mais benéficos foi aprovado posteriormente, na tramitação da Medida Provisória 656/2014, por emenda apresentada uma vez mais pelo senador Romero Jucá que trata da redução para zero da alíquota de PIS e COFINS. Essa redação beneficia as empresas que cedem créditos previstos na Lei 13.043/2014, pois, no caso daquelas que apuram o Imposto de Renda Pessoa Jurídica e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido na modalidade Lucro Real, em geral, as alíquotas de PIS e COFINS são de 7,6 e 1,65% sobre o faturamento.

ELEIÇÕES 2014
STF LIVRA GLEISI HOFFMANN DE SUSPEITA DE BOCA DE URNA EM 2014
SENADORA ERA INVESTIGADA PELO ENVIO DE SMS NO PRIMEIRO DIA DE ELEIÇÃO PARA GOVERNADOR DO ESTADO
Publicado: segunda-feira, 28 de agosto de 2017 às 15:47 - Atualizado às 15:48
Redação
O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu devolver à Justiça Eleitoral do Paraná a investigação de suspeita de boca de urna nas eleições de 2014 e o possível envolvimento da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). O processo foi encaminhado ao STF para a verificação da veracidade do envolvimento da senadora que, na época, era candidata ao governo no Paraná.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, avaliou o caso e as informações enviadas pela Justiça Eleitora e concluiu que não existem indícios da participação de Hoffmann. “O feito não deve transcorrer sob supervisão do STF, ante a inexistência de mínimos indícios de envolvimento da senadora Gleisi Hoffmann nos fatos em apuração”, informou.
A decisão do ministro atendeu o procurador-geral e determinou a devolução dos autos para o Juízo da 150ª Zona Eleitoral de Santa Fé, para que as investigações continuem lá.
O caso
A investigação foi iniciada após o pedido da Promotoria de Justiça comarca de Santa Fé (PR), para apurar suposta prática de boca de urna no dia do 1º turno das eleições e 2014. Segundo informou uma juíza de Santa Fé ao Ministério Público, ela recebeu uma mensagem no celular com propaganda eleitoral de Hoffmann.
“Com efeito, relativamente à parlamentar não há nenhum elemento que indique tenha ela participado ou tido conhecimento do envio de mensagens aos eleitores, por SMS, no dia do pleito. As diligências realizadas até o momento não evidenciaram envolvimento dela no episódio. Das circunstâncias do fato, ademais, não é possível extrair que necessariamente tenha ocorrido com a participação e/ou ciência da candidata, especialmente considerando tratar-se de campanha de grande vulto, para o cargo de Governo do Estado do Paraná”, concluiu Janot.

NO BLOG DO JOSIAS
Pedido de suspeição contra Gilmar irá a plenário
Josias de Souza
Terça-feira, 29/08/2017 05:55
A ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, sinalizou a pelo menos um de seus colegas a intenção de submeter ao plenário da Corte a apreciação do pedido de suspeição feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Gilmar Mendes. Nesta segunda-feira, 28, Cármen enviou a Gilmar ofício convidando-o a apresentar defesa escrita.
Em seu pedido, o procurador-geral pede que Gilmar seja impedido de atuar no processo que envolve o empresário de ônibus, Jacob Barata Filho, suspeito de pagar propinas para obter contratos junto ao governo do Rio de Janeiro. Cármen Lúcia ficou numa toga justa. Gilmar é padrinho de casamento da filha do investigado. Chama-se Beatriz Barata. Casou-se com um sobrinho de Guiomar Mendes, mulher de Gilmar.
Alheio às circunstâncias, Gilmar mandou soltar Barata Filho duas vezes na semana passada. O personagem estava preso por ordem do juiz Marcelo Bretas, que cuida da Lava Jato no Rio. Há no Supremo um outro pedido de suspeição contra Gilmar. Nele, o procurador-geral sustenta que o ministro não pode atuar também no processo estrelado por Eike Batista. Solto por Gilmar, Eike é defendido na Lava Jato por um escritório de advocacia onde trabalha Guiomar, a mulher do ministro.

Petrificado, Lula faz caravana sem sair do lugar
Josias de Souza
Terça-feira, 29/08/2017 04:39
Lula só virou um portento eleitoral depois que assinou, em 2002, a Carta aos Brasileiros. Nela, apropriou-se dos pilares que escoraram a política econômica na Era pós-Real. E deslizou da esquerda para o centro, beliscando votos no campo adversário. Elegeu-se presidente. No governo, vangloriou-se de ser “uma metamorfose ambulante”. Reelegeu-se com um pé nas costas e o Mensalão sobre os ombros. E ainda abriu uma fábrica de postes.
Hoje, sem condições de fornecer explicações críveis sobre os episódios inacreditáveis em que se meteu, Lula encolhe. Sua retórica, baseada no ódio à força-tarefa da Lava Jato, cabe numa caixa de fósforos. Seu prestígio, tisnado por seis ações penais e uma condenação, cabe nos 30% do eleitorado que tradicionalmente pende para o PT. Ainda em dúvida sobre o que vai ser quando terminar de decrescer — se presidiário ou presidenciável — Lula realiza uma viagem ao passado.
O pajé do PT prega para devotos e convertidos ao conceder entrevistas e discursar diante das plateias companheiras arregimentadas para ouvi-lo no Nordeste. Dirige-se a uma gente que continuará seguindo-o mesmo se o TRF-4 o enviar para a cadeia. Estalando de pureza ética, Lula revela-se capaz de tudo — chama procuradores de “canalhas” e diz que os “meninos” da Lava Jato minaram a saúde de Marisa Letícia, empurrando-a para a cova. Só não consegue colocar em pé uma agenda para a reconquista dos territórios adversários.
Ao final de sua caravana de 18 dias, Lula terá percorrido 25 cidades de nove Estados nordestinos. E perceberá que, petrificado, viajou de volta para suas origens sem sair do lugar. Notará que campanha política não absolve um réu em seis ações penais, assim como uma condenação de 9 anos e meio de cadeia não elege um presidente.

Prisão após 2ª instância vira roleta russa do STF
Josias de Souza
Segunda-feira, 28/08/2017 20:21
Ninguém diz, talvez por receio de encarar a realidade. Mas o Poder Judiciário vem adotando um comportamento suicida. É hora de começar a discutir a encrenca às claras. O assunto é de grande importância porque o Brasil já convive com uma democracia meio suicida. Nela, os poderes Legislativo e Executivo exibem uma tendência reincidente e insana para a autodesmoralização. Imaginava-se que o Judiciário restabeleceria a sanidade da República. Mas até o Supremo Tribunal Federal emite sinais trocados.
No momento, o tema que eletrifica o noticiário político-policial é o risco de o Supremo rever a decisão que abriu a porta da cadeia para os condenados na primeira e na segunda instância do Judiciário. Esse avanço foi adotado pelo plenário do Supremo em fevereiro do ano passado. A novidade foi confirmada em outubro de 2016. Pois o assunto deve voltar à pauta do Supremo pela terceira vez. É grande o risco de ocorrer um recuo.
Um, dois, três julgamentos sobre o mesmo tema. É como se a Suprema Corte testasse até onde pode levar o desprezo pelo esforço de combate à corrupção. Alguém precisa avisar ao Supremo que roleta russa também é uma modalidade de suicídio.

Reincidência de Renan desmoraliza o Supremo
Josias de Souza
Segunda-feira, 28/08/2017 19:24
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, abriu mais um inquérito contra Renan Calheiros (PMDB-AL), agora por desvios no Postalis, o fundo de pensão dos Correios. Noves fora um processo em que já figura como réu, esta é a 17ª investigação deflagrada contra o senador, 13 das quais no âmbito da Lava Jato. “É mais uma acusação sem provas”, desdenha o pluri-acusado.
O ministro Barroso parece discordar: ''No presente caso, um primeiro exame dos autos revela elementos de participação direta do Parlamentar nos fatos narrados. Não se está diante de notícia sem qualquer apoio indiciário ou de notícia fundada somente em denúncia anônima, devendo-se dar prevalência, diante disso, ao interesse da sociedade em ver esclarecidos os fatos.''
Renan, o sobrevivente, disputará a reeleição para o Senado em 2018. Se chegar às urnas brandindo uma ficha limpa, sujará a reputação do Supremo. O senador frequenta o topo do ranking dos processados com direito a foro especial. A desmoralização da Suprema Corte aumenta na proporção direta da reincidência de Renan, que mantém a pose de personagem insuspeito.
Diante da demora do Supremo em providenciar uma resposta, não restará ao eleitor senão interrogar os seus votões diante da urna: existe alguma coisa mais suspeita do que a conduta absolutamente irrepreensível de um senador encrencado em 18 processos criminais?

Câmara presidida por Fufuquinha é um escárnio
Josias de Souza
Segunda-feira, 28/08/2017 18:24
Ninguém prestou muita atenção. Entretanto, além de acomodar Rodrigo Maia na presidência da Câmara, os deputados colocaram Fábio Ramalho (PMDB-MG) na vice-presidência da Casa. E ainda elegeram André Fufuca (PP-MA) como segundo vice-presidente. De absurdo em absurdo, chegou-se ao ápice do constrangimento.
Michel Temer, o lamentável, passará oito dias na China. Entregará a chave do gabinete presidencial a Rodrigo Maia, o impensável. Famoso pelos jantares mineiros que serve aos colegas, Fábio Ramalho, o inacreditável, integrará a comitiva presidencial como convidado de honra.
Assim, responderá pela presidência da Câmara por intermináveis oito dias André Fufuca, o inaceitável. Fufuquinha, como é chamado na intimidade, exerce o seu primeiro mandato federal. Até aqui, sua maior realização havia sido integrar a milícia parlamentar de Eduardo Cunha. O deputado considera Cunha um injustiçado. Chegou a compará-lo a Tiradentes.
Muita gente deve ter começado a rezar para que a viagem presidencial à China termine bem. Se alguma coisa acontecesse com o avião que transporta o lamentável e o inacreditável, o País ficaria nas mãos do impensável. E o comando da Câmara seria entregue ao inaceitável. Trinta segundos de Fufuquinha já seria um absurdo. Oito dias é um escárnio.


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