TERCEIRA EDIÇÃO DE 28-7-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA EXPRESSO (ÉPOCA)
Moro diz que viagem de Bendine à Europa não foi o único motivo de prisão
A afirmação foi dada em resposta a pedido de liberdade protocolado pelo advogado do ex-presidente da Petrobras
Por MARCELO ROCHA
Sexta-feira, 28/07/2017 - 06h01 - Atualizado 28/07/2017 09h49
O advogado Pierpaolo Bottini pediu nesta quinta-feira (27) que o juiz Sergio Moro reconsidere a decisão de mandar prender o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine, conhecido como Dida. Para sustentar o pedido, Bottini juntou cópia de documento relativo à compra de passagem aérea para volta ao Brasil – Bendine tem passaporte italiano e embarcaria nesta sexta-feira (28) para Portugal. Em resposta, Moro afirmou que vai analisar o pedido de Bottini, mas frisou que "a aquisição de passagem para viagem ao exterior foi um, mas não o único ou o mais importante, elemento que levou à decretação da prisão temporária".

Nenhuma palavra de Dilma em defesa de Bendine
Ex-presidente do Banco do Brasil foi um dos assessores mais fiéis da petista
Por MURILO RAMOS
Sexta-feira, 28/07/2017 - 07h00 - Atualizado 28/07/2017 08h57
Rápida para defender o ex-presidente Lula das acusações saídas da Lava Jato nas redes sociais, a ex-presidente Dilma Rousseff não esboçou reação sobre a prisão de Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, na quinta-feira (27). Nos estertores do governo Dilma, Bendine foi um de seus assessores mais fiéis.

NA TRIBUNA DA INTERNET
O que deu errado no esquerdismo, na visão de Lênin
Por Alberto Dines 
No Observatório da Imprensa
“Esquerdismo, doença infantil do comunismo”, precisamente com este título, há cerca de 95 anos (Maio de 1920), Vladimir Ilitch Lênin escreveu e publicou em Moscou um ensaio-panfleto denunciando severamente os PCs da Alemanha e da Inglaterra pelo extremismo de suas estratégias, visto como “desvio ideológico à esquerda”.
No cerne das acusações do patriarca do comunismo, a intransigência destes radicais que consideravam inúteis os partidos políticos, desnecessária a atuação do Partido nos parlamentos “burgueses” e, portanto, qualquer compromisso com os trabalhistas e social-democratas descartados liminarmente como “reformistas”, embora dominassem amplos setores da classe operária nos respectivos países.
ESTAVA CERTO – A advertência de Lênin mostrou-se plenamente justificada uma década depois quando o delirante PC alemão cometeu o catastrófico disparate ao converter a social democracia reformista e não o nacional-socialismo hitlerista no principal adversário dos comunistas.
O Cavaleiro da Esperança, Luis Carlos Prestes, cometeu o mesmo erro nada menos do que três vezes e, aparentemente, não por ignorar a repreensão de Lênin, mas por não identificar suas alianças com a necessária objetividade: em 1935, deixou de lado a recém-lançada e robusta Aliança Nacional Libertadora e partiu para uma canhestra insurreição militar (mais tarde explicada de forma ainda mais canhestra como “levante antifascista”).
Em 1945, recusou enxergar Vargas como o verdugo da sua mulher, Olga Benário e embarcou no “queremismo” em vez de aproximar-se dos socialistas não-revolucionários, dos reformistas civis da ANL e dos camaradas-tenentistas que sempre desconfiaram dos compromissos democráticos de Vargas. Em 1963-1964 finalmente apostou todas as fichas num confronto de Jango com as lideranças “burguesas” que se preparavam para disputar as presidenciais de 1965. Sabemos o resultado da desastrada e desastrosa aposta.
DOENÇA INCURÁVEL – A doença do infantilismo esquerdista diagnosticada por Lênin é contagiosa, incurável, desafia o tempo e o espaço. Não obstante as preferências dos seus fundadores por Trotsky e não pelo deformado stalinismo, o PT deixou-se contaminar pelo esquerdismo doentio e suicida que o pai do comunismo soviético antecipou com tanta perspicácia e acuidade.
Imantada ao noticiário da Lava-Jato e ao jorro contínuo dos escândalos, nossa imprensa e nossa sociedade parecem mesmerizadas pelo rosário e dimensões das roubalheiras, completamente desatentas a sintomas não menos graves da síndrome do esquerdismo infantil — a incompetência.
O dedo podre do aparelhamento partidário existe em todos os quadrantes do universo ideológico. A direita é burra, estúpida. Mas o esquerdismo infantilóide está nos obrigando a conviver de forma patológica com a inépcia. Uma aberrante solidariedade com incapazes e néscios, porém beneficiados pela identidade de ideias, está produzindo um irreparável retrocesso.
APELO À RAZÃO – A devoção às nulidades em situações-limite como a que vivemos é criminosa, mas este tipo de crime não está previsto no Código Penal. Ao contrário é estimulado. A cada dia que passa o Estado brasileiro torna-se mais vulnerável à imperícia de seus agentes. A expansão ilimitada desta bisonhice funcional acaba por impor-se como padrão, atingindo indistintamente todos os atores e elencos da cena política: a situação e oposição, o mercado e a academia, eleitos e eleitores, a imprensa e seus críticos — todos parecem igualmente estabanados e enfileirados.
O paroxismo que Lênin denunciou foi na verdade um apelo à razão e à eficácia. A paranoia esquerdista difere muito pouco da paranoia direitista. Igualmente tortas, só deixarão de reproduzir-se quando finalmente for aplicada a vacina contra a mosca azul — um aedes de última geração que prefere a estultice e só prolifera ao lado dos incompetentes e burocratas do aparelho estatal.

Revelações de Marcos Valério põem em risco a delação da Andrade Gutierrez
Por Lucas Ragazzi
No O Tempo
A delação premiada acordada entre o empresário Marcos Valério e a Polícia Federal, à qual a reportagem de O Tempo teve acesso, pode complicar ainda mais a situação da empreiteira Andrade Gutierrez e de alguns de seus antigos dirigentes, já implicados na Lava Jato, como o ex-presidente Otávio Azevedo. O acordo de Valério, que aguarda homologação do Supremo Tribunal Federal (STF), indica que a empreiteira participou de outras ações criminosas em Minas Gerais e durante o Mensalão petista.
Em pelo menos três anexos apresentados por Valério, o empresário cita o envolvimento da Andrade Gutierrez em casos distintos. No de número 19, o operador do Mensalão afirma que o então candidato a prefeito de Contagem, Ademir Lucas teria lhe procurado pedindo doações e recursos em caixa dois para sua campanha. Valério, então, contatou o Banco Rural para realizar um empréstimo no valor de R$ 6 milhões para o comitê de Ademir. Em troca, segundo Valério, teria ficado acordado que a Prefeitura de Contagem, quando Ademir Lucas viesse a ser eleito, iria pagar dívidas da Andrade com o Rural e favorecer a empreiteira na licitação para a coleta de lixo da cidade.
NEGOCIATA – Com a vitória de Ademir em 2000, a coleta passou a ser realizada pela empresa Construtora e Dragagem Paraopeba, que, segundo a delação, repassaria um percentual do contrato à Andrade Gutierrez posteriormente.
Já no anexo 25, Valério conta que a Andrade Gutierrez realizava obras para o governo de Minas e que parte dos recursos que seriam destinados a essas obras eram repassados, por meio de empréstimos fraudulentos no Banco Rural, para a agência SMPB, de propriedade do empresário. Depois, a agência transferia o dinheiro para campanhas eleitorais. O anexo, um resumo da delação, não indica o ano em que esse esquema teria funcionado. Só os depoimentos de Valério poderão esclarecer a época e quem era o governador de Minas Gerais no período das supostas irregularidades.
NA ERA DO MENSALÃO – A relação da Andrade Gutierrez com o PT também foi contemplada na delação. Conforme O Tempo já mostrou, segundo o delator, Paulo Okamotto – hoje presidente do Instituto Lula e na época comandante do Sebrae – teria acertado com o então vice-presidente do grupo Andrade Gutierrez, Roberto Gutierrez, falecido em 2006, um repasse de R$ 5 milhões da empreiteira para pagar advogados de réus do Mensalão.
Valério diz que o recurso foi transferido de uma conta no exterior por meio de um banco do Panamá. “Depois, ficou acertado que teríamos que pegar o repasse com um doleiro de São Paulo”, diz trecho da delação. Segundo o texto, este foi o primeiro pagamento à defesa dos seis réus do núcleo publicitário do esquema e buscava proteger o governo petista.
DELAÇÃO EM RISCO – Se a delação de Valério for aceita e os crimes revelados não tiverem sido relatados nos acordos de ex-dirigentes da Andrade, como Flavio Barra, da AG Energia, e Otávio Marques Azevedo, ex-presidente do grupo, eles podem ter seus benefícios revistos, o que pode levá-los de volta à prisão. Por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, Otávio já foi condenado a 18 anos de detenção e, Flavio, a 15 anos.
Em nota, a Andrade Gutierrez disse colaborar com as investigações por meio do acordo de leniência firmado com o Ministério Público Federal (MPF). A empresa afirma que segue com seu “compromisso público de esclarecer e corrigir todos os fatos irregulares ocorridos no passado”.
Por telefone, o ex-prefeito de Contagem, Ademir Lucas negou as acusações presentes na delação. “Não é verdade, nunca recebi R$ 1 de quem quer que seja, a não ser dentro dos preceitos legais da época”.
EX-MINISTRO NEGA – Citado na delação de Valério como recebedor de repasses ilegais por meio de contratos de publicidade com a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o ex-ministro Anderson Adauto, que ocupou a presidência da Casa entre 1999 e 2001, negou as acusações.“Fui presidente da ALMG em 1999. Na época não tinha agência de publicidade cuidando da Casa, a primeira licitação sobre essa área foi feita em 2001 e finalizada em 2002, em outra presidência. Não sei de nada a respeito deste assunto”, disse Adauto.
No texto da delação, Valério relata ter feito repasses, a pedido de um assessor do ex-ministro, para uma conta em nome de Anderson Adauto. O empresário também alegou ter, durante todo o tempo da presidência de Adauto na ALMG (de 1999 a 2001), ter destinado recursos para compra e reforma de um apartamento do ex-ministro em Belo Horizonte. “Os recursos foram entregues em dinheiro vivo para pagar as despesas de mão de obra do apartamento, além do material de construção”, asseverou.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A delação de Valério só está sendo aceita porque traz muitas novidades e está alicerçada em documentos. Mas o tempo não para e o Mensalão tucano caminha para a prescrição dos crimes de quem completar 70 anos, como o ex-governador Eduardo Azeredo. O senador Aécio Neves é um dos mais jovens e vai acabar segurando a descarga praticamente sozinho. (C.N.)

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