SEGUNDA EDIÇÃO DE 27-7-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NO O GLOBO
PF cumpre mandado de prisão contra ex-presidente da Petrobras em nova fase da Lava-Jato
Aldemir Bendine é principal alvo da 42ª fase da operação
POR O GLOBO
Quinta-feira, 27/07/2017 7:03 / atualizado 27/07/2017 7:17
Aldemir Bendine é ex-presidente da Petrobras - Givaldo Barbosa/Agência O Globo

SÃO PAULO - A Polícia Federal (PF) deflagrou a 42ª fase da operação Lava-Jato na manhã desta quinta-feira, batizada Operação Cobra. Foram expedidos três mandados de prisão temporária e 11 de busca e apreensão no Distrito Federal e nos estados de Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. A ação policial tem como alvo principal a investigação do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, bem como de pessoas a ele associadas, pela prática dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, dentre outros.
Segundo as investigações realizadas até este momento, o ex-presidente das instituições mencionadas e pessoas a ele relacionadas teriam solicitado vantagem indevida em razão dos cargos exercidos para que o Grupo Odebrecht não viesse a ser prejudicado em futuras contratações da Petrobras. Em troca, o grupo empresarial teria efetuado o pagamento em espécie de ao menos R$ 3 milhões. Aparentemente estes pagamentos somente foram interrompidos com a prisão do então presidente Marcelo Odebrecht, dono da empreiteira que leva seu sobrenome.
O nome da fase (Cobra) é uma referência ao codinome dado ao principal investigado nas tabelas de pagamentos de propinas apreendidas no chamado Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht durante a 23ª fase da OPERAÇÃO Lava Jato.
Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba onde permanecerão à disposição do juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba/PR.

NO O ANTAGONISTA
MORO DETERMINA BLOQUEIO DE CONTAS DE BENDINE
Brasil Quinta-feira, 27.07.17 09:27
Além de decretar a prisão de Aldemir Bendine, o juiz Sérgio Moro também determinou o bloqueio das contas dele e de seus operadores até o montante de R$ 3 milhões, valor equivalente à propina recebida da Odebrecht.

Moro negou o bloqueio solicitado pelo MPF das contas das empresas ZB Empreendimentos e Arcos Propaganda, ligadas aos operadores André e Antônio Vieira.
BENDINE SE DISSE "INTERLOCUTOR DA PRESIDENTE DA REPÚBLICA"
Brasil 27.07.17 08:30
Ao pedir propina na presidência da Petrobras, segundo a delação da Odebrecht, Aldemir Bendine apresentou-se como um "interlocutor da Presidente da República".
Nessa condição, segundo os delatores, teria condição de impedir o avanço da Lava Jato.
Criminosos agindo em "estágio avançado" da Lava Jato
Brasil 27.07.17 08:23
O procurador Athayde Ribeiro Costa disse o seguinte sobre a prisão de Aldemir Bendine e os seus comparsas:
"É incrível topar com evidências de que, após a Lava Jato já estar em estágio avançado, os criminosos tiveram a audácia de prosseguir despojando a Petrobras e a sociedade brasileira.“
E ainda:
"Os crimes recentes são a prova viva de que a prisão é necessária para frear o ímpeto criminoso de um esquema que vem desviando bilhões há mais de década.”
O método da Lava Jato
Brasil 27.07.17 08:25
Os advogados formais e informais da ORCRIM acusam a Lava Jato de se basear apenas em relatos de delatores.
A prisão de Aldemir Bendine é um exemplo de como as coisas de fato funcionam.
A Odebrecht confessou o pagamento de 3 milhões de reais ao presidente da Petrobras. A partir daí, foram feitas as seguintes diligências, segundo O Globo: “análise de ligações telefônicas, identificação junto a hotéis de reuniões secretas, descoberta mediante análise de cartões de crédito de encontros em restaurantes, colheita de comunicações ocultas por aplicativos de celular que eram destruídas em tempo pré-determinado para apagar os vestígios de crimes, bem como exame de anotações que apontam para pagamentos de despesas de hospedagem em favor de familiares de Aldemir Bendine”.
Mais ainda:
“Já neste ano de 2017, um dos operadores financeiros que atuavam junto a Bendine confirmou que recebeu a quantia de R$ 3 milhões da Odebrecht, mas tentou atribuir o pagamento a uma suposta consultoria que teria prestado à empreiteira para facilitar o financiamento junto ao Banco do Brasil. Todavia, a investigação revelou que a empresa utilizada pelo operador financeiro era de fachada.
Além disso, não foi apresentado nenhum material relativo à alegada consultoria e não foi explicado o destino de valores, a forma oculta do recebimento, a ausência de contrato escrito para serviços de valor milionário e o motivo da diminuição do valor de tais serviços, que inicialmente seriam, conforme reconhecido pelo próprio operador, de R$ 17 milhões, para R$ 3 milhões.
Buscando dar aparência lícita para os recursos, o operador financeiro, após tomar ciência das investigações, efetuou o recolhimento dos tributos relacionados à suposta consultoria, cerca de dois anos após os pagamentos, com o objetivo de dissimular a origem criminosa dos valores. Há indícios que a documentação também foi produzida com intuito de ludibriar e obstruir as investigações”.
PROPINA PARA BENDINE FOI PAGA EM 3 PARCELAS
Brasil 27.07.17 08:15
De acordo com os procuradores da Lava Jato, os 3 milhões de reais de propina da Odebrecht a Aldemir Bendine, então presidente da Petrobras, foi feito em três parcelas:
"O valor foi repassado em três entregas em espécie, no valor de R$ 1 milhão cada, em São Paulo. Esses pagamentos foram realizados no ano de 2015, nas datas de 17 de junho, 24 de junho e 1º de julho, pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht."
Os outros presos
Brasil 27.07.17 08:20
Além de Aldemir Bendine, detido no interior de São Paulo, foram presos na Operação Cobra, André Gustavo Vieira da Silva e Antônio Carlos Vieira da Silva Jr., suspeitos de serem operadores do executivo.
UM PRESIDENTE DE BANCO QUE GUARDAVA DINHEIRO EM ESPÉCIE
Brasil 27.07.17 08:10
No início de 2015, quando foi ungido presidente da Petrobras por Dilma Rousseff, demos a ficha até então conhecida de Aldemir Bendine.
Releiam:
Aldemir "Val Marchiori" Bendine é perfeito para a Petrobras
Economia 06.02.15 12:22
O que há de mais relevante na carreira do novo presidente da Petrobras, Aldemir "Val Marchiori" Bendine:
a) Em 2011, foi acusado por um subordinado seu no Banco do Brasil de mandar espioná-lo, num episódio que permanece nebuloso
b) Em 2014, foi multado pela Receita Federal, para não ser questionado sobre a sua evolução patrimonial e sobre a origem de 280 mil reais em espécie, usados para comprar um apartamento em 2010. Assim como Dilma Rousseff, a ex-guerrilheira de esquerda, ele faz parte da estranha espécie que guarda dinheiro em espécie em casa, apesar de ter presidido um banco.
c) No mesmo ano, chancelou um empréstimo totalmente irregular de 2,7 milhões de reais do Banco do Brasil à sua "amiga" Val Marchiori. Além disso, o seu motorista denunciou que foi portador de vários pagamentos de Bendine em dinheiro vivo. Bendine entregou o cargo de presidente do Banco do Brasil, mas Guido Mantega o manteve até que fosse nomeado o novo ministro da Fazenda.
d) Em janeiro deste ano, fechou um acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para escapar de um processo administrativo por violar o silêncio imposto a ele durante a oferta pública de ações da BB Seguridade. Pelos termos do acordo, pagou 122 mil reais à CVM.
O Antagonista acha que Aldemir "Val Marchiori" Bendine reúne, sim, todas as condições de ser presidente da Petrobras.
ALDEMIR "HELLO!" BENDINE
Brasil 27.07.17 08:04
Aldemir Bendine ganhou, digamos, projeção nacional em 2015, quando se descobriu que, na presidência do Banco do Brasil, facilitou ainda mais a vida da sua amiga Val "Hello!" Marchiori, com um empréstimo do banco para comprar carretas que se transformou num Porsche.
Releiam:
Financiando o Porsche de Val Marchiori
Brasil 06.05.15 06:05
Val Marchiori comprou um Porsche Cayenne com dinheiro do Banco do Brasil.
O dinheiro foi liberado quando o BB era comandado pelo atual presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, parceiro de Val Marchiori.
A Folha de S. Paulo mostrou que o BB autorizou Val Marchiori a comprar o Porsche Cayenne com uma parte dos 3 milhões de reais destinados a financiar a compra de carretas - um negócio que está sendo investigado pela PF.
Os 3 milhões de reais foram emprestados pelo BNDES, com juros subsidiados, de 4% ao ano.
Val Marchiori já declarou que é "mais fácil chorar num Porsche do que num Fusca". Dependendo de seu relacionamento com Aldemir Bendine, é também mais barato comprar um Porsche do que um Fusca.
A Folha fotografou Val Marchiori no Porsche financiado com dinheiro público

MAIS UM SUJEITO SEM LIMITE
Brasil 27.07.17 08:01
Depois de operar no Banco do Brasil e na Petrobras -- quando a empresa já estava quebrada e posta a nu pela Lava Jato, frise-se --, Aldemir Bendine tentou ser presidente da Vale no início deste ano.
Era mais um sujeito sem limite.
"QUE O GUIDO MANDAVA SEMPRE O ALDEMIR FAZER AS COISAS E ELE NÃO RECEBIA NADA"
Brasil 27.07.17 07:55
O delator Fernando Reis, ex-executivo da Odebrecht, contou que, em 2014, foi procurado por um emissário de Aldemir Bendine, então presidente do Banco do Brasil, que lhe fez o primeiro pedido de propina.
O emissário era o publicitário André Gustavo Vieira da Silva, que disse a Fernando Reis que Aldemir Bendine tinha uma queixa sobre Guido Mantega, então ministro da Fazenda de Dilma Rousseff.
Eis o registro da delação de Fernando Reis;
“Que o Guido mandava sempre o Aldemir fazer as coisas, que ele fazia, que tinha a percepção que o então ministro Guido Mantega fazia parte da arrecadação e que ele, Bendine, só recebia as ordens e não recebia nada, então ele queria tentar estabelecer conosco um canal para o Aldemir Bendine.”
UM CORRUPTO AUDACIOSO
Brasil 27.07.17 07:49
Aldemir Bendine, segundo os delatores da Odebrecht, pediu 17 milhões de reais de propina ainda na presidência do Banco do Brasil, para facilitar a rolagem de uma dívida da empreiteira.
Não levou.
Pouco antes de assumir a presidência da Petrobras, pediu 3 milhões de reais de propina para que a Odebrecht não fosse prejudicada dentro da estatal. Inclusive (ou principalmente) em relação à Lava Jato.
Bendine é um corrupto audacioso.
BENDINE E MANTEGA: TUDO A VER
Brasil 27.07.17 07:33
Aldemir Bendine foi colocado na presidência da Petrobras por Dilma Rousseff, depois de operar na presidência do Banco do Brasil durante o governo Lula.
Era homem de confiança de Guido Mantega, com quem chegou a dividir gabinete em São Paulo -- sem câmeras de vigilância, como revelou O Antagonista.
Veja o que publicamos em fevereiro deste ano:
Mantega despachava sem câmeras na sede paulista do BB
Brasil 10.02.17 16:20
No dia 31 de janeiro, publicamos o seguinte post (está em itálico):
O Antagonista descobriu que, em 2010, pouco tempo depois de Aldemir Bendine assumir a presidência do Banco do Brasil, as câmeras de segurança do andar do seu gabinete paulista foram desligadas.
Para lembrar, no ano anterior, as câmeras de vigilância do Palácio do Planalto foram removidas, como revelou o general Sérgio Etchegoyen.
Portanto, assim como ocorreu no Planalto, não há qualquer registro de quem foi visitar Aldemir Bendine na sede paulista do BB.
Agora a continuação:
Já na presidência de Dilma Rousseff, o gabinete paulista de Aldemir Bendine foi transferido do sétimo para o décimo oitavo andar no mesmo prédio da Paulista que sediava o Banco do Brasil.
E quem passou a despachar no sétimo andar antes ocupado por Aldemir Bendine?
Resposta: Guido Mantega, então ministro da Fazenda. O gabinete do ministro em São Paulo saiu do prédio da Caixa Econômica Federal, também na Avenida Paulista, e foi para o do Banco do Brasil.
Em geral, Mantega usava o gabinete paulista na tarde de quinta-feira e às sextas. Assim como no caso de Aldemir Bendine, sem câmeras de segurança ligadas para registrar quem o visitava.
A irresponsabilidade é inderrubável
Brasil 27.07.17 06:59
O Tesouro Nacional divulgou o tamanho do buraco do governo: de junho de 2016 a junho deste ano, chegou a 182,8 bilhões de reais. Ou seja, 43,8 bilhões a mais do que a meta definida para 2017.
O Brasil derruba presidentes, mas não derruba a irresponsabilidade fiscal.
A propaganda é a alma da propina
Brasil 27.07.17 08:59
Os dois operadores de Aldemir Bendine foram presos em Recife.
André Gustavo Vieira da Silva e Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior são sócios da agência de publicidade Arcos.
Eles já foram pegos pela Xepa, que desvendou o departamento de propinas da Odebrecht.
Releia o que escrevemos sobre eles:

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