TERCEIRA EDIÇÃO DE 13-6-2017 DO DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NO JORNAL DA CIDADE ONLINE
PT foi ‘serviçal’ dos bancos, delata Palocci
Por Gonçalo Mendes Neto
goncalo@jornaldacidadeonline.com.br
Terça-feira, 13/06/2017 às 09:21
O Partido dos Trabalhadores no exercício do poder foi o partido dos banqueiros, do sistema financeiro, dos bancos e das grandes empreiteiras.
O PT nunca teve qualquer preocupação com os trabalhadores; é um dos ‘aperitivos’ da delação de Antonio Palocci.
A delação do ex-ministro arrebenta qualquer discurso mais progressista do PT e desnuda o vínculo umbilical do partido com o capital.
Por dinheiro, leia-se ‘propina’, o PT repassava informações privilegiadas do Banco Central e fazia todo tipo de acerto que beneficiasse os grandes conglomerados, obtendo propina como reciprocidade.
O resultado não poderia ser outro. Apenas no governo Lula, os bancos lucraram 279,9 bilhões de reais, contra 34,4 bilhões de reais durante mandato de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, ou seja, oito vezes mais.
O governo Dilma foi ainda mais lucrativo para os banqueiros, superando FHC e Lula.
Palocci vai entregar com detalhes toda esta parafernália.
A delação do ex-ministro será um escândalo sem precedentes, de proporções ainda maiores que Odebrecht e JBS.
Quem viver verá!

NO O GLOBO
Temer usar Estado em sua defesa é atacar a democracia
Presidente nega com veemência que mobilize organismos públicos em interesse próprio, mas precisa provar com atos que não se vale mesmo de recursos de ditaduras
POR EDITORIAL
Terça-feira, 13/06/2017 0:00
ÚLTIMAS DE OPINIÃO
Não se pode menosprezar a capacidade do presidente Michel Temer e de seu grupo de atuarem nos desvãos de Brasília para se manter no poder. A vitória obtida no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por 4 a 3, contra o pedido de cassação da chapa que Temer formou com Dilma Rousseff, contou com dois votos de ministros indicados há pouco tempo pelo governo — Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira. Prova de clarividência e do faro estratégico do bunker em que se transformou o Planalto, para levar o presidente até 31 de dezembro de 2018, a salvo de perigos.
Se o julgamento desmoralizou a Justiça Eleitoral, diante do oceano de provas de uso de dinheiro sujo pela chapa, também sinalizou que a decisão de Temer e grupo de resistirem a qualquer custo parece não ter limites. Isso preocupa. Na própria sexta-feira, 08, quando o tribunal inocentou Temer e Dilma, a revista “Veja” informou que, do contra-ataque desfechado pelo Planalto, constaria a Lava-Jato como alvo. No caso, o ministro Edson Fachin, do Supremo, relator, na Corte, dos processos derivados da investigação, e responsável pela homologação da delação de Joesley Batista, do grupo JBS, que tantos danos causou ao presidente.
Em um caso inominável de uso da máquina do Estado em proveito próprio, o presidente teria mobilizado a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para produzir um dossiê contra o ministro. Pelo menos uma das linhas exploradas pela espionagem seria a suposta proximidade de Fachin com o JBS. A presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, reagiu no tom devido, tachando a devassa de “própria de ditaduras” e “gravíssimo crime contra o Supremo Tribunal Federal, contra a democracia e contra as liberdades”. O Planalto divulgou nota de desmentido, além de o próprio Temer telefonar para a ministra.
Ontem, a presidente da Corte, por meio de assessores, deu voto de confiança a Temer — “não há o que questionar quanto à palavra do presidente da República”. Temer, ainda, divulgou vídeo com desmentido veemente.
Esta grave faceta que a crise em torno de Temer revela não para aí. Por óbvio, os organismos de Estado devem agir diante das falcatruas relatadas por Joesley, mas há um movimento de braços do governo para estrangular o JBS como empresa — e este não é objetivo da legislação sobre acordos de leniência e de colaboração premiada.
Este jornal criticou a excessiva benevolência com que a Procuradoria-Geral da República premiou os irmãos Joesley e Wesley Batista por suas delações, sem um dia sequer de prisão, mesmo domiciliar, e com a permissão de viajarem para o exterior. Não se aceita é retaliação, própria do autoritarismo. Para reforçar os temores, um ministro do Supremo, Luís Roberto Barroso, em solenidade, sexta-feira, 08, no Tribunal de Justiça do Rio, se referiu ao enorme poder do Estado brasileiro, “quando quer se vingar de alguém”. E citou o caso do JBS: “ninguém tem dúvida de que vai virar terra arrasada”.
Por tudo isto, e mais o que poderá vir, Temer e o governo têm de dar demonstrações cabais de não repetir práticas de ditaduras, como citou a ministra Cármen Lúcia. Deveria se comprometer, por exemplo, na substituição de Rodrigo Janot na Procuradoria-Geral da República, a escolher o primeiro colocado na lista tríplice que receberá. Como fizeram Lula e Dilma, por sinal.

NA COLUNA DE MARCO ANTONIO VILLA (O GLOBO)
Cinismo e política
Michel Temer deixou de ser o presidente da República. Apenas ocupa o Palácio do Planalto. Mas não governa
Terça-feira, 13-6-2017
A crise política se aprofunda. Mas, desta vez, diversamente de outros momentos da História republicana, a possibilidade de uma saída negociada, através da velha conciliação, não parece que solucionará o impasse. Isto porque a crise é mais profunda, não é conjuntural, pontual, é do sistema. E aí é que mora o problema central: o sistema tem condições de se autorreformar?
Para alguns, o impeachment de Dilma Rousseff encerraria a crise de governabilidade. Comparavam — equivocadamente — 1992 com 2016, Itamar Franco com Michel Temer. Com a nova maioria parlamentar, o País seguiria relativamente tranquilo até a sucessão presidencial de 2018. O simplismo analítico não conseguia detectar a gravidade da crise sistêmica, a maior da nossa História em extensão e profundidade.
As instituições estão desmoralizadas. O estado democrático de direito se transformou — por paradoxal que seja — em apanágio de corruptos. Foi tomado por interesses privados do capitalismo de quadrilheiros. Que é suficientemente amplo para subornar e comprar a estrutura do aparelho de Estado e suas ramificações na sociedade civil.
A cada dia se aprofunda a fratura entre Brasília e o Brasil. Há um entendimento de que somos governados por uma elite cínica, que não teme a Justiça e o julgamento do voto popular. É como se tudo estivesse à venda e pudesse ser mercantilizado. Para justificar este terrível estado de coisas buscam até justificativas históricas, mambembes, é verdade, procurando dar um ar de continuidade, de inevitabilidade, à corrupção como se fosse um fenômeno da Natureza, e não da relação entre os homens.
É recorrente a afirmação de que a estabilidade política é indispensável à recuperação econômica. Fica implícito que as ações de combate à corrupção estão criando dificuldades à economia. E que a Lava-Jato, especialmente, já teria cumprido o seu papel. Sua permanência seria um desserviço ao País. Neste caso, o mercado estaria sinalizando que é possível conviver com a corrupção, desde que seja aceitável, até um certo limite. Não causou admiração o apoio entusiástico, principalmente do setor financeiro, ao projeto criminoso de poder petista. Vale recordar que no auge do processo de impeachment de Dilma Rousseff, dirigentes de grandes bancos não compartilharam do entusiasmo popular em defesa da ética e moralidade republicanas. O mesmo se repete um ano depois. Para eles, é indispensável ao País a permanência do governo Temer, mesmo que envolto em graves acusações de corrupção.
Para o capitalismo quadrilheiro, que depende do Estado para seus negócios — e Estado no sentido conceitual da expressão —, pouco importa se as instituições não conseguem dar conta dos anseios populares. O que desejam é a concessão de facilidades, de privilégios, especialmente. Maculam os processos eleitorais sem qualquer constrangimento. Basta ressaltar que no segundo turno da eleição presidencial de 2014, Dilma Rousseff e Aécio Neves receberam propina do grupo JBS. Em outras palavras, a eleição serviu para que os brasileiros escolhessem um dos candidatos — mas desde que fosse da JBS e servisse à família Batista, uma espécie de 'democrabatista', criação nacional, dos tempos sombrios que vivemos.
Quem não ficou horrorizado com o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral da semana passada? E as manobras para impedir a apreciação de provas que o próprio TSE colheu? E os ministros recém-nomeados por Temer, que não se sentiram impedidos em votar em defesa de Temer? E o triste papel de Gilmar Mendes, atacando o Ministério Público, a imprensa, constrangendo ministros? E Napoleão Maia, propondo degolar seus adversários? Tudo isso ocorreu no julgamento mais importante da história do TSE, ao qual milhões de brasileiros assistiram. Mesmo assim, a 'democrabatista' novamente venceu. E foi jogada mais uma pá de cal na democracia brasileira.
Michel Temer deixou de ser o presidente da República. Apenas ocupa o Palácio do Planalto. Mas não governa. Sua lenta agonia não pode paralisar o País. É uma falácia a ligação entre a aprovação das reformas e a sua permanência no poder. Muito pelo contrário, as reformas tendem a ser aprovadas com a profundidade necessária quando o Palácio do Planalto tiver outro ocupante. Ou seja, a manutenção de Temer levará a que as reformas passem com diversas alterações — produto de negociações para se manter a todo custo no poder —, prejudicando a essência do projeto modernizador das relações trabalhistas e previdenciárias.
Hoje, Temer é sinônimo de turbulência, de instabilidade. A cada semana um novo escândalo vai envolver o governo. E quem permanecer apoiando este bloco que está no poder não será protagonista na sucessão presidencial em 2018. Isto é, sair do governo é condição indispensável para ter sucesso eleitoral nas próximas eleições. Além do que, é um grave equívoco a afirmação de que a queda de Temer levará à volta do PT. Não há relação entre um fato e outro. Vale lembrar que o PT foi derrotado fragorosamente na última eleição — há menos de nove meses — nos principais colégios eleitorais do País.
Eleger, como determina a Constituição, um novo presidente certamente diminuirá a tensão. Mas não vai resolver o impasse. O sistema deverá encontrar uma saída emergencial, ainda este ano. Mas a crise é muito mais profunda. E coloca em risco a democracia. Não devemos nos esquecer de que o Brasil tem uma triste tradição autoritária, e os recentes escândalos jogam água no moinho daqueles que almejam uma solução extraconstitucional.
(Marco Antonio Villa é historiador)


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