PRIMEIRA EDIÇÃO DE 09-6-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
SEXTA-FEIRA, 09 DE JUNHO DE 2017
Deputados ligados à proposta de criação de CPI suspeitam que a decisão dos controladores da J&F/JBS de sair do Brasil, onde sua operação está reduzida a apenas 20% do total, pode estar ligada à sua espantosa desvalorização. Quando entrou em 2016, a JBS valia R$28 bilhões e pouco mais um ano depois, em março de 2017, sua avaliação de mercado chegou a R$21 bilhões – perda de 25%, ou R$7 bilhões.
A Petrobras valia duas JBS em janeiro de 2016 (R$55 bilhões). Um ano depois, a Petrobras já vale 8,5 vezes a mais: R$178 bilhões.
A JBS cresceu “bombada” pelo financiamento fácil do BNDES, nos governos do PT, que injetaram R$13 bilhões no frigorífico até 2013.
Além da desvalorizada JBS, a J&F tem a Vigor, que tenta vender por R$10 bi, e a Alpargatas (Havaianas e Osklen), que vale R$5,8 bilhões.
A Polícia Federal investiga R$8,1 bilhões drenados do BNDES para a JBS e J&F desde 2007, mediante a “consultoria” de Antonio Palocci.
O segundo dia do julgamento da chapa Dilma/Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deixou cristalizada a impressão de que apenas três dos sete ministros estão claramente decididos a cassar o mandato do atual presidente, incluindo o relator Herman Benjamin. Os demais, configurando 4x3, reagiram ao entendimento do relator e até acusaram a tentativa de constrangê-los, citando seus votos em outros julgados.
A posição predominante no TSE, por enquanto, é seguida por Gilmar Mendes, Tarcísio Vieira, Admar Gonzaga e Napoleão Nunes.
A julgar por suas intervenções, Luiz Fux e Rosa Weber, ambos do Supremo Tribunal Federal, acompanharão o relator Herman Benjamin.
Temer manteve-se confiante o tempo todo. Como no impeachment, ele próprio se encarregou de acalmar ministros e parlamentares aliados.
O Grupo J&F se queixa de “represálias” do governo, em razão de corte de financiamentos da Caixa. Estranho seria a Caixa manter o crédito de empresa cujos controladores arrumaram um jeito de sair do País após passar o rodo no BNDES, e sem o risco de pagar por suas malfeitorias.
A ex-presidente cassada Dilma teve interesse zero no julgamento do TSE. Nas redes sociais a preocupação dela é só com a rebordosa na área criminal: sua suposta conta na Suíça.
Após do tensos debates no Tribunal Superior Eleitoral, fez sucesso a frase de Ricardo Vieira, no Twitter. “Esses ministros do TSE são o sonho das mulheres. Estão há três dias nas preliminares.”
Veterano na lista do anuário Análise, dos mais admirados escritórios de Brasília e do centro-oeste, o advogado Osmar Paixão Côrtes, 40, foi muito elogiado, ontem, no Rio, ao apresentar o trabalho final de pós doutorado na UERJ, sob a orientação do professor Humberto Pinho.
Custa R$215 mil por ano a escola Avenues, em Nova York, que teria se recusado a matricular o filho de Joesley Batista, segundo informação nas redes sociais. A escola teria dito que o garoto não seria bem-vindo.
Esta coluna revelou em primeira mão segunda-feira (5) que o doleiro Lúcio Funaro fará delação premiada. Está na “sala de espera” para o acordo. Funaro é dono de uma das línguas mais temidas por políticos.
Só o Brasil deu atenção a três funcionários da ONU ligados ao PT e a ONGs, que em Genebra tentaram desqualificar a CPI da Funai. É como se exigissem imunidade contra investigações para membros de governo do PT suspeitos de malfeitorias em demarcações de terras.
O ex-governador Cid Gomes (PDT) garante que a prefeitura local, chefiada por um aliado, autorizou a construção da sua mansão em Área de Proteção Ambiental na serra de Meruoca, no Ceará.
...com a transmissão do jogaço Brasil x Argentina direto de Melbourne (Austrália), a estatal TV Brasil finalmente vai sair do traço.

NO DIÁRIO DO PODER
LAVA JATO
FACHIN MANDA INVESTIGAÇÃO SOBRE LULA E JACQUES WAGNER PARA O TRF1
SECRETÁRIO NA BAHIA, WAGNER ESCAPA DE MORO E LEVA LULA COM ELE
Publicado: quinta-feira, 08 de junho de 2017 às 21:15 - Atualizado às 23:02
Redação
Com a nomeação do ex-ministro-chefe da Casa Civil da Presidência, Jacques Wagner (Governo Dilma) para o cargo de secretário estadual na Bahia, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o envio de cópia da Petição (PET) 6662 para o Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (TRF1).
A petição se refere a fatos revelados em delação premiada de executivos da Odebrecht que implicam Wagner e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pela decisão, caberá àquela Corte decidir pela manutenção ou não de procedimento investigatório contra o ex-presidente no mesmo processo que tramita contra o ex-ministro de Dilma.
Wagner e Lula apresentaram agravos regimentais para questionar a decisão do ministro Fachin que determinou o envio de cópia dos autos para a Justiça Federal no Paraná, onde a Lava Jato é conduzida pelo juiz federal Sérgio Moro.
O ex-ministro informou que foi nomeado para o novo cargo, em janeiro deste ano, e Lula sustentou a inexistência de menção ao seu nome nas declarações dos delatores Cláudio Melo Filho e Emílio Alves Odebrecht, ambos da empreiteira, "não se verificando nos fatos qualquer conexão com o objeto da operação que tramita na Justiça Federal paranaense".
Em sua decisão, o ministro concordou que deve ser dada destinação diversa da determinada por ele inicialmente, exatamente por causa da nomeação de Wagner para a Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia.
Nesse sentido, lembrou que a Constituição baiana atribui ao Tribunal de Justiça do Estado competência para julgar o secretariado estadual por crimes comuns.
Mas, como há indícios de condutas praticadas no exercício de função pública federal, Fachin explicou que se revela no caso "o interesse da União" na apuração dos fatos, e portanto a supervisão da investigação caberá ao TRF1, sediado em Brasília.
Ainda segundo o ministro, caberá àquele Tribunal deliberar acerca da existência de conexão que justifique a manutenção de Luiz Inácio Lula da Silva no mesmo procedimento, nos termos do artigo 78 (inciso III), do Código de Processo Penal.
Em consequência de sua decisão, concluiu o relator, ficou prejudicado o agravo interposto pelo ex-presidente.

AO VIVO
NO TSE, RELATOR APONTA 'TRIANGULAÇÃO DE PAGAMENTOS QUE VIOLA A LEI'
HERMAN: HOUVE TRIANGULAÇÃO DE PAGAMENTOS USANDO A PETROBRAS
Publicado: quinta-feira, 08 de junho de 2017 às 20:01 - Atualizado às 21:30
Redação
O ministro Herman Benjamim, relator da ação que pede a cassação da chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), iniciou na tarde desta quinta-feira, 08 a análise das provas no processo que embasam seu voto. Ao citar delações de ex-diretores da Petrobras investigados pela Operação Lava Jato, Herman apontou uma "triangulação de pagamentos que viola a lei".
Para ele, "o financiamento de campanha mediante doações oficiais de empreiteira contratadas pela Petrobras" é apontado como um "sofisticado esquema de arrecadação de dinheiro público". "E se é um sofisticado esquema de arrecadação de dinheiro público, significa que é Caixa 2", afirmou. "Dinheiro desviado da Petrobras financiou as campanhas dos referidos, não se podendo olvidar que os dois partidos que mais receberam dinheiro foram o partido da ex-presidente Dilma Rousseff, o PT, e de Michel Temer o PMDB."
O ministro enalteceu o trabalho da Operação Lava Jato como fator determinante para a interrupção de esquemas de corrupção eleitoral no Brasil. Ele afirmou que os "pagamentos teriam continuado por até dez anos", não fossem os avanços do Ministério Público Federal (MPF).
Benjamin citou como exemplo o depoimento do delator Sérgio Machado, ex-presidente da Petrobras Transporte S.A. (Transpetro). O ministro recomendou que todos leiam o depoimento de Machado na operação na íntegra. "O depoimento traz a história da corrupção no Brasil."
O relator ainda explicou sobre como o Caixa 1 era usado para legalizar as contribuições ilícitas de campanha. "Na época da eleição, a maioria das contribuições transitava pelo partido, que é maneira mais fácil de oficializar a doação", afirmou.
Grupo
Benjamin afirmou ainda que a corrupção apontada por delatores da Operação Lava Jato indica o pagamento de propina para um "pequeno grupo de pessoas". Segundo ele, não é possível generalizar as acusações de corrupção envolvendo a Petrobras.
"Foi para um grupo pequeno de pessoas. Não podemos colocar na vala comum as militâncias desses partidos ideológicos, honesta, íntegra, compromissada com o ideal de um Brasil maior. Eu até evito falar em partido A, B ou C", disse ele.
Durante o seu voto, Herman listou depoimentos de operadores e empresários presos durante fases da Lava Jato que citaram que o pagamento de propina "era a regra do jogo".
Num indicativo de que deve contrariar a tese da defesa sobre a separação da chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer, citou depoimento do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, apontado como indicado do PMDB na estatal. "No caso do Nestor ele fazia pagamentos para o PMDB e para o Delcídio (Amaral, ex-senador)."

MÁ-FÉ NA TRAGÉDIA
ALAGOAS DEVOLVERÁ R$ 13 MI À UNIÃO, APÓS FALSEAR VÍTIMAS DAS CHUVAS
FISCALIZAÇÃO DO MP FEZ NÚMERO DE VÍTIMAS BAIXAR 96%, EM ALAGOAS
Publicado: quinta-feira, 08 de junho de 2017 às 16:06
Davi Soares
A redução drástica de mais de 96% do número real de vítimas das chuvas em Alagoas expôs indícios de má-fé de prefeituras alagoanas, que diziam lidar com uma tragédia quase 30 vezes maior que a realidade, há uma semana. Após o constrangimento imposto pela atuação do Ministério Público Estadual (MP/AL), o governo de Renan Filho (PMDB) anunciou nesta quinta-feira (8) que devolverá os R$ 13 milhões enviados pelo governo de Michel Temer (PMDB) para socorrer as vítimas. Mas não revogará os decretos de emergência assinados por 31 prefeitos, por considerar as divergências “naturais”.
A decisão do Governo de Alagoas somente foi anunciada dias depois de a imprensa revelar a divergência escandalosa e um dia após a comissão criada pelo MP para fiscalizar o socorro às vítimas se reunir e decidir manter a postura inicial de cobrar responsabilidades e buscar a punição para gestores que praticarem má-fé ao informar números superfaturados de pessoas afetadas pelas chuvas.
O governador Renan Filho não participou da entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira, mas o secretário de comunicação, Ênio Lins ressaltou que todos os alimentos, cestas básicas, água, produtos de limpeza e higiene distribuídos durante os momentos críticos das enchentes foram produto de arrecadação voluntária, de aquisições do Governo e entidades parceiras. "O governador Renan Filho determinou que qualquer gasto de recursos federais acontecesse rigorosamente dentro da lei e nosso objetivo é devolver os recursos liberados para assistência emergencial. Hoje, nossa demanda principal é por recursos para contenção de encostas e outras obras preventivas”, afirmou Lins.
Em apenas uma semana, o número de vítimas desabrigadas e desalojadas informadas pelos municípios à Defesa Civil Estadual caiu de 39.150 para 1.346. No dia 1º de junho, foram divulgados 11.625 desabrigados e 27.525 desalojados. Hoje, são 998 desabrigados e 348 desalojados em todo o Estado.
Mesmo diante das suspeitas, o coordenador estadual da Defesa Civil, major Moisés Melo, atribuiu a queda dos números à “estabilidade das condições climáticas observada nos últimos dias e à agilidade na resposta aos incidentes provocados pelas chuvas”. Para ele, a retirada preventiva das famílias em áreas de risco justificariam o inchaço dos dados sobre desabrigados e desalojados. E praticamente assume a culpa pela divergência dos dados, que resultaram no envio de ajuda financeira bem acima da necessária.
“A Defesa Civil trabalha com a pior das hipóteses. Nós estávamos preparados para um agravamento das chuvas, então, antes mesmo que a água chegasse a atingir a população ribeirinha, nós emitimos alertas aos municípios e solicitamos a retirada das pessoas das áreas de risco. E essas pessoas foram contabilizadas pelas prefeituras porque, naquele momento, estavam desalojadas e desabrigadas. Convidamos o Ministério Público Estadual para acompanhar a verificação nos 31 municípios atingidos e atualizamos os números . Com a redução no volume das chuvas, um grande número de famílias já retornou para suas residências”, relatou o major Moisés Melo.
‘HOUVE DOLO’
O Ministério Publico informou que seguirá agindo para garantir lisura em relação a assistência obrigatória das vítimas reais vitimados. A comissão do MPE/AL está acompanhando in loco as visitas aos municípios e exigindo relatórios condizentes com a realidade.
O coordenador da comissão de fiscalização do MP, promotor de Justiça José Antônio Malta Marques, diz que a Defesa Civil tem sido parceira na averiguação e repasse dos dados oficiais a respeito da situação de cada cidade prejudicada. Mas quer que os promotores fiscalizem onde, de fato, ocorreram tragédias com a finalidade de evitar que casos como, por exemplo, o de Colônia Leopoldina, onde houve uma diferença de mais de 1000% entre as vítimas reais e os dados informados.
“Aquele foi um município que nos surpreendeu ao informar uma quantidade de mais de 2,4 mil afetados e, quando fomos até lá verificar o quadro da realidade, foi constatado que apenas 44 pessoas estavam fora de suas casas. Isso é agir com dolo. E com relação a quem agiu com dolo, ou seja, que superfaturou números na tentativa de receber mais recursos públicos, esse, sim, vai responder na Justiça pelo ato praticado. A lei será aplicada contra ele”, alertou José Antônio Malta Marques.
O presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), prefeito Hugo Wanderley, também atribuiu as diferenças às “ações preventivas coordenadas pelos órgãos estaduais”. “Uma semana antes das chuvas, o governador Renan Filho alertou os prefeitos de que poderia ocorrer um desastre. Os prefeitos receberam os alertas da Defesa Civil com antecedência e retiraram milhares de famílias de áreas de risco antes que o pior ocorresse. Não podíamos esperar as casas desabarem sobre essas famílias para começar a agir”, defendeu.
O coordenador da Defesa Civil do município de Colônia Leopoldina, James Dean Carlos de Oliveira Souto, publicou nota em que chamou de “lamentável erro” o que o MP chama de dolo. E explica que confundiu “desabrigados” com “afetados”. E disse ser real o número de 2.553 “afetados”, onde havia 216 vítimas desalojadas, sendo 44 desabrigados.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Sem Justiça Eleitoral, o Brasil lucraria R$ 2,5 bilhões por ano
A taxa de cinismo em Brasília chega à estratosfera quando juízes sem juízo são incumbidos de decidir o que é melhor para o País
Por Augusto Nunes
Quinta-feira, 08 jun 2017, 20h34
Como só no Brasil existe Justiça Eleitoral, só aqui existem um Tribunal Superior Eleitoral e uma penca de tribunais regionais eleitorais. Inventada em 1932 por Getúlio Vargas, liquidada pelo próprio criador em 1935 e ressuscitada dez anos mais tarde, essa brasileirice sem similares consome milhões de reais para cuidar de eleições que, no resto do mundo, são organizadas por ramificações do Poder Executivo, ou por comissões dissolvidas depois da contagem dos votos.
O julgamento da chapa Dilma-Temer revelou que a extinção da Justiça Eleitoral produziria pelo menos duas consequências animadoras. Primeira: a gastança anual seria reduzida em 2 bilhões e 500 milhões de reais ─ foi essa a fortuna engolida em 2016 pela usina de falatórios sem pé nem cabeça, argumentos de quinta categoria e gordos salários adicionais.
O segundo efeito colateral seria a queda na taxa de cinismo em Brasília, que sobe à estratosfera quando juízes sem juízo são vistos por milhões de espectadores decidindo se uma dupla de culpados merece apenas um retrato na galeria dos presidentes da República ou também fotos de frente e de perfil que registram o entrada na cadeia.

NO BLOG DO JOSIAS
Gilmar esvazia processo do TSE e vê ‘ineficiência’ nos órgãos de controle
Josias de Souza
Sexta-feira, 09/06/2017 04:07
Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Gilmar Mendes ajudou a pavimentar a saída que salvará o mandato de Michel Temer no caso sobre irregularidades atribuídas à chapa vitoriosa em 2014. Com o seu voto, excluíram-se do processo as provas relacionadas à Odebrecht. Paradoxalmente, Gilmar animou-se atacar durante o julgamento os órgãos de controle do Estado, responsabilizando-os pela reiteração dos crimes de corrupção no País.
Interrompendo a leitura do voto do relator Herman Benjamin, Gilmar chamou de “modelos coirmãos” os escândalos do Mensalão e do Petrolão. “É muito curioso que tenha se desintegrado o modelo do Mensalão, mas esse outro tenha fluído com tanta desenvoltura”, disse, antes de partir para o ataque: “Isso conta uma história ruim dos nossos órgãos de controle – todos, de alguma forma, ou corrompidos ou ineficientes.” Para Gilmar, “os órgãos de controle falharam de maneira retumbante.”
O ministro tem razão. Revelou-se uma espécie de abracadabra para a caverna de Ali-Babá o trabalho preventivo de órgãos como a Receita Federal e os departamentos de auditoria de estatais como a Petrobras e bancos públicos como o BNDES e a Caixa. O diabo é que, em matéria de controle, o tribunal que Gilmar preside é parte do problema, não da solução. No Petrolão, partidos políticos e empreiteiras se uniram para fazer do TSE uma lavanderia de dinheiro sujo.
Corruptores e corruptos higienizaram como doações eleitorais milhões roubados do Estado. E o Tribunal, diante da oportunidade de se agigantar num julgamento histórico, preferiu rebaixar o pé direito do plenário de sua suntuosa sede. Com o reforço do voto de Gilmar, esboçou-se no TSE uma maioria de 4 a 3 que deve manter intacta a tradição de punir apenas políticos periféricos — prefeitos de cidades dos fundões do País e governadores do Norte e do Nordeste, por exemplo. O relator Benjamin avalia que talvez não surja tão cedo outra chance igual.
“É um milagre que nós estejamos hoje aqui apurando esses fatos”, disse Benjamin. “Não era pra ser. Não haverá outra oportunidade para apurar fatos desta natureza aqui. Para o TSE não vejo como. E sabe por que, meu caro presidente, eminentes ministros? Porque no caso específico da Odebrecht existia um sistema tal de proteção e de sofisticação que seria impossível nós apurarmos o que foi apurado aqui se não fosse a Lava Jato.”
Ironicamente, Herman Benjamin disse incontáveis vezes que se guiou durante toda a investigação por um voto proferido por Gilmar Mendes, em 2015. Aprovado por 5 a 2 no plenário do TSE, esse voto evitou o arquivamento de uma das ações contra a chapa Dilma-Temer. Mais: determinou o aprofundamento das investigações.” As apurações foram tão profundas que a maioria da Corte achou melhor torná-las mais rasas.
Sem as provas testemunhais e documentais relacionadas à Odebrecht, qualificadas pelo relator de ''amazônicas'', o processo se transforma numa poça. Excluindo-se também os depoimentos do casal do marketing João Santana e Mônica Moura, a poça pode ser percorrida por uma formiga com a lama na altura das canelas. Por mal dos pecados, a outiva de Santana e Mônica foi aprovada por 6 a 1 pelo plenário do TSE há dois meses.
Gilmar repetiu na noite desta quinta-feira algo que já havia reiterado na véspera. “Minha preocupação não é a cassação de mandatos, mas conhecer de fato como as campanhas são feitas.” À sua maneira, o presidente do TSE elogiou o trabalho do relator. “Me parece que não há subsidio melhor para a reflexão sobre a necessidade de uma reforma política do que um estudo como esse que Vossa Excelência fez.”
Benjamin atalhou o colega: “Eu agradeço, mas tenho que confessar que não fiz estudo. Fiz um voto. Sei que nas nossas decisões há sempre um valor educativo. Mas para mim, no Estado de Direito, o valor mais educativo é a aplicação da lei, inclusive com as suas consequências.”

Mesmo sem TSE, pesadelo de Temer continua
Josias de Souza
Quinta-feira, 08/06/2017 22:54
Michel Temer transformou sua Presidência numa corrida de obstáculos. Está prestes a ultrapassar a barreira do TSE. O julgamento sobre a chapa Dilma-Temer ainda não terminou. Mas já está claro que o conchavo prevalecerá. Para salvar Temer, o TSE inaugura uma fase nova no Brasil. Os políticos transgressores haviam consagrado o bordão “eu não sabia”. Era a etapa do cinismo. O TSE ficou sabendo. Mas decidiu fechar os olhos para as provas. É a fase do pós-cinismo.
Há 20 dias, o veredicto do TSE era visto como o grande empecilho a ser superado pelo governo Temer. Vencendo esse desafio, o presidente teria mais tranquilidade para se dedicar à aprovação das reformas econômicas no Congresso. Hoje, as encrencas que assediam Temer transformaram os pesadelos do presidente em algo mais agradável do que o despertar.
Vencido o obstáculo do TSE, Temer terá pela frente uma série de crises para administrar, uma se sobrepondo à outra. O interrogatório da Polícia Federal, a ameaça de revoada dos tucanos, o risco de delação do ex-assessor da mala de propina, a denúncia criminal que a Procuradoria está prestes a protocolar no STF. Como se tudo isso fosse pouco, descobre-se que Temer voou com sua família, em 2011, num jatinho de Joesley Batista. Viagem recreativa. O presidente não sabia de quem era o jato. Não pagou pelo transporte. De repente, o País ficou sabendo que é presidido não pela suspeição, mas por uma caricatura.

Delator era servidor público quando JBS emprestou um jato para Michel Temer
Josias de Souza
Quinta-feira, 08/06/2017 21:52
Acompanhado da mulher, Marcela, Temer viajou em janeiro de 2011 para a Bahia em jatinho da JBS

Ricardo Saud, diretor da J&F, holding controladora da JBS, era servidor do Ministério da Agricultura em janeiro de 2011, quando o grupo empresarial de Joesley Batista emprestou um jatinho para transportar Michel Temer e sua mulher Marcela para um resort em Comandatuba, na Bahia. Nessa época, Saud integrava a equipe do então ministro Wagner Rossi, um apadrinhado político de Temer. Em conversa com aliados, Temer disse que foi Rossi quem providenciou a aeronave para sua viagem recreativa.
Hoje, Ricardo Saud é um dos delatores que transformaram Temer no primeiro presidente da República da História a ser investigado por corrupção no exercício do mandato. Foi Saud quem, a serviço do empresário Joesley Batista, entregou no último dia 28 de abril a mala com propina de R$ 500 mil da JBS para Rodrigo Rocha Loures, o ex-assessor de Temer que está preso no presídio da Papuda, em Brasília. Em depoimento à Procuradoria-Geral da República, Saud sustentou que o dinheiro destinava-se a Temer. O presidente nega.
O empresário Joesley Batista mencionou em sua delação o empréstimo do jato para demonstrar que sua proximidade com Temer vem do tempo em que ele era vice-presidente da República. Os dois foram apresentados por Wagner Rossi. Joesley entregou aos investigadores o plano de voo da aeronave. No documento, os passageiros foram identificados assim: “Família sr. Michel Temer”. A novidade foi trazida à luz pelo site O Antagonista.
Depois de negar que tivesse utilizado o jato, Temer viu-se compelido a dar meia-volta: “O então vice-presidente Michel Temer utilizou aeronave particular no dia 12 de janeiro de 2011 para levar sua família de São Paulo a Comandatuba, deslocando-se em seguida a Brasília, onde manteve agenda normal no gabinete”, escreveu a assessoria do Planalto em nota oficial. “A família retornou a São Paulo no dia 14, usando o mesmo meio de transporte. O vice-presidente não sabia a quem pertencia a aeronave e não fez pagamento pelo serviço.”
Na gestão de Wagner Rossi, o apadrinhado que o então vice-presidente Temer acomodou na cadeira de ministro da Agricultura, Ricardo Saud, ocupava o posto de diretor de Programa da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. Ele pediu exoneração do cargo público sete meses depois da viagem de Temer nas asas da JBS. Saiu depois que Rossi foi afastado do comando do ministério sob suspeita de corrupção. Assinada pela então chefe da Casa Civil da Presidência, Gleisi Hoffmann, em 17 de agosto de 2011, a exoneração de Saud foi publicada no Diário Oficial dois dias depois.

NO O ANTAGONISTA
O bonapartismo do TSE
Brasil Sexta-feira, 09.06.17 06:42
O dono da OAS, César Mata Pires, disse à PGR que César Asfor Rocha, Gilson Dipp e Paulo Gallotti foram acionados para defender a empreiteira no STJ.
Um dos nomes citados foi o de Napoleão Nunes, que neste momento se prepara para absolver Michel Temer e Dilma Rousseff no TSE.
NAPOLEÃO NUNES DELATADO PELA OAS
Brasil 09.06.17 06:17
Napoleão Nunes foi delatado pela OAS.
A reportagem é do Valor.
O mesmo Napoleão Nunes, como se sabe, já havia sido delatado pela JBS.
Não espanta que, no julgamento do TSE, ele defenda tão fervorosamente a exclusão das provas fornecidas pelos delatores da Odebrecht.
Como diria o Estadão, é o “bom Direito”.
A boa Imprensa
Brasil 09.06.17 06:08
Num de seus editoriais, o Estadão exorta o PSDB a permanecer no governo.
Em outro, o jornal ataca a decisão de Herman Benjamin de considerar as provas produzidas pela Odebrecht:
“Uma coisa é a existência, pública e notória, da delação de 77 diretores e executivos da empreiteira Odebrecht. Outra é tomar os fatos narrados nas delações como verdade verdadeira, a dispensar posteriores provas. O fato de todo mundo saber que as delações foram feitas não significa que o seu conteúdo corresponda à verdade ou relate os fatos com fidelidade e correção (…).
Não se nega a argúcia do argumento do ministro Benjamin, fazendo parecer que a jurisprudência do STF, no sentido de afirmar que um tribunal não pode desconhecer um fato público e notório, conduziria à pretendida conclusão de presumir como verdadeiro o conteúdo das delações da Odebrecht. Mas esse modo de apreciar os fatos proposto pelo relator está bem distante do que dispõe o Direito, pois sabe que descuidos nesse campo produzem não pequenas injustiças. (…).
O papel do juiz exige isenção. Deve antes estar disposto a ser mal interpretado pela opinião pública do que causar uma injustiça. O caso em questão é de especial gravidade, pois não envolve apenas Dilma Rousseff e Michel Temer. Um equívoco do TSE causaria um dano direto a todo o País. É bom, portanto, não ignorar os critérios seguros do bom Direito”.
É isso aí, Estadão: Iolanda é uma injustiçada.
Geddel será o próximo
Brasil Quinta-feira, 08.06.17 21:18
Lúcio Funaro disse em depoimento à Polícia Federal, na semana passada, que houve sondagens de Geddel Vieira Lima sobre sua intenção de fazer acordo de colaboração premiada.
A informação é do Jornal Nacional.
Segundo registrou a Polícia Federal, Funaro "estranha alguns telefonemas que sua esposa tem recebido de Geddel Vieira Lima, no sentido de estar sondando qual seria o ânimo do declarante em relação a fazer um acordo de colaboração premiada".
Gebran voltou de férias
Brasil 08.06.17 20:55
Gebran Neto, relator da Lava Jato no TRF-4, indeferiu habeas corpus da defesa de Lula que pedia o deferimento de novas diligências para a produção de provas e a suspensão da ação penal do triplex.
"Não cabe nesta fase processual reabrir a discussão a respeito de questões já enfrentadas em primeiro grau. Ao contrário do que alega a defesa, a discussão não diz respeito, na integralidade, a providências típicas da fase processual do art. 402, do Código de Processo Penal, em virtude de fatos novos surgidos durante a instrução processual", escreveu.
O desembargador já apreciou o recurso de José Dirceu?
Tudo volta ao normal
Brasil 08.06.17 20:51
A Petrobras assinou termo de compromisso para permitir novas contratações com a construtora Andrade Gutierrez, que passa a ser a segunda empreiteira a deixar a "lista suja" da estatal em duas semanas - a primeira foi a Carioca Engenharia.
O TSE não é exceção à regra.
Só faltava você achar, Jucá
Brasil 08.06.17 20:32
Romero Jucá não acha nada de mais Michel Temer ter viajado no jatinho de Joesley Batista.
Só faltava você achar, Jucá.
Não sairá nada de bom do TSE
Brasil 08.06.17 20:31
Há dias circula em Brasília que a maioria do TSE usaria a estratégia de excluir as delações da Odebrecht para não cassar a chapa Dilma-Temer. Os fatos de hoje só comprovam o que se dizia.
Essa versão saiu de um acordo de Gilmar Mendes com o próprio Michel Temer, como todos sabem.
Nos bastidores, porém, chegou a circular outra versão: a de que Gilmar poderia votar pela cassação da chapa, mantendo os direitos políticos de Dilma e Temer. Mas essa "solução", que previa um Rodrigo Maia de tampão até 2018, atenderia ao interesse de Lula.
Do TSE, não sairá nada de bom. Seja o que for.





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