TERCEIRA EDIÇÃO DE 20-4-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'


NO O GLOBO
Construídas pela Odebrecht, casas ligadas a Garotinho não têm portas, telhado e janelas
Conjunto em Campos citado por delator não foi concluído, mas empresa recebeu
POR MARCO GRILLO
Quinta-feira, 20/04/2017 4:30 / atualizado 20/04/2017 6:25
ÚLTIMAS DE BRASIL
CAMPOS DOS GOYTACAZES — Na cozinha de Vilma da Conceição, a placa da obra abandonada virou mesa: “Aviso: mantenha a limpeza e a organização do canteiro”. Sem porta, janela, telhado e ligação de esgoto, ela se esforça para deixar limpa a casa de 43 metros quadrados por onde os netos circulam. A poeira e os mosquitos, no entanto, insistem.
— Não tem nada, só o grosso — diz ela, que improvisou para amenizar a falta de caixa d’água, outro problema estrutural do imóvel. — Providenciei uma mangueira.
Apesar da precariedade, uma conta com base nos contratos assinados entre a prefeitura de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, e a Odebrecht indica o valor da casa de Vilma aos cofres do município: R$ 114 mil. Ex-superintendente da empreiteira no Rio, Leandro Azevedo insinuou, em delação premiada, que os dois editais vencidos pela companhia no escopo do programa Morar Feliz — principal projeto habitacional das duas gestões (2009-2016) de Rosinha Garotinho (PR) na prefeitura de Campos — foram montados para favorecer a empresa.
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Leandro e seu então superior imediato, Benedicto Júnior, ex-presidente da construtora, calculam gastos de R$ 27,5 milhões em caixa 2 em quatro campanhas da ex-prefeita de Campos e do ex-governador Anthony Garotinho (PR) entre 2008 e 2014. Garotinho nega:
— Não houve fraude na montagem do edital e na execução da obra. E não existiu caixa 2.
A empreiteira foi contratada para erguer 9.198 residências populares nas duas fases do Morar Feliz. A construtora entregou 6.132 e deixou 3.066 pelo caminho, em diferentes estágios. Algumas, mesmo precárias, tinham um grau mais avançado de acabamento e foram invadidas, caso do imóvel onde mora Vilma. Mesmo com menos casas entregues, a empreiteira vai receber mais do que o previsto no momento da assinatura dos contratos — um de 2009 e outro de 2013. Após uma série de aditivos, a soma chegou a R$ 1,05 bilhão, dos quais cerca de R$ 688 milhões já foram quitados, segundo a prefeitura. Cada casa popular vai sair por 32% a mais do que sairia caso os contratos não tivessem sido alterados.
Além da contratação em lote único, citada por Azevedo no depoimento, outros dois pontos praticamente inviabilizavam a participação de empreiteiras menores na concorrência: a empresa deveria, simultaneamente, estar envolvida em pelo menos dez construções de grande porte e ter o índice de endividamento menor ou igual a 0,30, considerado baixíssimo no mercado. Entre as empreiteiras grandes, apenas a Odebrecht tinha um braço dedicado às construções populares.
DELATOR DIZ QUE HOUVE FRAUDE
O ex-executivo contou que a licitação foi fraudada. Para não participar sozinha, a Odebrecht convenceu Carioca Engenharia e Queiroz Galvão a entrarem no certame. Avisou o valor que apresentaria, e as concorrentes se comprometeram a dar lances maiores. Os números mostram uma vitória por margem mínima: a Odebrecht venceu com uma proposta de R$ 357,4 milhões; a Queiroz Galvão deu um lance de R$ 357,5 milhões, e a Carioca ofereceu R$ 357,6 milhões. Entre a empresa vencedora e a terceira colocada, a diferença foi de 0,05%. Carioca e Queiroz Galvão não comentaram.
Casa do Morar Feliz, programa de moradia popular criado pela prefeitura de Campos e executado pela Odebrecht: parte dos imóveis foi invadida - Pablo Jacob

Planilhas apresentadas pelos delatores associam o suposto pagamento ilícito às campanhas de Garotinho e Rosinha com a obra em Campos. O ex-governador diz que as acusações representam uma vingança por conta das denúncias que já fez sobre corrupção em obras da Odebrecht. Ele afirma que as obras pararam porque o município fez revisão em contratos a partir de 2015, quando as receitas diminuíram.
— Eu ia fazer caixa 2 para me expor, denunciando esse pessoal todo que está aí? Eu seria louco de ficar vulnerável ao ataque dessas pessoas?
Enquanto isso, em Ururaí, conjunto onde nem todas as casas foram entregues, Adriana Santos, mãe de seis filhos, aguarda:
— Ia pagar alguém para fazer o esgoto, mas não sei se vou ficar aqui. É muita incerteza — diz ela, que também ocupou uma casa inacabada.

NO BLOG ALERTA TOTAL
Quinta-feira, 20 de abril de 2017
Lava jacta est: Quem não delatar será deletado
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Delação é traição? No mundo do crime institucionalizado brasileiro, a deduragem agora é tábua de salvação. A transação penal, no entanto, começa a chegar a um limite na Lava Jato. Quem fica fazendo docinho para não concluir um acordo de colaboração corre o risco de perder o bonde da História. O que o delator tem a revelar pode perder a característica essencial de novidade comprovada, porque já foi revelada por outros colaboradores antecedentes.
A regra vale para pessoas físicas ou jurídicas que ainda tentam esconder algo que o “Oráculo” da Força Tarefa da Lava Jato já não saiba ou tenha provas. Alguns dedurados, investigados ou réus com alto potencial de condenação começam a entrar em pânico. Embora seus caríssimos defensores insistam, naquelas notinhas lidas no rodapé de reportagens, que seus clientes são inocentes, vítimas de perseguição, e que jamais praticaram qualquer ato de corrupção com dinheiro público, as delações premiadas (até agora divulgadas a conta gotas) comprovam o contrário.
Quem ainda tem algo valioso da delatar, com provas documentais, deve correr, antes que suas condenações a uma longa temporada na cadeia se tornem irreversíveis. Este é o drama específico de dois personagens: Antônio Palocci Filho e Eduardo Cunha. Palocci quer abrir o bico, porque é uma figura que sabe demais, escondendo informações valiosas que não foram passadas pelos fiéis petralhas José Dirceu, André Vargas, e os famosos tesoureiros da legenda “Perda Total”. Já Cunha segue vacilando, mas a quase certa condenação e prisão de sua esposa Claudia Cruz ou da filha Daniele pode fazê-lo mudar de idéia.
A regra é clara: Quem não delatar terminará “deletado” (no sentido informatizado do apagamento ou no sentido prático da vida que, um dia, acaba inevitavelmente em morte). Apenas o decadente mito Luiz Inácio Lula da Silva continuará posando de vítima, pois já tem certeza de que é cabra marcado para condenação.
O terror da Lava Jato está apenas começando para os corruptos. Na hora em que a bomba estourar para o lado do sistema financeiro, aí a guerra de todos contra todos assumirá sua dimensão apocalíptica. Por enquanto, o Capimunismo rentista tupiniquim e sua corrupção sistêmica estão ruindo em velocidade crescente.
Na hora em que o povão perder a paciência com a gentalha corrupta, e partir para a porrada, aí sim a bandidagem vai entender, da pior maneira possível, qual o real custo de roubar o setor público e inviabilizar o desenvolvimento do Brasil. A hora do acerto de contas final se aproxima...
Enfim, como diria o Profeta Mantiqueira, “Lava jacta est”... 
(...)

NO O ANTAGONISTA
Moro não retaliou, revelou
Brasil 20.04.17 10:27
Ao exigir que Lula esteja presente nos depoimentos das 87 testemunhas arroladas pela sua defesa, Moro não retaliou -- apenas deixou ainda mais clara a chicana dos advogados do réu.
Moro é o verdadeiro nunca antes neste país
Brasil 20.04.17 10:19
A medida da importância de Sérgio Moro é dada menos pelos cidadãos que o apoiam com entusiasmo do que pelos acusados e apaniguados que tentam atingi-lo despudoradamente.
Moro é o verdadeiro nunca antes neste país.
Senador Odebrecht
Brasil 20.04.17 10:13
Só Monica Bergamo pode dizer que os depoimentos da Odebrecht "reanimaram o PT".
Segundo ela, o partido já está pensando em candidatos para conquistar o Senado em São Paulo, em 2018.
O primeiro nome da lista?
Fernando Haddad, que foi delatado pela Odebrecht e por Feira e Dona Xepa.
"Nem Lula, Nem Moro"
Brasil 20.04.17 10:05
Depois do célebre “Nem Dilma, nem Temer”, a Folha de S. Paulo, em editorial, diz: nem Lula, nem Moro.
Leia um trecho:
“Ainda que Lula seja, obviamente, nome central em todo o processo da Lava Jato, não é o único, nem o inventor de um sistema de corrupção eleitoral de décadas.

Do mesmo modo, nada mais perigoso do que ver em Moro uma espécie de salvador da pátria, sem cujo concurso estaríamos submersos irremediavelmente na corrupção.
As instituições são maiores e mais fortes do que tais personagens, cada qual com seus exageros. Lula manobra para atrasar o processo, convocando 87 testemunhas em sua defesa. Moro retalia, exigindo a presença do ex-presidente em todas as audiências.
O embate jurídico prosseguirá por muito tempo; não há como confundi-lo com o jogo político, e este, por sua vez, não amadurece nem se resolve num clima de maniqueísmo, de irrealidade e de furor”.
O mercado fraqueja
Economia 20.04.17 09:54
Vinicius Torres Freire, da Folha de S. Paulo, disse que diversas bombas podem explodir no colo de Michel Temer:
“Primeiro, ainda não se dissipou a ameaça de debandada de ao menos um terço da coalizão de 400 deputados, risco de vida para a reforma da Previdência (a conta é de gente da ‘oposição’ do PMDB e de antigos líderes do centrão).
As lideranças governistas parecem atordoadas e descoordenadas até para fazer o arroz com feijão regimental, embora o governismo tenha aprovado, em segunda época, na recuperação, o regime de urgência para a reforma trabalhista.
Este jornalista ouve parlamentar dizendo que ‘cargo não adianta, nem se desse para fazer alguma coisa, mas nem tem dinheiro para nada’ (…).
Segundo, passou a fraquejar a crença risonha e franca do pessoal do ‘mercado’ na aprovação do kit básico da Previdência (70% a 80% da reforma, em termos de dinheiro).
Terceiro, o ambiente tanto no governo como na praça do mercado pode ser empesteado por gases tóxicos das delações e do lixo que será revirado pelo inquérito da Lava Jato e outras investigações. Não é um ‘pode’ vago”.
Santo caixa dois
Brasil 20.04.17 09:48
Pedro Tobias, presidente do PSDB paulista, reconheceu os pagamentos de caixa dois na campanha de Geraldo Alckmin.
Segundo a Folha de S. Paulo, ele disse “que se pode investigar a campanha de Alckmin por caixa dois, mas não colocá-lo ‘no mesmo saco de Sérgio Cabral, que botou R$ 100 milhões no bolso’”.
Muita saúva no STF
Brasil 20.04.17 08:26
Gilmar Mendes, mais uma vez, defendeu o foro privilegiado.
Nesta quinta-feira, em seu passeio a Portugal, ele disse:
"Hoje, temos metade do Congresso, talvez algo mais, investigada no STF, então esse é um dado estatístico inescapável, não há o que discutir".
Em seguida, ele completou, debochando do projeto para abolir o foro privilegiado:
"Não sei se é oportuno tentar fazer uma mudança casuística, diria quase 'macunaímica' agora, aproveitando-se deste discurso de que o foro é inadequado".
Quem tem medo de Palocci
Brasil 20.04.17 08:05
Além de delatar Lula e o PT, Antonio Palocci pode entregar as empresas que contrataram sua consultoria.
Diz a Folha de S. Paulo:
“O ex-ministro atendeu um dos maiores bancos do país, uma das maiores fabricantes de veículos, uma importante empresa de planos de saúde e um frigorífico. Esses quatro clientes concentraram a maior parte dos ganhos de Palocci”.
A reportagem evitou citar o nome dos maiores clientes de Antonio Palocci, mas a lista já foi feita pela Receita Federal e anexada aos processos da Lava Jato.
Trata-se do Bradesco, que lhe repassou mais de 16,5 milhões de reais:
Da CAOA, com 12,6 milhões de reais:
Da Amil, com 8,7 milhões de reais:
Do JBS:

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