PRIMEIRA EDIÇÃO DE 20-4-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA''

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
QUINTA-FEIRA, 20 DE ABRIL DE 2017
O capitão de corveta aposentado, Carlos Henrique Ferreira Braga, 80, chamado de “Almirante Braga” nos esquemas da Odebrecht e amigo de Lula, foi personagem da Operação Satiagraha, que investigou o banqueiro Daniel Dantas. Fontes da Marinha citam “vínculos” de Braga com outro lobista, José Amaro Pinto Ramos, que levou mais de R$ 17 milhões do programa de submarinos, segundo delatores da Odebrecht.
José Amaro Pinto Ramos atua no mercado de armas, e também opera negócios entre Brasil e França, como o programa de submarinos.
Havia preocupação na Marinha, ontem, de destacar que o Comandante Braga não atua a seu serviço desde que foi para a reserva, em 1972.
A propina de Braga, dizem delatores, se originava no contrato de R$3,3 bilhões da Odebrecht no programa de construção de submarinos.
O Comandante Braga (ele não é almirante) é citado no livro “Operação Banqueiro”, de Rubens Valente, sobre o caso contra Daniel Dantas.
Ao comprar o Panamericano, a Caixa pode ter salvado a pele do seu dono, Silvio Santos, mas salvou também dirigentes de fundos de pensão com milhões aplicados no banco falido. Por isso, a Operação Conclave, da Polícia Federal, desta quarta (19), tem conexão com a Greenfield, que devassa fundos de pensão como Petros, da Petrobras, com R$340 milhões aplicados no Panamericano na época da compra.
Só para citar esse caso, o fundo de pensão do Petros era chefiado por Wagner Pinheiro, conhecido por suas profundas ligações ao PT.
Ao comprar o banco Panamericano, salvando dirigentes de fundos ligados ao PT, a Caixa-Par pagou R$740 milhões pelo mico.
As suspeitas de corrupção na negociata Caixa-Panamericano são tão sólidas que a Justiça bloqueou R$1,5 bilhão dos suspeitos.
Dias atrás, o elevador exclusivo dos senadores despencou do 20º andar de uma das torres do Congresso, com Valdir Raupp (PMDB-RO) a bordo. Só parou após acionado o freio de segurança. Um dia depois, saíram as delações da Odebrecht. Dessas, Raupp não escapou.
Política externa continua episódica na agenda do chanceler Aloysio Nunes. Terça-feira (18), ele fez política nacional, recebendo três deputados e o diretor-geral de Itaipu que deve ter citado o Paraguai no papo.
Acusado por delatores de receber propina de R$2 milhões da usina de corrupção PT/Odebrecht, o publicitário petista Valdemir Garreta pode arrastar para o centro do escândalo o presidente nacional do partido, Rui Falcão, a quem é muito, muito, muito ligado.
O presidente do Senado, Eunício Oliveira, fez ontem uma viagem imprevista ao Ceará para prestar a última homenagem ao tio, João Gonçalves Lucena, que faleceu aos 98 anos. “Ele criou, me deu comida quando eu morava na Casa do Estudante”, disse, muito emocionado.
Em Brasília, Teatro Nacional fechado. Espaço Renato Russo fechado. À mesa de um restaurante, ontem, Reco do Bandolim quase chorava: o Banco do Brasil negou patrocínio para os 40 anos do Clube do Choro. Ele não disse nada, mas dava para ver e ouvir suas lágrimas.
O juiz Sérgio Moro recebeu a Ordem do Mérito Militar, a mesma que, conferida aos mensaleiros José Dirceu e Roberto Jefferson, jamais foi cassada, como prevê a lei. Moro foi condecorado no grau de oficial.
Marcelo Odebrecht diz haver liberado R$1 milhão da “conta italiano” para a campanha de Gleisi Hoffmann (PT), em 2014, a pedido do maridão Paulo Bernardo. Foi uma das contrapartidas pelo financiamento do BNDES à Odebrecht, em Angola.
Os vistos eletrônicos para turistas dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão deve trazer R$1,4 bilhão para o Brasil, mas a ideia é dar adeus à reciprocidade e isentá-los da exigência imposta a turistas brasileiros.
...aposentadoria integral para servidores faz lembrar George Orwell, para quem “somos todos iguais, mas uns são mais iguais que outros”.

NO DIÁRIO DO PODER
PRENDEU EIKE E CABRAL
PF INVESTIGA AMEAÇAS AO JUIZ DA LAVA JATO NO RIO DE JANEIRO
AO MENOS DOIS PLANOS DE ASSASSINATO A BRETAS FORAM DESCOBERTOS
Publicado: quarta-feira, 19 de abril de 2017 às 19:07 - Atualizado às 19:14
Redação
Uma equipe da Polícia Federal de Brasília está no Rio para investigar as ameaças feitas ao juiz Marcelo Bretas, responsável pelas ações da Lava Jato, no Rio. Pelo menos dois planos de assassinato que tinham o juiz como alvo foram descobertos. Bretas, que decretou a prisão do ex-governador Sérgio Cabral Filho, do empresário Eike Batista e do ex-secretário de Saúde, Sérgio Côrtes, entre outros, teve a segurança reforçada no início de abril.
Um dos planos para matar Bretas partiu de um presídio. Outro chegou por telefone, numa ligação ao Disque Denúncia. O juiz, titular da 7.ª Vara Federal Criminal começou a ter escolta de agentes federais em fevereiro. Naquele mês, pessoas estiveram na cantina e na portaria do prédio da Justiça Federal e tentaram obter informações sobre a rotina de Bretas.
Há duas semanas, o desembargador André Fontes, presidente do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região, determinou o reforço da segurança. “O tribunal está atento à situação do juiz Bretas. Esse talvez seja um dos maiores desafios que o tribunal enfrenta hoje. Vim aqui simbolicamente dizer a todos que essa preocupação que paira sobre o juiz hoje também é preocupação do tribunal”, disse o desembargador, na ocasião.
A equipe da PF de Brasília que está no Rio é a mesma que avaliou as ameaças recebidas pelo juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal de Curitiba. Moro, a princípio, recusou a escolta. Mas desde março de 2016 é acompanhado por agentes federais e se locomove em veículos blindados.
Em outubro passado, quando esteve no Rio para receber o prêmio de Homem do Ano, pela Câmara Britânica de Comércio e Indústria, Moro esteve o tempo todo sob a vigilância dos agentes. No jantar para 150 pessoas, em que os convites custaram entre R$ 400 e R$ 600, era exigido traje black tie. Os policiais vestiram-se a caráter e misturaram-se aos convidados. (AE)

VANTAGENS DEVIDAS E INDEVIDAS?
Por Carlos Chagas
Quinta-feira, 20-4-2017
Virou moda para esse monte de políticos de alto coturno, flagrados pelas delações da Odebrecht, defenderem-se jurando não ter recebido “vantagens indevidas” da empreiteira. Quer dizer que também há vantagens devidas?
Está classificada a roubalheira, verdadeira confissão de culpa de ministros, governadores, deputados e senadores. Uma evidência irrefutável do envolvimento de tantos ladrões.
Indaga-se o que acontecerá com eles, se reconhecem haver recebido propinas oriundas de superfaturamento de obras, desvio de verbas e similares. Com ou sem foro especial, estão arcabuzados. Se alguns foram considerados candidatos presidenciais, hoje não são mais. Mesmo demorando, seu julgamento será irreversível.
Não é preciso expô-los a citações nominais. A maioria dos delatores tem apresentado provas até documentais da corrupção. Provavelmente, venham a tornar-se inelegíveis por decisão dos tribunais, mas o principal é que lhes faltarão votos. Talvez até coragem para mostrar-se. Vestais de ontem, transformam-se em ratos de hoje e, certamente, condenados de amanhã.
Réus confessos cuja defesa torna-se impossível diante do próprio reconhecimento da prática deletéria da corrupção por anos a fio.
Pertencem a todos os partidos e roubaram em todos os Estados. Estarão em todos os ministérios, também. São aqueles considerados desconfortáveis pelo próprio presidente da República. Aliás, a propósito, estaria Michel Temer confortável em companhia de … (Cala-te boca!) 
CONDENAÇÃO
Da tribuna do Senado, Gleisi Hoffman confessou estar inapelavelmente condenada. Poucas vezes se tem visto coragem tamanha. Pior do que tudo, a senadora está certa...

NA VEJA.COM
Odebrecht tinha R$ 700 mil em cofre para reformar ‘sítio de Lula’
Diretor diz que dava semanalmente R$ 100 mil a responsável pela obra e que dinheiro veio do ‘departamento de propina’; ex-presidente nega ser dono do imóvel
Por Eduardo Gonçalves
Quarta-feira,19 abr 2017, 19h51 - Atualizado em 19 abr 2017, 23h55
O diretor de Engenharia da OdebrechtEmyr Diniz Costa Junior trouxe novos detalhes de como a empreiteira atuou na reforma do sítio Santa Bárbara, em Atibaia, interior de São Paulo, cujo real proprietário seria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo a força-tarefa da Operação Lava Jato — o que é veementemente negado pelo petista. As obras teriam sido executadas entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011, quando Lula deixou a Presidência no fim do segundo mandato.
Um dos 78 delatores da Odebrecht, Costa relatou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que até comprou um cofre para guardar os 700.000 reais em espécie usados para bancar a reforma – o orçamento inicial era de 500.000 reais, mas depois foram requisitados mais 200.000 reais para cobrir gastos extras. “Nunca tinha manejado uma obra com somas dessa natureza. Então, eu comprei um cofre desses que você compra nesses caminhões. Coloquei dentro do armário da minha sala”. Ele contou que as cifras vieram do setor de Operações Estruturadas, o célebre departamento de propinas da Odebrecht. Um malote com o dinheiro foi entregue em seu escritório após ele dar ao emissário uma senha, da qual disse não se recordar mais.
Costa afirmou que, semanalmente, separava 100.000 reais em envelopes para entregar ao engenheiro da Odebrecht, Frederico Marcos de Almeida, responsável pelas obras do sítio, que, por sua vez, repassava os valores a uma pessoa identificada como Aurélio. Posteriormente, ele descobriu se tratar de Rogério Aurelio Pimentel, ex-assessor especial de Lula.
Os recursos, segundo ele, foram utilizados para custear a construção de um alojamento para os seguranças de Lula, uma edícula de quatro suítes, uma sauna, uma adega e o conserto de um vazamento na piscina. “O senhor Aurélio até pediu para fazer mais coisas, como um pomar, quadra de tênis, mas não foi possível pelo prazo e pelo período chuvoso”, explicou o delator.
Contrato falso
Em maio de 2011, após as obras serem concluídas, o diretor foi chamado a uma reunião presencial com o advogado de Lula, Roberto Teixeira, em seu escritório em São Paulo. Na ocasião, segundo contou, disse ter sido orientado a produzir um contrato falso para, conforme suas palavras, “regularizar a construção de forma que não parecesse que ela tinha sido feita para benefício de Lula nem tampouco pela Odebrecht”.
Segundo o delator, ele providenciou o documento, que foi redigido em nome de Fernando Bittar, o dono legal do sítio, com uma empreiteira local ao custo de 150.000 reais — “o valor mais baixo para ser com compatível com a renda de Bittar”, disse. A nota fiscal emitida e o contrato falso foram entregues em mãos a Teixeira em um segundo encontro. Ele disse à PGR que nas duas ocasiões se registrou na portaria do prédio do escritório.
No depoimento, o delator afirmou ter sido informado por seus superiores de que as obras eram destinadas ao ex-presidente Lula, mas ressaltou que não teve nenhum contato com o petista nem com algum de seus familiares. “Às vezes, o Frederico [o engenheiro] ia perguntar algum detalhe técnico da obra e o Aurélio [o assessor da presidência] dizia que iria perguntar para dona Marisa [Letícia, esposa do ex-presidente Lula, falecida em fevereiro deste ano]”, contou ele.
Além de Costa, outros executivos da Odebrecht, como Marcelo, Emílio, Alexandrino Alencar e Carlos Armando Paschoal, relataram à PGR como a empresa se organizou para realizar as obras no sítio de modo discreto e como um presente a Lula, assim que ele deixasse o Palácio da Alvorada, em Brasília.
Em nota, o advogado Roberto Teixeira afirmou que Fernando Bittar era seu cliente e que atuou para formalizar o “pagamento do valor devido pelos serviços”. Ele também ressaltou que “jamais propôs, orientou ou executou qualquer ato ilegal” em seus 47 anos de carreira como advogado. A defesa de Lula sempre frisou que o ex-presidente não é dono do sítio e que, portanto, não pode ser acusado de nenhuma irregularidade.
Confira abaixo a nota na íntegra do advogado Roberto Teixeira.
“Jamais propus, orientei ou executei qualquer ato ilegal na minha trajetória de 47 anos ininterruptos de exercício da advocacia. A delação premiada de Alexandrino Alencar tem sido utilizada por alguns veículos de imprensa para atribuir a mim participação em afirmada emissão de documentos falsos relativos a obras realizadas em um sítio em Atibaia, de propriedade do meu cliente Fernando Bittar. A verdade é que o próprio Alexandrino Alencar afirmou em sua delação o que eu mesmo sempre deixei claro: “que o sítio é do Fernando Bittar” e que minha atuação, enquanto seu advogado, era a de formalizar as obras realizadas como condição para que Fernando Bittar, meu cliente, fizesse o pagamento do valor devido pelos serviços. Reafirmo que minha atuação na advocacia sempre foi pautada pela ética e pela observância às leis”.

Fraudes no Maracanã e em favelas tornam Cabral réu pela 7ª vez
Ex-governador, que está preso, é acusado agora de ter se beneficiado de esquema com empreiteiras para pagamento de propina de 5% sobre o valor dos contratos
Por Da Redação
Quarta-feira, 19 abr 2017, 21h23
O ex-governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), preso desde novembro de 2016 sob acusação de corrupção, tornou-se réu pela sétima vez, agora acusado de fraude em licitações e recebimento de propinas de 5% sobre o valor das obras de reforma do Maracanã e no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) das Favelas. A denúncia, feita pelo Ministério Público Federal (MPF), foi aceita pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro.
Além do ex-governador, outras 19 pessoas, entre agentes públicos e empresários, foram denunciadas. A ação do MPF é resultado de duas operações da Polícia Federal, a Saqueador e a Calicute. Na denúncia, Cabral é apresentado como “líder de organização criminosa”. Os procuradores afirmam que o ex-governador e representantes de empreiteiras fraudaram a licitação das obras de reforma e modernização do estádio do Maracanã. A obra havia sido orçada em R$ 700 milhões, mas, com os aditivos, custou aos cofres públicos R$ 1,2 bilhão. Pelo menos R$ 35 milhões teriam sido pagos em propina.
Há, ainda, suspeita de superfaturamento em lotes envolvendo obras das favelas de Manguinhos, do Complexo do Alemão e da Rocinha – as licitações foram feitas dentro do PAC direcionado a favelas.
Dentre os denunciados estão também o ex-secretário de Obras na gestão de Cabral, Hudson Braga, e o ex-secretário de Governo, Wilson Carlos. Braga já está preso no Complexo de Gericinó, no Rio, e Wilson Carlos em Curitiba. A reportagem não conseguiu contato com as defesas, para que se pronunciassem sobre as acusações.
(Com Estadão Conteúdo)

NO BLOG DO JOSIAS
Previdência: lipoaspiração eleva apoio à reforma
Josias de Souza
Quinta-feira, 20/04/2017 04:18
Ao enviar a proposta de reforma da Previdência ao Congresso, em 6 de dezembro de 2016, Michel Temer afirmara: ''Sempre fizemos pequenas reformas. Eu mesmo fui relator de uma reforma previdenciária. Chega de pequenas reformas. Ou enfrentamos de frente o problema ou vamos condenar aqueles que vierem depois de nós a que batam nas portas do poder público e nada recebam.''
Decorridos quatro meses, o deputado Arthur Maia (PPS-BA), relator da reforma, apresentou a nova silhueta da proposta. Passou por uma lipoaspiração. Ficou menos pretensiosa. Mas tornou-se mais atraente — ou menos repulsiva — aos olhos dos deputados incumbidos de votá-la. O resultado ainda é incerto. Entretanto, elevaram-se as chances de aprovação.
Com o aval de Temer, o relator modificou até tópicos que o governo tratava como imutáveis. Por exemplo: a unificação em 65 anos da idade mínima para a aposentadoria de homens e mulheres. A bancada feminina bateu o salto alto no mármore do Planalto e arrancou o direito de se aposentar aos 62 anos. Na prática, todo mundo que chorou acabou levando alguma coisa.
Deputados nordestinos tornaram irrisórias as mudanças na aposentadoria rural, o lobby das polícias assegurou aos servidores armados um encontro com o pijama com dez anos de antecedência, o tucanato abrandou drasticamente as mexidas no BPC, o Benefício de Prestação Continuada pago a idosos e deficientes de baixa renda. E as pressões continuam.
Até aqui, o emagrecimento do texto original fez cair a economia que o governo esperava fazer nos próximos dez anos de R$ 800 bilhões para algo em torno de R$ 630 bilhões. Mas não resta outra alternativa a Michel Temer senão ceder. Uma eventual rejeição da proposta terá sobre o seu governo o peso de uma lápide.
A pregação de Temer também começou a surtir efeitos na Câmara. Rodeado de ministros e aliados lançados no caldeirão da Lava Jato pelos delatores da Odebrecht, o presidente sustenta que os investigados precisam reagir à onda de suspeição. E argumenta que a melhor reação seria a aprovação de reformas que tonifiquem a economia. Na expressão de Temer, não é hora de “acoelhar-se”.
O apoio à proposta do governo não é generalizado. Ao contrário, a resistência ainda é grande. Mas o discurso de parte dos governistas começa a mudar. “Não vai passar com facilidade, mas creio que a reforma da Previdência acabará sendo aprovada”, disse ao blog, por exemplo, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA). Ele preside a comissão especial sobre outra reforma vital: a política. “Aprovar essa reforma da Previdência e outras não deixa de ser uma reação à Lava Jato, pois mostraremos ao país que o Congresso não parou.”
Lúcio integra o rol de políticos alcançados pela delação coletiva da Odebrecht. Ele ecoa o discurso de Temer: “Se não trabalharmos pelas reformas estruturais, vamos acabar dando razão aos que dizem que não temos legitimidade para legislar.” O deputado injeta pragmatismo em seu raciocínio: “As reformas vão melhorar o ambiente econômico. Se a economia reage, diminui a insatisfação popular. O que beneficia a classe política. O Lula se reelegeu na época do Mensalão porque a economia estava bem.”

Delações derretem estratégia da defesa de Lula
Josias de Souza
Quarta-feira, 19/04/2017 20:38
Surgiu entre os delatores o engenheiro escalado pela Odebrecht para realizar a reforma do sítio de Atibaia: Emyr Costa. Ele conta como tocou a obra, fala do dinheiro vivo que teve que manusear e dá nomes aos bois. Como se fosse pouco, informa que, sob orientação de Roberto Teixeira, advogado e compadre de Lula, elaborou um contrato falso para apagar da obra as digitais da Odebrecht e da família Lula. E a defesa de Lula apenas repete: não há nada contra o ex-presidente. Vem aí a delação do empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS. Vai falar sobre a reforma do tríplex do Guarujá.
No caso do sítio, a versão oficial é de que Lula, sem pagar nenhum tostão, instalou-se na propriedade com licença dos supostos proprietários para usar e abusar, reformar e trocar a mobília, virar do avesso se quisesse. O problema desse enredo é que ele divide os brasileiros em dois grupos: os cínicos e os azarados como você e os mais de 200 milhões de patrícios que ainda não encontraram amigos tão generosos, capazes de ceder, por empréstimo perpétuo, um sítio paradisíaco.
Apesar de tudo o que está na cara, a defesa sustenta que Lula é um inocente candidato à Presidência, vítima de perseguição. Isso pode adoçar o enredo, mas não modifica o epílogo. Em maio, Sergio Moro interrogará uma pose, não um réu. Depois, condenará um projeto político, não um culpado por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Se a sentença for confirmada na segunda instância, como parece provável, vai ao xadrez um mártir petista, não um presidiário. Mas nenhuma dissimulação retórica elimina o risco real de o PT ficar num mato sem candidato.


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