TERCEIRA EDIÇÃO DE 20-3-2017 DO "DA MÍDIA SEM MORDAÇA"

NA COLUNA DA ELIANE CANTANHÊDE
Carne podre, carne fraca
A cada dia, sua agonia. Está difícil comer, trabalhar, respirar, sobreviver
Eliane Cantanhêde
Domingo,19 Março 2017 | 05h00
Quando a política e a Lava Jato pegavam fogo, a surpresa foi 2017 abrir já no primeiro dia com os massacres em prisões, que começaram com decapitações em Manaus e contaminaram Boa Vista e Natal, com cerca de 125 mortes no total, chamando a atenção para um descalabro nacional e mostrando ao mundo o lado das trevas numa das dez maiores economias do planeta.
Quando o pacote do procurador Rodrigo Janot foi entregue ao Supremo Tribunal Federal e passaram a vazar as listas dos ilustres citados nos 83 pedidos de abertura de inquérito para os que têm foro privilegiado e mais 211 para quem não tem, a semana terminou com a operação “Carne Fraca”, sobre as carnes podres que comemos e a carne fraca de corruptos insaciáveis.
Quando inflação e juros caem, o leilão de quatro aeroportos é um sucesso e a The Economist prevê que o pior da crise passou, cabeças de porco, ácidos e papelões em mortadelas e linguiças pioram ainda mais a imagem do Brasil e jogam um ponto de interrogação nas exportações de carne brasileira. O País é o campeão de vendas do produto. EUA e União Europeia já exigem explicações.
Quando o Planalto e o País comemoram a reversão de expectativa no emprego, com o fim da sangria e o saldo positivo na criação de vagas depois de 22 dois meses de horror, as revelações sobre os frigoríficos chacoalham também o mercado interno, e a agropecuária é importantíssima para o PIB e para a geração de empregos.
Quando o presidente Michel Temer começa a falar em ganhar alguma popularidade e já se assanha para incluir a questão tributária no pacote de reformas, a citação de seis ministros e as cúpulas do Congresso e dos partidos na Lava Jato joga o foco do Congresso na reforma política e tira da reforma da Previdência, vital para investimentos, credibilidade e destino da transição.
Quando os governos do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, do Rio Grande do Sul e de todos os demais, em fila, tentam desesperadamente negociar acordos com Brasília e enxugar as contas, eis que aquele velho, insidioso, cruel e sarcástico inimigo público, o aedes aegypti, anti-herói da ruína, sai matando por aí. As filas de vacinas para febre amarela conseguem superar as de emprego. Oswaldo Cruz e Emílio Ribas devem estar se remoendo no túmulo.
É assim que vivemos todos numa montanha russa que atravessa de boas a más notícias em velocidade estonteante, sem sossego, sem tempo para respirar. Temer comemora juros e inflação num dia e sofre a queda de ministro no outro; o aparente fim da sangria dos empregos num dia, seis ministros na “lista do Janot” no outro; o leilão de aeroportos num dia, o desmascaramento dos frigoríficos no outro; uma vitória no Congresso num dia, o recuo na reforma da Previdência no outro; uma manchete internacional positiva num dia, várias negativas no outro.
Mas o pior é a população brasileira, que acumula e sofre com uma epidemia de corrupção, 13 milhões de desempregados no setor privado e o empreguismo deslavado no público, Estados falidos e irresponsáveis, febre amarela, zika, chikungunya e dengue, antes o leite de idosos e crianças temperado com água sanitária, agora carne podre, linguiças nojentas e mortadelas assassinas. Sem contar nas muitas dúvidas sobre o excesso de agrotóxicos.
Está difícil viver, trabalhar, estudar, comer e respirar o ar contaminado da corrupção, da falta de fiscalização e da pior doença brasileira: a impunidade. Mas a boa notícia é exatamente essa: nunca antes na história deste País tanto descalabro foi exposto à sociedade, tanta gente foi desmascarada por instituições antes passivas e hoje na linha de frente da reconstrução nacional. Implodir para construir

NO ESTADÃO
Lista fechada seria definida por políticos na mira da Lava Jato
Nove das 10 siglas com maiores bancadas no Congresso têm dirigentes citados ou investigados; este é o caso de toda a Executiva do PMDB
Igor Gadelha / BRASÍLIA , 
O Estado de S.Paulo
Segunda-feira, 20 Março 2017 | 05h00
BRASÍLIA - Políticos investigados e citados na Operação Lava Jato ocupam cargos de destaque no comando de 9 dos 10 partidos com maiores bancadas na Câmara dos Deputados, aponta levantamento feito pelo Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. Esses dirigentes terão influência na definição dos candidatos que integrarão as listas partidárias fechadas, caso essa forma de votação para eleição de deputados federais, estaduais e vereadores seja aprovada pelo Congresso. Todos negam qualquer irregularidade.
A lista fechada vem sendo articulada pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), com aval do presidente Michel Temer e do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes. Nesse sistema, o eleitor vota no partido, cuja cúpula definirá uma lista ordenada dos candidatos que serão eleitos. A sigla que tiver mais votos conseguirá o maior número de cadeiras, que serão ocupadas pelos primeiros da lista. Hoje, o eleitor vota diretamente no candidato.
Para facilitar a aprovação do novo sistema, que enfrenta certa resistência no Congresso, Maia e Eunício querem estabelecer uma “regra de transição” para as eleições de 2018. A ideia é que os atuais deputados tenham prioridade nas listas, que serão estabelecidas pelos dirigentes estaduais, os quais são subordinados ao comando nacional. Essa “preferência” foi discutida na quarta-feira passada entre os presidentes da Câmara e do Senado com Temer e Gilmar no Palácio do Planalto.
Dos 10 partidos com maiores bancadas na Câmara, apenas o PR não tem nenhum dos quatro integrantes de sua Executiva Nacional citados ou investigados na Lava Jato. Entre os outros nove partidos com integrantes do comando envolvidos na operação, pelo menos seis possuem o presidente ou presidente licenciado, cargo mais alto na hierarquia partidária, citado pela Lava Jato e investigações decorrentes. São eles: PMDB, PSDB, PP, PSD, PRB e PDT. O levantamento não leva em conta os suplentes das executivas.
Executiva 
Partido com a maior bancada na Câmara, o PMDB tem todos os oito membros de sua Executiva citados ou investigados pela Lava Jato. O presidente do partido, senador Romero Jucá (RR), é investigado em pelo menos três inquéritos da Lava Jato. Um deles é o inquérito conhecido como “quadrilhão” – a principal investigação da operação, que apura o crime de formação e quadrilha no esquema de desvio de recursos da Petrobrás em benefício de diversos partidos.
No PP, dono da terceira maior bancada da Casa, 18 dos 30 integrantes da Executiva já foram citados ou são investigados na Lava Jato. Entre eles o presidente, senador Ciro Nogueira (PI), que já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República no âmbito da operação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Dos 20 vice-presidentes da legenda, 12 são investigados ou foram citados em delações premiadas da Lava Jato.
Para o presidente do DEM, senador Agripino Maia (DEM-RN), o fato de integrantes da cúpula dos partidos serem citados ou investigados em operações como a Lava Jato não contamina as listas partidárias. “É uma questão de responsabilidade”, disse. “Cada partido vai fazer seu mea culpa interno para que a lista mereça o voto do eleitor. Do contrário, você vai estar fazendo uma lista suicida.” No DEM, seis dos 37 integrantes da Executiva já foram citados, entre eles, Rodrigo Maia, considerado “membro nato”.
Vice-presidente do PT, o deputado José Guimarães (CE) também nega contaminação. “Pior do que isso é o modelo atual. Vocês (imprensa) colocam defeito em tudo. Vamos testar. Do jeito que está faliu”, afirmou o petista, um dos três dos 18 integrantes da Executiva do partido que foram citados na Lava Jato. O PT, porém, é contra a prioridade para atuais deputados.
O PDT é contra privilegiar os atuais parlamentares, mas concorda com a lista fechada. “As listas serão públicas. A população vai olhar. Não vai votar em uma lista cega, secreta. Então, se você tem nomes notoriamente comprometidos, a população não vai votar naquele partido”, afirmou o presidente do partido, o ex-ministro Carlos Lupi. Ele e outros três integrantes da Executiva Nacional da sigla já foram citados na Lava Jato.
Dono da terceira maior bancada na Câmara, o PSDB defende um sistema de votação misto. “Defendemos o voto distrital misto de inspiração alemã, que permite ao eleitor continuar votando em seu candidato para metade das vagas e a lista ajudaria a qualificar o Parlamento”, disse em nota o presidente da sigla, senador Aécio Neves (MG).
Procurados, os presidentes do PMDB, PP, PSD e PRB não responderam sobre o assunto. Os presidentes do PR e PSB se disseram contrários à lista fechada.
PMDB: ..................todos os 8
PT: ............................3 dos 18
PSDB:...................... 4 dos 20 l
PP: ........................ 18 dos 30
PR: ................ Nenhum dos 4 l
PSD: ........................ 3 dos 12
PSB: .........................3 dos 35
DEM:........................6 dos 37
PRB: .............................. 1 dos 9
PDT:........................ 4 dos 22.

NO O ANTAGONISTA
"Eles não sabem o que ainda temos"
Brasil 20.03.17 15:29
Um integrante da Operação Carne Fraca disse a O Antagonista que o governo "está se aventurando" ao criticar a Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça.
"Eles não sabem o que ainda temos. Logo o negócio vai crescer muito."
Os investigadores já têm indícios de que frigoríficos pagavam propina mensalmente a fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Contaminação natural
Brasil 20.03.17 15:10
É absurdo dizer, no caso do escândalo da carne podre, que fatos pontuais não podem contaminar todo um setor.
Em qualquer lugar do mundo civilizado, fatos pontuais contaminam todo um setor, até que se prove que são mesmo fatos pontuais.
Líder tucano levanta para Eunício Oliveira cortar
Brasil 20.03.17 15:18
Paulo Bauer, líder do PSDB no Senado, está encampando o discurso que deverá ser usado por Eunício Oliveira amanhã para tentar melar o avanço da tramitação da PEC do fim do foro privilegiado na Casa:
"Esse requerimento (para que Índio determine calendário especial das discussões e votações) não tem uma força regimental e legal conforme estão anunciando. Não existe forma e nem maneira de se exigir que uma proposta de emenda à Constituição seja votada a partir da assinatura de requerimentos. Requerimentos são utilizados para apressar votação de projeto de lei. Quando se trata de um a proposta de emenda constitucional, quem decide se ela deve ou não ser votada é o presidente do Senado Federal. Ele pode fazer isso acontecer ouvindo os líderes de bancada. Como eu sou um líder, eu já me manifestei a favor ao assinar o requerimento", disse o senador à imprensa de Santa Catarina.
Vai ou não vai, Bauer?
A UE confia na PF
Brasil 20.03.17 14:52
Sim, a União Européia também suspendeu a importação de carne brasileira depois da Operação Carne Fraca. A UE confia mais na PF que descobriu o Petrolão do que no governo que tenta estancar a sangria provocada pela Lava Jato.
A China confia na PF
Brasil 20.03.17 14:43
Sim, a China suspendeu a importação da carne brasileira após a Operação Carne Fraca. Significa que a China confia mais na Polícia Federal que descobriu o Petrolão do que no governo que tenta estancar a sangria da Lava Jato.
O currículo do assessor do deputado
Brasil 20.03.17 14:06
Outro alvo da Operação Carne Fraca, o assessor parlamentar Ronaldo Sousa Troncha também traz no currículo envolvimento em esquema de fraude de licitações na Prefeitura de Assis Chateaubriand, no Paraná.
Ele foi denunciado com o irmão Rodrigo Troncha e a empresa de ambos, RST Consultoria Governamental.
Ronaldo Troncha é ex-assessor do deputado Sérgio Souza, mas mantém contato com o parlamentar até hoje. Ele foi chefe de gabinete do falecido deputado Moacir Micheletto.
O currículo do executivo da BRF
Brasil 20.03.17 14:01
José Roberto Pernomian Rodrigues, vice-presidente de integridade corporativa da BRF e alvo da Operação Carne Fraca, carrega em seu currículo uma condenação por contrabando e quadrilha no Caso Cisco.
Ele foi indicado para o cargo por Abílio Diniz.
Carminha vai se aposentar
Brasil 20.03.17 12:07
Cármen Lúcia anunciou que vai se aposentar no início de 2018.
Disse que quer voltar a dar aulas em Minas Gerais, segundo o Estadão.
Toffoli na linha sucessória
Brasil 20.03.17 12:10
Se Cármen Lúcia aposentar-se antes do final do seu mandato como presidente do STF, Dias Toffoli deverá assumir o seu lugar.
E, assim, entrar na linha sucessória de Michel Temer.

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