PRIMEIRA EDIÇÃO DE 16-3-2017 DO "DA MÍDIA SEM MORDAÇA"

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
QUINTA-FEIRA, 16 DE MARÇO DE 2017
Integrante da “Lista Janot”, indiciado pela Polícia Federal, denunciado pela Procuradoria-Geral da República e réu – por enquanto – em casos graves de corrupção, o ex-presidente Lula está sujeito de 31 anos de reclusão, caso seja condenado à pena mínima, a até 124 anos. Ele se diz “perseguido”, mas as acusações resultam de três operações da Polícia Federal, forças-tarefas distintas e três juízes federais diferentes.
Lula responde por corrupção passiva, tráfico de influência, lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito, obstrução da Justiça etc.
Lula já foi indiciado por crime de obstrução da Justiça, na Lava Jato, e corrupção passiva no caso do tríplex no Guarujá.
O ex-presidente também é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro em contratos da Odebrecht em Angola.
Somadas, as eventuais penas de Lula ultrapassariam mais de um século de cadeia, e o Código Penal ainda prevê agravantes. E multas.
As mansões reservadas a ministros foram colocadas à venda pelo ex-presidente Fernando Collor, mas na Península dos Ministros restaram algumas como a de ministro da Casa Civil, onde viveram José Dirceu, Dilma, Erenice e Gleisi Hoffmann. O ministro da Marinha também tinha mansão para chamar de sua. O cargo foi extinto, mas a casa continua a serviço da mordomia, agora usufruída pelo comandante da Marinha.
A residência oficial da presidência do Senado está em obras, dizem na vizinhança, “para tirar a inhaca”. Alambrados inibem olhares curiosos.
A casa do ministro das Relações Exteriores está vazia. Serra não pôs os pés nela, mas pediu ao chanceler de Dilma para desocupá-la logo.
Outra mansão vazia é a do ministro da Fazenda, e desde Guido Mantega. Henrique Meirelles prefere a praticidade de morar em hotel.
Para o ministro Henrique Neves, do Tribunal Superior Eleitoral, os candidatos deveriam ser proibidos de obter doações. Segundo sua proposta, arrecadar dinheiro e administrar sua aplicação, bancando as despesas de campanha, seria tarefa exclusiva dos partidos.
O deputado Fábio Farias (PSD-RN) foi flagrado, ontem, chegando de calção a uma academia de Brasília, às 12h, a bordo de carro oficial. Levava o terno na mão: trabalho só depois da malhação e do almoço.
Produtor, diretor e roteirista, José Antônio Severo é cotado para presidir a Agência Nacional do Cinema (Ancine), há 13 anos “aparelhada” pelo PCdoB. Severo foi o criador de veículos como o Jornal da Globo.
O ministro Helder Barbalho (Integração) mandou uma servidora ao “festival de chocolates de Óbidos”, em Lisboa, entre 10 de março e 2 de abril. Uma beleza, 23 dias. A chocólatra atua na representação em Brasília da Sudene, cadáver insepulto da administração federal.
Os “protestos” que a pelegada petista organizou ontem, enquanto o País tentava trabalhar, teve Lula como mandante. Tudo organizado para que ao final ele fizesse comício na Avenida Paulista.
Como esta coluna antecipou, o governador do DF, Rodrigo Rollemberg, decidiu adotar o modelo de gestão do Hospital Sarah no Hospital de Base de Brasília, para começo de conversa. Referência de eficiência e qualidade, no Sarah não há queixas, não há greves, não há malandros.
A qualidade do Hospital Sarah é bem definida pelo juiz Ademar Silva Vasconcelos: “o paciente é recebido como um sujeito de direitos e não objeto de eventual direito, tornando o atendimento universalizado”.
Coube à Advocacia-Geral da União o vexame de recorrer em favor da cobrança de bagagens, em benefício das companhias aéreas. No final, o vexame foi maior: AGU e Agência de Aviação Civil perderam.
De todos os nomes vazados da “lista de Janot” até agora, há apenas uma mulher no clube do bolinha: Dilma, a ex-presidente cassada.

NO DIÁRIO DO PODER
NOVOS NOMES
CONFIRA OS 22 NOVOS NOMES DE POLÍTICOS NA "LISTA DE JANOT"
CINCO GOVERNADORES, QUATRO SENADORES, CINCO DEPUTADOS E MAIS
Publicado: quarta-feira, 15 de março de 2017 às 21:09 - Atualizado às 21:10
Redação
A "lista de Janot", enviada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal para autorização de investigação, teve mais 22 nomes de políticos revelados nesta quarta. De acordo com reportagem da TV Globo, estão na lista o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, além de cinco governadores, Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ), Renan Filho (PMDB-AL), Fernando Pimentel (PT-MG), Tião Viana (PT-AC) e Beto Richa (PSDB-PR), quatro senadores, Lindbergh Farias (PT-RJ), Jorge Viana (PT-AC), Marta Suplicy (PMDB-SP) e Lídice da Mata (PSB-BA), e cinco deputados federais, Marco Maia (PT-RS), Andrés Sanchez (PT-SP), Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), José Carlos Aleluia (DEM-BA) e Paes Landim (PTB-PI).
Os outros sete nomes são de políticos sem mandato ou foro privilegiado, incluindo o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral e o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ambos presos na operação Lava Jato. Além deles estão na lista, Geddel Vieira Lima, ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Duarte Nogueira, prefeito de Ribeirão Preto, Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias de São Paulo, Edinho Silva, ex-tesoureiro da campanha e ex-ministro de Dilma Rousseff, e Anderson Dornelles, ex-assessor direto da petista.
Com os novos nomes sobe para 37 o número de políticos conhecidos da lista enviada ao Supremo Tribunal Federal por Janot, incluindo os ex-presidentes da República Lula e Dilma. Confira os que possuem foro privilegiado:
Ministros
Aloysio Nunes (Relações Exteriores)
Eliseu Padilha (Casa Civil)
Moreira Franco (Secretaria Geral)
Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia)
Bruno Araújo (Cidades)
Marco Pereira (Indústria e Comércio Exterior)
Governadores
Renan Filho (AL)
Luiz Fernando Pezão (RJ)
Fernando Pimentel (MG)
Tião Viana (AC)
Beto Richa (PR)
Senadores
Renan Calheiros (PMDB-AL)
Eunício Oliveira (PMDB-CE)
Edison Lobão (PMDB-MA)
José Serra (PSDB-SP)
Aécio Neves (PSDB-MG)
Romero Jucá (PMDB-RR)
Lindbergh Farias (PT-RJ)
Jorge Viana (PT-AC)
Marta Suplicy (PMDB-SP)
Lídice da Mata (PSB-BA)
Deputados
Rodrigo Maia (DEM-RJ)
Marco Maia (PT-RS)
Andres Sanchez (PT-SP)
Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA)
José Carlos Aleluia (DEM-BA)
Paes Landim (PTB-PI).

CORRUPÇÃO
CABRAL PAGAVA JÓIAS COM CHEQUES PRÉ-DATADOS, E OS TROCAVA POR DINHEIRO
COMPRAS SEM NOTA FISCAL OCORRIAM COM 'DESCONTO ESPECIAL'
Publicado: quarta-feira, 15 de março de 2017 às 22:17 - Atualizado às 22:19
Redação
Uma gerente da loja da joalheria Antonio Bernardo no shopping da Gávea, na zona sul do Rio, afirmou em depoimento nesta quarta-feira, 15, que o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, sua mulher Adriana Ancelmo e Carlos Miranda, ex-assessor parlamentar do peemedebista, costumavam comprar joias com cheques parcelados em até dez vezes, que eram trocados por dinheiro antes de serem descontados. Os três estão presos no Complexo Penitenciário de Gericinó (Bangu), zona oeste do Rio.
As compras, sem nota fiscal, ocorriam com "desconto especial", afirmou Vera Lucia Guerra ao juízo da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. O depoimento ocorreu no âmbito da Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato no Rio que prendeu no ano passado Cabral, Adriana e Miranda, entre outros investigados.
De acordo com a gerente, as aquisições ocorriam principalmente em datas comemorativas, como Dia das Mães, aniversário de casamento, Natal e Dia dos Namorados. Vera afirmou ainda que as peças eram compradas para uso pessoal, conforme os clientes relataram a ela.
O motorista de Cabral, Pedro Ramos de Miranda, era uma das pessoas que ia à joalheria para pegar o cheque e entregar dinheiro. Miranda também teria feito isso para o ex-governador, assim como para ele mesmo. 
A Operação Calicute identificou intensos contatos de Miranda com joalherias por quebra dos sigilos telemático e dos registros telefônicos do ex-assessor, apontado como operador de propinas de Cabral. Foi indicado que o homem de confiança do ex-governador "manteve intenso contato com funcionárias de famosas joalherias no Rio de Janeiro", que são a Antonio Bernardo, H.Stern e Sara Joias. 
O ex-governador do Rio Sérgio Cabral e outros 12 investigados são acusados de se associarem para cometer corrupção e lavagem de dinheiro usando obras do governo do Estado que receberam recursos federais a partir de 2007.

OS CAÇADORES DERROTARÃO O LOBO MAU
Carlos Chagas
Quinta-feira, 16-3-2017
Chapeuzinho Vermelho entrou toda faceira no quarto da Vovozinha, levando na cesta café com leite, queijo e uma maçã. A velha tirou a cabeça dos lençóis e espantou a netinha. “Vovó, para que esses olhos tão grandes?” “Para melhor te ver, minha querida”. “E essas mãos tão compridas?” “Para melhor de abraçar, meu bem”. “E essa boca com dentes tão feios?” “Para melhor te comer, meu petisco!” A história para crianças não termina assim, porque logo vieram os caçadores, mataram o lobo e retiraram a Chapeuzinho e a avó de sua barriga, ficando todos felizes.
A historinha se conta a propósito da chegada dos líderes dos partidos ao gabinete do chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, ontem. Tinham sido convocados para cuidar da reforma da Previdência Social. Espantaram-se quando ouviram dele apavorantes ameaças no caso de o projeto do governo não ser aprovado. Perderiam as benesses e vantagens, não teriam apoio nenhum e seriam derrotados nas eleições do ano que vem. Cederam, dispostos a aceitar a proposta, antes de ser deglutidos, quando um deles exclamou: “Vamos chamar os caçadores!”
Parece evidente a reação da base parlamentar oficial à proposta que penaliza os assalariados e retira dos menos privilegiados os derradeiros direitos ainda vigentes. Pior fica a situação quando se acrescenta a reforma trabalhista.
O governo insiste e aterroriza o Congresso, diante do horror das mudanças apresentadas sob a promessa de recuperação da economia nacional. Ninguém escapará, nas eleições do ano que vem. Muito menos o empresariado, iludido com as promessas de ser favorecido com o sacrifício das massas. Elas são os caçadores, ávidos de arcabuzar quantos, como Eliseu Padilha, imaginam sobreviver à anacrônica iniciativa das prerrogativas do Lobo.
FULMINADA A CAIXA DOIS
Quem faz as contas sobre a próxima decisão a ser adotada pelo Supremo Tribunal Federal conclui pela condenação do Caixa Dois conforme puxa a fila a opinião da presidente Carmem Lúcia: é crime mesmo. Nas investigações que se seguirão, responderão quantos tiverem recebido esses recursos ilícitos, tanto faz se em dinheiro podre ou não.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Lula vai aprender com Moro o que é um interrogatório
Depois do depoimento em Curitiba, o culpado sem álibis só será candidato a uma temporada na cadeia
Por Augusto Nunes
Quarta-feira,15 mar 2017, 19h45
Num depoimento no tribunal, o réu é obrigado a tratar exclusivamente dos fatos criminosos de que é acusado. Qualquer calouro de faculdade de Direito sabe disso. Disso pareceu esquecer-se o juiz Ricardo Leite, que conduz em Brasília uma das cinco ações judiciais protagonizadas por Lula.
Nesta terça-feira, 14, o ex-chefe de governo que virou chefe de bando caprichou na pose de inocente perseguido por inimigos cruéis, indignados com a ascensão ao topo do poder de um migrante nordestino que, enquanto se esbalda na vida de rico, jura só pensar no sofrimento dos pobres. Haja cinismo.
Estranhamente, não foi contestado pelo magistrado, nem instado a descer da estratosfera pelo representante do Ministério Público. Liberado para mentir, o interrogado fez-se de ofendido com quem qualifica de “organização criminosa” a organização criminosa que, com Lula no duplo papel de mentor e coiteiro, destruiu a Petrobras.
No dia 2 de maio próximo, o farsante enredado nas descobertas da Operação Lava Jato vai aprender em Curitiba o que é um interrogatório de verdade. No depoimento comandado por Sérgio Moro e procuradores federais, todos sobraçando provas contundentes, não haverá espaço para evocações da infância miserável no Nordeste.
Se é que algum dia existiu, o pequeno pernambucano decidido a mudar o mundo já não há faz muito tempo. Foi substituído por um Lula repulsivo, sem pudor, sem vergonha e sem álibis. Encerrado o encontro com Moro, o reincidente sem cura só será candidato a uma mais que merecida temporada na cadeia.

NO BLOG DO JOSIAS
Lula usa Temer como escada rumo ao pedestal
Josias de Souza
Quinta-feira, 16/03/2017 06:22
Lula poderia estar jogando conversa fora na câmara de descompressão de São Bernardo. Mas foi condenado pela Lava Jato à candidatura presidencial perpétua. Aprisionado por seus advogados no figurino de vítima, Lula se esforça para retornar ao pedestal de presidenciável antes do depoimento marcado por Sergio Moro para 3 de maio. Para acelerar a subida, Lula pisa em Michel Temer como se escalasse os degraus de uma escada.
Sob gritos de “olê, olê, olá, Lulaaaaa, Lulaaaaaa”, o morubixaba do PT discursou em ato contra a reforma da Previdência, na Avenida Paulista. A certa altura, declamou para o microfone a retórica de sempre: ''Está ficando cada vez mais claro que o golpe dado nesse país não foi apenas contra a Dilma, contra os partidos de esquerda.'' Hummmm… Tenta-se também ''acabar com as conquistas da classe trabalhadora ao longo de anos, com a reforma trabalhista e da Previdência.''
Longe de clarear, as palavras de Lula escurecem a realidade. Deve-se a Lula a chegada de Temer ao Planalto. Primeiro porque foi ele quem negociou a conversão de Temer em vice nas chapas de 2010 e 2014. Segundo, porque também é de sua autoria a fábula da supergerente que produziu a ruína econômica que levou ao impeachment.
De resto, o que aniquilou “as conquistas da classe trabalhadora” foi a gestão 'empregocida' de Dilma. Lula sabe que a legislação trabalhista precisa tomar uma lufada de ar. Também sabe que a Previdência irá à breca sem uma reforma. O amigo e ex-colaborador Henrique Meirelles já lhe explicou a situação das arcas previdenciárias. Não repete em público o que ouviu em privado porque a verdade não rende aplausos.
Assim, pisando em Michel Temer distraído, Lula retorna ao pedestal de candidato. Em maio, Sergio Moro interrogará uma pose, não um suspeito. Na sequência, condenará um projeto político, não um culpado dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Se a sentença for confirmada na segunda instância, como parece provável, descerá ao xilindró um mártir petista, não um presidiário.

Com Renan de aliado, Temer dispensa oposição
Josias de Souza
Quinta-feira, 16/03/2017 04:47
Desde que deixou a presidência do Senado, Renan Calheiros tem feito dupla jornada. Como líder do governista PMDB, o senador revela-se um inusitado comandante da oposição ao Planalto. Com a lealdade a Michel Temer já extremamente cansada, Renan encena em público um rompimento em conta-gotas. Simultaneamente, renegocia no escurinho o preço de sua fidelidade. A julgar pela acidez da oratória de Renan, o governo ainda não enxergou o valor do seu quase ex-aliado.
Depois de dizer que a reforma da Previdência de Temer é ''exagerada'' e de insinuar que o Planalto segue ordens de Eduardo Cunha, enviadas desde uma cela do sistema penitenciário paranaense, Renan voltou à carga. Nesta quarta-feira, 15 declarou que o governo “já inviabilizou” a reforma da Previdência. Afirmou que, do modo como age, “precipitadamente”, o Planalto acabará sepultando também as reformas trabalhista e tributária.
Convidado pelos repórteres a trocar em miúdos suas críticas, Renan limitou-se a dizer que a bancada do PMDB, a maior do Senado, com 22 votos, precisava ter uma conversa “franca e aberta” com o companheiro Temer. Franca? Talvez. Aberta? Jamais. Renan e seus liderados jantaram com Temer na noite passada, a portas fechadas. No próximo encontro de Renan com os microfones, a plateia saberá se o Planalto conseguiu decifrar o enigma da Esfinge alagoana.
Enquanto não chega a um acerto com Temer, Renan faz da crítica estridente ao governo um mecanismo para atenuar o barulho provocado por sua inclusão na segunda lista de pedidos de inquéritos da Procuradoria-Geral da República, decorrentes da colaboração da Odebrecht. O senador talvez precise aumentar o volume de suas queixas. Soube-se que seu herdeiro, o governador alagoano Renan Filho, também foi acomodado pelo Ministério Público Federal na fila de investigados do Supremo Tribunal Federal.
É pena que o delatado Michel Temer não tenha condições políticas de esboçar uma reação à altura do posto que ocupa. No comando de um governo com meia dúzia de ministros enrolados na nova fase da Lava Jato, Temer não tem autoridade para responder ao ''decifra-me ou te devoro'' de Renan com um desafiador ''devora-me ou te decifro''. Segue a autofagia.

Você paga o circo, mas não escolhe o palhaço
Josias de Souza
Quinta-feira, 16/03/2017 01:15
Acomodada pelos colaboradores da Odebrecht no mármore quente do inferno, a elite política do país se uniu em torno de um plano para criar uma porta de saída para o céu. Protegidos pelo foro privilegiado, os congressistas cuidam dos minutos porque sabem que as horas no Supremo Tribunal Federal passam mais lentamente. Os encrencados correm para aprovar até setembro uma reforma eleitoral para ser aplicada já nas eleições de 2018. Assim, a bancada dinheirista poderá se reeleger antes de ser julgada, mantendo o escudo do foro privilegiado do Supremo.
Trama-se uma reforma baseada no princípio de que nenhuma ilegalidade justifica a incivilidade de um castigo, muito menos a desonestidade com fins eleitorais. Não é porque as delações da Lava Jato transformaram um modelo bem-sucedido de rapinagem em escândalo que os rapinadores ficarão de braços cruzados. A autodepuração é suspeita e cheira mal.
Se tudo correr como planejado pelos reformadores, a reforma incluirá uma anistia do caixa dois (pode me chamar de perdão retroativo da propina). Incluirá também a criação de um fundo eleitoral para pagar com verbas públicas as campanhas políticas. Esse fundo virá acompanhado da instituição do voto em lista fechada. Nesse modelo, o eleitor vota no partido, não no candidato. Elegem-se os políticos acomodados numa lista pelos caciques de cada legenda.
Para resumir: você vai bancar a bilheteria do circo e não terá nem o direito de escolher o palhaço da sua preferência.

Código de barras à mostra atrapalha a autodepuração do modelo 'propinocida'
Josias de Souza
Quarta-feira, 15/03/2017 15:29
Políticos à venda existem em toda parte. Variam o preço e o cinismo. Nesses quesitos o Brasil revela-se um líder mundial. Depois que a Lava Jato invadiu a bilionária divisão de propinas da Odebrecht, a bancada dinheirista do Congresso se oferece para reformar o modelo político apodrecido. A articulação deflagrada em Brasília revela o tamanho da ilusão dos que imaginam que os políticos, alvos de uma rejeição jamais vista, são capazes de entender que a impaciência do país com a rapinagem virou uma força política a ser levada em conta.
Nesta quarta-feira, reuniram-se em Brasília os presidentes da República, Michel Temer; da Câmara, Rodrigo Maia; do Senado, Eunício Oliveira; e do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes. Em meio às labaredas, discutiram regras de prevenção ao incêndio a serem fixadas numa reforma do sistema político-eleitoral. Em nota, convidaram a sociedade civil a se unir à empreitada. Enumeraram quatro objetivos.
1. Buscar a racionalização do sistema político;
2. Redução dos custos das campanhas políticas;
3. Fortalecimento institucional das legendas;
4. Maior transparência e simplificação das regras eleitorais.
Beleza. Agora só falta responder a quatro perguntinhas: 1) Como confiar aos responsáveis pela irracionalidade corrupta a busca da racionalidade saneadora? 2) Congressistas que trazem o código de barras à mostra terão credibilidade para tratar de custos? 3) Antes de fortalecer as legendas, não seria o caso de cassar as que apodreceram? 4) As contas eleitorais serão expostas online, em tempo real, ou vem aí mais uma transparência de cristal Cica?
A reunião do Planalto foi comandada pelo delatado Michel Temer, que chefia um governo com cinco ministros lançados no caldeirão da Odebrecht. A pseudoreforma será conduzida por Rodrigo Maia e Eunício Oliveira, ambos pendurados de ponta-cabeça na nova lista de candidatos à investigação que a Procuradoria acaba de solicitar ao Supremo Tribunal Federal.
Uma autodepuração como essa, tão impregnada de autodesmoralização, não tem o menor risco de dar certo. Mas eles continuarão tentando. Convém retirar as crianças da sala.

NO O ANTAGONISTA
Corre, Fachin
Brasil Quinta-feira,16.03.17 08:19
Rodrigo Janot facilitou o trabalho de Edson Fachin.
Em cada pedido de abertura de inquérito, segundo O Globo, ele incluiu “um breve relato dos crimes que teriam sido cometidos pelos políticos citados ou por interpostas pessoas em nome deles”.
E mais:
“As acusações estão amparadas nos vídeos dos depoimentos dos 78 delatores da Odebrecht. Se quiser, o ministro poderá acessar só os trechos considerados relevantes. Os trechos estão devidamente marcados”.
Corra, Fachin.
As caixas do crime
Brasil 16.03.17 08:04
A PGR identificou quatro tipos de caixa, como disse O Globo.
O caixa 2 básico será julgado pelos tribunais eleitorais.
Nos outros casos, o MPF deve abrir inquérito e investigar arrecadadores e doadores por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
Um procurador disse para a reportagem:
“Eu não sei como é possível anistiar caixa 2 sem anistiar a corrupção”.
Caixas 1, 2, 3 e 4
Brasil 16.03.17 07:51
O caixa 2 será perseguido apenas nos tribunais eleitorais, segundo O Globo.
Mas a PGR identificou outros crimes – praticados por meio de outras caixas – que devem resultar em processos penais.
1 – O caixa 1 com propina em que o candidato usa a Justiça Eleitoral para lavar dinheiro.
2 – O caixa 2 em que o candidato recebe a doação vinculada a uma troca de favores e não declara.
3 – O caixa 1 ou o caixa 2 em que o candidato recebe doação e usa o dinheiro para fins pessoais.
Caixa 2 liberado
Brasil 16.03.17 07:37
Um procurador explicou a O Globo como vai funcionar a lista Janot:
“Para nós, o limite é o artigo 350 do Código Eleitoral”.
Se um candidato recebeu dinheiro no caixa 2 sem oferecer nada em troca, portanto, ele poderá ser punido nos tribunais eleitorais, mas não será processado penalmente.
Temer tenta vender aeroportos
Economia 16.03.17 07:14
Lula, ontem à noite, disse que quem não sabe governar, como Michel Temer, só sabe vender.
O Antagonista espera que ele tenha razão.
Hoje, às 10h30, será realizado o leilão dos aeroportos de Salvador, Fortaleza, Florianópolis e Porto Alegre.
Se tudo der certo, Michel Temer saberá vender aqueles trastes, assegurando ao país 6 bilhões de reais em investimentos.
"A lista da vergonha"
Brasil 16.03.17 07:07
Assim como O Antagonista, o Estadão não se surpreendeu com os nomes citados na lista Janot.
Leia um trecho de seu editorial:
“Não se pode dizer que aquilo que ficou conhecido como a segunda Lista de Janot seja uma surpresa, pelo menos para quem dispõe de um mínimo de informação sobre os recém-completados três anos de trabalho da Operação Lava Jato. Os nomes divulgados já eram conhecidos. Frequentam essa espécie de noticiário policial em que se transformaram as editorias políticas dos meios de comunicação desde que o Partido dos Trabalhadores do impoluto Lula da Silva fez da corrupção na gestão da coisa pública um método para a perpetuação de um projeto de poder. Essa é a verdadeira herança maldita, o grande legado do lulopetismo (…).
A prova disso é que, apavorados com a perspectiva de acabar no xilindró como já acontece com ilustres bandidos de colarinho branco, senadores e deputados, de praticamente todas as legendas, estão no momento mais preocupados em salvar a própria pele do que em fazer sua parte na discussão e aprovação das reformas necessárias para sanear as contas públicas e criar condições para tirar a economia da recessão, de modo a garantir emprego e renda para seus eleitores. A obsessão no momento entre os parlamentares é criar mecanismos que lhes preservem mandatos. Vale tudo, desde a anistia de crimes eleitorais como o caixa 2 até a adoção da famigerada lista fechada de candidatos. Só não vale, pelo menos neste momento, pensar numa reforma política séria, que faça o Brasil transitar do sistema oligárquico para uma democracia compatível com o século 21.
As Listas de Janot são uma vergonha para o país. É preciso acabar com elas, da única maneira legítima num regime de democracia e liberdade: eleger gente decente”.
As pedaladas de Cármen Lúcia
Brasil 16.03.17 06:38
Se Michel Temer for cassado pelo TSE, Cármen Lúcia pode herdar o Palácio do Planalto.
Há um risco nessa escolha: o estouro das contas públicas.
Algumas semanas atrás, Cármen Lúcia favoreceu os Estados caloteiros. Ontem, ela excluiu o ICMS da base de cálculos do PIS e da Cofins, gerando um rombo para a União de até 250 bilhões de reais.
Alguém se arrisca?
O candidato da ORCRIM
Brasil 16.03.17 06:12
A candidatura de Lula reanimou a ORCRIM.
Porque esse é o melhor caminho para enterrar a Lava Jato.
Diz o Valor:
“Caciques peemedebistas, como o senador Renan Calheiros, fazem circular em Brasília pesquisas que mostram a popularidade de Lula em seus Estados. Deixam poucas dúvidas de que não hesitarão a pular de volta para seu barco se estiver em jogo a sobrevivência de seu grupo político”.
Lula se vende
Brasil 16.03.17 06:03
No velório de sua mulher, Lula bajulou Michel Temer.
No palanque da avenida Paulista, ontem à noite, ele atacou:
"É preciso parar com essa bobagem de cortar. É preciso parar com essa bobagem de vender as nossas empresas estatais. Porque quem não sabe governar só sabe vender. O Temer devia ser presidente da associação comercial para vender o que é dele e não vender o patrimônio do povo brasileiro".
Para quem tinha uma conta corrente no departamento de propinas de uma empreiteira, o discurso pode parecer um tantinho arriscado.
Mas essa é a principal arma de Lula: ninguém tem medo dele. Em particular, o empresariado. Porque sabe que pode comprá-lo.
Parecer da PGR não significa arquivamento de ação contra Lula
Brasil Quarta-feira, 15.03.17 20:20
O parecer de arquivamento da ação que investiga o acervo de Lula, da lavra da subprocuradora Áurea Lustosa Pierre, irritou membros da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.
Eles ressaltaram, porém, que não se trata de "pedido de arquivamento".
"O pedido de arquivamento perante o STJ somente poderia ser admitido em ação penal originária, o que não é o caso. Trata-se de recurso em habeas corpus em que é cabível parecer do MPF que não vincula outro membro do MPF que irá fazer a sessão e nem o próprio STJ."
Ou seja, resta saber quando será pautado o julgamento e qual subprocurador participará da sessão.
SÓ CRIME AMBIENTAL?
Brasil 15.03.17 19:35
Embora Eliseu Padilha tenha virado alvo apenas de inquérito por crime ambiental, por causa da abertura de um canal de 4,5 km numa região de mangue, em Palmares do Sul (RS), o caso pode ter desdobramentos.
Padilha é suspeito de ter atuado junto ao Ministério de Minas e Energia, em 2012, em processo para a implantação de um parque eólico financiado pelo BNDES, justamente na área de preservação permanente que foi destruída.
A "propaganda enganosa" de Temer
Brasil 15.03.17 18:49
Na decisão que suspendeu a propaganda oficial da reforma da Previdência, a juíza Marciane Bonzanini alega que "não se trata de publicidade de atos, programas, obras, serviços ou campanhas dos órgãos públicos com caráter educativo, informativo ou de orientação social".
"Trata-se de publicidade de programa de reformas que o partido político que ocupa o poder no governo federal pretende ver concretizadas."
A cabeleira de Dilma
Brasil 15.03.17 18:32
Dilma continua frequentando o salão de Celso Kamura em São Paulo. Vai sempre acompanhada de seguranças e motorista particular pagos com o dinheiro do contribuinte.
Repúdio à tentativa de anistiar caixa 2
Brasil 15.03.17 18:30
O PHS, liderado pelo deputado Diego Garcia, apresentou hoje à Mesa da Câmara um requerimento para a aprovação de uma moção de repúdio a qualquer tentativa de anistiar o caixa 2.
Diz trecho do documento:

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