PRIMEIRA EDIÇÃO DE 09-02-2017 DO "DA MÍDIA SEM MORDAÇA"

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
QUINTA-FEIRA, 09 DE FEVEREIRO DE 2017
Outra vez, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) age em defesa das empresas e contra os consumidores. A ineficiência das termelétricas e a incapacidade da Aneel fizeram o consumidor pagar R$1,6 bilhão a mais nas contas de luz, entre 2010 e 2015. Mas a Aneel decidiu que o dinheiro cobrado a mais não será devolvido. Afano idêntico ocorreu de 2002 a 2009: o brasileiro pagou R$7 bilhões a mais na conta de luz, mas a Aneel dispensou as empresas da devolução.
O afano anterior começou na definição do reajuste na conta de luz em 2002, dividindo-se as despesas do setor pelo número de consumidores.
O número de consumidores aumentou ao longo dos anos, assim como a receita, mas a Aneel “esqueceu” de atualizar o cálculos.
Deu em nada a CPI criada na Câmara para apurar o afano de 2009: ficou difícil de saber quem era pior, investigados ou investigadores.
O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung deveria ser tão duro nos atos quanto nas palavras contra o motim covarde de policiais militares, e observar exemplo históricos. Como o do então governador do Ceará Tasso Jereissati (PSDB), hoje senador, que decidiu expulsar em 1997 todos os policiais que ameaçavam greve, convocar conscritos do Exército e abrir novo concurso. Santo remédio: o motim foi desfeito.
Paulo Hartung utilizou as expressões adequadas para definir o motim de PMs: chantagem, população sequestrada, pedido de resgate.
Expulsão coletiva é remédio doloroso, e certamente necessário, para PMs que desrespeitam o dever constitucional de proteger a sociedade.
O ex-presidente do Senado apoiou o desarmamento e o endurecimento da lei do porte de arma. No Espírito Santo, a população desarmada se esconde em casa sem ter como se defender de bandidos armados.
O ministro interino da Justiça, José Levi, autorizou mais 100 homens da Força Nacional (ou “Farsa Nacional”) para o Espírito Santo, juntando-se aos 200 PMs já enviados. Não é nada, não é nada, não é nada mesmo: o contingente da Polícia Militar do ES amotinada soma 11.000 homens.
Fernando Collor (PTC-AL) volta a presidir a Comissão de Relações Exteriores do Senado quase por aclamação. A pasmaceira recente contrastou com sua marcante atuação por duas vezes à frente da CRE.
Contribuiu – e muito – para a eleição de Edison Lobão no comando da Comissão de Constituição e Justiça o arquivamento de investigações contra ele, na Lava Jato, a pedido do Procurador-Geral, Rodrigo Janot.
No protesto de ontem, policiais não tiveram dificuldade para invadir as dependências da Câmara. A tal Polícia Legislativa, acuada, virou piada entre servidores. “Só são machos contra a CUT”, ironizavam.
Abaixo-assinado no site Change.org já tem mais de 257 mil assinaturas pedindo um projeto de lei que obrigue todos os políticos brasileiros a se aposentarem – exclusivamente – pelo INSS.
O que é pior: policial que não recebe e não trabalha ou bandido que ganha para não parar de “trabalhar”?

NO DIÁRIO DO PODER
VALE HUMILHAÇÃO PELO STF
ALEXANDRE DE MORAES FOI BEIJAR MÃO DE RENAN, QUE O INSULTOU
MORAES BAJULA SENADOR QUE O CHAMOU DE 'CHEFETE DE POLÍCIA'
Publicado: quinta-feira, 09 de fevereiro de 2017 às 01:34 - Atualizado às 07:43
Davi Soares
Sem pudor algum e motivados por ambições pessoais de açoitar os rumos da história que definirão o conceito de Justiça no Brasil, o ex-ministro da Justiça, Alexandre de Moraes e o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) submeteram-se a um mútuo gesto de “beija mão”, nessa quarta-feira (8), no gabinete da liderança governista do Senado da República, logo após o postulante a ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) apresentar suas credenciais ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE).
A visita do ex-ministro ao senador que o chamou de “chefete de polícia” há menos de quatro meses provou que a humilhação serve de apelo tanto para se tornar ministro do Supremo – no caso de Moraes – como para se aproximar de quem poderá decidir pela sua culpa ou inocência nas múltiplas acusações a que responde na Operação Lava Jato – no caso de Renan.
A própria assessoria de Renan se encarregou de “vazar” à imprensa oito fotos do encontro, em e-mail que trazia como sugestão de título para uma eventual foto legenda a expressão “beija mão”.
ENGOLIU ORGULHO
Nas imagens, Renan aparece mais sorridente e, com semblante mais fechado, o indicado de Michel Temer para a vaga aberta na Corte Suprema desde a morte de Teori Zavascki, mês passado.
Mas busca por reciprocidade nos rumos da Lava Jato e da sabatina do ex-ministro esteve explícita no cortejo de Moraes ao investigado Renan; e deste a quem caberá revisar seu provável julgamento.
Em busca do mais cobiçado cargo vitalício do Brasil, Moraes engoliu o orgulho por um emprego no "céu" do serviço público nacional.
Foi paparicar não apenas quem atacou seu antigo papel institucional de deixar a PF cumprir decisão judicial de busca e apreensão nas dependências do Senado, em outubro de 2016. Mas também foi beijar a mão de quem humilhou o Judiciário, ao chamar o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira de “juizeco”, por autorizar a devassa no Congresso; e bajular quem reforçou a mensagem de desrespeito, ao descumprir, dois meses depois, nova decisão do STF pelo seu afastamento da Presidência do Senado, por ser réu por peculato e não poder figurar na linha sucessória.
Alexandre de Moraes visitará os 81 senadores, mas já conquistou o voto de Renan Calheiros. E o senador alagoano já pode pensar o mesmo, após articular sua tropa de choque para a sabatina. A menos que, na liderança governista, Renan tenha como destino se tornar, para Michel Temer, o que o ex-senador petista Delcídio do Amaral foi para a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

LAVA JATO
RODRIGO MAIA RECEBEU PROPINA DE R$1 MILHÃO DA OAS, ACUSA A PF
DINHEIRO DA OAS FOI LIBERADO COMO DOAÇÃO DE CAMPANHA ELEITORAL
Publicado: quarta-feira, 08 de fevereiro de 2017 às 21:52 - Atualizado às 23:11
Redação
A Polícia Federal concluiu investigação sobre o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) na Operação Lava Jato e apontou indícios de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro. A informação foi revelada pelo Jornal Nacional, da TV Globo. A investigação da PF teve origem em mensagens de celular entre Maia e o empreiteiro Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS.
Segundo o inquérito da PF, em troca de propina de R$ 1 milhão, o parlamentar teria defendido interesses da empreiteira no Congresso, entre 2013 e 2014, como apresentar uma emenda à uma Medida Provisória que definia regras para a aviação regional, em benefício da construtora.
O Jornal Nacional informou que Rodrigo Maia pediu à empreiteira doações eleitorais no valor de R$ 1 milhão em 2014. O dinheiro teria sido repassado oficialmente à campanha de César Maia, pai do presidente da Câmara.
Os investigadores suspeitam que a estratégia foi usada para ocultar a origem da propina da empreiteira. A PF sustenta que há 'fortes indícios de corrupção passiva e lavagem de dinheiro' por parte de Maia.
À reportagem do Jornal Nacional, Maia afirmou que 'nunca recebeu vantagem indevida para votar qualquer matéria na Câmara'. Segundo ele, 'ao longo dos cinco mandatos como deputado federal, sempre votou de acordo com orientação da bancada ou com a própria consciência'.

CABE RECURSO
TRE DO RIO DE JANEIRO CASSA MANDATO DE PEZÃO E DORNELLES
GOVERNADOR DEVERÁ RECORRER AO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL
Publicado: quarta-feira, 08 de fevereiro de 2017 às 19:52 - Atualizado às 00:09
O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) decidiu nesta quarta-feira (8), por 3 votos a 2 cassar o mandato da chapa do governador do estado Luiz Fernando Pezão e de seu vice, Francisco Dornelles. Motivo, abuso de poder econômico e político.
Com a decisão, os dois ficaram inelegíveis por oito anos. Entretanto, os políticos vão recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sendo assim, ambos podem permanecer nos cargos até que o recurso seja julgado.
O TRE determinou que fosse feita uma eleição direta para a escolha de novos representantes do Poder Executivo estadual. Entretanto, a decisão só produz efeito quando não couber mais recurso.
Material de campanha
De acordo com a Procuradoria Regional Eleitoral (PRE-RJ) foram omitidos mais de R$ 10 milhões na campanha de Pezão ao governo estadual em 2014. Ação trata da produção irregular de material de campanha. A prestação de contas de Pezão foi aprovada com ressalvas pelo TRE. 
Para a PRE os gastos não declarados com as gráficas, omissão de despesas na prestação de contas, divergências entre doações diretas e as informações prestadas pelos doadores demonstram que houve gasto ilícito de recurso para fins eleitorais.
A Polícia Federal examinou os materials apreendidos na gráfica e comparando com as informações da Receita Federal, constatou que a movimentação financeira das empresas que formam o grupo é maios do que a declarada.
O procurador regional eleitoral, Paulo Roberto Bérenger pediu a quebra de sigilo bancário das empresas e de seus sócios para a instrução do processo.

REPERCUSSÃO NEGATIVA
MAIA VOLTA ATRÁS E TIRA TRECHO DE PUNIÇÃO DE PARTIDOS DO PROJETO DE LEI
FOI MANTIDO O TRECHO QUE PERMITE PARTIDOS MANTEREM COMISSÕES PROVISÓRIAS POR TEMPO INDETERMINADO
Publicado: quarta-feira, 08 de fevereiro de 2017 às 17:59
Redação
Após a repercussão negativa da aprovação de urgência, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), recuou e disse nesta quarta-feira, 8, que o plenário não votará o trecho do projeto de lei que retira poder de fiscalização e de punição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em relação aos partidos políticos. Segundo Maia, o único trecho da proposta que será votado é o que permite partidos manterem comissões provisórias por tempo indeterminado.
"Não há nenhuma expectativa, nenhuma intenção, nenhuma vontade de aprovar algo na matéria que suprimia nenhum poder de fiscalização, nenhum poder do TSE. Queremos apenas tratar de um tema que a Câmara entende, que os partidos entendem, que é uma prerrogativa exclusiva do Legislativo, que é da proibição ou não de diretórios provisórios em municípios", afirmou Maia em entrevista coletiva ao chegar à casa legislativa nesta quarta. O presidente da Câmara disse que vai procurar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, para conversar sobre a proposta.
Apesar de ter comandado nessa terça-feira, 7, no plenário da Câmara, a votação da urgência do projeto com a limitação do poder fiscalização do TSE, Maia alegou que nunca foi a intenção dos deputados votar esse trecho da proposta. "Só tinha um objetivo naquele projeto que era a parte que trata dos diretórios provisórios, já que o TSE, por resolução, legislou. Essa é a única parte do projeto que queremos tratar. Não haverá, nem nunca houve intenção do Parlamento, de votar a parte que foi polemizada", disse.
O trecho do projeto que Maia disse que não será votado previa que as cortes eleitorais não poderiam suspender o registro ou o repasse do fundo partidário a partidos que não prestarem contas ou que as contas tenham sido desaprovadas. "Eventual sanção a órgãos partidários, seja em relação à desaprovação de contas partidárias, omissão ou contas julgadas como não prestadas, não impedirá ou trará qualquer óbice ao regular funcionamento partidário", dizia a proposta.
Ao ser questionado por que o trecho polêmico não foi retirado do projeto antes de votar a urgência, o presidente da Câmara desconversou. "Porque já tem um projeto que vai ter urgência e vai ter um relator do plenário. E as coisas tramitam com os projetos já existentes. E a única parte que interessa aos partidos políticos é a parte dos diretórios provisórios", afirmou Maia. "Esse tema é uma espuma para imprensa, talvez por um dia sem notícia", acrescentou.
Lava Jato 
Maia também evitou responder se o projeto articulado pelos deputados era uma tentativa dos partidos de se proteger da Operação Lava Jato. "Essa pergunta é uma pergunta absurda. Não faz nenhum sentido. Essa fixação que imprensa tem na Lava Jato não está na votação dessa matéria", declarou Maia, que é citado na delação do ex-executivo Odebrecht Cláudio Melo, acusado de ter recebido R$ 600 mil para interceder a favor de projetos de interesse da empreiteira na Câmara. Maia nega irregularidade.
Caciquismo 
Mesmo o trecho que o presidente da Câmara diz ser o objetivo do projeto também é polêmico. A proposta, de autoria do atual ministro dos Transportes, o deputado licenciado Maurício Quintella (PR-AL), que altera a Lei dos Partidos prevê que os partidos políticos poderão funcionar por meios de comissões provisórias por "tempo indeterminado" e que, nesse caso, os membros do colegiado provisório deverão ser "indicados e designados" pelo "órgão hierarquicamente superior".
A mudança visa a barrar resolução do TSE que estabeleceu que as siglas só poderão manter comissões provisórias em cidades ou Estados por até 120 dias. A norma foi aprovada pela Corte Eleitoral em dezembro de 2015, mas só valerá a partir de março deste ano. Isso porque ela foi suspensa por um ano em 3 de março de 2016, após partidos pedirem tempo para se ajustar à regra.
Pela norma da Corte eleitoral, o poder e a influência dos presidentes de partidos diminui. Isso porque a existência de diretórios obriga que o processo de escolha de candidatos em eleições ocorra em convenções partidárias, por meio de votação dos filiados. Já as comissões provisórias favorecem o chamado "caciquismo", ao permitir que as indicações sejam feitas diretamente pelos dirigentes partidários, que representam um grupo restrito de integrantes da legenda.(AE)

PEGANDO NO TRANCO
Por Carlos Chagas
Quinta-feira, 09-02-2017
Até há algumas décadas era comum certos carros só pegarem no tranco. Parecia normal, ninguém se escandalizava diante do vexame oferecido nas ruas. O tempo passou, os automóveis se sofisticaram e poucos ainda se lembram daqueles idos.
O governo Temer, no entanto, manteve o costume. Só pega no tranco. Para livrar-se de Alexandre de Moraes, o presidente necessitou da morte de Teori Zavaski, fazendo manobra que em xadrez se chama de “roque”, trocando o rei por uma torre.
Assim foi feito com o ministro da Justiça, que virou ministro do Supremo Tribunal Federal, abrindo vaga sabe-se lá para quem. Moreira Franco teve seu ministério rebatizado para refugiar-se no abrigo da proteção burocrática. Eliseu Padilha já subiu as escadas do cadafalso.
Enquanto isso, Michel Temer continua desmanchando direitos sociais e satisfazendo as elites em suas mínimas reivindicações. Cooptou a maioria parlamentar e aprova tudo que for do interesse do andar de cima, dando as costas para as reais necessidades populares.
Enquanto isso, até a operação Lava Jato vai perdendo combustível, com cada vez menos corruptos na cadeia, cumprindo pena em suas mansões.
O escândalo verificado no Espírito Santo ameaça estender-se por outros Estados ao tempo em que o desemprego se multiplica e a população se exaspera. Breve esse calhambeque deixará de transitar, não havendo mecânico que dê jeito. De tranco em tranco, melhor voltar ao tempo das carroças.

ERA SÓ O COMEÇO
Quinta-feira, 09-02-2017
Entrevistando ao vivo o então presidente do PT, Tarso Genro, logo após estourar a roubalheira do Mensalão no primeiro governo Lula, o radialista Estevão Damásio testou o bom humor do político gaúcho:
- Como o PT fará, agora, para arrecadar recursos para campanhas?
A reação de Genro foi de surpresa:
- Isto é pergunta que se faça?...
Depois, ambos caíram na gargalhada.
Na ocasião, o PT já havia iniciado outro esquema que seria descoberto 13 anos depois e batizado de “petrolão”, o maior escândalo de corrupção da História.

NO BLOG DO JOSIAS
Principal problema de Eduardo Cunha é amoralidade, não o aneurisma cerebral
Josias de Souza
Quinta-feira, 09/02/2017 05:11
A plateia já se vacinou contra as espertezas de Eduardo Cunha. Mas o personagem às vezes lança no ar um germe desconhecido, imune à prevenção. No seu primeiro depoimento ao juiz Sergio Moro, Cunha desafiou todas as imunidades com a história de que carrega no cérebro um aneurisma igual ao que matou a mulher de Lula, Marisa Letícia.
Nada no longo histórico de manobras de Eduardo Cunha vacinara o brasileiro contra isso: o rei da frieza recorrendo a um apelo emocional! Tudo muito inesperado. Estrela da Lava Jato, o ex-deputado comportou-se como um criminoso de anedota — do tipo que que, depois de matar pai e mãe, pede na audiência com o juiz piedade para um pobre órfão. Cunha usou o aneurisma para pedir a liberdade. Por ora, não colou.
Em 21 de dezembro do ano passado, Cunha já havia mencionado o aneurisma numa conversa com médicos da penitenciária onde está hospedado. Instados a encaminhar documentos que comprovassem a doença, familiares e advogados do preso deram de ombros. Nesta quarta-feira, 08, convidado a realizar exames na cadeia, Cunha se recusou. Horas depois, seus defensores anexaram ao processo o papelório com o diagnóstico.
“Atesto que o senhor Eduardo Consentino da Cunha é portador de aneurisma intracraniano, localizado na artéria cerebral média esquerda, diagnosticado em julho de 2015, por angioressonância e angiotomografia”, anota, por exemplo, atestado emitido pelo médico Paulo Niemeyer Filho. “Na ocasião, recomendei ao paciente tratamento cirúrgico.”
Pois bem, supondo-se que haja sob a cabeleira rala de Eduardo Cunha uma artéria com dilatação inusual e permanente, cabe a pergunta: E daí? O que levou Eduardo a se transformar num Cunha de mostruário foi sua amoralidade congênita, não o aneurisma cerebral. O inchaço da artéria pode ser tratado ou até eliminado por meio de cirurgia. A ausência de moral é incurável. Contra ela, o melhor remédio é mesmo a cadeia.
A direção do Departamento Penitenciário do Estado do Paraná assegura que a hospedaria que abriga Cunha está equipada para prestar ao preso toda a assistência de que precisa. Assim, não resta senão tratar o personagem com o rigor e o respeito que qualquer outro preso merece.
Prestes a espetar em sua biografia a primeira sentença condenatória rubricada por Sergio Moro, Cunha parece ter perdido a oportunidade de uma delação. Talvez possa tentar uma redução de pena invocando a tese de que deve ao meio em que vive sua formação como corrupto.
Se teve tanto sucesso em fazer fortuna às margens do Estado sem ser molestado, foi porque teve o estímulo e a cumplicidade do sistema político que nos desgoverna. Seus advogados podem tentar convencer o doutor Moro de que o Brasil deve sentir remorso de tudo o que fez com seu cliente e se apiedar dele. O risco é o juiz concluir que, depois de tanta impunidade, o único tratamento adequado seria uma cana longeva.
Não vai curar a amoralidade do preso. Mas pelo menos pode atenuar a revolta que o brasileiro sente toda vez que a Receita Federal lhe arranca o coro, chamando-o de ''contribuinte''.

Oligarquia política apertou o botão de ‘dane-se’
Josias de Souza
Quarta-feira, 08/02/2017 21:12
A ideia de que é preciso firmar um pacto para “estancar a sangria” da Lava Jato, exposta por Romero Jucá numa gravação, virou um fantasma que, de vez em quando, sacode seu lençol sobre Brasília. Nesta quarta-feira, indicou-se para presidente da mais importante comissão do Senado, a Comissão de Constituição e Justiça, o senador Edison Lobão, encrencado na Lava Jato. Acomodado nessa cadeira, Lobão comandará a sabatina de candidatos a ministro do Supremo Tribunal Federal e a procurador-geral da República.
Tomada assim, como um fato isolado, a escolha de alguém como Lobão para presidir a principal comissão do Senado seria apenas um absurdo. Mas o inaceitável assume ares de inacreditável quando se considera tudo o aconteceu em Brasília num intervalo de menos de dez dias.
Antes da ascensão de Lobão, Michel Temer havia fornecido a Moreira Franco, amigo delatado pela Odebrecht, o escudo do foro privilegiado. O presidente também indicou para o Supremo o ministro tucano Alexandre de Morais. E levou ao balcão a pasta da Justiça. O PMDB, que sangra na Lava Jato, está no primeiro lugar da fila, pronto para abocanhar o ministério que controla a Polícia Federal.
Nas presidências da Câmara e do Senado já haviam sido acomodados dois delatados da Odebrecht, Rodrigo Maia e Eunício Oliveira. Agora, Edison Lobão. Ele chega ao topo da CCJ empurrado por Renan Calheiros e José Sarney, que dispensam apresentação. Tudo isso aconteceu em menos de dez dias. Em Brasília, a união faz a farsa. À procura de um torniquete, a oligarquia política decidiu ligar o botão de dane-se!

NO O ANTAGONISTA
A Lava Jato não poupa ninguém
Brasil Quinta-feira, 09.02.17 08:15
A OAS vai delatar Lula.
Vai delatar também Rodrigo Maia, como vimos ontem à noite, e Aécio Neves.
O Globo perguntou ao procurador Carlos Fernando Lima:
Sérgio Machado disse, em conversa com Sarney: "A delação da Andrade Gutierrez vem muito pesada em cima do PT, do Sérgio Cabral, mas poupa o Aécio". A avaliação do colaborador estava correta?
Resposta:
"Todos aqueles que não falaram sobre a Cidade Administrativa deixaram de revelar um fato importante, que hoje nós sabemos que aconteceu. Entretanto, isso é uma investigação do STF e não temos esse material conosco, pois envolve pessoas com prerrogativa de foro".
A Lava Jato está sob assédio do governo, do Congresso Nacional, do PT, da imprensa e do empresariado simplesmente porque não poupa ninguém.
O segundo apocalipse
Brasil 09.02.17 08:04
A OAS está negociando um acordo com a PGR.
Será um apocalipse semelhante ao da Odebrecht.
Se tudo correr bem, Léo Pinheiro vai entregar Lula quando Sérgio Moro o interrogar sobre os repasses para a reforma do triplex e o depósito do acervo presidencial.
A questão é saber quem vai assumir a responsabilidade pelos pagamentos de propina.
De acordo com a Folha de S. Paulo, “o clima entre acionistas da OAS e executivos que podem aderir à delação premiada está tenso em alguns casos. Há divergências, por exemplo, em relação ao papel de cada um nos crimes a serem detalhados às autoridades”.
Nem sempre a ORCRIM vence
Brasil 09.02.17 06:11
A quarta-feira foi exemplar.
Rodrigo Maia acordou disposto a anistiar no TSE os crimes cometidos pelos partidos. Foi dormir assediado pela PF.
Eduardo Cunha acordou com um pé fora da cadeia. Foi dormir com os dois pés dentro da cadeia (por enquanto).
Lula acordou com a promessa de um conchavo para abafar a Lava Jato. Foi dormir com a certeza de que a OAS vai entregá-lo.
Moreira Franco acordou com o foro privilegiado. Foi dormir com medo.
Luiz Fernando Pezão acordou governador. Foi dormir pensando na cela de Sérgio Cabral.
Edison Lobão acordou presidente da CCJ. Foi dormir presidente da CCJ.
Nem sempre a ORCRIM vence.
O FORO TEM QUE ACABAR
Brasil Quarta-feira, 08.02.17 21:58
Rodrigo Janot está convicto de que, sem o fim do foro privilegiado, o STF levará mais de 20 anos para julgar e condenar todos os políticos citados na delação da Odebrecht.
Se o STF não pressionar o Congresso a resolver a questão, parecerá que não tem interesse em punir alguém.
"Renan na Justiça? Falta alguém que diga que vai dar m..."
Brasil 08.02.17 19:27
Sobre a possibilidade de Renan Calheiros vir a ser ministro da Justiça, um político muito experiente disse o seguinte a O Antagonista:
"Renan na Justiça? Eu não acredito, mas acho que falta alguém no governo para dizer a Temer que certas coisas podem dar merda."




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