PRIMEIRA EDIÇÃO DE 23-12-2016 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'
NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
SEXTA-FEIRA, 23 DE DEZEMBRO DE 2016
A sofisticação do esquema de corrupção implantado pela Odebrecht espantou o FBI e as mais altas autoridades dos Estados Unidos, segundo relatório do Departamento de Justiça, incluindo a implantação do sistema Drousys, da Draft Systems, que garantia troca de e-mails e mensagens secretas da empreiteira em todo o mundo. Para o FBI, nem mesmo o tráfico de drogas desenvolveu esse nível de sofisticação.
Os servidores do Drousys eram localizados na Suíça por “motivos de segurança”. A Odebrecht era seu maior cliente.
A Odebrecht atuava em 70 países até a Lava Jato. E tinha ainda mais de R$ 17 bilhões em contratos diretos com o Governo brasileiro.
O esquema de distribuição de propinas em doze países, o maior de todos os tempos, movimentou US$ 800 milhões (R$ 2,8 bilhões).
O Departamento de Justiça dos EUA acusa a Odebrecht de corromper servidores, políticos e partidos em todo o mundo, nos últimos 15 anos.
O ex-Presidente Lula pretende usar a extinção da ação contra o controlador do Banco Safra, Joseph Safra, para se livrar das graves acusações na Operação Zelotes. Ele já foi denunciado pelo Ministério Público no esquema de favorecimento a sonegadores e na venda de medidas provisórias. Foi determinante na extinção da ação o fato de Safra não viver no Brasil há 15 anos. Não é o caso de Lula.
Lula foi acusado com o filho Luiz Cláudio (que “vazou” para o Uruguai) no esquema de venda de medidas provisórias beneficiando empresas.
Fontes da Polícia Federal acreditam que a Operação Zelotes tem elementos suficientes para prender Lula. Mais até que a Lava Jato.
O ex-Presidente Lula também é suspeito de receber vantagens na compra bilionária, pelo Brasil, de aviões de combate suecos Gripen.
Pesquisa do Instituto Paraná em Curitiba revela desaprovação de 70% de Michel Temer, mas a oposição não pode se animar: a rejeição do Presidente é uma das menores na “capital da Lava Jato”.
Há outro Teori, e louco para conhecer o homônimo famoso. É motorista de rádiotáxi e faz ponto no aeroporto de Congonhas, São Paulo. “Ainda vou dirigir para o Teori”, diz. Se o Ministro Teori quiser usar os serviços do Teori taxista, basta ligar para (11) 3146-4000 e pedir o prefixo 540.
O Deputado Beto Mansur (PRB-SP) desistiu da candidatura a Presidente da Câmara. “Resolvi ajudar o Rodrigo (Maia) para unir a base", diz. Isso enfraquece a candidatura de Rogério Rosso (PSD-DF).
Fontes ligadas ao Supremo Tribunal Federal recomendam que Rodrigo Maia, Presidente da Câmara, retire o cavalinho da chuva: provocado, o STF não aprovará sua reeleição. O ministro Celso de Mello é prevento e o processo, protocolado no Tribunal, vai direto para o seu gabinete.
O deputado Alexandre Baldy (GO) será o novo líder do ex-PTN (que vai mudar para “Podemos”) na Câmara. Em disputa acirrada, Baldy derrotou Aloysio Mendes (MA), aliado da ex-Presidente Dilma.
O Deputado João Henrique Caldas (PSB-AL), o JHC, voltou a coletar assinaturas para a criação de CPI do BTG-Pactual. Ele anda reticente sobre o avanço da criação da comissão. “Não há clima”, afirma.
O Deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) não usa dinheiro público com a consciência devida. Emite até seis passagens para o mesmo dia, para usar somente uma. Multas, além das passagens, nós pagamos.
Lula “denunciou” através do Twitter o antecessor FHC pelos R$ 10 milhões que o tucano arrecadou nos 18 meses após sair da presidência e abrir o Instituto FHC. Só empresas que roubaram a Petrobras transferiram R$ 35 milhões para o Instituto Lula, entre 2011 e 2014.
Se os presídios são considerados “escolas do crime”, Eduardo Cunha vai assumir lugar de aluno, professor ou diretor pedagógico?
NO DIÁRIO DO PODER
FALTA UM NÚMERO
Carlos Chagas
Dias atrás a Odebrecht pediu homéricas desculpas ao público por haver distribuído propinas a políticos, partidos, governos e administradores do Brasil e de mais onze países das Américas e da África.
Foi preciso que esta semana o Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgasse o total do dinheiro podre destinado pela empreiteira a um monte de clientes nacionais e internacionais. Por enquanto, um bilhão de dólares reconhecidos.
Fica faltando o número-chave correspondente a esse que foi, segundo os americanos “o maior caso de pagamento de suborno da História”: quanto a Odebrecht lucrou com a distribuição do suborno?
Porque nem é preciso argumentar: toda empresa que investe, em especial ilicitamente, tem um único objetivo, o lucro. Se gastou um bilhão de dólares subornando todo tipo de agentes públicos, quanto terá faturado em contrapartida? Dois bilhões? Três ou quatro?
A essa trama agora revelada por completo falta o principal: a empreiteira, e outras também envolvidas na mesma prática, lucraram horrores. Onde estão esses recursos? Não terão saído pelo ralo aberto com as investigações e delações, pelo menos na sua totalidade. Em parte estarão aplicados, depositados ou rendendo juros e sucedâneos. Enriqueceram o patrimônio de seus dirigentes e responsáveis e não se tem notícia de devoluções.
As empreiteiras valeram-se de leis, medidas provisorias e toda sorte de instrumentos votados pelos beneficiários das propinas, parlamentares e políticos. Daí a origem de seus lucros ainda não contabilizados. Falta um número na relação criminosa.
NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
#SanatórioGeral: É campeão
Anthony Garotinho comemora o recesso do Judiciário ao lado dos companheiros da Lava Jato
Por Augusto Nunes
Sexta-feira, 23 dez 2016, 00h05
“A partir de amanhã a turma envolvida no desvio de dinheiro da Petrobras vai dormir até mais tarde, sem se preocupar com a Polícia Federal batendo à porta por volta de 6 horas da manhã, pelo menos até 9 de janeiro. É que começou ontem o recesso da Justiça e Moro vai emendar com sua férias”
(Anthony Garotinho, ex-Governador do Rio de Janeiro, comemorando o fato de que poderá passar algumas semanas sem precisar treinar para a modalidade não-olímpica da qual se tornou campeão quando foi preso no mês passado pela Operação Chequinho: salto sobre maca de ambulância).
O direito de ampla defesa não inclui a licença para mentir
O jogo sujo dos bacharéis do Instituto Lula consolidou a certeza de que falta alguém em Curitiba
Por Augusto Nunes
Quinta-feira, 22 dez 2016, 19h07 - Atualizado em 22 dez 2016, 19h17
Os advogados de Lula destacados para combater a Lava Jato na frente curitibana são capazes de ver com nitidez assombros inacessíveis ao olhar dos seres normais. Eles conseguem enxergar, por exemplo, a luz da compaixão na face oculta de um degolador do Estado Islâmico. Ou traços de doçura e tolerância na alma de um black-bloc. Ou, ainda, a marca da clemência no coração de um estuprador compulsivo. Em contrapartida, não conseguem enxergar os limites da desfaçatez, nem a linha divisória onde acaba a veemência e começa a boçalidade. É natural que gente assim imagine que o direito de ampla defesa inclui a licença para mentir.
Heráclito Fontoura Sobral Pinto ensinou que o advogado é o primeiro juiz da causa. Se o cliente matou alguém, o doutor que o defende não pode negar a existência do homicídio — tampouco alegar que o autor do crime, ao atirar no peito da vítima, no fundo pretendia explodir a própria testa. O papel reservado a advogados éticos, explicou o grande jurista, é a apresentação de atenuantes que abrandem a pena e, caso tornem justificável o assassinato, livrem o cliente da prisão. Os que exterminam a verdade não são mais que rábulas dispostos a tudo para impedir que se faça justiça. A essa linhagem pertencem os doutores a serviço do ex-Presidente metido (por enquanto) em cinco casos de polícia.
Ainda bem que Sobral Pinto não viveu para ver o Brasil degradado e envilecido por 13 anos de hegemonia do clube dos cafajestes. Certamente seria tratado como otário pela turma que se orienta nos tribunais pelo primeiro mandamento de todas as ramificações da imensa tribo dos canalhas: os fins justificam os meios. Manter Lula fora da gaiola é o fim que justifica mentiras, mistificações, chicanas, vigarices e todos os golpes abaixo da cintura do Juiz Sérgio Moro. O vale-tudo repulsivo, tramado há poucas semanas num jantar que reuniu sacerdotes da seita que tem como único deus o celebrante de missas negras, tem sido escancarado nas audiências presididas pelo Magistrado que personifica a Lava Jato.
Os bucaneiros escalados para o fuzilamento da Lei, da Ética, da Moral e dos Bons Costumes interrompem falas dos representantes do Ministério Público, dirigem-se aos gritos a Moro e, a cada dois minutos, exigem a submissão do juiz às quatro palavras mágicas: direito de ampla defesa. Conversa fiada. O pelotão dos data vênia sonha com a voz de prisão por desacato à autoridade que até agora não ouviu. Nem ouvirá, avisa quem conhece o alvo das provocações. Desprovido de argumentos, desculpas, pretextos ou explicações minimamente aceitáveis, que amparassem ao menos a montagem de um simulacro de defesa, Lula merece a presidência de honra do Movimento dos Sem-Álibi.
Uma a uma, as invencionices foram demolidas por provas e evidências contundentes. Lula se fantasiou de perseguido político. Sítios e apartamentos o devolveram à condição de criminoso comum. Fez-se de vítima de rancores de Moro. Virou réu em vários processos por decisão de outros magistrados. Denunciou uma trama arquitetada para liquidar o PT. A maluquice ruiu com as baixas feitas pela Lava Jato no PMDB e com a entrada de políticos do PSDB no pântano do Petrolão. A adoção da estratégia do jogo sujo só serviu para consolidar a certeza de que falta alguém em Curitiba.
Quem age assim não merece o benefício da dúvida. Nem precisa de julgamento: no Brasil democrático, nenhum inocente jamais fugiu do juiz.
NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
Delação de Odebrecht prova a existência do “País dos Petralhas”
Quem leu “O País dos Petralhas I e II” sempre soube que o PT era mais do que um grupo de assalto aos cofres. Mas a comprovação choca ainda assim
Por Reinaldo Azevedo
Sexta-feira, 23 dez 2016, 03h29
O País dos Petralhas I e II: as delações só confirmaram o que já estava registrado ali, com todas as letras
Não há a menor dúvida, e nunca ninguém precisou de delações premiadas para chegar a esta conclusão, de que o PT não é o único partido do País a receber dinheiro de campanha pelo Caixa Dois. Pode-se ainda apimentar a coisa: não tem o monopólio no recebimento de propina. Da mesma sorte, os corruptos do País não estão todos abrigados na legenda. É claro que os há também nas demais.
Aliás, neste blog, que está no seu 11º ano, nunca se disse nada parecido. Uma coisa, no entanto, afirmo sobre o petismo desde sempre: os companheiros se organizaram, na verdade, para assaltar o Estado de Direito. O assalto aos cofres públicos era apenas um dos instrumentos para realizar tal intento. Outros foram empregados, como o uso, e nem faz tanto tempo assim, de setores da Polícia Federal para liquidar com os adversários do PT.
Pois bem. Os vazamentos das delações premiadas continuam. A Folha informa que, em sua depoimento, Marcelo Odebrecht revelou que aquela espécie de conta-correte que a empresa mantinha em nome de Lula, abrigada no tal Setor de Operações Estruturadas, buscava financiar operações que mantivessem o chefão petista como uma pessoa influente no Brasil e no mundo, mesmo estando fora do poder.
Bem, eu sempre soube disso sem saber, não é? Os textos que estão nos livros “O País dos Petralhas I e II” informam precisamente um conjunto de ações que buscavam fazer do PT um imperativo categórico da política e único partido com condições de conduzir o Governo Federal. Todo o resto estaria em sua órbita, inclusive os opositores.
Essa conta-corrente, segundo os delatores, era operada por Antonio Palocci, que sempre foi o petista graúdo mais próximo de Lula. A compra do tal terreno que abrigaria o Instituto estava lançada nessa contabilidade. Tudo indica que também a ajuda que a empreiteira prestou a candidatos de esquerda da América Latina buscava, em última instância, fazer do petista o grande líder regional. Ou por outra: o Apedeuta não procurou consolidar essa liderança porque, afinal, o Brasil é o país mais rico, com o maior território e a economia mais diversificada… Nada disso! Segundo as delações, o Babalorixá de Banânia preferiu comprar essa liderança.
O exemplo mais claro dessa operação foi o dinheiro que a empreiteira repassou para a campanha de Maurício Funes, que se elegeu Presidente de El Salvador em 2009. A bolada de R$ 5,3 milhões, enviada pela Odebrecht, foi repassada por intermédio de “Feira”, codinome de João Santana, que foi marqueteiro de Funes. Nota: o dito-cujo pediu asilo à Nicarágua. Na verdade, fugiu. É acusado de corrupção e desvio de dinheiro público em seu país.
Bem, as respectivas defesas de Lula e Palocci negam as irregularidades e não comentam as delações, acusando os vazamentos de criminosos. Eu já escrevi aqui quinhentas vezes que vazamentos não são exatamente o melhor exemplo de republicanismo. Por isso mesmo, defendo que tudo seja tornado público, sem sigilo nenhum.
Mas parece difícil negar a evidência de que a empreiteira era a financiadora de uma personagem de aspirações globais chamada Lula. E a construção de tal figura se deu à custa da quebra de parâmetros legais, constitucionais, morais, éticos, econômicos e técnicos. Nada que a esquerda já não tenha feito antes. Nada que os leitores de “O País dos Petralhas I e II” já não soubessem.
Ainda assim, não deixa de ser chocante o depoimento de Marcelo Odebrecht.
Então era mesmo tudo verdade.
E agora me dou conta das vezes em que as pessoas chegavam para mim e diziam, em passado nem tão remoto assim: “Você não exagera quando aponta a vocação ditatorial do PT?”
Não! Eu não exagerava.
NO BLOG DO JOSIAS
Temer desliza para 2017 politicamente instável
Josias de Souza
Quinta-feira, 22/12/2016 23:30
Michel Temer chega às portas de 2017 mais frágil e impopular do que há sete meses, quando substituiu Dilma. Ele interrompeu o ciclo de insanidade fiscal da antecessora. Mas sua gestão ainda não foi capaz de retirar a economia da UTI. Para complicar, seu mandato, que já era tampão, está sitiado pela dúvida. Palavras como renúncia e cassação voltaram ao noticiário.
O maior trunfo de Temer continua sendo a maioria parlamentar que seu Governo ostenta no Congresso. Mas a fragilidade do Presidente, enrolado na Lava Jato e cercado de auxiliares suspeitos, conspira contra a retomada dos investimentos. E a ausência de prosperidade econômica tende a afastar os aliados. Não será fácil aprovar uma boa reforma da Previdência em 2017.
Em café da manhã oferecido aos jornalistas, Temer fez declarações que denunciam a instabilidade de sua Presidência. Ele disse que não pensa em renunciar. E afirmou que se o Tribunal Superior Eleitoral cassar o seu mandato, entrará com recursos e mais recursos na Justiça. Não são, convenhamos, palavras de um Presidente que se sente seguro no cargo. A boa notícia é que o Brasil continua sendo o país onde há a maior possibilidade de se criar um mundo inteiramente novo. Caos não falta.
Conheça a juíza que substituirá Moro nas férias
Josias de Souza
Quinta-feira, 22/12/2016 19:44
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