PRIMEIRA EDIÇÃO DE 29-11-2016 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
TERÇA-FEIRA, 29 DE NOVEMBRO DE 2016
Os brasileiros já pagaram neste ano, até agora, mais de R$1 bilhão (exatos R$1.011.126.748,24) a título de “auxílio moradia” a promotores, procuradores, juízes, parlamentares e servidores do Itamaraty: O valor, apurado em 18 de novembro, supera os R$ 900 milhões gastos no ano passado. Só no âmbito do Ministério da Fazenda, o “auxílio moradia” retirado dos impostos pagos pelos cidadãos consumiu R$ 281 milhões.
O auxílio-moradia é R$4,3 mil, diz a ONG Contas Abertas. E não conta como salário, burlando o teto dos vencimentos de ministro do STF.
A regalia do “auxílio-moradia” também tem sido estendida a servidores estaduais e municipais, ainda que tenham casa própria.
Para a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), também é corrupto o servidor que se beneficia de subterfúgios para extrapolar o teto do STF.
José Mendes Neto e Thiago Lima, procuradores junto ao Tribunal de Contas de SP consideram o auxílio “antirepublicano” e “patrimonialista”.
Com interrogatório marcado para fevereiro de 2017, Lula pode pegar cabalísticos 13 anos de prisão caso seja condenado pelos crimes de obstrução à Justiça e exploração de prestígio – um dos três processos a que responde. Para os promotores, Lula participou ativamente do plano de fuga do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, para o Paraguai, a fim de evitar acordo de delação premiada no âmbito da Lava Jato.
O destino final de Cerveró seria a Espanha, de onde, acreditavam, não seria possível extraditá-lo devido a dupla cidadania. Ledo engano.
A proposta foi levada a Bernardo Cerveró, filho de Nestor, por Delcídio Amaral. O encontro foi gravado e o senador acabou preso e cassado.
Depois de preso, Delcídio fechou delação e explicou que Lula e Dilma atuaram juntos para tentar interferir no andamento das investigações.
Apesar da prisão de Paulo Bernardo, o Ministério do Planejamento faz a alegria de empresas de empréstimos consignado: bancos e tamboretes ainda têm acesso a contatos de servidores e os assediam sem trégua para fazerem a portabilidade dos seus empréstimos.
A suspeita, no Congresso, é que o ex-ministro Marcelo Calero, ligado a grupos hostis a Michel Temer, teria aceitado o cargo com a missão de ficar à espreita de uma oportunidade para tentar implodir o governo.
O baiano Rui Costa (PT) tem sido chamado de “sub-governador”, após nomear seu inventor Jaques Wagner para tocar negociações políticas e... obras. Afinal, ninguém trata com Rui se pode tratar com Wagner.
O governo de Pernambuco maltrata o admirado Hospital Português, de 161 anos, apropriando-se de R$20 milhões pagos pelo governo federal pelos serviços ao SUS. Corresponde a um ano de atendimento.
O líder do governo, Romero Jucá, garante que o pacote de reforma da Previdência chegará ao Congresso entre o primeiro e o segundo turnos da votação da PEC do Teto de Gastos, ou seja, até 13 de dezembro.
A atitude considerada traiçoeira e ilegal de Marcelo Calero de gravar o Presidente de República chocou os diplomatas. Nem mesmo a Associação dos Diplomatas (ADB) se solidarizou ao ex-ministro.
Servidores da Câmara estão inconformados: não terão folga no Dia do Evangélico, nesta quarta (30), que é feriado em Brasília, emendando dois fins de semana. Seria o terceiro “esticadão” em 40 dias.
Walter Pinheiro (ex-PT), secretário de Educação da Bahia, foi a Goiânia integrando a comissão técnica do Bahia, no jogo contra o Atlético Goianiense, campeão da série B. O Bahia também voltou à série A.
Por capricho do destino, o ditador Fidel Castro morreu exatamente no Black Friday, o dia mais feroz do capitalismo americano.

NO DIÁRIO DO PODER
TRAGÉDIA
CAI AVIÃO QUE LEVAVA CHAPECOENSE PARA FINAL DA COPA SUL-AMERICANA
HAVIA 81 A BORDO, SENDO 72 PASSAGEIROS, E HÁ SOBREVIVENTES
Publicado: terça-feira, 29 de novembro de 2016 às 06:56 - Atualizado às 07:27
Redação
O avião que levava a delegação da Chapecoense para Medellín, na Colômbia, caiu nesta terça-feira (29), informam autoridades colombianas, com 81 pessoas a bordo, sendo 72 passageiros e 9 tripulantes, e há poucos sobreviventes. O prefeito de La Ceja, Frederico Gutierrez, disse que o acidente matou ao menos 25 pessoas. O avião da LaMia, prefixo CP2933, decolou de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.
Seis pessoas foram resgatadas e levadas com vida a hospitais na região, mas o prefeito citou apenas cinco resgatados. Dentre esses sobreviventes estão o lateral Alan Ruschel, que chegou ao hospital de saúde consciente, mas em choque, e os goleiros Danilo e Follmann. Um jornalista também foi resgatado com vida. O Corpo de Bombeiros local, por sua vez, falou em 10 pessoas resgatadas.
A aeronave com o time catarinense perdeu contato com a torre de controle às 22h15 (local, 1h15 de Brasília) e caiu ao se aproximar do Aeroporto José Maria Córdova, em Rionegro, perto de Medellín. Os jogadores da equipe de Santa Catarina são os goleiros Danilo e Follmann; os laterais Gimenez, Dener, Alan Ruschel e Caramelo; os zagueiros: Marcelo, Filipe Machado, Thiego e Neto; os volantes: Josimar, Gil, Sérgio Manoel e Matheus Biteco; os meias Cléber Santana e Arthur Maia; e os atacantes: Kempes, Ananias, Lucas Gomes, Tiaguinho, Bruno Rangel e Canela.
Autoridades colombianas informaram que a aeronave se declarou em emergência por falha técnica às 22h (local), entre Ceja e Lá Unión. Anteriormente, a imprensa colombiana informou possível falta de combustível como causa do acidente, mas notícias posteriores deram conta de que o piloto despejou combustível após perceber que o avião iria cair.

OBSTRUÇÃO DE JUSTIÇA
INTERROGATÓRIOS DOS RÉUS LULA E DELCÍDIO MARCADO PARA FEVEREIRO
LULA E DELCÍDIO VÃO DEPOR SOBRE PLANO DE FUGA PARA CERVERÓ
Publicado: segunda-feira, 28 de novembro de 2016 às 18:04 - Atualizado às 19:32
Redação
O senador cassado Delcídio Amaral e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva serão interrogados, respectivamente, nos dias 15 e 17 de fevereiro, na ação penal da 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, na qual eles são acusados de tentarem obstruir a Lava Jato, especificamente, em relação ao ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró.
Lula, Delcídio, Diogo Ferreira Rodrigues, assessor de Delcídio, o advogado Edson Ribeiro, o banqueiro André Esteves, o pecuarista José Carlos Bumlai e o filho dele, Maurício Bumlai, são acusados dos crimes de embaraço à investigação de organização criminosa, que prevê pena de 3 a 8 anos de prisão; exploração de prestígio, cuja pena prevista é de 1 a 5 anos; e patrocínio infiel (quando um advogado não defende apropriadamente os interesses de um cliente - os outros réus foram considerados coautores de Édson Ribeiro neste crime), que prevê pena de 6 meses a 3 anos.
Nesta segunda-feira (28), em audiência de testemunhas de acusação e defesa dentro do processo, Bernardo Cerveró prestou depoimento e reiterou as alegações de que sofreu pressão por parte de Delcídio e do advogado Édson Ribeiro para que o pai dele, Nestor Cerveró, não fizesse um acordo de delação premiada e, assim, preservasse os réus desta ação.
O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) ainda será ouvido antes dos acusados, no dia 15 de dezembro, na condição de testemunha, arrolada pela defesa do ex-presidente Lula.
Depoimento
Em um depoimento dado por videoconferência, nesta segunda (28), Bernardo Cerveró reiterou, conforme havia dito à PGR, que Édson Ribeiro lhe entregou R$ 50 mil em nome de Delcídio Amaral, sob o pretexto de ajuda à família de Nestor Cerveró, quando o ex-diretor da Petrobras já estava preso. Bernardo disse ter devolvido no dia seguinte o dinheiro a Édson, "para as despesas dele".
Na análise de Bernardo, esse dinheiro era para comprar o silêncio do pai, em relação ao então líder do governo (Delcídio), a Lula, Bumlai e André Esteves, entre outros acusados. Bernardo queria que o pai fizesse um acordo de delação, mas afirma que, em certo momento, afirma ter percebido que o advogado Édson Ribeiro não estava ajudando.
Bernardo Cerveró, no entanto, afirmou não saber de quem eram os R$ 50 mil, um dos pontos que tanto defesa quanto acusação buscavam esclarecer. A denúncia trabalha com a versão, com base na delação de Delcídio Amaral, de que os recursos eram de José Carlos Bumlai, amigo de Lula. E assinala que a quebra de sigilo de Mauricio Bumlai mostra dois saques de R$ 25 mil dias antes.
Foi com base numa gravação feita por Bernardo que Delcídio foi preso há um ano. Na conversa, Delcídio promete à família do ex-diretor da área internacional da Petrobras que iria conversar com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar libertá-lo, e chega a falar em um plano de fuga para o exterior. Bernardo disse também que "apenas gravou" a conversa, sem tentar induzir os presentes.
Segundo ele, não houve contrato para a entrega dos R$ 50 mil em troca da desistência de Nestor Cerveró de fazer uma delação, mas, sim, uma pressão para que ele desistisse. "O que eu disse é que no momento em que foi entregue 50 mil no escritório de Machado não houve contrato. O que eu estou dizendo é que foi se criando a figura da preservação do senador e de outros, em função dessa ajuda (à família)", afirmou Bernardo.
Outras testemunhas também foram ouvidas nesta segunda-feira. Da parte da acusação, Édson Ramos de Almeida, motorista e segurança de Maurício Bumlai, foi ouvido e afirmou que, em uma ocasião, presenciou Diogo Ferreira Rodrigues - assessor de Delcídio - buscando no carro que pertence à família Bumlai um "envelope com documentos" destinado ao então senador. Outras testemunhas de acusação e defesa foram ouvidas, sem acrescentar fatos novos.
A denúncia foi aceita em julho pelo juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília, que transformou Lula pela primeira vez réu na Lava Jato. O caso já havia sido denunciado pelo Procurador-Geral da República (PGR), Rodrigo Janot, em dezembro do ano passado. No entanto, em decorrência da perda de foro privilegiado do ex-senador envolvido, Delcídio Amaral, e também pelo fato de o crime ter ocorrido em Brasília, a denúncia foi enviada à Justiça Federal do Distrito Federal.
Com essa redistribuição, o Ministério Público Federal do Distrito Federal, na pessoa do procurador da República, Ivan Cláudio Marx, concluiu pela confirmação integral da denúncia prévia do PGR e fez acréscimos à peça inicial, com o objetivo de ampliar a descrição dos fatos e as provas que envolvem os acusados.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
A ilha-presídio ficou sem o chefe supremo dos carcereiros
Como em 1959, e como no ano em que encontrei Fidel, também neste novembro de 2016 há em Cuba uma economia asfixiada pela monocultura da cana, prostitutas demais em Havana e uma ditadura a sepultar
Por: Augusto Nunes 
Segunda-feira, 28/11/2016 às 18:58
A morte do mais antigo ditador do Planeta levou-me de volta à noite de 18 de dezembro de 1987. Vejo-me no imenso salão de festas do Ministério das Relações Exteriores de Cuba, no meio da multidão de convivas de uma recepção oferecida pelo governo, fazendo o que fizeram antes daquela sexta-feira (e continuariam a fazer até sexta-feira passada) todos os jornalistas estrangeiros que passaram por Havana desde janeiro de 1959: esperando Fidel Castro.
Aguardavam a aparição outros 11 jornalistas brasileiros e 28 deputados paulistas, todos convidados pela VASP para o voo inaugural da rota São Paulo-Havana. Lembrei que faltavam só 48 horas para a viagem de retorno e saí à procura do diplomata cubano que acompanhava a comitiva brasileira desde o desembarque no dia 11. “Ele vem ou não vem?”, repeti a pergunta formulada a cada meia hora por algum de nós. Ouvi a resposta de sempre: “O Comandante gostou muito da ideia de conversar com vocês. Ele vai aparecer a qualquer momento”.
Fidel frequentemente não aparecia, mas gostava mesmo de conversar. Gostava tanto que a fila de candidatos a meia hora de prosa não cabia na agenda e, como a fila não andava, os enfileirados se distraíam variando o ponto de espera. No sábado e no domingo, com a ansiedade de noivo na porta da igreja, esperei o Comandante no saguão do Hotel Riviera. Passei a segunda e a terça de prontidão em dois restaurantes célebres, La Bodeguita del Medio e El Floridita, caprichando na pose de Ernest Hemingway quando jovem.
Em homenagem ao escritor que bebeu todas quando viveu por lá, tracei meia dúzia de mojitos no bar do primeiro e oito papa dobles no bar do segundo. Achei melhor prosseguir a espera na piscina do hotel quando comecei a ver a miragem de Fidel em dobro. Na quarta-feira, esperei quatro horas na fila da sorveteria Coppelia até chegar ao balcão e pedir o famoso sorvete de limão que tinha acabado quatro horas antes. Na quinta-feira, de volta ao Floridita, descobri que poderia esperar o chefe supremo brincando de figurante de filme de época.
No fim dos anos 80, a capital cubana não saíra dos 50, gritava a paisagem arquitetônica implorando por pinturas, retoques e outras urgências restauradoras. Nem sairia tão cedo, confirmavam os carrões americanos que sacolejavam pelas ruas. Um garçom me contou que qualquer veículo poderia ser usado como táxi. Bastava pagar 1 dólar e dizer o destino. Incrédulo, fui para a calçada, acenei para um Studebaker verde e o motorista parou. O garçom não estava mentindo.
Nas duas horas seguintes, pela módica quantia de três dólares, esperei Fidel num Oldsmobile vermelho, num Chevrolet rabo-de-peixe azul e num Buick de cor indefinida que me devolveu ao hotel. Acordei na sexta-feira perguntando a um jornalista que ano era hoje e em que mês estávamos. Dezembro, 1987, ele informou com expressão intrigada. Avisei que iria dormir mais um pouco e pedi-lhe que me chamasse uma hora antes do começo do coquetel.
Estava no terceiro daiquiri quando a frase multiplicada por centenas de vozes flutuou sobre o oceano de cabeças: “É ele!” O funcionário do governo chegou correndo para dizer, ofegante, que era ele mesmo, e que seríamos recebidos dali a duas horas. Aproveitei o tempo para espantar-me com a tremenda boca-livre financiada pelo governo. Se o povo visse aquilo, constatei em cinco minutos de contemplação, o regime comunista não chegaria à sobremesa.
Extensa, espessa e sólida como um píer inglês, a bancada do bufê suportava uma assombrosa procissão de frutos do mar. Lagostas, camarões, siris e caranguejos de dimensões amazônicas, um tsunami de mariscos e ostras, cardumes de peixes de espantar o velho Santiago imortalizado por Hemingway — parecia um banquete patrocinado por algum Nero de filme épico italiano. E então me surpreendi com a descoberta: naquele salão havia até gente gorda.
Fazia oito dias que zanzava por Havana e só vira gente magra. Regime eficiente é isso aí, comentei com um deputado amigo. O governo jurava que ninguém morria de fome, mas nenhum cubano comum comia o suficiente para matá-la. Esse luxo era para frequentadores de recepções oficiais. Admirava uma lagosta abraçada a dois camarões quando me bateu a certeza de que todos os gordos da ilha estavam lá. Beiravam os 70, calculei. Tentava entender como é que eles explicavam aos magros aquelas arrobas a mais quando vi o diplomata cubano me acenando com espalhafato.
O grande momento chegara. Juntei-me ao grupo de jornalistas e fomos todos para uma sala com quatro poltronas e dois sofás de bom tamanho. Cinco minutos mais tarde, a porta se abriu e Fidel enfim apareceu. Aos 61 anos, 28 dos quais desfrutados no comando da ilha, trajava uma farda verde-oliva bem cortada e parecia em ótima forma física. De pé, constatei que nossos queixos se alinhavam na mesma altitude. Ele tinha, portanto, entre 1m85 e 1m97, incluindo o salto carrapeta do coturno preto. Só alcançava 2 metros na imaginação dos devotos.
A expressão satisfeita, o olhar confiante e o que disse ao longo de 120 minutos reafirmaram que o ditador sessentão adorava o emprego e pretendia mantê-lo enquanto vivesse. Com a voz de falsete que ecoava horas a fio nos comícios patrióticos na Praça da Revolução, mostrou que para tudo tinha uma resposta insincera na ponta da língua. Consegui fazer-lhe duas perguntas. Primeira: o que achava das mudanças em curso na União Soviética depois da chegada ao poder de Mikhail Gorbachev?
Fidel afirmou que precisava examinar com mais atenção o que resultaria da glasnost (“transparência”, em russo) e da perestroika (“reorganização”). Como se não estivesse insone há muitos meses com as profundas reformas políticas e econômicas embutidas nas duas palavras que decretariam, entre tantas outras implosões históricas, a queda do Muro de Berlim em 1989, a dissolução do Leviatã comunista em 1991 e, por consequência, o sumiço da fonte de recursos financeiros que garantira nos 30 anos anteriores a sobrevivência de Cuba.
Segunda pergunta: se o entrevistado garantia que Cuba era uma nação democrática, como explicar a inexistência de eleições e a existência de presos políticos? Sem ficar ruborizado, Fidel qualificou de criminosos comuns todos os enjaulados na ilha-presídio e reiterou que o sistema eleitoral prescindia de candidatos oposicionistas para mostrar-se muito mais eficaz que o vigente, por exemplo, nos Estados Unidos. Terminado o encontro, cumprimentei o entrevistado e voltei ao salão de festas. A maioria dos jornalistas sitiou Fidel e só levantaram o cerco depois da conquista de um autógrafo.
Em dezembro de 1958, quando o jovem Fidel Castro preparava a tomada de Havana, havia em Cuba uma ditadura a derrubar, uma economia asfixiada pela monocultura da cana e prostitutas demais. Em dezembro de 1987, nada havia mudado. Passados quase 30 anos, ao anunciar a partida do chefe supremo dos carcereiros, o irmão e herdeiro Raúl Castro apossou-se de vez da ilha-presídio congelada na primeira metade do século 20: agora como antes, há prostitutas demais em Havana, um oceano de canaviais asfixiando a economia e uma ditadura a sepultar.

NO BLOG DO JOSIAS
Temer reclamar das instituições é como comandante de navio esculachar o Mar
Josias de Souza
Terça-feira, 29/11/2016 04:59
Estreou em Brasília, na noite desta segunda-feira, 28, um espetáculo político inédito. Nele, Michel Temer, no papel de si mesmo, vive o drama de um mandatário cofuso, que cospe no prato em que não consegue comer. O personagem deve sua presença no comando do Executivo à solidez das instituições. Em meio à crise, foi alçado ao topo da República como solução constitucional implementada pelo Legislativo, sob a supervisão do Judiciário. Súbito, vai à boca do palco para expectorar desaforos sobre as instituições que lhe asseguram o poder.
Dirigindo-se a uma plateia amiga, feita de empresários e investidores, Temer sapecou: ''Os senhores imaginam o capital estrangeiro como está ansioso para aplicar no Brasil. Aliás, os senhores sabem melhor do que eu. Mas é interessante que, de vez em quando, há uma certa instabilidade institucional com um fato ou outro. Como não temos instituições muito sólidas, qualquer fatozinho, me permitam a expressão, abala as instituições.''
O ‘fatozinho’ a que se refere Temer é o caso do ministro que foi apanhado com lanças em punho, guerreando contra o interesse público para salvar o negócio privado da compra de um apartamento milionário em Salvador. O episódio converteu-se num ‘fatozão’ no instante em que Temer decidiu transformar a agenda imobiliária do amigo Geddel Vieira Lima num processo de desmoralização de sua Presidência. Era uma crise localizada. Irradiou-se para o governo depois que Marcelo Calero deixou a pasta da Cultura batendo a porta.
''O investidor fica um pouco assustado, sendo o investidor nacional e muito maiormente o investidor estrangeiro”, disse Temer. “Mas essas instabilidades são passageiras e não podem ser levadas a sério, porque levado a sério tem de ser o País.'' Levando-se em conta que os brasileiros que não toleram brincadeiras com seu País rosnam para o governo nas redes sociais enquanto se preparam para voltar às ruas, Temer parece considerar que o Brasil, para tornar-se mais estável, precisa trocar de povo.
Esse povo que aí está não consegue compreender que Temer apenas repete em cena o velho enredo do gestor que, rendido às circunstâncias, promote o avanço econômico com os pés fincados no atraso político em que se misturam o patrimonialismo e a corrupção. De saco cheio, o povo se divide em dois grupos. Num, estão os brasileiros que acham que o governo é tocado por pessoas capazes de tudo. Noutro, encontram-se os patrícios que acreditam que a máquina pública é tocada por pessoas incapazes de todo. Nenhuma das duas alas está preparada para oferecer o País tranquilo que os investidores precisam.
Como não ficaria bem para um presidente da República esculhambar o povo do seu País, Temer reclama das instituições, que “não são muito sólidas”. Além de inédito, o espetáculo é confuso. Deve doer em Temer o destino que a História lhe reservou. Ao reclamar das instituições que o levaram à cabine de comando, o substituto constitucional da presidente que foi impedida fica numa posição parecida à de um comandante de navio que se queixa da existência do Mar.

NO BLOG ALERTA TOTAL
Terça-feira, 29 de novembro de 2016
Aumentemos o grito contra corrupção e por mudanças
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
O Brasil vai desviar todas as atenções hoje para um trágico acidente com o avião que transportava o time de futebol da Chapecoense para a Colômbia, onde seria disputada a final da Copa Sul Americana (partida já cancelada). A tragédia ajuda a tirar o foco de tensão na política, onde o Presidente Michel Temer tenta sobreviver à onda de escândalos alimentada constantemente pelo desastroso ministério que escalou. A politicagem vive alarmada pela onde de combate à corrupção, sobretudo com a famosa “Lava Jato”.
Ontem, o coordenador da Força Tarefa da Lava Jato, procurador federal Deltan Dallagnol, surpreendeu os mais otimistas com um jato de realismo, ponderando que a Lava Jato não irá transformar o Brasil, como muitos vêm pregando: "A Lava Jato é mais um caso criminal, como foi o Mensalão. Ela vai punir as pessoas e recuperar parte do dinheiro. O Brasil tem governo forte e sociedade civil fraca. Temos que inverter essa equação. Se vocês continuarem achando normal o que é anormal, continuaremos a ter um País que não desejamos".
O realismo de Deltan Dallagnol tem um motivo óbvio: o risco de os políticos sabotarem – e corromperem – o projeto de lei contra a corrupção que será votado no Congresso. Dallgnol manifesta grande preocupação com o alto risco de prescrição dos crimes de corrupção e de formação de quadrilha, impedindo a efetiva punição dos corruptos e beneficiando os ladrões da coisa pública.
Dallagnol reclama: "As 10 medidas contra a corrupção foram elaboradas por vários especialistas, tiveram revisão da Procuradoria Geral da República e apresentadas ao Congresso, onde dormitaram em berço esplêndido. Até que a sociedade civil recolheu dois milhões de assinaturas, uma movimentação recorde, e criou-se ambiente propício para tramitar. Mas saíram todos os pontos de maior polêmica, como a regulação dos habeas corpus, tratamento de provas ilícitas. Minha maior preocupação: não tem nada para gerar a celeridade dos processos".
Dallgnol tem inteira razão. O vício estadodependente da sociedade brasileira é o maior obstáculo para as mudanças. Superar o comodismo, a impunidade e a falta de democracia (segurança do Direito) é o maior desafio dos segmentos organizados de brasileiros. A pressão não pode cessar. Pelo contrário, tem de aumentar. Os corruptos do sistema do crime institucionalizado não entendem outra linguagem. A mobilização tem de avançar nas redes sociais e nas ruas.
Tragédia no ar
O Brasil acordou apavorado com a notícia da queda do avião que levava a delegação da Chapecoense, time de Santa Catarina que disputaria a primeira partida da final da Copa Sul Americana nesta quarta-feira, 30, contra o Nacional.
A aeronave da LaMia (CP 2933) caiu por volta de 1h15min da madrugada, em uma área montanhosa, de difícil acesso, perto do Aeroporto de Medellín, na Colômbia, onde as condições climáticas eram péssimas.
Felizmente, chegaram notícias de sobreviventes entre as pessoas a bordo – 72 passageiros, 9 tripulantes, 48 jogadores, 21 jornalistas e três convidados.
A primeira informação oficial tratou de pelo menos 25 mortos, e apenas seis sobreviventes, inicialmente, até 7h da manhã, quando as buscas foram suspensas devido ao mau tempo.
A cidade de Chapecó estava orgulhosa com a capacidade de vitória do Clube fundado há 43 anos, e hoje um exemplo raro de organização no bagunçado futebol brasileiro.
(...)

NO O ANTAGONISTA
O intervencionismo matou a Chapecoense
Brasil Terça-feira, 29.11.16 08:29
Ao vetar que a Chapecoense fretasse um avião, obrigando o time a voar numa companhia bo-li-via-na, um braço do Estado brasileiro levou jogadores e jornalistas à morte.
O intervencionismo mata.
Ninguém é condenado por Caixa Dois
Brasil  29.11.16 08:25
O foco da Lava Jato é propina, e não Caixa Dois.
Segundo o Valor, “eventuais crimes de Caixa Dois eleitoral que surjam nas delações da Odebrecht terão de ser encaminhados para o Ministério Público Eleitoral nos Estados”.
Um investigador disse à reportagem que os deputados que receberam recursos de Caixa Dois são “massa de manobra daqueles que realmente são culpados de corrupção. Dificilmente alguém é processado no Brasil por receber valores não contabilizados”.
Caixa Dois não é o foco da Lava Jato
Brasil 29.11.16 08:16
Um investigador da Lava Jato disse ao Valor que quem embolsou dinheiro de Caixa Dois não precisa se preocupar com a delação da Odebrecht:
"Quem deve se preocupar é aquele que prometeu ou fez alguma coisa para receber valores que não foram contabilizados. Isso é corrupção”.
A Focal de Temer
Brasil 29.11.16 08:04
O PT vaza para a imprensa petista provas de que a campanha de Dilma Rousseff pagou as despesas da campanha de Michel Temer.
Hoje Mônica Bergamo publica um documento extremamente constrangedor para Michel Temer.
A Focal, do operador petista Carlos Cortegoso, investigada pelo TSE e enrolada na Lava Jato, foi paga por Dilma Rousseff para organizar um comício de Michel Temer na quadra da Portela, no Rio de Janeiro.
Durante o evento, Michel Temer disse:
"Quando o governo vai bem, ele deve se reeleger. Vamos reeleger Dilma pelo que ela fez pelo Brasil e particularmente pelo Rio".
Venezuela (quase) fora do Mercosul
Economia 29.11.16 08:07
O Globo lembra que o prazo para a Venezuela se adequar às regras do Mercosul termina nesta quinta-feira, 1º.
Caracas deixará de votar e participar de negociações.
O comandante máximo do BNDES
Brasil 29.11.16 07:48
Lula, o lobista da Odebrecht, foi a Cuba em 2011 para supervisionar as obras do Porto de Mariel.
De acordo com um documento sigiloso do Itamaraty, obtido pela Folha de S. Paulo, ele fez mais do que isso.
Em encontro com Raúl Castro, acompanhado por Marcelo Odebrecht, José Dirceu e Franklin Martins, Lula anunciou a liberação de uma nova parcela de 150 milhões de dólares do BNDES para o projeto.
No dia anterior, durante um jantar com o ditador cubano, Lula já havia dito que o financiamento do BNDES de 682 milhões de dólares estava garantido.
Lula era mais do que lobista da Odebrecht, portanto. Ele era também o comandante máximo do BNDES.
Weverton é campeão
Brasil 29.11.16 07:25
O deputado Weverton Rocha, que apresentou emenda para reprimir juízes e magistrados, elegeu-se em 2014 apesar de ser o candidato maranhense com mais processos nas costas, segundo a Transparência Brasil.
O Imparcial:
"São quatro ações penais movidas pelo Ministério Público e cinco ações de improbidade administrativa. Em dois deles Weverton é acusado de causar dano ao erário; em cinco é apontado por praticar improbidade administrativa e, numa delas, responde pelos crimes de formação de quadrilha, falsidade ideológica e peculato".
Weverton não se emenda
Brasil 29.11.16 06:57
Weverton Rocha, do PDT, quer emporcalhar as Seis Medidas com uma emenda que institui 10 tipos de crimes de responsabilidade para juízes e 11 tipos para procuradores.
O Antagonista revelou o golpe ontem à noite.
Leia os dois pontos mais nefastos da emenda, cuja finalidade é impedir a abertura de processos:
“Entre os crimes de responsabilidade de magistrados:
Manisfestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais ou no exercício de magistério”.
“Art. XX – Crime de responsabilidade do MP:
Promover a instauração de procedimento civil administrativo em desfavor de alguém, sem que exista indícios mínimos de prática de algum delito”.
ANAC nega
Brasil 29.11.16 06:34
A ANAC impediu que a Chapecoense fretasse um avião venezuelano para Medellín.
O Globo Esporte, antes do acidente, reproduziu o comunicado da ANAC, que não faz o menor sentido.

Imóveis de “Lourdinha” são bloqueados
Brasil Segunda-feira, 28.11.16 21:02
Adriana Ancelmo, mulher de Sérgio Cabral, teve seus bens bloqueados por ordem da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. O juiz titular, Marcelo Bretas, acatou pedido do Ministério Público. A decisão estende-se também a imóveis em nome do escritório de advocacia de Lourdinha.
MAIS UM GOLPE CONTRA A LAVA JATO (2)
Brasil 28.11.16 19:38
Outra emenda para calar os magistrados, embutida no pacote das medidas anticorrupção que a Câmara pretende votar.
Essa (clique aqui) foi proposta pelo deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF) e torna crime a violação dos direitos ou prerrogativas dos advogados.
Se aprovada, a condução coercitiva ou prisão de um advogado poderá ser punida com até dois anos de cadeia para o juiz ou promotor que a requisitar.
A medida é defendida pela OAB para equilibrar “as armas”, segundo seu presidente nacional, Claudio Lamacchia.
MAIS UM GOLPE CONTRA A LAVA JATO
Brasil 28.11.16 19:15
Mais um golpe contra a Lava Jato está sendo armado.
O deputado Weverton Rocha, do PDT, proporá uma emenda às Seis Medidas que estrangula juízes e procuradores.
O crime de responsabilidade dos magistrados poderá ser aplicado para cercear opiniões e até para impedir a instauração de processos.
Qualquer cidadão poderá denunciar membro do Ministério Público perante o tribunal ao qual está vinculado.
O deputado diz que “não é incomum verificar que muitos membros do MP têm atuado além dos seus limites, oferecendo denúncias desprovidas de fundamentação mínima”.
Os membros da ORCRIM continuam no ataque. Agora eles querem acabar com as garantias constitucionais do MP e magistrados para defender a sociedade.
Note-se: a emenda foi assinada por PDT, DEM, PTB, PR, PP, PSC.

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