PRIMEIRA EDIÇÃO DE 04-10-2016 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

TERÇA-FEIRA, 04 DE OUTUBRO DE 2016
Parecer de 69 páginas do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União lista 17 graves razões para a rejeição das contas do governo Dilma Rousseff relativas a 2015. Dilma repetiu as “pedaladas” que estiveram entre os motivos para a rejeição unânime de suas contas de 2014. O parecer, assinado pelo procurador-chefe Paulo Bugarin, analisa e rejeita cada uma das alegações da defesa da ex-presidente.
O MP do TCU identificou ilegalidade em operações de crédito no Plano Safra, do Banco do Brasil e no PSI, a “bolsa empresário” do BNDES.
Em 2015, o governo Dilma também escondeu dívidas junto ao Banco do Brasil, Caixa e BNDES. Até pagou dívidas com dinheiro do FGTS.
Dilma pagou dívida até com dinheiro do Fundo Nacional para a Criança e Adolescente (FNCA), que a Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe.
Se não bastassem as malversações de 2014, os crimes reiterados nas contas públicas em 2015 justificariam um segundo impeachment.
O governo desastroso de Dilma Rousseff (PT) não resultou apenas em seu próprio impeachment e na derrota histórica do PT, nas eleições de domingo (2): fez o Brasil retroceder ou ao menos paralisar no processo de ocupação de cargos públicos por mulheres: em 2008, foram eleitas 504 prefeitas, que saltaram para 664 em 2012. Analistas atribuem ao “desastre Dilma” a queda para apenas 637 mulheres eleitas em 2016.
Apenas 11,6% dos 5.506 municípios serão chefiados por mulheres, apesar da “cota” que obriga partidos ao mínimo de 30% de candidatas.
O número de prefeitas eleitas caiu quase 5%, apesar do aumento na quantidade de candidatas, 2.026 em 2012 contra 2.148 este ano.
A maior representação feminina é no Rio Grande do Norte: 28,1% dos eleitos domingo, 02 são mulheres. O pior resultado é capixaba: 5,4%.
A eleição de domingo puniu o PT, que virou sinônimo de corrupção, e fez murchar o poder de políticos que não vão reaparecer no Congresso com a maior pinta de “podem falar o que quiserem, o povo me apoia”.
O resultado das eleições foi pior que o PT imaginava. Esperava eleger metade dos 644 prefeitos eleitos em 2012, mas foram só 256. PSDB e PMDB elegeram mais de mil, cada. O PT virou partido pequeno.
Impedido por Lula de disputar a prefeitura do Recife contra Geraldo Júlio (PSB) em 2012, João Paulo virou “tábua da salvação” do PT, que alega a necessidade de “absorver” a militância que perdeu boquinhas.
Tucanos ironizam o PT, celebrando a impressionante vitória de João Doria Jr. em São Paulo. O PT perdeu inclusive na periferia da cidade. “Pobres não gostam de ladrões”, alfinetam nas redes sociais.
Candidatos de Renan Calheiros (PMDB) a prefeito em Maceió e nos oito maiores municípios de Alagoas foram derrotados. Ele até evitou os palanques, para não “queimar” os aliados, mas foi inútil.
A vitória do prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), com 46,86% dos votos, fez o rival Cícero Almeida (PMDB) ir para casa “chorar”, segundo segredaram pessoas próximas ao candidato de Renan Calheiros.
O PT demonstra como aprecia a democracia. Além de ter se recusado a promulgar a Constituição, em 1988, o partido acredita que só não houve golpe em Rio Branco (AC). Nas demais capitais, o PT perdeu.
Ao saborear a derrota do PT no domingo, 02, o admirado cientista político Paulo Kramer, que a anteviu, tascou no Twitter: “Para a minha felicidade ser completa, só falta o Brasil devolver o Acre para a Bolívia”.
Após não conseguir eleger nem mesmo o filho vereador em São Bernardo, o ex-presidente Lula ainda se acha o rei da cocada preta?

NO DIÁRIO DO PODER
LAVA JATO
PGR DENUNCIA FERNANDO BEZERRA E MAIS DOIS POR RECEBIMENTO DE PROPINA
SENADOR, EX-MINISTRO DE DILMA, É ACUSADO DE RECEBER PROPINA
Publicado: segunda-feira, 03 de outubro de 2016 às 19:49 - Atualizado às 00:20
Redação
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou ao Supremo Tribunal Federal o senador Fernando Bezerra pelo recebimento de propina de pelo menos R$ 41,5 milhões das empreiteiras Queiroz Galvão, OAS e Camargo Corrêa, contratadas pela Petrobras para a execução de obras da Refinaria do Nordeste ou Refinaria Abreu e Lima. A denúncia acusa os empresários Aldo Guedes Álvaro, então presidente da Companhia Pernambucana de Gás, e João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, de serem os operadores que viabilizaram o repasse da propina.
Na época dos crimes, entre os anos de 2010 e 2011, Fernando Bezerra exercia os cargos de secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco e presidente do Complexo Industrial Portuário de Suape, ambos por indicação do então governador de Pernambuco Eduardo Campos. Fernando Bezerra é acusado de realizar os esforços políticos para assegurar as obras de infraestrutura da refinaria e garantir os incentivos tributários, de responsabilidade político-administrativa estadual, indispensáveis para a implantação de todo o empreendimento, o que acabou ocorrendo.
Segundo Janot, o pagamento da propina foi realizado pelas construtoras no âmbito de esquema de corrupção relacionado à Petrobras, intermediadas pelo então diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa. Em grande parte, conforme explica, as quantias se destinaram à campanha de reeleição de Eduardo Campos ao Governo de Pernambuco em 2010.
As investigações descobriram 17 operações sob o disfarce de doações eleitorais "oficiais". Também foram verificados contratos de prestação de serviços superfaturados ou fictícios com as empresas Câmara & Vasconcelos - Locação e Terraplanagem Ltda. e Construtora Master Ltda., sucedidos por transferências bancárias das empreiteiras às empresas supostamente contratadas, pelo saque dos valores em espécie e pela posterior entrega do dinheiro aos destinatários finais, como estratégia de lavagem dos recursos.
Ainda conforme o procurador-geral da República, o falecimento de Eduardo Campos trouxe à tona novos elementos sobre a existência do grupo de pessoas e empresas pernambucanas responsáveis pela operacionalização da propina em seu favor. A denúncia demonstra que o grupo adquiriu a aeronave em que ocorreu o acidente e que as operações de compra e utilização caracterizaram financiamento ilícito de campanha.
Pedidos  
A denúncia oferecida no Inquérito 4005 pede a condenação de Fernando Bezerra e dos empresários por praticarem no mínimo 77 vezes o crime de lavagem de dinheiro. Também é pedida a condenação do senador e de Aldo Guedes Álvaro por corrupção passiva qualificada. O PGR também quer a decretação da perda em favor da União e a reparação dos danos no valor total de R$ 41,5 milhões.

METERAM A MÃO
PROCURADORIA MANDA ABRIR DUAS NOVAS INVESTIGAÇÕES SOBRE PATRIMÔNIO DE PALOCCI
RIQUEZA DO EX-MINISTRO PETISTA CRESCEU 20 VEZES EM 4 ANOS
Publicado: segunda-feira, 03 de outubro de 2016 às 14:50 - Atualizado às 16:51
Redação
A procuradoria da República no DF decidiu pela continuidade das investigações relativas a dois contratos entre a consultoria Projeto, do ex-ministro Antonio Palocci, e as empresas Caoa e o grupo Pão de Açúcar. O despacho do procurador Frederico Paiva é do dia 5 de setembro. A investigação tem como base reportagens que revelaram o aumento patrimonial do ex-ministro em 20 vezes entre 2006 e 2010. “No curso de tais apurações […] identificou-se dois contratos nos quais há indícios relevantes de ilícitos que supostamente justificariam o incremento patrimonial investigado”, escreveu ele. Palocci está preso pela Operação Lava Jato, acusado de receber propina da Odebrecht em troca de atender aos interesses da empreiteira no governo. A consultoria do ex-ministro foi alvo de busca e apreensão.
No caso da Caoa, que fabrica modelos da marca Hyundai, o procurador menciona suspeitas de crime de tráfico de influência, ocorrido no processo de edição de medidas provisórias que, ao concederem benefícios fiscais à indústria automobilística, teriam favorecido a Hyundai-Caoa. “Dentre os agentes públicos denunciados na referida ação penal, encontra-se Lytha Spíndola, chefe de Gabinete da Casa Civil, pasta à época comandada por Antônio Palocci. Assim, em que pese as alegações apresentadas pela defesa de Palocci, entende o MPF ser prudente a continuação das investigações acerca da prática de possível ato de improbidade pertinente ao presente contrato”, conclui o procurador.
Com relação ao Pão de Açúcar, o procurador também decidiu por prosseguir com as investigações. Nesse caso, o foco é contrato entabulado entre a firma de Palocci e a firma de advocacia de Márcio Thomaz Bastos, pertinente à fusão do Grupo Pão de Açúcar (Companhia Brasileira de Distribuição) e a empresa Casas Bahia. “Na oportunidade, a despeito dos altos valores envolvidos, não foram localizados registros formais que comprovassem a efetiva prestação do serviço oferecido pela Projeto Consultoria”. E prossegue: “Diante dos elementos de informação acima destacados, subsiste a necessidade de aprofundamento das investigações em relação às duas contratações em comento. De fato, tais ilícitos, caso comprovados, denotariam a ilicitude da evolução patrimonial de Antônio Palocci – objeto do presente inquérito civil”.
Na conclusão, o procurador decide “diante da complexidade das avenças, bem como dos próprios ilícitos supostamente perpetrados em cada uma das contratações” pelo desmembramento das investigações pelo Núcleo Cível da Procuradoria da República. “Cada uma das novas Notícias de Fato a serem instauradas deverá ter como objeto a análise das irregularidades pertinentes a um dos dois contratos acima descritos”.
A reportagem ainda não conseguiu contato com a defesa de Palocci ou as empresas citadas. A Caoa já negou ter repassado propina em troca de aprovação de Medida Provisória.
No dia 22 de setembro, o MPF-DF determinou o arquivamento dos demais contratos envolvendo a consultoria Projeto. Restaram em aberto os referentes a Caoa e Pão de Açúcar. (AE)

FOI O POVO QUE ERROU?
Carlos Chagas
Segunda-feira, 03-10-2016
Quem se deu ao trabalho de comparar os números das prévias eleitorais com os resultados das urnas chegou à mesma conclusão de sempre, de que os institutos de pesquisa não ganham eleições. Erraram feio, apesar das explicações enfadonhas de que foi o eleitorado que mudou, à ultima hora. Melhor não descer a detalhes, mas dessa vez vale acrescentar um fator a mais: os comentaristas e repórteres de televisão perderam a humildade e também, com empáfia, engrossaram a corrente de tiros dados fora do alvo. No domingo, 02 à medida em que eram conhecidos os resultados, desdobravam-se na tentativa de demonstrar que não erraram. Foi o povo que errou…
Mas acertaram, também, na unanimidade partilhada com a Nação inteira, de que o PT seria o maior derrotado. Não deu outra, que o segundo turno confirmará no fim do mês. A pergunta que se faz refere-se ao futuro do partido dos companheiros. Parece impossível supor que possam reconquistar a presidência da República em 2018, objetivo que lhes tomará tempo e esforço.
Em maioria, o PT jogará os seus cacifes na candidatura do Lula, cujos obstáculos a superar estão à vista de todos. Primeiro, evitar a operação Lava Jato e a possibilidade de o candidato ser condenado pelas acusações do juiz Sérgio Moro. Depois, apostar no fracasso do governo Michel Temer e desenvolver intensa campanha demonstrando as realizações de seus dois governos. Missão quase impossível mas a única que lhes resta.
Começou a corrida sucessória, com ênfase para a ascensão do governador Geraldo Alckmin, pai, mãe, avô e avó do novo prefeito João Dória. No ninho dos tucanos, Aécio Neves e José Serra que se cuidem, já que uma força maior se faz sentir.
Sobre as eleições municipais, ainda uma evidência a referir: em comparação com embates anteriores, o não-voto cresceu na indiferença do eleitorado. Abstenções, ausências, votos brancos e nulos chegaram quase aos 30%. Uma espada de Dâmocles paira sobre a cabeça do presidente Michel Temer. Ele insiste em que não se candidatará, mas sem outra opção, o PMDB tratará de convencê-lo a voltar atrás. Claro que se fizer um bom governo.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
PGR pede urgência em decisão sobre denúncia contra Renan
Desde 2013, Supremo Tribunal Federal avalia se aceita acusação da Procuradoria-Geral da República contra o presidente do Senado
Por: Reinaldo Azevedo 
Segunda-feira, 03/10/2016 às 15:17
Por Thiago Bronzatto, na VEJA.com:
Há três anos, o Supremo Tribunal Federal (STF) analisa se o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) deve sentar no banco dos réus. Alvo de uma denúncia apresentada em 2013 pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o parlamentar é acusado de ter praticado os crimes de peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso. A investigação foi instaurada em 2007 após VEJA revelar que o senador utilizava um lobista de uma empreiteira para bancar despesas pessoais da jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha. Até agora, porém, as acusações feitas pela PGR ainda não foram analisadas pelo STF. Diante da letargia do caso, em meados de junho, o procurador-geral da República Rodrigo Janot requisitou “urgente inclusão do feito na pauta de julgamentos do Plenário do Supremo Tribunal Federal para deliberação acerca do juízo de admissibilidade da acusação”, segundo documento obtido por VEJA.
A manifestação enviada ao ministro Luiz Edson Fachin, relator do caso no STF, evidencia que Janot tem pressa. Afinal, o tempo é o grande aliado de Renan nesse inquérito. Ao longo do período da investigação, uma parte da documentação privada utilizada para comprovar a acusação da prática de falsidade ideológica prescreveu. No material constam, por exemplo, notas fiscais de vendas de gados emitidas por empresas inativas para justificar o patrimônio do presidente do Senado. Além disso, o parlamentar pode se safar também da acusação de prática de peculato, o crime mais grave que consta da denúncia apresentada contra o peemedebista. A pena por essa infração varia de dois a 12 anos. Em via de regra, o Judiciário tem aplicado punições mais próximas da condenação mínima, ainda mais quando se trata de réu primário. No caso de Renan, o suposto desvio de dinheiro público ocorreu em julho de 2005, conforme sustenta a PGR. Se o peemedebista for condenado pela pena mínima por essa irregularidade, a prescrição, na verdade, já ocorreu — em 2009.
“A conclusão lógica, portanto, é de que a presente causa está pronta para deliberação, pelo Pleno dessa Corte, acerca da admissibilidade da acusação formulada pelo Ministério Público. Por tais razões, vale destacar que não é necessária a reabertura de novo prazo para defesa se manifestar, uma vez que esta já teve oportunidade de apresentar todos os seus argumentos de que dispunha”, escreveu Janot em sua manifestação, que foi acolhida pelo ministro Edson Fachin como aditamento da denúncia apresentada contra o presidente do Senado. O inquérito tem 45 volumes e soma quase 9 000 folhas de documentos, petições e despachos empilhados desde agosto de 2007.
No dia 2 de agosto, o ministro Edson Fachin decidiu conceder mais prazo para a defesa de Renan Calheiros se manifestar sobre a denúncia apresentada pela PGR, porque tem dúvidas sobre quem é o atual advogado do senador. Ao longo do inquérito, o parlamentar já teve 17 representantes legais. Em fevereiro deste ano, o caso quase teve um desfecho. Quando o ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no STF, sinalizou que poderia colocar em votação uma denúncia contra o então presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), feita pela PGR no fim do ano passado, Fachin resolveu liberar o processo envolvendo o presidente do Senado para a análise do plenário da corte. O ministro relator assumiu o caso no ano passado, quando foi empossado no STF. Antes dele, o procedimento estava sob a responsabilidade do ministro Ricardo Lewandowski, atual presidente da corte, que o manteve em seu gabinete até ser substituído por Fachin. Alguns dias depois de decidir colocar o caso de Renan em pauta, Fachin voltou atrás e o retirou.
O presidente do Senado Renan Calheiros está entre os políticos recordistas de inquéritos da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). A lista de investigações envolvendo o parlamentar está acima da média: até o momento, há ao menos oito procedimentos em curso, que apuram de corrupção à lavagem de dinheiro. Em junho, a PGR pediu a prisão de Renan e outros integrantes da alta cúpula do PMDB por tramarem contra a Lava-Jato, baseada em gravações feitas por Sérgio Machado, apaniguado do parlamentar alagoano na presidência da estatal Transpetro. Em sua última edição, VEJA revelou que o empresário e advogado cearense, Felipe Rocha Parente, apontado por Machado como a pessoa responsável por entregar dinheiro vivo a integrantes do PMDB, fechou um acordo de delação premiada. Em sua colaboração, o “homem da mala” confirmou que distribuía propinas destinadas ao presidente do Congresso Renan Calheiros e ao senador Jader Barbalho (PMDB-PA). Os dois parlamentares negam as acusações.

NO BLOG DO JOSIAS
Depois da surra, tudo é velório para o petismo
Josias de Souza
Terça-feira, 04/10/2016 05:12
Desde que trocou o tino político pelos confortos de sua ex-presidência, Lula passou a ser movido por uma desastrosa autoconfiança. Na véspera da eleição, ele fez a defesa inconsciente do voto útil. Parecia decidido a convencer o eleitor a tomar qualquer decisão, desde que desse uma surra no PT. Lula foi a um comício do candidato petista à prefeitura de São Bernardo do Campo. E declarou o seguinte:
“Você que ouviu tantas vezes nos últimos anos a Rede Globo de Televisão agredir o PT, a imprensa criminalizar o PT, eu queria fazer um apelo pra vocês, homens de bem, mulheres de bem, trabalhadores e trabalhadoras: amanhã, na hora de votar, é importante vocês saberem que urna não é lugar pra depositar ódio ou preconceito. Urna é lugar pra depositar esperanças e sonhos…”
O contrário do antipetismo que Lula supõe existir no noticiário é o pró-petismo reivindicado por ele — um sentimento inocente, que aceita todas as presunções do PT a seu próprio respeito. Isso inclui concordar com a tese segundo a qual os petistas têm uma missão especial no mundo, de inspiração divina e, portanto, inquestionável.
Como qualquer religião, o petismo pode cultivar seus dogmas. Mas o desembaraço autocrático de Lula tem limites. Discurso que agride a realidade, trata a plateia como imbecil. E se a surra de domingo ensinou alguma coisa é que o brasileiro já não está disposto a avalizar a pretensão petista de ser uma potência ética, que só deve contas à sua própria noção de superioridade e ao seu destino evangelizador.
À beira da urna, Lula escancarou a impostura. Alguém que acaba de se transformar em réu por corrupção e lavagem de dinheiro, depois de 13 anos em que o Estado foi saqueado pelo seu partido e pelos esquemas que o acompanharam no poder, e ainda consegue ostentar a pose de vítima da imprensa ou é um cínico ou é um distraído. Em nenhum dos casos é um líder político que mereça respeito. Levou o PT à derrota até em São Bernardo, seu berço político.
A declaração de Lula —“Urna não é lugar pra depositar ódio ou preconceito. Urna é lugar pra depositar esperanças e sonhos”— talvez seja citada no futuro como um resumo da ópera petista, como uma apoteose da incapacidade do PT de compreender o vexame em que se converteu. A reação das urnas foi compatível com a dimensão da ofensa.
Em certos momentos, o desalento pode ser justificável. O que ninguém aguenta mais é a esperança sem causa. O eleitorado ensinou a Lula que urna é lugar para depositar consciência. No Brasil, a eleição é loteria sem prêmio, é a ilusão de que é possível começar tudo de novo, do zero, para ver se finalmente dá certo. O voto vem se revelando um equívoco renovado a cada quatro anos. O eleitor pelo menos decidiu cometer erros novos.
Depois da surra de domingo, 02, tudo é velório para o petismo. Aquele partido imaculado de outrora cometeu suicídio. O cadáver do ex-PT pode inspirar o surgimento de outro PT. Mas isso depende da disposição de Lula e de seus discípulos de protagonizar um gesto de contrição.
Uma expiação mais rápida teria feito bem ao PT. Mas o partido ainda não se deu conta de que o arrependimento é a última serventia do crime. A julgar pelo silêncio pós-eleitoral de Lula e do resto da seita, o PT talvez só descubra os prazeres do remorso depois que a autocrítica não adiantar mais nada.

NA COLUNA DE ELIANE CANTANHÊDE
Eleição Enterra o Golpe
Para o governo, derrota do PT é derrota da tese do ‘golpe’ e do ‘Fora, Temer’
Eliane Cantanhêde
Terça-feira, 04 Outubro 2016 | 05h00
Amanhã, três dias depois do primeiro turno da eleição municipal, o presidente Michel Temer cumprirá uma agenda discreta, mas cheia de significados: vai ao Supremo Tribunal Federal pouco antes das 14 horas, quando são abertas as sessões, para uma cerimônia sóbria e rápida em homenagem à Constituição de 1988, que completa 28 anos.
Como político experiente, três vezes presidente da Câmara, Temer tem o lombo curtido, suporta bem os ataques e costuma ter respostas curtas e diretas para elas. Mas, além de político, ele é professor de Direito Constitucional e, se algo o tira do sério, é a acusação recorrente da oposição e dos movimentos petistas de que o impeachment foi golpe e ele é golpista. A ida ao Supremo amanhã, portanto, será um ato de fé, uma reverência à Constituição.
Na avaliação governista, o pior do discurso do “golpe”, do “golpista” e do “Fora, Temer” passou junto com o primeiro turno, que não apenas ratificou o pleno funcionamento da democracia brasileira como deu a vitória a partidos da base de Temer – PSDB, PSD e PSB, por exemplo –, e imprimiu uma derrota acachapante aos que insistem nessas palavras de ordem e são os alvos mais vistosos da Lava Jato.
O PT perdeu a joia da coroa, São Paulo, perdeu os anéis em Belo Horizonte e perdeu os dedos no Rio, onde nem sequer apresentou candidato. Também não deslanchou em Salvador, acabou em terceiro em Porto Alegre, fez feio em praticamente todo o Nordeste, viu escorregar das mãos quase 60% das atuais prefeituras e ficou abaixo de 20% no País inteiro. As raras exceções foram Rio Branco, onde venceu no primeiro turno, e Recife, onde disputa o segundo contra o PSB.
Quem ainda perdeu tempo falando em “golpe” e apresentando-se como candidato do “Fora, Temer” foi Marcelo Freixo, do PSOL, ora, ora, do Rio, onde a elite endinheirada acha chiquérrimo se dizer de “esquerda” e conseguiu a proeza de um segundo turno entre dois extremos: um senador da Igreja Universal do Reino de Deus e um deputado estadual do PSOL que é professor, um cara bacana, de um partido cheio de boas intenções, mas... terá competência, conhecimento, experiência para driblar uma crise monumental?
O Rio não é só o bunker da tese do “golpe”, mas também um exemplo da crise econômica, a crise Dilma Rousseff, do estatismo e da folha de pagamentos impagável. Eduardo Paes, do PMDB, governou a cidade na Copa e na Olimpíada, deixa museus, uma melhor mobilidade urbana, um centro restaurado e equipamentos esportivos de ponta, mas sai com a popularidade baixa e não fez o sucessor. Aliás, nem emplacou Pedro Paulo no segundo turno. 
Como a política é campo fértil para teorias conspiratórias, comenta-se em Brasília que não fazia sentido Paes insistir em um candidato acusado de bater em mulher e que, talvez, maquiavelicamente, ele quisesse sair de fininho, deixando uma bomba para explodir nas mãos de adversários como os dois Marcelos, Crivela e Freixo. Nessa análise, seja quem for o eleito no dia 30, as contas e o próprio Rio vão fatalmente explodir...
Raramente uma eleição municipal deixou tantas lições: a gritaria do “golpe” já deu o que tinha de dar, a crise engoliu atuais (Lula à frente) e futuros líderes petistas (Haddad, Fernando Pimentel, Jaques Wagner...), o PSDB é o principal beneficiário do desastre do PT e Geraldo Alckmin larga na frente para 2018, mas o grande vitorioso foram a abstenção e os votos branco e nulo. 
Por fim, o perfil que emerge para 2018 é de empresário que se diz “não político”. Com a vitória espetacular de João Doria, deixou de ser crime, pecado e impopular ser rico. Lula até já poderia comprar triplex e sítio sem enganar ninguém e sem medo de perder a aura de “pobre” e de “homem do povo”. Agora, porém, é tarde demais.

NO O ANTAGONISTA
Blogueiros no armário
Brasil 04.10.16 07:25
Os blogueiros do PT estão escondidos no armário.
A PF está na Propeg, que repassou dinheiro sujo para a Pepper.
A dona da Pepper disse que Giles Azevedo, principal assessor de Dilma Rousseff, mandou pagar os blogs petistas com propina da OAS e da Odebrecht.
PF NA PROPEG
Brasil 04.10.16 07:18
Um dos alvos da PF na Bahia é a agência de propaganda Propeg.
Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, disse que Marcio Fortes, ministro das Cidades do governo Lula, recebeu 1 milhão de reais de um esquema para dar a conta da pasta à Propeg, em 2010.
PF NAS RUAS: O ESQUEMA DO MINISTÉRIO DAS CIDADES
Brasil 04.10.16 07:15
A PF está nas ruas.
A Operação Hidra de Lerna, informa Bárbara Lobato, mira em fraudes em licitações e contratos no Ministério das Cidades.
"A ação deriva de 3 colaborações de investigados na Operação Acrônimo, já homologadas".
O impeachment referendado
Brasil 04.10.16 07:10
O voto deste domingo, 02, para O Antagonista, foi um referendo sobre o impeachment.
O Estadão também pensa assim:
“O PT descobriu da forma mais dolorosa quem é ‘sem voto’ no País. A devastadora derrota em escala nacional do lulopetismo no pleito municipal constituiu mais um aval político ao impeachment de Dilma Rousseff – se isso ainda era necessário – e joga definitivamente por terra a teoria do ‘golpe’ contra as instituições democráticas. O resultado das urnas demonstra, da forma mais democrática possível, a vigorosa rejeição dos brasileiros a um projeto de poder que jogou o País na profunda crise que hoje enfrenta”.
O grande vitorioso
Brasil 04.10.16 07:01
Vanessa Grazziotin, na Folha de S. Paulo, comentou a derrota eleitoral deste domingo:
“Penso, a priori, que o grande vitorioso desse processo eleitoral não foi nenhum partido político ou candidato, mas sim a aversão geral pela política”.
O Antagonista pensa, a priori, que o grande vitorioso do processo eleitoral foi a aversão a Vanessa Grazziotin.
Ele é o cara
Brasil 04.10.16 06:50
Lula defende "uma cara nova" para assumir o comando do PT, diz a Folha de S. Paulo.
A reportagem diz também que o partido já encontrou essa “cara nova”: a do próprio Lula.
PT perdeu 60,9% dos votos
Brasil 04.10.16 06:25
O PT perdeu 60,9% de seus eleitores.
Em 2012, o partido teve 17,3 milhões de votos para prefeito. Neste domingo, teve apenas com 6,8 milhões.
Quatro anos atrás, foi o partido mais votado. Agora despencou para o quinto lugar.
Os intelectuais abandonam o barco
Brasil 04.10.16 06:17
Há uma debandada na Rede.
Os intelectuais do partido – sim, a Rede também tem seus intelectuais – resolveram se desfiliar.
De acordo com eles, “depois de um ano de existência legal e três anos de construção partidária, o Rede não se posicionou sobre qualquer das grandes questões nacionais”.
E mais:
Marina Silva "não lidera o Rede para que o partido assuma definições políticas consistentes, parecendo preferir navegar em meio a uma sucessão de ambiguidades".
Depois de um ano de existência legal e três anos de construção partidária, os intelectuais da Rede descobriram que Marina Silva navega a esmo e que a Rede é, na verdade, "o" Rede. Pode haver ambiguidade maior do que essa?
Doria virou político em menos de 24 horas
Brasil 03.10.16 23:54
João Doria disse que congelaria a tarifa de ônibus durante o seu mandato. Agora, afirma que a manterá congelada por um ano.
Doria virou político menos de 24 horas depois de ser eleito.
Tal pai, tal filho
Brasil 03.10.16 21:37
A PGR pediu a Teori Zavascki abertura de inquérito para investigar Zeca Dirceu, filho do ex-ministro Zé Dirceu. O deputado petista é acusado de receber dinheiro desviado do Petrolão como doação de campanha.
Minas vai atrasar salários até dezembro
O Financista 03.10.16 20:53
O governador Fernando Pimentel anunciou que continuará parcelando e atrasando (sim, tudo ao mesmo tempo) o salário dos servidores estaduais até dezembro. A medida está em vigor desde fevereiro.
Dependendo do valor, o funcionário receberá o salário em até três vezes, com a primeira parcela cerca de dez dias após a data normal de pagamento.
Servidores do Rio receberão 70% do salário
O Financista 03.10.16 20:32
O governo do Estado do Rio continua sem dinheiro. Segundo a coluna Radar On-line, da Veja, os funcionários souberam hoje que receberão apenas 70% do salário referente a setembro.
JUSTIÇA INVESTIGA VENDA DA PETROBRAS NA ARGENTINA
Economia 03.10.16 19:02
A juíza Maria Amelia de Carvalho, da 23ª Vara Federal do Rio de Janeiro, aceitou ação popular que questiona a venda dos ativos da Petrobras na Argentina.
A venda, denunciada por O Antagonista desde maio, foi feita às pressas na gestão de Aldemir Bendine, o Dida.


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