SEGUNDA EDIÇÃO DE HOJE DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NO ESTADÃO
O menor cacife de Lula
José Roberto de Toledo
22 Fevereiro 2016 | 02h 55
A temporada de caça a ex-presidentes da República está custando caro para Lula da Silva. A rejeição ao petista aumentou seis pontos desde outubro, segundo pesquisa inédita do Ibope, divulgada com exclusividade pela coluna.
Agora, 61% dizem que não votariam de jeito nenhum em Lula para presidente. É a maior taxa de rejeição entre seis presidenciáveis testados pelo Ibope.
Nos últimos quatro meses, quando a crise econômica se aprofundou e o noticiário imobiliário sobre o ex-presidente se generalizou, o potencial de voto de Lula caiu de 41% para 33%. Hoje, só um terço dos eleitores brasileiros diz que votaria com certeza (19%) ou poderia votar (14%) no petista. O resto não respondeu ou disse não conhecê-lo o suficiente para opinar.
Sua maior perda de cacife eleitoral foi no Nordeste, onde, pela primeira vez em dez anos, o potencial de voto do ex-presidente (47%) se equivale tecnicamente à sua rejeição (48%).
Se uma onda gravitacional antecipasse 2018 para amanhã, Lula estaria condenado eleitoralmente? Depende do ponto de vista.
Pela ótica petista, Lula, mesmo sob bombardeio, mantém 19% de eleitores que “com certeza” votariam nele, o que é sempre um atalho para chegar ao segundo turno de qualquer eleição. Nenhum outro presidenciável tem um capital inicial desse tamanho.
Na perspectiva anti-petista, Lula seria praticamente “inelegível”, pois, como 61% dizem que não votariam nele de jeito nenhum, o petista não alcançaria a necessária maioria absoluta dos votos válidos para conquistar o terceiro mandato.
Há que se relativizar ambas as conclusões.
Os 19% de votos “certos” de Lula hoje eram 23% quatro meses atrás e 33% há menos de dois anos. Vê-se que “certeza” não é um conceito absoluto em política. A convicção do eleitor é tão volúvel quanto o PMDB. E como a crise econômica só faz piorar, a curva descendente de Lula pode afundar ainda mais.
Um petista poderia argumentar que, do mesmo modo, a rejeição também pode diminuir, como diminuiu em 2006. Em tese, sim, mas reverter uma tendência é sempre mais difícil. E a sangria de Lula dessa vez é muito maior do que na época do mensalão.
O melhor argumento dos lulistas é que o eleitor não rejeita apenas Lula. A rejeição aos seus potenciais adversários varia dos 42% de Marina Silva aos 52% de José Serra, com Aécio Neves (44%), Geraldo Alckmin (47%) e Ciro Gomes (45%) no meio – incluídos aí os 7% de eleitores que rejeitam todos os seis.
Toda eleição é uma comparação. E, em especial no segundo turno, uma comparação negativa: a escolha do mal menor.
Portanto, tão importante quanto quem o eleitor mais aprecia é quem ele mais rejeita. Hoje, há muito mais demonstrações públicas de ódio a Lula do que a qualquer outro presidenciável. Tais amostras representam todo o eleitorado? As pesquisas conhecidas não comparam intensidades de ódios múltiplos.
O que a pesquisa Ibope mostra é que a rejeição a Lula foi a única que cresceu desde outubro. A de Marina caiu oito pontos; a de Ciro, sete; a de Alckmin, cinco; as de Aécio e Serra oscilaram negativamente, dentro da margem de erro.
Porém, nenhum dos cinco conseguiu transformar essa menor rejeição em simpatizantes. Todos continuam com taxas de votos “certos” e “potenciais” equivalentes às que tinham em outubro: 41% (13% de “com certeza” mais 28% de “poderia votar”) para Marina, 40% (15% + 25%) para Aécio, 32% (8% + 24%) para Serra, 30% (23% + 7%) para Alckmin, e 19% (4% + 15%) para Ciro.
Onde foram parar os eleitores que deixaram de rejeitá-los? No muro. Agora, dizem que não os conhecem o suficiente para opinar.
Afinal, Lula está vivo eleitoralmente? Ele tem 13% de eleitores exclusivos, que votariam “com certeza” só nele, contra 8% de Aécio e 7% de Marina. O petista pode estar “inelegível”, mas ainda tem cacife para influir decisivamente na eleição.

NA VEJA ON LINE
Lava Jato deflagra nova operação e decreta prisão de João Santana
Batizada de Acarajé, 23ª fase da operação mira relação do ex-marqueteiro do PT com a Odebrecht; mandado contra o publicitário não foi cumprido porque ele está no exterior
Por: Rodrigo Rangel e Laryssa Borges22/02/2016 às 07:32 - Atualizado em 22/02/2016 às 08:16
A Polícia Federal deu início nesta segunda-feira, 22, a mais uma fase da Operação Lava Jato - a 23ª - e mira a relação do marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, como esquema de corrupção instalado na Petrobras. A PF expediu um mandado de prisão contra o publicitário, mas ele não foi detido porque está no exterior, onde trabalha na campanha à reeleição do presidente da República Dominicana, Danilo Medina. Também são alvos da 23ª fase da Lava Jato a empreiteira Odebrecht e o lobista e engenheiro representante no Brasil do estaleiro Keppel Fels, de Singapura, Zwi Skornicki, que também já havia sido alvo das investigações do petrolão por suspeitas de atuar como operador de propinas.
A 23ª fase da Lava Jato, batizada de Acarajé, cumpre 51 mandados judiciais na Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo e atinge em cheio as campanhas presidenciais de Lula e Dilma. Santana trabalhou como marqueteiro nas corridas presidenciais petistas e sua prisão, quando consolidada, deve ampliar ainda mais as discussões sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ao todo, foram expedidos 38 mandados de busca e apreensão, dois de prisão preventiva e cinco de condução coercitiva. A Polícia Federal identificou pelo menos 7 milhões de dólares enviados ao exterior e com relação direta com João Santana.
LEIA MAIS:
Conforme revelou VEJA, durante a nona fase da Lava Jato, investigadores detectaram indícios de que subsidiárias da empreiteira Odebrecht repassaram dinheiro a contas no exterior controladas por João Santana, marqueteiro responsável pelas campanhas que levaram Lula e Dilma a vitórias nas últimas três eleições presidenciais. Os indícios são de que o publicitário recebeu secretamente dinheiro por meio de contas que o Grupo Odebrecht mantinha no exterior para quitar despesas de campanhas do PT.
VEJA também mostrou que, ao analisarem o material apreendido ainda na nona fase da Lava Jato, os investigadores encontraram uma carta enviada em 2013 pela esposa de João Santana, Mônica Moura, ao engenheiro Zwi Skornicki com as coordenadas de duas contas no exterior. Sócia do marido, Mônica indicava uma conta nos Estados Unidos e a outra na Inglaterra.
O envolvimento direto de um marqueteiro em suspeitas de corrupção não é novidade nos mais de 13 anos de governo petista. No auge do escândalo do mensalão, o publicitário Duda Mendonça, que dominava as campanhas petistas na época, admitiu à CPI dos Correios que recebera no exterior o pagamento pelos serviços prestados durante a eleição de Lula.
Propinas - Em acordo de delação premiada, o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco havia apontado Skornicki como responsável por fornecer quase 40 milhões de dólares para abastecer contas de diretores da Petrobras e o caixa do PT entre 2003 e 2013. Segundo o depoimento de Barusco, ao deixar a diretoria de Serviços da Petrobras, em 2013, Renato Duque fez um "acerto" com Skornicki para o recebimento de propinas atrasadas. O montante pago a Duque alcançou 12 milhões de dólares apenas naquele ano, que teriam sido transferidos de uma conta do operador no banco suíço Delta. Skornicki também teria dado 2 milhões de dólares a Barusco.
LEIA TAMBÉM:

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 10/12/2023 - DOMINGO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 05/8/2023 - SÁBADO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 2ª EDIÇÃO DE 08/4/2024 - SEGUNDA-FEIRA