O LEGADO DA VERGONHA

Sonho Ameaçado
Sem prazo de conclusão definido, Centro de Formação Olímpica do Nordeste segue com obras paralisadas
Diário do Nordeste
00:00 · 25.02.2016 / atualizado às 07:34 por Irailton Menezes - Repórter
Iniciada em 2013, CFO tinha conclusão prevista para dezembro de 2014, mas em outubro do ano passado, os trabalhos foram totalmente interrompidos ( Fotos: Kiko Siilva )
Um cenário triste e preocupante. Projetado para ser um dos maiores equipamentos para treinamentos e competições a nível nacional e internacional, o Centro de Formação Olímpica do Nordeste (CFO) vive um verdadeiro dilema. Ainda não se sabe quando as obras serão retomadas, e muito menos, quando será liberado para uso.
Embora esteja 98% concluído, de acordo com a Secretaria do Esporte do Ceará (Sesporte), a situação na parte externa passa um cenário de preocupação. O que se vê são muros pichados, com muito mato ao redor e lixo acumulado.
A comerciante Dacília Almeida mora bem próximo do local há mais de 22 anos e falou sobre o descaso no setor que compreende a pista de skate, que fica aberta ao público. "É lamentável que tudo esteja abandonado. Aqui fora não tem segurança, tem muita sujeira e está tudo danificado. Tivemos que reunir os meninos quem 'andam' de skate para limpar o matagal", disse a moradora.
A estrutura do CFO é integrada à Arena Castelão por meio de uma passarela, a qual está bastante danificada. O acesso, que ainda não foi liberado legalmente para uso, mas que é utilizado por alguns moradores ou torcedores em dias de jogos na praça esportiva, apresenta vidros trincados e quebrados, um deles até arrancado, o que representa um risco enorme para aqueles que se aventuram a utilizar.
"Faz tempo que isso está assim, sem qualquer tipo de zelo ou cuidado. A travessia é muito perigosa, já que alguns vidros estão quebrados e ainda tem o risco dos assaltos. As pessoas não sabem e nem são avisadas de que não podem atravessar", disse um skatista que preferiu não se identificar à reportagem.
Iniciada em agosto de 2013, a obra do CFO tinha conclusão prevista para dezembro de 2014, mas a promessa não foi cumprida pela Galvão Engenharia e um novo prazo foi estipulado: durante o 1º semestre de 2015. Novamente a entrega não aconteceu e a notícia mais triste veio em outubro do ano passado, quando os trabalhos foram totalmente interrompidos.
A situação piorou ainda mais quando a empreiteira pediu rescisão contratual.
Passarela que liga o CFO à Arena Castelão possuí lixo acumulado e está bastante destruída pelos vândalos, com pichações e vidros quebrados, que serviriam como proteção na travessia dos usuários. Local também é utilizado por usuários de drogas
Sem acordo
O titular da Sesporte, Jeová Mota, recebeu a reportagem em seu gabinete e explicou que quando assumiu a pasta, em março de 2015, havia um cronograma para o CFO ser entregue em três meses, mas o prazo foi estendido para agosto e logo depois para setembro. Após meses de promessa, a Galvão Engenharia entrou com pedido de recuperação judicial, devido à Operação Lava Jato e, desta forma, o ritmo dos trabalhos diminuiu.
"Tivemos uma conversa em abril de 2015 e ficou definida uma nova programação e na verdade, quando foi em outubro, a Galvão entrou com um pedido de paralisação e pediu um reequilíbrio financeiro, que não foi permitido e resolveram pedir a rescisão contratual", lamentou.
Expectativa
Jeová Mota garantiu, ainda, que será apresentado, até a próxima sexta-feira (26) um levantamento financeiro de quanto será preciso para a conclusão total do equipamento. "Iremos discutir a estratégia imediata de retomada das obras. Poder inaugurar o equipamento num ano olímpico vai significar muito para gente", complementou.
O prazo de conclusão e entrega do equipamento, no entanto, continua sem previsão.
SAIBA MAIS
Início e valores
A obra do CFO é resultado de <MC1>uma parceria do Governo Federal com o Governo do Estado do Ceará. Compreende 85.922,12m² e teve início em 14 de agosto de 2013 e, de acordo com a Sesporte, o custo total está avaliado em R$ 250,4 milhões
Instalações
Conforme o projeto, o equipamento contará com ginásio com capacidade para 17.100 pessoas sentadas (evento esportivo) e 21 mil (evento cultural), além de alojamentos para até 248 atletas, piscinas, campo e pista de atletismo, entre outros
Utilização
A expectativa é que o novo equipamento será usado para praticantes de até 26 modalidades olímpicas e paraolímpicas como atletismo, natação, badminton, nado sincronizado, basquete, boxe, rúgbi, ciclismo, tênis, handebol, esgrima, tênis de mesa, futebol, tiro com arco, ginástica, triatlo e voleibol.

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