LEIA HOJE NA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
17 DE SETEMBRO DE 2015
Tratada com desdém pela classe política, que já não a respeita e articula seu impeachment, a presidente Dilma também perde contato até com seu criador. Ela tenta há três dias contato com Lula, que não atende e nem retorna as chamadas. O afastamento se deve ao pacote fiscal do governo e principalmente à manutenção do ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), cuja demissão ele recomenda há meses.
Fontes próximas a Dilma e ao ministro Joaquim Levy (Fazenda) afirmam que a presidente está “abalada” com o distanciamento de Lula.
A aliados, Lula tem dito que Dilma “perdeu o controle da situação”. Sua maior preocupação é que o desgaste dela o “contamine”.
A demissão de Mercadante tem sido recomendada por outros aliados de Dilma, sobretudo após seu envolvimento na Operação Lava Jato.
Dilma quis falar com Lula sobre substituir Mercadante pelo assessor Giles Azevedo ou a ministra Kátia Abreu (Agricultura). Ele não retornou.
Além de consolidar o fundo partidário, que só em 2015 vai transferir cerca de R$ 1 bilhão do Tesouro Nacional para os partidos políticos, os deputados aprovaram, na reforma política, outras novidades marotas. Pelo projeto aprovado, os dirigentes partidários – mesmo sem mandato – podem gastar à vontade o Fundo bilionário, do aluguel de jatinhos a marqueteiros, inclusive para pagar despesas de bares, jantares, etc.
Criado com R$ 65 milhões anuais, o Fundo Partidário foi aumentando de valor até saltar de R$ 350 milhões para quase R$ 1 bilhão em 2015.
Ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) elogiaram a reforma política aprovada no Senado. Já o projeto aprovado na Câmara…
Aprovada a toque de caixa, a reforma política da Câmara nem passou pelo crivo de revisor: proíbe em um artigo o que é previsto em outro.
A Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na sede do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), em Brasília, e levou computadores do diretor-geral, Celso Luiz Garcia, suspeito de irregularidades na exploração de pedras preciosas.
As críticas à roubalheira nos governos do PT, que permearam o voto do ministro Gilmar Mendes, ontem, irritaram o presidente do Supremo Tribunal Federal, que, ao final, tratou o colega com incomum rispidez.
Dilma deve ter bronca do ministro Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia). Considera transferi-lo para a pasta de Relações Institucionais, que ele ocupou durante o governo Lula.
A Petrobras anunciou “cortes”, redução de vantagens, etc, mas não esclarece se continuará assaltando o contribuinte para pagar academia de ginástica, remédios e até a faculdade dos filhos dos funcionários.
O líder do governo, José Guimarães (PT-CE), definiu o pedido de impeachment de Dilma como “golpe”. Ironicamente, em 1999, seu irmão, o mensaleiro José Genoino, propôs o impeachment de FHC.
São necessários dois terços, não três quintos, dos deputados para dar prosseguimento ao processo de impeachment na Câmara. A oposição tem 286 dos 342 votos para libertar o País da presidente-âncora Dilma.
Acusado de “achacador” por pelo ex-ministro Cid Gomes, Eduardo Cunha está R$ 50 mil mais rico. Cid foi condenado a indenizá-lo. Para Cunha a condenação é modesta, considerando a gravidade da ofensa.
Não deixou saudades entre funcionários da Secretária de Assuntos Estratégicos a passagem de Mangabeira Unger, que ficou sete meses no cargo. Para eles, arrogância e vaidade são as marcas dele.
Na verdade, Dilma ajudou o ciclista acidentado tão bem quanto tirou o Brasil da crise: ficou em pé em torno da vítima, como outros curiosos.

DO O ANTAGONISTA
Brasil 17.09.15 06:18 Comentários (19)
O Instituto Lula e o PT, segundo o Valor, querem que Dilma Rousseff mude radicalmente a política econômica. O plano da Orcrim é “abandonar o ajuste fiscal em curso e reduzir a taxa de juros na marra”.
A reportagem diz que o projeto depende, antes de mais nada, da demissão de Joaquim Levy e Alexandre Tombini...
Brasil 17.09.15 05:57 Comentários (15)
Sempre que a PF se aproxima de Lula, algum petista repete que, para tirar o Brasil do buraco, Lula e Fernando Henrique Cardoso precisam se trancar numa sala e fechar algum tipo de acordo.
Fernando Henrique Cardoso, ontem, encerrou a questão: ele disse que só aceita se encontrar com Lula depois da conclusão da Lava Jato...
Brasil 16.09.15 22:20 Comentários (24)
Um amigo do Antagonista desencavou um artigo sobre a Petrobras, escrito por Roberto Campos para o Jornal do Commercio, em 1999. O artigo é esplêndido. Tão esplêndido que decidimos dá-lo na íntegra.
Roberto Campos mostra como a criação da Petrobras representou um absurdo, assim como absurda era (é) a manutenção de uma corporação que se servia (serve) de um país, descoberta feita por Murilo Ferreira nos últimos meses.
A leitura do artigo faz refletir se o uso que o PT fez da Petrobras não é quase um desdobramento natural da história da empresa -- o que está longe de ser justificativa para absolver os petistas, e sim mais uma razão para privatizar a Petrobras...
Brasil 16.09.15 21:10 Comentários (55)
A Federação Internacional de Natação está tiririca com a organização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro...
Brasil 16.09.15 19:50 Comentários (51)
Depois da saída de Murilo Ferreira do Conselho de Administração da Petrobras, foi a vez de José Lima Neto renunciar à Presidência da BR Distribuidora, sua subsidiária. Lima saiu de férias e nem voltou, alegando motivo de saúde...
Brasil 16.09.15 19:22 Comentários (94)
O STF retomou hoje o debate sobre a proibição de doações de empresas para candidatos e partidos políticos. A discussão é fruto de uma ação de inconstitucionalidade movida pela OAB contra as doações privadas - a entidade apoia o financiamento público, como tanto quer o PT...
Brasil 16.09.15 19:02 Comentários (54)
O Antagonista denunciou aqui no fim de semana as ameaças sofridas por Augusto Nardes, o relator das pedaladas fiscais de Dilma. Agora o ministro José Eduardo Cardozo determinou à PF que investigue o caso...
Brasil 16.09.15 17:57 Comentários (70)
Lauro Jardim, do site da Veja, publicou que "Joaquim Levy tem revelado cansaço aos mais próximos. Não se trata de fadiga física. Mas cansaço de falar e não ser ouvido pelo governo."
Também estamos cansados de Joaquim Levy mimimi.

NO DIÁRIO DO PODER
PRIVILÉGIOS
MORDOMIA DE ASSESSORA DE MINISTRO DA DEFESA REVOLTA OS VIZINHOS
É POR NOSSA CONTA A MORDOMIA DE ASSESSORA DO MINISTRO DA DEFESA
Publicado: 16 de setembro de 2015 às 22:51 - Atualizado às 00:04
Moradores da superquadra 203 Sul, em Brasília, denunciam, indignados, a mordomia de uma "assessora especial" do ministro da Defesa, Jaques Wagner, que tem à sua disposição durante todo o dia um carro oficial placa branca, que caracteriza veículo de "serviço".
Além de ilegítima, a mordomia é proibida por lei: a assessora privilegiada usa carro de serviço como se fosse de representação, de placa preta, restrito a autoridades.
O veículo do Ministério da Defesa que serve à mordomia da assessora, de marca Logan, tem a placa PAC 5457, e na porta as inscrições "MD – Governado Federal – Poder Executivo – Uso exclusivo em serviço".
Segundo os vizinhos, o motorista vai buscar a assessora em casa pela manhã e a leva de volta à tarde. Vizinhos e contribuintes, eles acham injusto que o dinheiro público seja desperdiçado na mordomia da assessora especial de Jaques Wagner, principalmente nestes tempos de crise. 
Maria Vitória Silveira, que é servidora pública e moradora da 203 Sul, acha a mordomia um disparate. "Esse governo irresponsável da Dilma quer aumentar impostos, recriar a CPMF, impor sacrifícios à população, mas a turma do PT não abre mão dos seus privilégios, nem das mordomias".
"Eles se locupletam de tudo, metem a mão, roubam, adoram mordomias", afirma, entre indignado e resignado, Manoel Messias dos Santos, aposentado e também morador da 203.

COM HUMILDADE, SEM ARROGÂNCIA, PODERÁ DAR CERTO
Carlos Chagas
Como ficará o Brasil, ou o que fará a presidente Dilma, caso o Congresso rejeite ou desfigure a maioria das medidas do pacote econômico anunciado esta semana?
Além de ficar mais aguda a fragilidade do governo, crescerá também a possibilidade de prosperar a proposta do impeachment de Madame. De derrota em derrota parlamentar, vão diminuindo as bases oficiais na Câmara e no Senado, atingindo em especial o PMDB, mas não poupando o PT e outras legendas. Esperada para os próximos dias, a reforma do ministério, com a extinção de pelo menos dez pastas, servirá para engrossar a má vontade de deputados e senadores diante do palácio do Planalto. Aumentam também a insatisfação e a indignação populares contra sacrifícios incapazes de gerar benefícios.
Por tudo isso, desdobra-se o governo para não ser derrotado nos projetos anunciados pela equipe econômica, a começar pela criação da nova CPMF e o aumento de impostos, sem falar na suspensão dos reajustes salariais do funcionalismo público e na proibição de concursos públicos no ano que vem.
O problema é que falta alguém, na Esplanada dos Ministérios, em condições de coordenar politicamente as iniciativas da presidente Dilma. O último a desistir foi o vice-presidente Michel Temer, sendo que Aloísio Mercadante e os demais ministros palacianos não dão conta do recado. Com o Lula afastado, perde espaço até mesmo a hipótese de seu aproveitamento informal.
Numa palavra, a presidente parece cada vez mais isolada. Tem recebido conselhos para zerar tudo, começar de novo, escolher uma equipe totalmente diferente da atual e apelar para a união nacional. O principal obstáculo para essa solução está na própria personalidade dela. Já passaram os tempos dos presidentes tonitruantes e soberbos que tudo sabiam e tudo conduziam, à maneira de Ernesto Geisel. Governar em conjunto parece bem diferente de governar em condomínio, beneficiando partidos que agora ameaçam saltar de banda. Empresariado, centrais sindicais, governadores, intelectualidade, meios de comunicação, entidades religiosas, militares, classe média e até juventude não se negariam, caso sensibilizados, mas será preciso chegar até eles com espírito de humildade, jamais com arrogância.
Caso contrário, deve o país preparar-se para convulsões, como as greves gerais sendo preparadas e as manifestações populares maduras para retornar às ruas.

E 'REPRESENTA CORRUPTOS'
PARA CIRO GOMES, CUNHA É 'O MAIOR VAGABUNDO DE TODOS'
ELE DISSE AINDA QUE CUNHA 'REPRESENTA UMA MAIORIA DE CORRUPTOS'
Publicado: 16 de setembro de 2015 às 17:39
O ex-ministro Ciro Gomes assinou na tarde desta quarta-feira, 16, a filiação ao PDT. Em ato na sede do partido, em Brasília, representantes do partido fizeram menções sobre uma possível candidatura à Presidência em 2018. O primeiro dia no partido veio com uma série de ataques ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e ao governo Dilma Rousseff.
Ciro nega o anúncio com três anos de antecedência de que pode ser candidato em 2018 e diz que chega ao partido para preparar o caminho da militância. "Não entro no PDT para ser candidato a rigorosamente nada", afirmou, ponderando que pode estar habilitado a ocupar o posto. "Eu não posso ficar mentindo e dizer que não quero ser candidato, porque já fui duas vezes, mas não chego no PDT como candidato".
De personalidade tida como forte, Ciro estreou no PDT com críticas ao deputado Eduardo Cunha. "O presidente da Câmara dos Deputados, que hoje infelizmente representa uma maioria de corruptos, é quem tem o juízo de admissibilidade do impeachment", disse, ressaltando que defende a manutenção do mandato de Dilma.
Nesta quarta, seu irmão, Cid Gomes, foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal a pagar R$ 50 mil de indenização por danos morais a Cunha. No início do ano, ele afirmou em seminário que a Câmara tinha entre 300 e 400 achacadores. Depois, confirmou no plenário da Câmara o que havia dito. "(Cid) foi lá e meteu o dedo na cara desse maior vagabundo de todos, que é o presidente da Câmara", afirmou Ciro.
Ciro Gomes disse que seu irmão vai recorrer da decisão "porque quem fala a verdade neste País não pode ser criminalizado" e afirmou que vai analisar o despacho do juiz. "Se ele tiver julgado isso antes de procedimentos mais antigos, ele vai se explicar no Conselho Nacional de Justiça", declarou.
Sobre o atual governo, Ciro disse que Dilma padece de dois problemas: a falta absoluta de projeto e uma equipe muito ruim, a qual apelidou de "organizações Tabajara".
Em agosto, Ciro e o ex-governador do Ceará Cid Gomes, além do grupo político ligado a eles, fecharam acordo de migração do PROS para o PDT. A oficialização da ida de Cid para o partido será no dia 28 de setembro. (AE)

NO BLOG DO CORONEL
16-9-2015
Hoje, em Presidente Prudente, São Paulo, em ambiente controlado onde entraram somente militantes dos movimentos sociais e beneficiários do Minha Casa, Minha Vida, Dilma fez um discurso colocando-se no papel de vítima de um golpe. Seu argumento para acusar as iniciativas de impeachment é justamente o voto que ela roubou com as mentiras da sua campanha, hoje comprovadas tanto pelo eleitor quanto pelas autoridades. A presidente tenta dar legalidade a um voto obtido com tramoias, truques, dinheiro sujo, propina. Bateu o desespero.
FHC respondeu: "Quem sofre a crise não quer dar golpe, quer se livrar da crise. Na medida em que o governo faz parte da crise, começam a perguntar se [o governo] vai durar. Mas não é golpe", afirmou antes de dizer que não sabe quem estaria tentando se aproveitar da crise para chegar a poder. 
Hélio Bicudo, ex-fundador do PT, que produziu o parecer final que está induzindo o processo de impeachment, questionado sobre a fala da presidente Dilma na manhã desta quarta respondeu: "Esse negócio de falar que é golpismo, é golpismo de quem fala. Estamos agindo de acordo com o que a constituição diz". 
O ex-petista também afirmou que preferia a convocação de novas eleições a um eventual mandato exercido pelo vice-presidente Michel Temer. "Temos que ter eleições livres e gerais para escolher um novo presidente", disse, reconhecendo em seguida a dificuldade de se eleger um novo governante na atual conjuntura. 
O jurista Miguel Reale Jr. também rechaçou que haja qualquer tentativa de golpe, e comparou o governo petista à uma "ditadura da propina". "Lutamos contra a ditadura do fuzil e agora lutamos contra a [ditadura] da propina". 
Reale Jr., que foi ministro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e ajudou a redigir petição do impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em 1992, chegou a emitir uma manifestação em maio deste ano afirmando que não havia clima político para o impeachment de Dilma, mas disse que o cenário mudou. "Não teria passado em março, abril. Hoje há ambiente para isso (passar o impeachment em votação no Congresso Nacional). 
Depois da assinatura do documento, os integrantes dos movimentos presentes no cartório entoaram palavras de ordem contra o PT como "Olê, Olê, estamos na rua para derrubar o PT". Eles também levaram miniaturas de bonecos do ex-presidente Lula vestido de presidiário, figura que ganhou o nome de "Puxileco" devido à operação Lava Jato. 
O documento de Bicudo deve ser protocolado na quinta-feira (17), na Câmara. Os movimentados anti-Dilma estão se organizando para fazer um grande ato em Brasília na data em que for marcada a votação do requerimento referente ao impeachment.
POSTADO POR O EDITOR ÀS 19:05:00

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
17/09/2015 às 7:11

NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza - 17/09/2015 05:45
Dilma Rousseff está aborrecida com o ministro Armando Monteiro (Desenvolvimento). Não gostou das críticas que ele fez a um par de tópicos do ajuste fiscal: 1) a diminuição dos repasses a entidades como Sesc, Senac e Sebrae, que compõem o Sistema S; e 2) a redução de 1% para 0,1% do valor que as empresas exportadoras abatem para compensar custos tributários federais residuais por meio do programa Reintegra.
Sobre o primeiro tópico, relativo ao Sistema S, Monteiro disse que merecia um “melhor desenho”. Algo construído por meio de “uma solução negociada”. Sobre o segundo ponto, referente ao Reintegra, o ministro declarou, “de forma muito tranquila, que é um mau sinal”. Por quê? Fere um princípio caro aos negócios: “a previsibilidade das regras.”
Com suas críticas, Monteiro também avacalhou um valioso preceito: a hierarquia. Dilma havia solicitado “unidade” aos seus ministros. No regime presidencialista, como sabem até as crianças de cinco anos, o presidente preside e os ministros seguem suas determinações.
Se discordar de decisões do chefe, o subordinado engole sua divergência a seco ou pede para sair. Se fica no cargo e começa a dizer ou fazer coisas que destoam da orientação superior, ou é mandado para o olho da rua ou faz do inquilino do Planalto um banana. Dilma já perdeu a aura de gerentona. Se ficar só na irritação, se arrisca a virar fruta.

NO PORTAL DA VEJA
Mendes: 'PT instalou financiamento público com dinheiro do petrolão'
Em voto favorável ao financiamento privado de campanhas, ministro do Supremo afirma que o petrolão 'foi um método criminoso de governança que visava à perpetuação de um partido no poder'
Por: Laryssa Borges, de Brasília - 16/09/2015 às 19:25 - Atualizado em 16/09/2015 às 19:52
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), proferiu nesta quarta-feira, 16, um duríssimo voto contra a possibilidade de a Justiça impedir as doações de empresas a partidos políticos e candidatos. Em cinco horas de fala, Mendes criticou o propinoduto montado na Petrobras para perpetuação do Partido dos Trabalhadores e seus aliados no poder.
Foi o segundo voto contrário na Corte no julgamento sobre o financiamento de campanhas eleitorais e partidos por empresas privadas. O ministro Teori Zavascki adotou posição similar. Os ministros Luiz Fux, Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowski, Luis Roberto Barroso, Dias Toffoli e Joaquim Barbosa - já aposentado - se manifestaram contrários à possibilidade de pessoas jurídicas repassarem recursos a candidatos e partidos. O ministro Edson Fachin, por ter sucedido Barbosa, não participa do julgamento.
O STF analisa uma ação direta de inconstitucionalidade apresentada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que contesta trechos da Lei Eleitoral (9.504/1997) e da Lei dos Partidos Políticos (9.096/1995) e que pede que a Corte, além de declarar como inconstitucional a doação de pessoas jurídicas, delimite um teto individual e per capita para que os cidadãos possam fazer doações eleitorais e para os gastos de campanha pelos candidatos. Pelas regras atuais, empresas podem doar até 2% do seu faturamento bruto do ano anterior à eleição. No caso de pessoas físicas, a limitação é 10% do rendimento do ano anterior ao pleito.
A Câmara dos Deputados concluiu recentemente uma votação que autoriza doações de empresas a partidos políticos limitadas a 20 milhões de reais, mas como o tema ainda não foi sancionado pela presidente Dilma Rousseff, hoje ainda valem as regras atuais e o julgamento do STF ganha contornos mais relevantes.
Em seu voto, Gilmar Mendes disse que barrar a possibilidade de empresas repassarem recursos a candidatos institucionalizaria o caixa dois em campanhas. Mais: uma alternativa, a de um teto único para doações de pessoas físicas, abriria, segundo ele, caminho para políticos utilizarem nomes de eleitores que não querem doar para lavar dinheiro de doações fictícias. "Barrar [doações de empresas] seria oficializar a clandestinidade de doações de pessoas jurídicas por meio de caixa dois. Seria praticamente a institucionalização do caixa dois. Se fixar um limite, certamente teríamos beneficiários do Bolsa Família fazendo doação", disse ao cogitar a hipótese da instituição de um "doador laranja".
Em seu voto, o ministro atacou a OAB por supostamente estar defendendo interesses petistas no Supremo e disse que os atuais escândalos de corrupção não podem ser atribuídos à possibilidade de doações empresariais a campanhas, e sim a atitudes individuais de agentes públicos que optaram por cometer crimes. "O que tem, de uma certa forma, maculado o processo democrático brasileiro são os abusos perpetrados pelos candidatos, que podem usam a máquina administrativa em seu favor, cometendo ilícitos que podem ser evitados com o aperfeiçoamento da legislação", disse ele.
Criticado por setores do governo e partidos aliados por ter interrompido o julgamento sobre o tema em abril do ano passado, Mendes disse que se "regozijava" de ter pedido vista porque agora, com os desdobramentos da Operação Lava Jato, sabe-se dos métodos que agremiações governistas usam para engordar os caixas. "As revelações feitas pela mídia dessa Operação Lava Jato dão a dimensão da corrupção do aparato brasileiro. Na verdade, está a indicar um modo de governança em relação a não só uma empresa, mas da maior empresa do Brasil, a Petrobras", afirmou.
"A investigação revela que o patrimônio público estaria sendo saqueado pelas forças políticas. Os recursos serviriam para manter a boa vida dos mandatários, mas não só isso. O esquema é um verdadeiro método de governo: de um lado recursos do Estado fluiriam para as forças políticas, financiando campanhas e, como ninguém é de ferro, o luxo dos atores envolvidos, casas, iates, reforma de apartamento de namoradas, amantes, mães e tudo mais. Foi um método criminoso de governança que visava à perpetuação de um partido no poder", completou ele.
Em seu voto, o ministro também apresentou a tese de que o fim do financiamento privado de campanha tiraria a paridade de armas entre candidatos governistas e de oposição e "aniquilaria" os oposicionistas. E disse que, ao contrário do que defenderam os seis ministros que já votaram contra o financiamento privado de campanha, não se poderia invocar neste julgamento princípios gerais previstos na Constituição, como a tese de que as doações de empresas colocariam em xeque a soberania popular ou o direito de cada eleitor à cidadania. Isso porque, disse ele, "no Brasil o constituinte decidiu não disciplinar a matéria [de financiamento de campanha] em âmbito constitucional", e sim deu liberdade ao Congresso para discutir o tema. Por isso, não haveria violações à Constituição nas doações empresariais de campanha. "A Constituição apenas vedou aos partidos o recebimento de recursos financeiros de entidades ou governos estrangeiros. A Constituição deixou para a legislação ordinária a regulação para o financiamento de eleições", declarou.
Mensalão - Gilmar Mendes voltou a comparar o escândalo da Petrobras ao esquema do mensalão, até então o mais significativo propinoduto da História recente, e ironizou: "o mensalão foi rebaixado no rating de soberania dos escândalos". "O partido político [PT] já se locupletou ao limite e aí quer proibir a doação a outros partidos. O partido do poder já independe de doações eleitorais".
Em forte tom de crítica, o ministro disse ainda que doações individuais de pessoas físicas, se passarem a ser as únicas possíveis, estimulariam uma indústria de alugueis de CPFs para fraudar repasses de eleitores a políticos. Gilmar Mendes ainda voltou a atacar o discurso do PT favorável ao financiamento público exclusivo para campanhas.
"A Petrobras não pode ser assaltada por um grupo de pessoas. A rigor, esse partido é vanguarda porque instalou o financiamento público antes de sua aprovação, com recursos diretamente de estatais para o partido. É um modelo vanguardista. O financiamento público já tinha sido instalado para financiar as atividades partidárias. Dinheiro da Petrobras é dinheiro público", disse. E continuou: "O partido que mais leva vantagem na captação de recursos das empresas privadas agora, como Madre Teresa de Calcutá, defende o encerramento do financiamento privado. Quase me emociona, quase vou às lagrimas. É uma conversão que certamente merece algum tipo de canonização. Será que nos tomam por idiotas? O partido consegue captar recursos na faixa de bilhões de reais continuamente e passa a agora defender bravamente o julgamento da inconstitucionalidade da doação de empresas privadas?", disse.
"Agora entendo o discurso de que a Petrobras é nossa. A Petrobras é nossa no sentido de que nós nos apropriamos da Petrobras. Não é que é nossa do povo brasileiro. E entendo agora porque determinados segmentos partidários fazem defesa tão ferrenha de estatais. É para sua manipulação. É para transforma-la em propriedade própria", atacou o ministro. Gilmar Mendes foi o único votar na sessão plenária de hoje.
Bate-boca - No final da sessão, o secretário-geral da OAB, Cláudio Pereira de Souza, ocupou a tribuna para contestar a afirmação de Gilmar de que a entidade esteja alinhada ao PT ao defender o fim do financiamento privado de campanhas. Souza começou a expor dados de uma pesquisa Datafolha segundo a qual 74% da população seria contra o financiamento privado quando foi interrompido pelo próprio Gilmar Mendes.
O presidente do STF, Ricardo Lewandowski, interrompeu: "Vossa Excelência falou por quase cinco horas. Vamos garantir a palavra ao advogado", disse a Gilmar Mendes. "Eu sou ministro desta Corte. Advogado é advogado", retrucou o magistrado. "Quem preside esta sessão sou eu", replicou Lewandowski, dando a palavra ao representante da OAB. Irritado, Gilmar Mendes deixou a sessão plenária na sequência.


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