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MAIS UM LEGADO DA COPA DE 2014

Valcke recebeu quase R$ 9 mi com venda ilegal de ingressos, acusa empresário
Documentos obtidos pelo jornal 'O Estado de S.Paulo' mostram a participação do secretário-geral da Fifa em fraude na Copa de 2014
17/09/2015 às 14:47 - Atualizado em 17/09/2015 às 14:47
O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, fechou acordos para ficar com 50% dos lucros da venda de ingressos da Copa do Mundo de 2014, em um esquema que ainda incluía um ágio de até 200% sobre o preço de tabela dos bilhetes, revelou nesta quinta-feira o jornal O Estado de S. Paulo. E-mails confidenciais detalham a fraude milionária para a revenda de entradas do Mundial do Brasil. As acusações foram apresentadas por Benny Alon, dono da empresa JB Marketing, que trabalha com a venda de ingressos para os Mundiais desde 1990. Estima-se que Valcke teria lucrado mais de 2 milhões de euros (cerca de 9 milhões de reais) com o esquema.
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Por um acordo com o secretário-geral da Fifa, a empresa de Benny Alon teria direito a 11.000 ingressos de locais "nobres" dos estádios do Mundial, nos principais jogos da Copa (incluindo todos os jogos da seleção brasileira e a final no Maracanã), que seriam revendidos por um preço até quatro vezes superior ao do mercado. O acordo fechado era de que o valor da revenda seria repartido em 50% entre a JB e o dirigente francês.
Ingressos para os três primeiros jogos da Alemanha na Copa, com valor de 190 dólares estavam sendo vendidos por 570 dólares, com total conhecimento da Fifa. Para os jogos das oitavas de final, ingressos de 230 dólares eram vendidos por 1.300 dólares. Cinquenta dessas entradas eram para jogos em São Paulo.
Em dezembro de 2013, Alon foi chamado para uma reunião na Fifa alertando que o contrato teria de ser modificado. A explicação veio dois dias depois, com a alegação de que, pela lei brasileira, uma empresa não poderia apenas vender entradas. Ela teria de vender pacotes de hospitalidade. Quem detinha os direitos nesse caso era a empresa Match, que substituiu a Fifa no contrato com a empresa de Benny Alon.
Jérôme Valcke alertou, em um dos e-mails, para Alon aceitar a mudança: "Se você perguntar para advogados, nada vai acontecer. Você, eu, não temos opção. Caso contrário, o acordo será cancelado pela Fifa ou todos nós enfrentaremos, como pessoas, processos criminais. Isso não é uma piada. É muito sério".
Em 2014, a JB descobriria que o acordo tinha sido uma fraude. Quando os ingressos começaram a ser entregues pela Match para Alon, os locais nas arquibancadas não eram os que tinham sido combinados e os assentos eram mais baratos.
"A JB não recebeu nem de perto o que havia sido combinado", acusou Alon, que entrou em colisão com a Match depois de receber bilhetes em setores que não correspondiam aos acordos iniciais. A carga de ingressos era de menos 8.000. O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso a e-mails que comprovam o esquema. Neles, Valcke utilizava a palavra "documentos" para se referir a "dinheiro vivo".
Catar - As denúncias feitas pelo empresário Benny Alon contra Valcke também se referem à escolha do Catar como sede da Copa de 2022. Alon diz ter sido avisado pelo dirigente de que o emirado ganharia a eleição, oito meses antes do anúncio oficial.
O Catar foi eleito sede da Copa em dezembro de 2010. No entanto, em 29 de abril de 2010, Alon viajou até Zurique para um almoço com Valcke para fechar um acordo entre a Fifa e a JB Marketing. O empresário pretendia vender ingressos por quatro Mundiais, entre 2010 e 2022, com a condição de que a Copa de 2022 ocorresse nos Estados Unidos.
Valcke, no entanto, surpreendeu o empresário. "Ele me disse: você negociou bem. Mas vocês não terão ingressos para 2022. Esse Mundial ocorrerá no Catar", contou Alon. Segundo o empresário, Valcke teria dito que o Catar "deu tanto dinheiro que não se poderia negar-lhes o Mundial".
Alon respondeu que os americanos estariam prometendo vender todos os ingressos para todos os jogos se o Mundial fosse nos EUA, em 2022. "Mas o Emir do Catar escreveria um cheque pagando por todos os ingressos", teria respondido Valcke. Em setembro de 2010, o secretário-geral da Fifa repetiria o alerta, numa mesa de um restaurante.
O empresário ainda acusou o diretor-gerente da empresa ISE, Haruyuki Takahashi, de ter solicitado a ele 2 milhões de euros para dar "um presente" para Joseph Blatter, presidente da Fifa. Antes de trabalhar para a JB Marketing, Alon era gerente da ISE.
"Eu questionei Takahashi pelo motivo e ele apenas me disse que teria de dar um presente diante de uma visita do suíço para o Japão", contou Alon, que se recusou a entregar o dinheiro. Em meados de 2005, Blatter de fato viajou até o Japão e anunciou que a Sony seria a nova parceira da Fifa.
(Com Estadão Conteúdo)
Do `Portal da Veja

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