DA MÍDIA SEM MORDAÇA
NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
09 DE AGOSTO DE 2015
O Planalto atribui ao deputado Eduardo Cunha a decisão do PDT de afastar-se da bancada governista, na Câmara. O líder do Governo, deputado José Guimarães (PT-CE), já atuava contra o PDT, que tem as benesses de partido governista, mas no plenário mantém atitude “independente”. A ideia de Guimarães e de dez e cada dez petistas é fazer Dilma substituir o ministro Manoel Dias (Trabalho), do PDT.
Espanta, nas brigas do PT, é que o governo anda pela “bola sete” e não está exatamente em condições de hostilizar partidos aliados.
Houve reuniões muito tensas entre PT e PDT, em que não faltaram acusações de “traição” de pedetistas e da “soberba” de petistas.
Manoel Dias, o ministro do Trabalho cuja gestão foi alvo de várias operações da PF, é considerado no Planalto um “zero à esquerda”.
O governo e o PT acham grave que Carlos Lupi, dono e presidente do PDT, mande mais no ministério que o titular, Manoel Dias.
O governo Dilma torrou, em apenas sete meses, R$ 34,9 milhões nos cartões de pagamento federais, os “cartões corporativos”. A conta, que tem mais de 90% do detalhamento de gastos escondidos sob a lorota de garantir a “segurança da sociedade e do Estado”, é do contribuinte. A Presidência, incluindo a Agência Brasileira de Inteligência, é quem mais esbanja com os cartões: R$ 9,2 milhões gastos, e tudo sigiloso.
Os ministérios da Justiça (com a Polícia Federal) e do Planejamento (com o IBGE) gastaram R$ 8,7 milhões e 3,7 milhões respectivamente.
O gabinete do vice e articulador-geral, Michel Temer, gastou modestamente, para os padrões Dilma: R$ 344,7 mil de janeiro a julho.
Os mais de R$ 34,9 milhões gastos pelo governo em 2015 representam despesas de apenas 29 dos 39 ministérios do governo Dilma.
O Planalto não contava com a deserção do PTB na Câmara. Apostava no caráter complacente do partido, cujo líder, deputado Jovair Arantes (GO), há muito se queixa do tratamento do governo Dilma.
Outro partido indócil é o PP: seus 39 deputados estão na fila da desfiliação governista. Eles reclamam de Dilma, do PT e se queixam de terem sido escolhidos como “bodes expiatórios” do petrolão.
“Só haverá risco de derrota se formos traídos”, avisou o líder do DEM, Mendonça Filho (PE). Ele diz acreditar no presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que garantiu presidência da CPI dos Fundos ao DEM.
Delegados da Polícia Federal surfam na onda de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Pedem apoio para a Câmara aprovar uma PEC que eleva os salários dos delegados para o teto do funcionalismo público.
Tucanos evitam apoiar publicamente o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, temendo desgaste caso o Ministério Público o denuncie na Lava Jato. Nos bastidores, as reuniões e acordos seguem o fluxo normal.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) fez questão de comemorar a prisão do ex-ministro José Dirceu na Lava Jato. Foi ovacionado na Câmara ao dizer que Dirceu “está fazendo milhagem no avião da PF”.
Tem torcida e militância o aplicativo Uber. Após o governador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) vetar a lei que pretendia proibi-lo, o serviço bateu todos os recordes: Brasília passou o dia passeando de Uber.
Os vegetarianos podem comemorar. Foi instalada na Câmara a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Maus-Tratos aos Animais. Deverá ser a primeira CPI que vai terminar em pizza... vegana.
‘Nunca antes na história desse País’ um partido defendeu aberta e sistematicamente presos e criminosos condenados na Justiça.
NO DIÁRIO DO PODER
SOBRA APENAS O TIRIRICA
Carlos Chagas
Desde tempos imemoriais que a vida revela-se sempre mais fascinante do que a ficção. Alguém poderia supor ter a República sido proclamada por uma disputa de namorada entre o marechal Deodoro da Fonseca e o senador Gaspar da Silveira Martins? Ou que Epitácio Pessoa se tornaria presidente da República por encontrar-se em Versailles, representante do Brasil na conferência de paz depois da primeira guerra mundial? Mesmo como pesadelo, imaginou-se Getúlio Vargas ficar quinze anos no poder, até como ditador, na primeira vez, entrando na segunda por meter uma bala no peito? Que Jânio Quadros renunciaria sete meses depois de sua apoteótica eleição? Ou que os militares permaneceriam 21 anos no poder sem disparar um tiro? Imaginou-se Fernando Collor defenestrado? Tancredo Neves morto antes de assumir?
É a vida superando de muito a ficção. Por isso, surge a pergunta: Dilma Rousseff concluirá seu mandato em meio a uma das mais violentas crises econômicas e políticas de nossa História? E quem ocupará a presidência da República na hipótese de Madame renunciar ou ser submetida ao impeachment?
Dentro da ortodoxia constitucional, o vice Michel Temer, mas apenas se o Tribunal Superior Eleitoral não anular o resultado das eleições do ano passado por uso de dinheiro podre na campanha. Nessa hipótese, duas alternativas: assumiria o segundo colocado, Aécio Neves, para completar o período de governo, ou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, teria 90 dias para convocar novas eleições diretas, se a vaga se abrir na primeira metade do atual mandato. Na segunda, o Congresso elegeria o presidente-tampão.
Em matéria do nomes, primeiro os clássicos. O Lula seria candidato do PT e penduricalhos. Aécio poderia lançar-se pelas oposições, mas Geraldo Alckmin está nos seus calcanhares. Porque não José Serra?
A ficção perderia para a vida caso abertas possibilidades fora do quadro partidário, imprevistas mas possíveis: Joaquim Barbosa, posto em sossego? Rodrigo Janot, em fase ascendente? Que tal Sergio Moro, esperança bem nascida?
Dos atuais governadores, exceção de Alckmin, situado em via partidária, não sobra ninguém em termos de performance e liderança. Buscar opções nas igrejas evangélicas ou num cardeal assemelha-se a impossibilidade, assim como mais irreal parece um general no poder.
Passou o tempo dos salvadores da pátria emergindo do imponderável. Muito menos dos recursos ao passado da Monarquia ou do parlamentarismo. Sobra o Tiririca...
NO O ANTAGONISTA
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