DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
04 DE AGOSTO DE 2015
Policiais paulistas custam a acreditar que houve mesmo um “atentado a bomba” à sede do Instituto Lula, dias atrás, e apuram inclusive se tudo não passou de “armação” de petistas para desviar a atenção da Lava Jato e das manifestações marcadas para o próximo dia 16, em todo o País, contra o governo Dilma. “Não podemos descartar nenhuma hipótese”, adverte um dos delegados envolvidos na investigação.
Policiais desconfiam da bomba, caseira; do local, na calçada; e do horário do suposto atentado: nessa hora já não há ninguém no Instituto.
Em março, véspera de outra mobilização nacional contra o governo Dilma, houve “atentado” semelhante à sede do PT em Jundiaí (SP).
Policiais civis investigam “armação” no suposto atentado, mas também não descartam que um grupo de extrema direita tenha atirado a bomba.
O suposto atentado coincidiu com a negociação de delações premiadas de Renato Duque (ex-Petrobras) e João Vaccari (ex-tesoureiro do PT).
Em 25 de maio, esta coluna registrou espanto pelo fato de a Lava Jato ainda não haver chegado ao lobista Fernando Moura, um dos principais parceiros de José Dirceu, ex-ministro do governo Lula. Com a prisão de Moura, na 17ª fase, já não há motivo para espanto. Moura é tão ligado aos esquemas de corrupção do PT que identificou, entrevistou e sugeriu Renato Duque para a diretoria de Serviços da Petrobras.
Renato Duque colocou a diretoria de Serviços da Petrobras dedicada aos interesses do PT no Petrolão. Deu no que deu.
Muito discreto, o lobista Fernando Moura acabou deixando o Brasil há vários anos, fixando residência em Miami.
Fernando Moura foi chefe do lobista Milton Pascowitch no Petrolão. A delação premiada de Pascowitch ajudou a PF a chegar a Moura.
Em Brasília, há expectativa de novas prisões e mandados de busca no âmbito do PMDB, ainda esta semana, a partir da delação premiada – em curso – do lobista do partido, Fernando Baiano.
Investigadores da Lava Jato acreditam que Duque pode ser o elo entre políticos, e não partidos, no esquema. O Ministério Público Federal espera conseguir novos nomes e provas, após a 17ª fase da operação.
A nova prisão do ex-ministro José Dirceu movimentou a Esplanada: na Câmara e no Senado, governistas corriam de um lado para o outro no primeiro dia de volta do recesso. No governo, bateu o desespero.
Petistas dizem que a nova prisão do ex-ministro do governo Lula, José Dirceu é mais uma pá de terra na cova do partido, que vive clima de “terra arrasada”, após as investigações da Lava Jato, da PF.
A oposição resolveu não dar trégua ao governo. Vai aproveitar a prisão de José Dirceu para mostrar ligações dele com Lula e Dilma. A ideia é insuflar a sociedade e fortalecer as manifestações de 16 de agosto.
Passa de 131 mil o número de confirmações na internet para a manifestação contra o governo Dilma, no próximo dia 16, em frente ao MASP, em São Paulo. Será o “termômetro” que a oposição espera.
O partido que mais gastou com alimentação na Câmara dos Deputados foi o PMDB, cujos deputados torraram R$ 1,066 milhão de fevereiro a junho. É seguido por PT, com R$ 829,7 mil, e PR, com R$ 563 mil.
O governo Rodrigo Rollemberg continua com saudade do ex-secretário Hélio Doyle. Circulou nesta segunda (3) que ele poderia retornar ao governo. Doyle, no entanto, já não tem o menor interesse.
Parece que agosto só terminará em dezembro, depois da prisão de José Dirceu abrindo o mês na Lava-Jato. E haverá mais esta semana.

NO DIÁRIO DO PODER
PROFISSIONAL DA CORRUPÇÃO
MORO DIZ QUE DIRCEU TEM ‘HABITUALIDADE DO CRIME’
JUIZ DESTACA QUE O MENSALEIRO ‘PERSISTIU’ NA CORRUPÇÃO
Publicado: 03 de agosto de 2015 às 17:26
O juiz federal Sérgio Moro, que conduz todas as ações penais da Operação Lava Jato, afirmou no decreto de prisão de José Dirceu que a prova do recebimento de propinas pelo ex-ministro-chefe da Casa Civil (Governo Lula) mesmo durante o julgamento do Mensalão ‘reforça os indícios de profissionalismo e habitualidade na prática do crime’. Para o juiz da Lava Jato, a conduta de Dirceu ‘recomenda, mais uma vez, sua prisão para prevenir risco à ordem pública’.
Dirceu foi preso na manhã desta segunda-feira, 3, em Brasília, onde já cumpria prisão em regime domiciliar como condenado do Mensalão. Sua prisão, no âmbito do escândalo Petrobrás, foi ordenada em caráter preventivo, ou seja, agora ficará em regime fechado em Curitiba, base da Lava Jato.
O juiz Moro aponta para o risco de o ex-ministro dissipar patrimônio adquirido com recursos desviados de contratos da estatal petrolífera. “Tratando-se, ainda, de propinas milionárias e não tendo havido ainda a identificação completa de seu destino final, persiste o risco de que os ganhos sejam lavados ou dissipados no curso das investigações ou da ação penal, afetando as chances de sequestro e confisco.”
Para Moro, “o apelo à ordem pública, seja para prevenir novos crimes, seja em decorrência de gravidade em concreta dos crimes praticados, já bastaria à manutenção da preventiva”. No caso Petrobrás, segundo o juiz, ‘há um detalhe adicional’.
José Dirceu de Oliveira e Silva foi condenado criminalmente pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal por crimes de corrupção passiva na Ação Penal 470 (Mensalão), em julgamento finalizado em 17 de dezembro de 2012. Ele foi preso em 15 de novembro de 2013. Em 28 de outubro de 2014, o STF autorizou o cumprimento do restante da pena de Dirceu em prisão domiciliar.
“As provas são no sentido de que (Dirceu) estava envolvido no esquema criminoso que vitimou a Petrobrás enquanto já respondia, como acusado, a Ação Penal 470, e que persistiu recebendo vantagem indevida durante todo a tramitação da ação penal, inclusive durante o julgamento em Plenário, o que caracteriza, em princípio, acentuada conduta de desprezo não só à lei e à coisa pública, mas igualmente à Justiça criminal e a Suprema Corte.”
Moro ressalta que enquanto os ministros do STF ‘discutiam e definiam, com todas as garantias da ampla defesa, a responsabilidade de José Dirceu pelos crimes, alguns deles, aliás, sendo alvo de severa crítica pública por associados ao ex-ministro da Casa Civil, o próprio acusado persistia recebendo vantagem indevida decorrente de outros esquemas criminosos, desta feita no âmbito de contratos da Petrobrás’.
O juiz destaca que os prejuízos decorrentes do escândalo na Petrobrás são muito superiores aos do Mensalão. “Embora aquele caso (Mensalão) se revestisse de circunstâncias excepcionais, o mesmo pode ser dito para o presente, sendo, aliás, os danos decorrentes dos crimes em apuração muito superiores aqueles verificados no precedente citado. Necessária, portanto, a prisão preventiva para proteção da ordem pública, em vista da gravidade em concreto dos crimes em apuração e da necessidade de prevenir a sua reiteração, já que o esquema criminoso sequer se restringiu à Petrobrás.”
O magistrado chamou a atenção para o fato de José Dirceu ter desativado sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria – pela qual recebeu pelo menos R$ 39 milhões supostamente valores de propinas – quando a Lava Jato já fechava o cerco a ele. Para Moro, o risco de recebimento sem interrupção de propinas não foi eliminado pelo fato de Dirceu ter, ao longo de 2015 e mesmo após à divulgação da notícia de que estaria sendo investigado na Operação Lava Jato.
O juiz faz menção ao lobista Milton Pascowitch, delator da Lava Jato que revelou como José Dirceu recebia propinas. “As provas são no sentido de que ele (Dirceu) teria recebido apenas parte da propina por intermédio de simulação de contratos de consultoria da referida empresa (JD Assessoria e Consultoria), enquanto outra parte foi recebida subrepticiamente conforme descrições detalhadas e, no que foi possível documentadas, de Milton Pascowitch.” (AE)

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
03/08/2015 às 20:41 \ Direto ao Ponto
“E se for absolvido no Supremo, como é que fica?”, pergunta José Dirceu no vídeo de 5:52min (https://youtu.be/ry7m2183Eu0) que reproduz alguns trechos do Roda Viva transmitido pela TV Cultura em novembro de 2010. O entrevistado parecia convencido de que, se o processo do mensalão algum dia fosse julgado, seria inocentado por um tribunal majoritariamente composto de Lewandowskis e Toffoli. Ao longo do programa, sempre caprichando na pose de guerreiro do povo brasileiro, mentiu com a convicção dos que se acham condenados à perpétua impunidade.
As perguntas foram muito melhores que as respostas, comentei no último bloco. Os devotos da seita lulopetista, claro, viram outro programa. “O Dirceu acabou com você!”, berraram incontáveis milicianos entre insultos e risadas eletrônicas igualmente obscenas. “Vai pra casa, tucano!, ordenaram outros tantos cretinos fundamentais. Continuo onde estive nos últimos seis anos. Dirceu foi para a cadeia, conseguiu escapar da Papuda para cumprir o resto da pena no recesso do lar. Nesta segunda-feira, voltou a dormir numa cela.
De novo, ele terá de optar entre o silêncio e a confissão. No caso do Mensalão, a mudez de Dirceu manteve Lula longe do banco dos réus. Talvez recupere a fala agora que voltou ao centro do pântano a bordo do Petrolão. Ele sabe que o juiz Sérgio Moro é bem menos compassivo que a bancada governista do STF. Descobriu o que é envelhecer na gaiola. Vai escolher entre a submissão a Lula e a vida em liberdade.
A epidemia de insônia desencadeada no coração do poder pela segunda prisão de Dirceu adverte: no terceiro dia do mês, o agosto de Lula e Dilma começou.

03/08/2015 às 19:19 \ Direto ao Ponto
A volta de José Dirceu à prisão ofuscou o regresso ao noticiário político-policial de Leonardo Attuch, um comerciante disfarçado de jornalista que prospera com o site Brasil 274 (podem chamar de 171 que ele atende). O título da reportagem do site de VEJA sobre a reincidência do meliante sem cura faz o resumo da ópera: MORO: BRASIL 247 RECEBEU DINHEIRO DO PETROLÃO A PEDIDO DO PT. O texto informa que o intermediário da negociata foi o companheiro João Vaccari Neto.
Os leitores da coluna não têm o direito de surpreender-se. Em outubro passado, um post aqui publicado revelou as ligações mais que promíscuas entre Attuch e o doleiro Alberto Youssef. O blogueiro que caiu na vida murmurou que revidaria a denúncia com uma ação judicial que, passados 10 meses, ainda não deu as caras. Nem dará: réus vocacionais querem distância de tribunais.
O blogueiro extorsionário especializou-se na produção de textos abjetos sobre jornalistas independentes, aos quais se seguem “comentários” que difamam, caluniam e injuriam quem ousa criticar o governo lulopetista. “A prudência recomenda a Attuch suspender o serviço sujo e procurar a ajuda de um advogado excepcionalmente imaginoso”, sugeri em outubro. “Vai precisar de um álibi e tanto para escapar do enquadramento no Código Penal”.
A última frase exige reparos. Pelo que se soube hoje, pelo que ainda falta saber, Attuch vai precisar de um balaio de álibis e de uma junta de advogados especialistas na absolvição de culpados. Mesmo assim, é improvável que se livre de dividir com o comparsa Vaccari uma cela na cadeia em Curitiba.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
04/08/2015 às 5:25
Se não houver uma alteração de última hora, o programa político do PT vai ao ar depois de amanhã, dia 6, com a presidente Dilma e o partido estreitando-se, como na poesia, num abraço insano, em horário nobre. O país deve ouvir, então, o maior panelaço-apitaço da História, numa espécie de avant-première dos protestos do dia 16 de agosto. Se o governo achava que, com Eduardo Cunha (PMDB-RJ) contra as cordas, teria alguma folga, então é porque ignora a dinâmica da realidade.
A prisão de José Dirceu, agora pela atuação no escândalo do Petrolão, faz a crise atingir um novo patamar e, mais uma vez, a exemplo do mensalão, bate à porta de Lula. Nem tanto porque os dois fossem íntimos — o que, a bem da verdade, nunca foram —, mas porque ambos sempre ocuparam posições de mando, formais ou informais, na organização que lhes garante o poder: o PT.
E há mais estragos à vista. Marlus Arns, o novo advogado constituído por Renato Duque, homem do partido na Petrobras, negocia os termos de sua delação premiada. Seus outros defensores, por discordarem do procedimento, abandonaram a causa. Tido habitualmente como homem de Dirceu na Petrobras, é evidente que todos reconhecem nessa qualificação de Duque só um modo de dizer. Dirceu não dispunha um exército privado na legenda. Os “seus homens” eram os “homens do PT”. Ainda que possa ter usado as posições de mando ou de influência para obter benefícios pessoais, todos reconheciam nele uma personagem a serviço de uma causa.
E essa “causa”, obviamente, tinha um chefe: Luiz Inácio Lula da Silva. Imaginar que ele passará incólume também por essa avalanche desafia o bom senso. A fala de Roberto Podval, defensor de Dirceu, segundo quem seu cliente é um “bode expiatório”, pode traduzir um sentido muito específico, intencional ou não: o ex-minstro não deixa de ser oferecido como uma espécie de elemento ritual que purga todas as culpas do PT, inclusive as que não são suas (do próprio Dirceu) — ou, vá lá, não são exclusivamente suas. O ex-ministro não era o dono de um partido dentro do partido. Quem acredita nisso?
Li em algum lugar que o juiz Sergio Moro estaria espantado com a abrangência do esquema criminoso. Quem conhece a forma com se organizou o PT e os seus valores não está, de modo nenhum, espantado. Já a ousadia e o desassombro, ancorados na certeza da impunidade, isso, sim, chama a atenção. Os dados da investigação que vêm à luz indicam que o processo do Mensalão, embora ocupasse o noticiário com força avassaladora, não intimidou de nenhum modo a turma. Ao contrário: parece ter lhe excitado a imaginação para descobrir caminhos novos para a falcatrua.
É evidente que a coisa toda assume uma perspectiva que chega a ser apavorante. A promiscuidade entre políticos, empreiteiros, lobistas e toda sorte de intermediários passou por uma devassa na Petrobras e talvez seja esmiuçada na Eletrobras, mas cabe a pergunta óbvia: há alguma razão objetiva para que as coisas tenham se dado de maneira diversa nas demais áreas do governo? A resposta é, obviamente, negativa. Se as personagens eram as mesmas, se os mesmos eram os métodos, e se também não variava a forma de ocupação dos cargos públicos, por que haveria de ser diferente?
O PT constituiu um estado dentro do estado. O PT criou um governo dentro do governo. O PT governou um outro Brasil dentro do Brasil. O PT expropriou a população dos bens do seu País. O PT usou a Democracia para tentar solapá-la.
Nada escapou do governo paralelo. Milton Pascowitch, por exemplo, que fez delação premiada, afirmou à Justiça ter entregado na sede do PT, em São Paulo, R$ 10,532 milhões de propina em dinheiro vivo. Desse total, R$ 10 milhões seriam relativos a um contrato da Engevix com a Petrobras para construir cascos de oito plataformas do pré-sal. Os outros R$ 532 mil seriam parte da propina em razão do contrato da empreiteira com o governo para as obras de Belo Monte.
Vejam que coisa: pré-sal, Belo Monte, refinarias da Petrobras… Eram os projetos nos quais se ancorava o discurso ufanista do lulo-petismo, que sempre teve, sabemos, uma gerentona, que acabou sendo vendida ao distinto púbico como a mãe dos brasileiros, a “Dilmãe”, não é assim?
Os que imaginam que Dilma pode ficar por aí — como Marina Silva, por exemplo — vão indagar onde está a digital da presidente ordenando esta ou aquela falcatruas ou, ao menos, condescendendo com elas. Se Dilma se ocupasse só de uma função técnica no governo, talvez a gente pudesse se contentar com o escopo apenas penal de sua atuação. Mas ela é uma liderança política. Ocupa a Presidência da República e é, queira ou não, produto dessa máquina corrupta que tomou conta do estado. Eleita e reeleita, foi sua beneficiária direta, uma vez que a estrutura criminosa financiava também o processo eleitoral.
Se Lula não tem para onde correr, Dilma tampouco tem onde se refugiar. Ocorre que, no momento, o País é, em parte, refém das prerrogativas que detém a mandatária. Por isso mesmo, ela tem de libertar o Brasil, ou o Brasil tem de se libertar dela.
Presidente, é preciso saber reconhecer o momento: acabou!
Texto publicado originalmente às 3h28
Por Reinaldo Azevedo

04/08/2015 às 5:21
A presidente Dilma, em meio à confusão, recebeu nesta segunda à noite presidentes e líderes de partidos da base aliada para um churrasco no Palácio da Alvorada. Tem lá a sua graça, vamos admitir, no dia em que o PT recendeu literalmente a carne queimada, com a prisão de José Dirceu — nome proibido no encontro. A ordem do Planalto é para que o governo fique distante do assunto. O Zé que se vire. “O primeiro dever do estadista é a ingratidão”, teria dito Charles de Gaulle. Só falta a Dilma, agora, ser estadista. Segundo os presentes, a governanta quis deixar claro que está disposta ao diálogo — bem, caberia perguntar se ela tem alternativa.
Um dos convivas chegou a sugerir que até mesmo um diálogo com Eduardo Cunha estaria entre as possibilidades — a questão é saber se ele quer. Enquanto o churrasco acontecia, o presidente da Câmara (PMDB-RJ) se ocupava de outra coisa: a composição das duas CPIs, já aprovadas, que apavoram o governo: a do BNDES e a dos fundos de pensão.
Ao Globo, Cunha disse não ver óbice em que possam eventualmente ser comandadas pela oposição. Embora tenha lembrado que o bloco liderado pelo PMDB tem preferência na escolha dos cargos por ser o maior, especulou sobre a possibilidade de oposicionistas assumirem as comissões: “Se estiver dentro de cada bloco e for cedido, em composição com os outros partidos do bloco, não é nada impossível. Até porque tem que acabar com essa história. No ano passado, a CPI dos cartões corporativos, o PSDB presidiu. Não tem nada demais, qual o problema?”.
Se, no churrasco da carne queimada, Dilma voltou a pedir o apoio dos líderes da base contra a chamada pauta bomba, Cunha negava a existência do, digamos, explosivo político: “Essa história de dizer que tem pauta bomba é para constranger a gente para não exercer o papel que estamos exercendo. Os projetos vão para o plenário com o consenso do colégio de líderes. Não existe esse negócio de que eu sou o dono da pauta e faço a pauta de acordo com a minha vontade, que tenho o intuito de retaliar o governo pela minha posição de oposição”.
Uma informação objetiva, reconhecida até pelos adversários de Cunha: ele, de fato, é absolutamente fiel ao que é decidido pelo colégio de líderes. O problema é que a interlocução do governo é um desastre.
Enquanto Dilma desfilava sua tranquilidade no Churrasco da Ilha Fiscal, Cunha cobrava medidas efetivas de governança. Defendeu o corte de ministérios e de cargos comissionados: “Se o governo não faz sua parte, não dá exemplo, não pode cobrar dos outros, seja através de aumento de impostos ou outros pacotes de gastos. O governo não cortou despesas, cortou investimentos. Agora, que não corte só os ministérios que não sejam do PT”, afirmou.
Entre uma picanha e uma maminha, Dilma procurou aparar as pelancas da ingovernabilidade com representantes dos partidos da base. Falta agora combinar com os russos.
Por Reinaldo Azevedo

NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza - 04/08/2015 05:45
O despacho em que o juiz Sérgio Moro mandou prender José Dirceu foi lido com lupa num gabinete do Palácio do Planalto. A autoridade destacada para percorrer as 37 páginas do documento concluiu que, na Operação Lava Jato, o fundo do poço é apenas uma etapa. Dissemina-se entre os auxiliares de Dilma Rousseff a impressão de que o escândalo atravessará a próxima sucessão presidencial, em 2018.
Operação Lava Jato da PF203 fotos201 / 203
3.ago.2015 - O ex­-ministro da Casa Civil José Dirceu foi preso nesta segunda-­feira (3) em nova fase da operação Lava Jato, em Brasília. Essa é a 17ª fase da Lava Jato, denominada "Pixuleco", e ocorre em Brasília e nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Segundo a PF, os presos deverão ser levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR), onde permanecerão à disposição da 13ª Vara da Justiça Federal Leia mais Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
“Há uma fundada suspeita de que o esquema criminoso vai muito além da Petrobrás”, anotou Sérgio Moro num trecho do despacho. Ele realçou que o assalto “foi revelado, em detalhes, em depoimentos prestados por diversos criminosos colaboradores.” Empilhou quatro exemplos.
1. “Pedro Barusco, ex-gerente executivo da Área de Engenharia da Petrobras, […] já declarou que o esquema criminoso foi reproduzido na SeteBrasil e já há alguma prova de corroboração nesse sentido…”
2. “Paulo Roberto Costa declarou em Juízo que a mesma cartelização das grandes empreiteiras, com a manipulação de licitações, ocorreria no país inteiro.”
3. “Dalton dos Santos Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa, declarou que o mesmo esquema criminoso foi reproduzido na Eletrobras Termonuclear – Eletronuclear, inclusive relatando acordos para pagamentos de propina no segundo semestre de 2014, quando as investigações da assim denominada Operação Lava Jato já haviam se tornado notórias.”
4. “O mesmo Dalton Avancini, em seu acordo de colaboração, também revelou acordos de pagamentos de propina envolvendo a Camargo Corrêa, a Andrade Gutierrez e a Odebrecht nos contratos de construção da hidrelétrica de Belo Monte.''
Nesta segunda-feira (3), escalado como porta-voz da reunião do núcleo de coordenação política com Dilma, o ministro Jaques Wagner (Defesa) foi instado a comentar a prisão de Dirceu. Disse que é preciso conciliar “dois canais paralelos.” Num, “as investigações seguem”. Noutro, “o país também segue, com suas empresas funcionando e com a economia funcionando. O ambiente é que a gente tem que tentar melhorar para estimular investidores e estimular a própria economia a crescer.''
O ministro disse que suas palavras não devem ser confundidas com um ataque à investigação. “Não tem nada contra, até porque não tem como ser contra. A sequência da investigação vai ser dar, até que chegue aos tribunais últimos, e vai ter que ter um desfecho, porque tudo tem um desfecho.”
Vale a pena ouvir mais um pouco de Jaques Wagner: “O que eu estou falando só é que a gente dorme e acorda sempre com uma notícia dessa. Então, do ponto de vista do ambiente de negócios, esta é minha preocupação maior. Se a gente está precisando de uma retomada, a gente precisa de um grau de estabilidade para que os investimentos ocorram normalmente.''
O problema é que, na Era petista, a normalidade tornou-se insuportável. O leitor palaciano grifou um trecho de Sérgio Moro: “Há […] vários elementos probatórios que apontam para um quadro de corrupção sistêmica, nos quais ajustes fraudulentos para obtenção de contratos públicos e o pagamento de propinas a agentes públicos, bem como o recebimento delas por estes, passaram a ser pagas como rotina e encaradas pelos participantes como a regra do jogo, algo natural e não anormal.”

NO O ANTAGONISTA
Brasil 04.08.15 06:29 Comentários (35)
De acordo com o delator Milton Pascowitch, o PT não roubou apenas 10 milhões de reais da Petrobras.
Roubou também 532,7 mil reais de Belo Monte...ver mais
Brasil 04.08.15 06:14 Comentários (44)
A imprensa petista conta com “supostos jornalistas” como Leonardo Attuch, alimentados com dinheiro roubado da Petrobras. Ela conta também com aqueles alimentados pela fé.
Jânio de Freitas, por exemplo, acredita na inocência de José Dirceu. A maior prova disso, segundo ele, é que o petromensaleiro não fugiu do Brasil...ver mais
Brasil 04.08.15 05:46 Comentários (28)
Dilma Rousseff, ontem à noite, ofereceu um churrasco para seus comparsas – presidentes e líderes dos partidos governistas. O único assunto, claro, era a prisão de José Dirceu.
Josias de Souza conta que, “numa das rodas, ouviram-se muitas críticas a Sergio Moro. Na expressão de um senador, o magistrado ‘planta prisões para colher delações’. Noutra roda, os comensais de Dilma concluíram que o alvo final dos membros da Lava Jato é Lula, não Dirceu”.ver mais
Brasil 04.08.15 04:39 Comentários (10)
Dilma Rousseff está com medo. De acordo com a Folha de S. Paulo, “integrantes do governo temem uma nova leva de delações”, depois da prisão de José Dirceu.
O primeiro nome é Renato Duque. Os interlocutores do Palácio do Planalto acreditam também “que são grandes as chances de o irmão de Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva e do assessor do petista, Bob Marques – ambos presos nesta segunda-feira, firmarem acordo de delação”.
Mas pode piorar ainda mais...ver mais
Brasil 04.08.15 04:37 Comentários (19)
Quando Dilma Rousseff está com medo, ela toma uma dose dupla de Mônica Bergamo.
A jornalista disse que José Dirceu, antes de ser preso, rejeitou “qualquer possibilidade de se tornar delator na Lava Jato”. O petromensaleiro até lhe enviou uma mensagem...ver mais
Brasil 04.08.15 04:35 Comentários (10)
Aloizio Mercadante, segundo a Folha de S. Paulo, ontem “repetiu o discurso de Dilma e responsabilizou a Lava Jato pela queda de um ponto percentual do PIB em 2015”.
O Antagonista quer saber apenas quantos pontos percentuais a Lava Jato vai conseguir tirar da fortuna pessoal do próprio Aloizio Mercadante. Aguardem....ver mais
Brasil 04.08.15 04:33 Comentários (10)
A Folha de S. Paulo informa também que “caciques do PT, alarmados com a nova prisão de José Dirceu, defendem a criação de um comando de crise que reúna governo, Instituto Lula e o partido”.
O PT sabe que Lula está na fila da cadeia...ver mais
Brasil 04.08.15 04:30 Comentários (12)
Caciques do PT, segundo a Folha de S. Paulo, acham que a Lava Jato “tentará voltar o foco das investigações – que estava dividido entre Executivo e Congresso – para as gestões de Dilma Rousseff e Lula”.
Disse um dirigente do partido...ver mais
Brasil 04.08.15 04:26 Comentários (6)
Folha de S. Paulo: Os petistas, depois da prisão de José Dirceu, avaliam que “não há perspectiva a médio prazo de reabilitação da imagem do partido”.
Médio prazo? Os petistas, a médio prazo, vão estar todos na cadeia....ver mais
Brasil 04.08.15 04:14 Comentários (10)
Rui Falcão, diz a Folha de S. Paulo, “preferiu esperar a reunião da Executiva Nacional do PT, hoje em Brasília, para que o colegiado decida sobre divulgar ou não nota em solidariedade” a José Dirceu. Não, senhoras e senhores, ninguém pensou em expulsá-lo do partido. ver mais
Brasil 03.08.15 22:55 Comentários (7)
Nas semanas que antecederam sua prisão, Dirceu foi descrito como um moribundo. Circularam versões de que teria perdido vários quilos, estava deprimido, angustiado. Mas imagens da prisão de Dirceu hoje revelam um homem saudável, bem alimentado, até sereno....ver mais
Brasil 03.08.15 22:39 Comentários (23)
Leonardo Attuch, o "suposto jornalista", como escreveu Sergio Moro, disse ao Estadão que assinou um contrato "normal" com a Jamp, para produzir "quatro reportagens publieditoriais", e "que Milton Pascowitch se apresentou como representante institucional da Engevix Engenharia, que teria interesse em defender, com os textos, a engenharia nacional".
Leonardo Attuch defendeu a engenharia nacional das ameaças da Lego.
Leonardo Attuch, nós não desistimos de destruir a engenharia nacional






















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