DA MÍDIA SM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
15 DE JUNHO DE 2015
O ex-presidente Lula disparou telefonemas a aliados no Congresso para afirmar que “não vai passar disso” a descoberta de que, por meio da sua ONG Instituto Lula e da sua empresa Lils (iniciais de Luiz Inácio Lula da Silva), recebeu R$ 4,5 milhões da empreiteira Camargo Corrêa, acusada de roubar a Petrobras, fraudando licitações e contratos e subornando autoridades. Parece confiante que nada lhe acontecerá.
Lula deu risada quando um senador do PMDB lembrou a que poderia ser alvo de mandado de busca e apreensão em sua casa e empresas.
Lula telefonou a deputados e senadores aliados preocupado com sua convocação para depor na CPI da Petrobras, pretendida pela oposição.
No Congresso, poucos acreditam que o Ministério Público Federal e a Policia Federal tenham “peito” de fazer de Lula alvo das investigações.
Petistas acham que “o povo sairia às ruas” se a Justiça decretasse a prisão de Lula ou determinasse busca e apreensão em sua casa.
Queixando-se da crise a cada minuto, o governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB), pediu ao ministro dos Transportes uma carona no avião de Dilma, para voltar a Brasília, logo após o casório da filha do vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB). Antonio Carlos Rodrigues ficou sem graça: sabe que Dilma não gosta de Rollemberg. E resolveu fazer “consultas” enquanto o candidato a carona aguardava.
O ministro dos Transportes consultou Gilles Azevedo, formado e pós-doutorado em Dilma, sobre o pedido de carona de Rollemberg.
Experiente, Giles Azevedo disse que ministro tem poder para autorizar a carona: “Dilma nem vai notar a presença de Rollemberg no avião...”
Rollemberg enfrentou certa humilhação, mas conseguiu a carona, economizando gastos com frete de jatinho ou com passagem aérea.
Só problemas de saúde podem afastar Lula da eleição em 2018, dizem seus defensores no Congresso do PT e nos vários partidos aliados. Ele parece disposto correr o risco de reabrir a sua biografia, já escrita.
Peemedebistas não veem com bons olhos o projeto - discutido na miúda no congresso do PT - de Lula voltar a disputar a Presidência, em 2018. Maior aliado de Dilma e do PT nos últimos anos, o PMDB discute deixar a vice-presidência e lançar uma improvável candidatura própria.
Campeão de gastos com o “cotão” parlamentar na Câmara dos Deputados, verba que compensa gastos aleatórios dos parlamentares, Marcos Rogério (PDT) conseguiu torrar R$ 194 mil de janeiro a maio.
O PSDB promete para esta semana requerimento de convocação do ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores). Querem explicações sobre memorando de um diplomata para proteger Lula e a Odebrecht.
A Fecomércio de São Paulo não se animou com o dia dos namorados. Avalia que o cupido emagreceu. Os lojistas esperam declínio de 7,7% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado.

NO DIÁRIO DO PODER
PETROLÃO
ESQUEMA DESVIOU R$ 256 MILHÕES NA TRANSPETRO
BALANÇO APURA PERDAS COM ESQUEMA DE CORRUPÇÃO NA TRANSPETRO
Publicado: 14 de junho de 2015 às 10:21 - Atualizado às 21:36
Balanço de 2014 da Transpetro - subsidiária da Petrobrás para as áreas de transporte e logística - reconheceu um rombo de R$ 256,6 milhões no caixa da companhia por conta dos desvios descobertos pela Operação Lava Jato.
"Com base em metodologia desenvolvida em conjunto com a Controladora (Petrobrás), a Companhia (Transpetro) reconheceu, no terceiro trimestre de 2014, uma baixa no montante de R$ 256,6 milhões de gastos capitalizados referentes a valores pagos na aquisição de ativos imobilizados em períodos anteriores", informa o documento "Demonstrações Contábeis 2014", do dia 29 de abril.
Em seu balanço, a Transpetro considerou os contratos de R$ 8,8 bilhões, feitos entre 2004 e 2012, com 27 empresas suspeitas de cartel e corrupção nas investigações da Lava Jato e aplicou um porcentual de 3%.
"Representa os valores adicionais impostos pelas empreiteiras e fornecedores, utilizados por essas empresas para realizar pagamentos indevidos", diz o documento. Os beneficiários elencados são "partidos, políticos em exercício e outros agentes políticos, empregados de empreiteiras e fornecedores, além de ex-empregados do Sistema Petrobrás."
O documento tem como base os trabalhos da empresa de auditoria PricewaterhouseCoopers, que não cita nomes da subsidiária nem detalha quais ativos estão envolvidos. "As informações disponíveis para a Companhia são, de maneira geral, consistentes com relação à existência do esquema de pagamentos indevidos às empresas envolvidas, aos ex-empregados da Petrobrás."
É a primeira vez que a Transpetro reconhece oficialmente que houve perdas sob a rubrica "reflexos da Operação Lava Jato". O ex-presidente da empresa Sergio Machado é o principal nome sob suspeita.
Machado ocupou o cargo por 12 anos - desde o início do governo Lula. Ex-senador do PMDB do Ceará, Machado era indicação pessoal do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Em fevereiro, ele deixou a presidência da empresa após ter sido apontado como recebedor de R$ 500 mil de propina em espécie, do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa.
Nova fase
Em nova etapa de investigações, a força-tarefa da Lava Jato tem elementos para acreditar que o esquema descoberto nos contratos de obras de construção de refinarias, que envolvia propinas de 1% a 3% para partidos e políticos, por meio de agentes públicos indicados, tenha se reproduzido no setor naval, na Transpetro. Estão na mira contratos com estaleiros para construção e afretamento de navios e de operações de oleodutos, gasodutos e terminais marítimos.
Dos R$ 256,6 milhões desviados da subsidiária, o balanço considera que "R$ 217 milhões dizem respeito às possíveis perdas nos contratos da área de transporte marítimo". A maior parte dessas licitações auditadas diz respeito ao Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), lançado em 2004, por Machado, que previa o investimento de R$ 11 bilhões para construção de 49 navios e 20 comboios hidroviários.
Oito dessas embarcações entraram em operação, entre elas o navio petroleiro Anita Garibaldi, que fez sua viagem inaugural no dia 3, saindo do estaleiro Eisa Petro-Um, em Niterói (RJ). Essas obras são conduzidas por estaleiros alvo de investigação da Lava Jato conduzida pelo juiz Sérgio Moro, como o Estaleiro Atlântico Sul - Camargo Corrêa e Queiroz Galvão. (AE)

MILAGRES, SÓ COM NOVOS SANTOS
Carlos Chagas
No PT e no PMDB definem-se as tendências em favor e contra a permanência da aliança que vem da metade do governo Lula e prossegue no governo Dilma. No recém-encerrado congresso nacional dos companheiros, sucederam-se agressivas exortações pelo rompimento dos dois partidos, até que o antecessor e a sucessora entraram no auditório, vencendo a queda de braço e sustentando a permanência do acordo. Entre os peemedebistas, Eduardo Cunha quer o desembarque e Michel Temer defende que as duas legendas fiquem juntas.
Assiste-se, na realidade, as preliminares da sucessão presidencial de 2018, até com candidatos já posicionados. No PT, o Lula, que parece haver afastado a hipótese de não concorrer, mais Tarso Genro e Jacques Wagner. No PMDB, o vice-presidente da República e o presidente da Câmara. 
A conclusão começa a delinear-se: fixada a possibilidade Lula, ainda ocupando a pole-position, dificilmente haverá candidatura própria no PMDB, devendo Michel Temer pleitear outra vez a vice-presidência. Afastado o primeiro-companheiro, por enfado, doença ou envolvimento com empreiteiras, Eduardo Cunha assumirá a disputa no PMDB.
Claro que esse é o quadro atual, podendo modificar-se um sem número de vezes, de acordo com o suceder dos acontecimentos, nos próximos três anos. Mas com poucas expectativas de aparecerem novas peças no tabuleiro da situação. 
É por aí que os tucanos pretendem enfiar a sua colher na panela. Jogam no desgaste da aliança PT-PMDB, ainda que também perdidos no labirinto das definições. Aécio Neves ou Geraldo Alckmin? E José Serra, estaria afastado?
O importante a registrar é a ausência de outras opções, fora das acima referidas nominalmente. PT, PMDB e PSDB não se renovaram. Deixaram de fixar-se outras lideranças, tanto entre os governadores quanto no Congresso. Milagres acontecem, mas em política, jamais sem novos santos.
Alguns ingênuos opinarão tratar-se de devaneios ou falta de assunto, analisar tão cedo assim a próxima sucessão, mas deviam atentar para que continua valendo o velho provérbio árabe de que bebe água limpa quem chega primeiro na fonte.
ESTADO DE BELIGERÂNCIA
Prepara-se o Senado para rejeitar a proposta aprovada na Câmara, de redução dos mandatos dos senadores para cinco anos. O diabo é que rejeitada a emenda constitucional, a matéria precisará retornar à Câmara, quando tudo indica que será reafirmada. Os senadores estão preparados para vetar outros itens da reforma política em fase final de votação entre os deputados. A perspectiva é de um estado de beligerância entre as duas casas do Congresso. Ainda mais se passar o projeto que permite mais um mandato para Eduardo Cunha e Renan Calheiros nas respectivas presidências.

NO O ANTAGONISTA
"Oposição a favor do Brasil"
Brasil 14.06.15 21:30
O novo slogan do PSDB é revelador da sua velha alma: "Oposição a favor do Brasil".
Ou seja, pode ser a favor do governo quando o partido julgar que isso é ser a favor do Brasil, entendeu? Quando, por exemplo, se posiciona contra o impeachment de Dilma Rousseff. Ou quando insiste na ideia estapafúrdia de Dilma Rousseff deixar o PT e formar uma "coalizão nacional".
Tucano é "responsável", sabe como é?
Estamos fritos.
Gabriel Chalita, o transversal
Brasil 15.06.15 06:43
Gabriel Chalita está sendo investigado por crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, peculato, corrupção ativa, corrupção passiva e fraude a licitação.
Segundo o Estadão, a apuração foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Tribunal de Justiça.
Chalita é acusado de ter recebido vantagens irregulares de empresas contratadas durante seu período como secretário estadual da Educação, nas gestões de Geraldo Alckmin e Cláudio Lembo: "empréstimos de helicópteros e jatos para viagens particulares, doações ilegais de equipamentos eletrônicos, fraude em licitação em troca de repasse de 25% do valor do contrato firmado e compra de livros para escolas estaduais sem o processo de licitação".
Atualmente, ele é secretário da Educação de Fernando Haddad.
O sábio da cartola
Brasil 15.06.15 06:51
Em 2006, eu, Diogo, fiz um artigo sobre Gabriel Chalita, intitulado "O intelectual de Alckmin":
"Reinações de Narizinho é o livro preferido de Geraldo Alckmin. O governador de São Paulo não é exatamente um grande leitor. Mas pode contar com o incentivo intelectual de um eminente representante do mundo das letras: o secretário de Educação Gabriel Chalita. Chalita é o Visconde de Sabugosa do Sítio do Picapau Amarelo geraldista. Ele é o sábio de cartola do alckminismo. Publicou 39 livros em 36 anos de vida. Só no ano passado, entre um evento beneficente em Pindamonhangaba e uma aula de lien ch'i em Tupã, Chalita lançou seis títulos: Mulheres que Mudaram o Mundo, Vivendo a Filosofia, O Poder, Educar em Oração, A Ética do Rei Menino e Seis Lições de Solidariedade com Lu Alckmin. Nesta obra, 'em singelas conversas com a primeira-dama do estado, o leitor vai navegando por mares de sensibilidade e ternura'".
É espantoso notar que, naquele ano, além de publicar seis livros, Gabriel Chalita também encontrou tempo para praticar formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, peculato, corrupção ativa, corrupção passiva e fraude a licitação, segundo a denúncia do Ministério Público. Ele realmente é o sábio da cartola.
As próximas sextas-feiras de Jô Soares
Brasil 15.06.15 07:07
A entrevista de Jô Soares com Dilma Rousseff, informa Lauro Jardim, "rendeu sete pontos de audiência à Globo, de acordo com dados prévios do Ibope para a Grande São Paulo. Nas duas sextas-feiras anteriores, o programa alcançou cinco pontos".
A questão é saber qual será a audiência de Jô Soares nas próximas sextas-feiras, depois que seu programa foi contaminado por Dilma Rousseff. Quatro pontos? Três? Dois?

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
14/06/2015 às 17:18 \ Direto ao Ponto
CELSO ARNALDO ARAÚJO
Saudosos do programa “Viva o Gordo” já não precisam se contentar com as reprises do canal Viva. O grande humorista Jô Soares – que cedeu lugar ao pior entrevistador da TV brasileira — está de volta com um programa fresquinho: “Viva a Dilma”. Resgatando a tradição das duplas que faziam o Brasil gargalhar no tempo das chanchadas da Atlântida e da rádio Nacional, como Oscarito e Grande Otelo, Primo Pobre e Primo Rico, a dobradinha Dilma e Jô, ele como escada, desmentiu a fama de Brasília como cidade sem graça, embora nada séria. Em pleno Palácio da Alvorada, ambos – em grande forma – interpretaram a si mesmos, sem precisar de ensaio ou laboratório.
O comediante que decidiu virar dono de talk show e que, nessa função há 27 anos, jamais conseguiu extrair de um convidado uma única frase que repercutisse no dia seguinte. A presidente que, em quatro anos e meio mandato, e nada indica que será diferente nos três anos e meio que ainda faltam, jamais extraiu de seu cérebro uma única frase que fizesse sentido no dia seguinte ou para a História. Química infalível para o riso fácil, frouxo e indevido – potencializada por um detalhe que coloca Jô ao mesmo nível da cara de bacalhau, filhote de pombo, pescoço de freira e político honesto, isto é, de coisas que ninguém nunca viu: ele é o humorista a favor.
Já na introdução interminável para justificar a defesa intransigente de Dilma, o Jô de sempre: a hesitação e a sem-gracice em forma da pessoa real que é, despido de seus antigos personagens. Também pudera: é preciso se desmanchar em tibieza e falta de informação para, preparando a primeira pergunta, afirmar isto:
“Bom, você é uma leitora fanática, de chegar a andar com mala cheia de livros e, de repente, na ânsia de ler, até bula de remédios não escapavam (sic) dos seus olhos”.
Ainda a Dilma leitora fanática? A claque da Zorra Total teria de ser acionada para produzir gargalhadas frenéticas, apesar de a piada ser muito velha – menos para o Jô. Na mala de livros que Dilma leu sem nunca ter lido ainda cabe Jô Soares – ela é imensa.
Mas, espere. A pergunta no horizonte envolve não um livro comum – mas o livro dos livros. E aqui ressalta o inclassificável talk showman que é Jô Soares: imagine, é a primeira pergunta de sua primeira entrevista com a presidente da República num momento delicadíssimo da vida nacional e você se sai com essa – uma insignificante fabulazinha de cadeia sem um ponto de interrogação no final:
“E como é que é a história da Bíblia, quando você estava presa, encarcerada, e essa Bíblia tinha que passar pra outros prisioneiros. Conta essa história pra gente”.
Dilma:
“Ah, Jô, era uma história que é assim: num tinha livros…”.
Só pelo “num”, não tinha mesmo. Mas, segundo consta, tinha uma bíblia que fora deixada por um padre e que passava pela portinha do calabouço, e ia de cela em cela, introduzida pela fresta. Dilma enfatiza, para provável espanto da plateia: “Porque as portas das celas não ficavam abertas…” Puxa, mas uma bíblia fazendo sucesso num calabouço de marxistas? Sim, porque não era qualquer bíblia. Mas a Bíblia de Dilma, a hermeneuta:
Eis sua gênese:
“A Bíblia é algo fantástico, ela é uma leitura que ela envolve de todas as maneiras. Além de sê uma expressão religiosa, da religião da qual nós, a maioria do Brasil, compartilha. Mas, além disso, ela tem alta qualidade literária e tem, também, histórica. Então, é uma leitura que, eu quero te dizer o seguinte: para mim foi muito importante, principalmente porque ela trabalha com metáforas. E é muito difícil, a metáfora é a imagem, o que é a metáfora? Nada mais que você transformá em imagem alguma coisa. E não tem jeito melhor de ocê entendê e compreendê do que a imagem”.
Dilma como metáfora seria aqui uma imagem impublicável. Mas a entrevista caminha biblicamente para o apocalipse, com Jô fazendo o papel de um embasbacado Cirineu para a cruz de Dilma pensando o Brasil e discorrendo sobre qualquer assunto. Caprichando como sempre na saúde:
“Agora, eu quero te dizer que, além disso, faltam no Brasil especialidades. Porque, hoje, uma pessoa que quebra a perna precisa de ter um exame; ela precisa de ter um outro tratamento. Então as especialidades são a grande coisa que nós queremos focar nesses próximos quatro anos. E são três especialidades que nós vamos começar, porque você tem que começar. Uma é ortopedia; a outra é cardiologia; e a outra é oftalmologia. Eu esqueci de falar, falei da traumatologia, dos pés, das “quebraduras” em geral. Então são três”.
Já pisando nas quebraduras da Pátria Educadora, Dilma – que conquistou Lula ao chegar para uma reunião com um laptop – fala da importância de se controlar virtualmente, tintim por tintim, as verbas da Educação destinadas às creches (sim, as seis mil de sempre).
“Nós montamos o controle. E você só pode montar o controle no Brasil se você digitalizar. Você digitaliza…torna.. Coloca na internet, digitaliza, sabe onde é cada uma das escolas. Então, o prefeito recebe um SMS: “Prefeito, você recebeu tanto, você tem que fazer…”. E ele tem que tirar o retrato, tirar uma foto daquela creche e tem de botar no…
“Na internet”, sopra Jô.
“Não, ele bota no celular dele, que vem pra nós, que entra na internet, não é? Aí, nós descobrimos que um prefeito que tinha quatro creches tava mostrando a mesma creche. E advinha (sic) como é que a gente descobriu”?
“Como”?
“O cachorro era o mesmo. O cachorro parado na frente da creche era o mesmo das quatro creches. O que causou uma grande indignação em nós aqui. Que história é essa desse cachorro aí? Eu te contei essa história justamente pra mostrar o seguinte: você tem de acompanhar”.
Sim, a entrevista foi constrangedora, claro. Mas Jô conseguiu uma façanha: descobriu, sem querer, onde foi parar aquele cachorro de Dilma que era a figura oculta atrás de cada criança: ele se materializou na frente de cada creche.
Viva o Gordo, Viva Dilma.

NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza - 14/06/2015 19:38
O PT havia convocado o seu 5º Congresso Nacional para tomar algumas decisões definitivas. E o que fosse decidido definiria o que o partido seria. De certa meneira, era como se a legenda fosse escolher uma identidade ideológica entre muitas. Após mais de um ano de preparação e três dias de intensos debates, o PT, finalmente, se reposicionou. Politicamente, o partido agora se situa à direita de Lula ou à esquerda de Lula, dependendo da época.
Os grupos que coabitam o PT foram convidados a acomodar suas ideias sobre o papel. A maioria das teses propunha que Dilma devolvesse Joaquim Levy ao PSDB. No final, prevaleceu um texto sugerido pela corrente majoritária, à qual pertence Lula. Não cita o nome do ministro da Fazenda. Rosnava para ele. Mas foi retirada da peça a defesa da “alteração da política econômica''.
O PT anotou apenas que deseja a “retomada do crescimento” e não abre mão da “defesa do emprego, do salário e dos demais direitos dos trabalhadores.” Não está escrito, mas o partido também é a favor da cerveja gelada e do tira-gosto morninho. Defendia a volta da CPMF, mas o Levy fez cara feia. E o PT deu meia-volta.
Receoso de que uma falange peemedebista sequestre Dilma e Temer para que Eduardo Cunha possa exercer o poder sem intermediários, o PT votou um pedido de rompimento da aliança com o PMDB. O pedido foi rejeitado. Mas a militância gritou “fora Cunha”, para que o inimigo saiba com quem está lidando.
Decidido a espantar a má-fama, o PT anunciara que não receberia mais doações de empresas. Abandonaria a existência superlativa dos mensalões e dos petrolões e voltaria àquela vidinha modesta que o dinheirinho dos filiados e militantes pode pagar. Mas como lero-lero não paga o fausto partidário nem as dívidas de campanha, o PT preferiu não votar esse tópico. Quer mais tempo para refletir sobre a relevância financeira do brocardo segundo o qual o dinheiro não traz felicidade.
Considerando-se todas as dúvidas e hesitações, um observador desatento poderia dizer que o Congresso do PT foi dispensável. Bobagem. O encontro serviu para o partido se solidarizar com o ex-tesoureiro João Vaccari Neto, preso no Paraná. Vaccari foi elogiado por oradores. A militância o ovacionou. Aplaudiu-o efusivamente. Chamou-o de “guerreiro do povo brasileiro”. Ficou entendido que, em relação a Vaccari, o PT é 100% feito de certezas.
Digam o que disserem de Vaccari, o PT está fechado com ele. Mais que isso: assim como Dirceu, Genoino, Delúbio e João Paulo, Vaccari é o próprio PT. Para todos os efeitos, o ex-tesoureiro representa a fortuna e a miséria do partido. O PT considera que deve a ele a mesma deferência acrítica que todos costumam dedicar aos membros de uma família. São poucos, muito poucos os crimes que a solidariedade familiar não cobre.
Assim, diante de um desses momentos na vida em que precisavam tomar decisões definitivas, os petistas decidiram que o PT é Vaccari. E Vice-versa. Não se trata de uma definição qualquer.


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