DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
24 DE JUNHO DE 2015
Presidente do Grupo Odebrecht, preso na sexta (19), Marcelo Odebrecht, se associou à Petrobras em 2010 para adquirir o controle da petroquímica Quattor, criada em 2008 pela Unipar e a própria estatal – operação que já foi alvo de delação do doleiro Alberto Youssef, na Lava Jato. Para comprar a Quattor, foi criada uma holding (ou empresa-mãe) chamada BRK, onde Odebrecht presidiu o conselho de administração. Foi a BRK que, por R$ 870 milhões, comprou o controle da Quattor.
A Petrobras aplicou R$ 2,5 bilhões para criar a BRK, enquanto coube à Odebrecht R$ 1 bilhão. Apesar disso, o controle é da Odebrecht.
A BRK assumiu também o controle da Braskem, empresa do grupo Odebrecht, fazendo dela a oitava maior petroquímica do mundo.
A criação da Quattor pela Unipar e a Petrobras é investigada pelo Ministério Público Federal e já foi mencionada na Operação Lava Jato.
Durante toda operação da Quattor (a Pasadena do setor petroquímico), Dilma era presidente do conselho de administração da Petrobras.
O Comando do Exército ignorou, novamente, a solicitação formal da Procuradoria-Geral da República (PGR) de explicações pela decisão de não cassar condecorações de condenados por corrupção em sentença transitada em julgado, como manda a legislação. Estão enquadrados nesse caso mensaleiros como os petistas José Genoino e João Paulo Cunha, Valdemar Costa Neto (PR) e Roberto Jefferson (PTB).
A procuradora Eliana Pires Rocha cobra explicações desde outubro de 2014. Seu ofício foi reenviado em abril, com endosso da PGR.
Para a PGR, os 60 dias para resposta do Exército acabou na segunda (22), mas o calendário da caserna é diferente: o prazo seria dia 26.
José Genoino já era réu no processo do mensalão quando recebeu a Medalha do Pacificador pelos relevantes serviços prestados ao Exército
Faz sentido o medo de Lula. Preso na sexta (19), Alexandrino Alencar, da Odebrecht, acompanhava o ex-presidente ao exterior para ser apresentado em países onde a empreiteira prospectava “negócios”.
No caso do doleiro Bernardo Freiburghaus, carioca que tem cidadania suíça, jornalistas brasileiros têm citado como se fosse uma exceção à regra a “dificuldade” da Suíça de extraditar seus cidadãos. Anote aí, colegada: nenhum país extradita seus nacionais, inclusive o Brasil.
A senadora Marta Suplicy, que deixou o PT há menos de um mês, estava com as malas prontas para se filiar ao PSB de Marina Silva. Mas o PPS corre por fora e tenta articular sua filiação ainda em julho.
O que Lula só admite agora já era apregoado pelo ex-governador do Rio Anthony Garotinho em 1999, quando ele disse que o PT, ávido por cargos em seu governo, deveria mudar para PB, “Partido da Boquinha”.
Na reunião a portas fechadas sobre reforma política no Senado, ontem, Jáder Barbalho (PMDB-PA) advertiu: “Nas ruas, as pessoas perguntam à Maria Antonieta do Palácio de Versalhes por que o povo não come brioches”. Maria Antonieta, como se sabe, acabou decapitada.
Senadores governistas armaram às pressas uma visita a Caracas, combinada com o governo venezuelano, para afrontar os colegas hostilizados por militares à paisana, há dias. O grupo chapa-branca, é claro, será recebido com tapete vermelho pelo regime autoritário.
Ao defender a indicação do amigo Romero Jucá (PMDB-RR) para relatar também a reforma política, o presidente do Senado, Renan Calheiros, arrancou risadas ao chamá-lo de “relator-geral da República”
A presidente Dilma reconduziu Paulo Bugarin ao cargo de procurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União. A recondução foi bem recebida por ministros e servidores do TCU.
...até por dever de gratidão, o Corinthians deveria rebatizar seu estádio em Itaquera de “Arena Brahma”.

NO DIÁRIO DO PODER
LAVA JATO
PAULO ROBERTO REVELA ACERTO COM DIRETOR DA ODEBRECHT PARA NEGOCIAR PROPINAS
ALEXANDRINO NEGOCIOU PROPINA EM NOME DA ODEBRECHT, DIZ DELATOR
Publicado: 24 de junho de 2015 às 01:16 - Atualizado às 01:18
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa detalhou em depoimento prestado ontem à Polícia Federal o pagamento de propina de US$ 5 milhões por ano pela petroquímica Braskem - empresa que tem a Odebrecht como sócia da Petrobrás - intermediado pelo diretor demissionário da Construtora Norberto Odebrecht, Alexandrino Ramos de Alencar. Primeiro delator da Operação Lava Jato, ele revelou que o doleiro Bernardo Freiburghaus, acusado de operar propina para a empreiteira, foi quem cuidou dos depósitos em contas secretas mantidas na Suíça.
Alexandrino Alencar trabalhou na Braskem de 2002 a 2007, quando foi transferido para a holding da Odebrecht. Até a noite de anteontem, ele era diretor de Relações Institucionais da empreiteira. Após a empreiteira confirmar a demissão do diretor (mais informações no texto abaixo), sua prisão temporária de cinco dias foi prorrogada por mais um dia pelo juiz Sérgio Moro - que conduz os processos da Lava Jato em Curitiba.
Segundo Costa, ele, Alexandrino Alencar e o ex-deputado José Janene (morto em 2010) negociaram o pagamento das propinas da Braskem em um hotel na capital paulista. De acordo com o delator, o esquema de propinas teria perdurado de 2006 a 2012 com a atuação de Freiburghaus no exterior.
"Um percentual deste montante (propina) era destinado a sua pessoa (Paulo Roberto Costa), tendo recebido valores junto a suas contas mantidas na Suíça por meio do operador Bernardo Freiburghaus", relatou Costa no seu depoimento.
Freiburghaus, que mora na Suíça, é tratado pelos investigadores como peça-chave para a descoberta do suposto envolvimento da Odebrecht no esquema de cartel e corrupção na Petrobrás. Ele é considerado foragido pela força-tarefa e foi apontado por pelo menos três delatores como o responsável pelas movimentações da empreiteira fora do País.
O próprio Alexandrino Alencar, em depoimento a investigadores anteontem, admitiu que tratou de doações da Braskem ao PP em encontros com Janene, o doleiro Alberto Youssef e Costa em hotéis de São Paulo. De acordo com o executivo, as "tratativas" foram interrompidas após Janene ser citado no escândalo do mensalão, que veio à tona em 2005.
Alexandrino Alencar, contudo, nega que tenha tratado de propinas nas reuniões. Ele afirmou que cuidava de doações eleitorais da empreiteira e admitiu que, a partir de 2007, participou de reuniões na casa de Janene, em São Paulo, para "tratar de assuntos políticos, inclusive quanto a quem a Odebrecht iria apoiar politicamente".
Ainda segundo o executivo, as doações ao PP e a "alguns candidatos", que ele não detalhou, em 2008 e 2010 foram definidas a partir desses encontros. O executivo já admitiu que o "carregador de malas" de Youssef Rafael Ângulo Lopez foi à sede da Odebrecht umas "quatro ou cinco" vezes.
Com bom trânsito entre políticos, Alexandrino Alencar acompanhou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagens internacionais a serviço da Odebrecht.

A REVOLUÇÃO CULTURAL DO LULA
Por Carlos Chagas
Na China, Mao Tse-Tung encontrava-se no ostracismo, desprestigiado e sem poder, depois de haver ainda jovem liderado o partido comunista, empreendido a Longa Marcha, resistido aos japoneses e proclamado a República Popular. Já velho, foi nadar no rio Yang Tse e decretou a Revolução Cultural, apoiado na juventude. Virou o país de cabeça para baixo. Humilhou, condenou e afastou seus companheiros da Velha Guarda. Excessos sem conta foram praticados mas ele retomou o poder absoluto.
Parece não haver muitas diferenças entre Mao e o Lula, que passou a defender uma revolução no PT, dizendo que a legenda que ajudou a criar envelheceu e perdeu a utopia, não sabendo se o defeito foi dele ou do governo Dilma. Acusou os companheiros de ficarem pensando apenas em cargos nos governos por eles administrados, inclusive no plano federal. Clamou pela definição se desejam salvar a pele, os cargos ou os projetos. Isso poucos dias depois de haver acusado Dilma de “volume morto” que não produziu uma só notícia boa depois de reeleita. Segunda-feira (22), completou afirmando “que acreditávamos em sonhos, hoje a gente só pensa em empregos”.
É a Revolução Cultural em marcha aqui nos trópicos, depois que o Lula passou a sentir-se desprestigiado e desprotegido, em especial porque o governo não o defende frente à operação Lava-Jato. Dilma está para o presidente deposto Liu Shao-Chi assim como seus ministros lembram a cúpula afastada por Mao. Para muita gente, logo saberemos quem vencerá, mas algo de patético começa a acontecer.
Para Marx e Lenin a História só se repetia como farsa, mas eis o Brasil contrariando lições dogmáticas. O primeiro-companheiro dá a impressão de não apenas pretender descolar-se da sucessora, mas de querer a demolição de seu governo. Sua mais contundente crítica foi reconhecer estar velho, cansado, com 69 anos, obrigado agora a repetir as mesmas coisas que falava em 1980. Só falta, mesmo, botar o calção e nadar no rio Tietê...
A grande pergunta refere-se a como o PT reagirá. Se dará respaldo a Dilma, ignorando o ressurgimento do Lula, ou logo se bandeará para o primeiro-companheiro. Não dá para ocultar a existência de um muro mais alto do que as muralhas da China, separando o antecessor da sucessora. Será bom não esquecer que Madame, sozinha, não criou liderança alguma. Sem o Lula e sem o PT, não se elegeria síndica de um edifício. Junto com seus ministros petistas, mas nem todos, tentará ocultar a crise, coisa que só estimulará o Lula a não interromper sua revolução. Poucos ousarão, no partido, aconselhar o ex-presidente a refluir, depois dele ter reconhecido o fracasso da administração atual.
É preciso aguardar qual o próximo passo do Lula. Brasília nada tem a ver com a Cidade Proibida de Pequim, onde se podiam refugiar os donos do poder. Ainda mais quando são verdadeiras as críticas do ex-presidente. Os dirigentes do PT só pensam em cargos. Abandonaram, faz tempo, os projetos de mudar as instituições nacionais, contentando-se com o bolsa-familia para justificar seu imobilismo. Só que as bases discordam, como se viu dias atrás no V congresso do partido, em Salvador. Calaram-se, depois de protestos veementes, porque o próprio Lula pediu. Agora estão livres para recomeçar, com o Grande Timoneiro à frente. Motivos não faltam, desde a adesão de Dilma às propostas de Joaquim Levy até a entrega da coordenação política a Michel Temer.

NO BLOG DO CORONEL
TERÇA-FEIRA, 23 DE JUNHO DE 2015
(O Globo) No momento em que o presidente Lula sobe o tom das críticas ao PT e ao governo da presidente Dilma Rousseff, o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) subiu nesta terça-feira a tribuna do Senado para, num discurso pesado, dizer que ele é o maior responsável pela crise ao escolher sua sucessora, e pelo escândalo de corrupção na Petrobras. Disse que não adianta o ex-presidente tentar fugir porque desta vez não escapará, como escapou do mensalão, e seu lugar no presídio da Papuda está reservado. 
O tucano disse que Lula quer passar para Dilma toda a culpa do desastre moral, político e econômico. Mas ele perdeu uma grande oportunidade de fazer o país avançar com a herança que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso lhe deixou em 2003. 
Segundo Oliveira, em seu discurso, o Brasil vive hoje uma República que tem ladrões, malfeitores e corruptos de toda ordem no comando, isso se deve principalmente ao ex-Presidente Lula, “que trouxe os corruptos para o poder, permitiu que o Estado brasileiro fosse assaltado, e ele se beneficiou dos esquemas sujos executados por seus companheiros”.
- Esse governo do PT teve todas as oportunidades para fazer crescer a economia deste País, mas não o fez. O que fez foi saquear os cofres públicos, sem a mínima responsabilidade! - atacou o senador tocantinense.
Ele continuou acusando o PT de ter comprado as eleições de 2014 inflando os programas sociais, “só que comprou muito caro” e hoje o Pais enfrenta crise de desemprego, criminalidade, inflação e corrupção. Segundo Ataídes, Lula ainda terá que prestar contas ao juíz Sérgio Moro, da Operação Lava-jato, que na semana passada prendeu dirigentes das maiores empreiteiras do País. No discurso da tribuna, disse que qa constatação de que a Justiça pode atingir a todos causou terror e pânico no Governo do PT : da Presidente Dilma ao mais inexpressivo ministro, todos perceberam que não poderão contar com a cumplicidade do Poder Judiciário.
- O pânico generalizado no Governo e no PT só não é maior do que aquele que tomou conta do verdadeiro responsável pelos desastres em série que estamos vivendo: o ex-Presidente Lula. Sim, é preciso deixar claro quem era o verdadeiro, aspas, “número 1” do esquema, o “Brahma”. Mas essa farra começa a cobrar o seu preço. Lula hoje é um homem ameaçado, acuado, que dorme com medo de ser acordado pela Polícia Federal na porta da sua casa. Lula hoje tem medo de ser preso e tem pânico do juiz Sérgio Moro - discursou o senador Ataídes.
POSTADO POR O EDITOR ÀS 22:04:00

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
24/06/2015 às 4:10
Dilma Rousseff espalhou sobre si mesma, ou alguém o fez por ela, a fama de leitora voraz. Lula, ao contrário, nunca quis se misturar com os livros. “Ler dá sono”, ele sentenciou certa feita. Depois do discurso que fez a presidente nesta terça (23), na cerimônia de lançamento da primeira edição dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, tenho de concluir que é melhor um petista dormindo do que ministrando aula de antropologia amadora. Os tais jogos ocorrerão em Palmas, no Tocantins, entre 20 de outubro e 1º de novembro. A presidente estava mesmo com Anhangá no corpo.
A mulher já cansou dessa conversa de ter de governar o Brasil. Joaquim Levy cuida da economia, e os peemedebistas têm de tourear os petistas na política. A ela sobrou o quê? O vasto terreno da reflexão. E ela mandou brasa nesta terça, na cerimônia havida no estádio Mané Garrincha, em Brasília.
Cantou as glórias da mandioca. Destaco um trecho transcrito em reportagem da Folha: “Nenhuma civilização nasceu sem ter acesso a uma forma básica de alimentação, e, aqui, nós temos uma, como também os índios e os indígenas americanos têm a deles. Temos a mandioca, e aqui, nós estamos e, certamente, nós teremos uma série de outros produtos que foram essenciais para o desenvolvimento de toda a civilização humana ao longo dos séculos. Então, aqui, hoje, eu tô saudando a mandioca, uma das maiores conquistas do Brasil”.
Tudo isso saiu, assim, de repente, num supetão, em reflexão certamente originalíssima. Um índio que estivesse com a cara cheia de cauim, a bebida de mandioca fermentada que deixava os nativos doidões, não teria produzido nada melhor. Ela não parou por aí, não. Resolveu evocar a Grécia antiga, relata o Estadão:
“foi em torno da paz que se recompôs aquilo que era a tradição grega que é transformar os jogos em um momento de união. Transformamos em um momento especial uma fase difícil do mundo que foi o entre guerras”. O Barão Pierre de Coubertin se revirou no túmulo, né? Os primeiros jogos olímpicos da era moderna se deram em 1894, não no período entre guerras.
Que diferença faz? Anhangá estava no comando. Dilma discursou segurando uma bola feita de folha de bananeira. Havia chegado a hora da poesia antropológica. Refletiu então:
“Aqui tem uma bola, uma bola que eu acho que é um exemplo. Ela é extremamente leve, já testei aqui, testei embaixadinha, meia embaixadinha… Bom, mas a importância da bola é justamente essa, é símbolo da capacidade que nos distingue”.
Não entendeu nada, leitor amigo? Vem a explicação:
“Nós somos do gênero humano, da espécie sapiens, somos aqueles que têm a capacidade de jogar, de brincar, porque jogar é isso aqui. O importante não é ganhar e sim celebrar. Isso que é a capacidade humana, lúdica, de ter uma atividade cujo o fim é ele mesmo, a própria atividade. Esporte tem essa condição, essa bênção, ele é um fim em si. E é essa atividade que caracteriza primeiro as crianças, a atividade lúdica de brincar. Então, para mim, essa bola é o símbolo da nossa evolução. Quando nós criamos uma bola dessas, nós nos transformamos em homo sapiens ou mulheres sapiens”.
Por Tupã! Nós, os humanos modernos, somos do gênero “homo”, da espécie “homo sapiens”, da subespécie “homo sapiens sapiens”. Dilma fez uma salada taxinômica que resultou no que só pode ser um gracejo, a “mulher sapiens”, já que “homo” de “homo sapiens sapiens” não se refere nem a homem nem a mulher — na verdade, nem ao ser humano como o conhecemos, que pertence ao gênero “homo”, mas não é o único. Antes houve o Homo neanderthalensis, o Homo habilis, o Homo erectus, entre outros.
O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que tem o apelido de “índio”, estava entre os presentes. Dilma resolveu exaltar as suas qualidades adivinhatórias, já que meio indígena: “Se ele pular uma janela, pode pular atrás porque pode ter certeza de que ele achou alguma coisa absolutamente fantástica”.
A Humanidade estava preparada para tudo, menos para o surgimento de uma derivação teratológica do “Homo sapiens sapiens”, que é o “Homo sapiens stultus”, o humano tipicamente petista, capaz de dizer e de fazer as mais grotescas estultices.
Por Reinaldo Azevedo

NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza - 24/06/2015 04:37
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Dias Toffoli, fez um apelo a um grupo de 30 senadores: “Não acabem com a reeleição. Preservem pelo menos para a Presidência da República.” Ele disse isso no mesmo dia em que veio à luz pesquisa Datafolha revelando que o estatuto da reeleição tornou-se minoritário na sociedade brasileira: 65% dos eleitores desejam sua extinção.
Toffoli conversou com os senadores durante um jantar oferecido por Renan Calheiros na noite desta terça-feira (23), na residência oficial da presidência do Senado. O repasto foi organizado com o objetivo de facilitar a digestão da reforma política iniciada pelos deputados. Participaram também o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e outros dois ministros do STF que, a exemplo de Toffoli, têm assento no plenário do TSE: Gilmar Mendes e Luiz Fux.
Para justitificar seu ponto de vista, Toffoli disse que a reeleição é uma ferramenta nova, que ainda não foi suficientemente testada. Aprovada sob FHC, a regra deve ser amadurecida, não apagada da Constituição ao sabor da conjuntura, disse ele. Enfatizou mais de uma vez que o direito à reeleição deveria ser mantido pelo menos nas eleições presidenciais.
Gilmar Mendes interveio para dizer que a manutenção da reeleição apenas para presidente, privando governadores e prefeitos de pleitear o mesmo direito, geraria uma “assimetria” passível de questionamento judicial.
Verificou-se na sequência que os senadores estão divididos sobre a matéria. Vários falaram contra a reeleição. Outros tantos, a favor. Um dos presentes disse que, não fosse a impopularidade da recém-reeleita Dilma Rousseff, o assunto talvez nem estivesse em pauta.
Uma dificuldade prática pode levar ao resultado pretendido pelo presidente do TSE. A Câmara aprovou o fim da reeleição, mas esticou o mandato do presidente, dos governadores e dos prefeitos dos atuais quatro anos para cinco anos. Nessa fórmula, seria necessário compatibilizar a novidade com os mandatos do Legislativo. O mandato de um deputado passaria a durar cinco anos. E o de senador teria de ser encurtado de oito para cinco anos ou esticado para dez anos.
“Vocês resolverão isso facilmente”, disse o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. “Basta aprovar o mandato de dez anos para senador”. Líder do PSDB, o senador Cássio Cunha Lima, devolveu a ironia: “Tenho uma solução melhor. Aprovamos um mandato de dois anos para os deputados federais.” Nesse ritmo, não são negligenciáveis as chances de o Senado manter a reeleição, como defende Toffoli.
Discutiu-se também o fim das coligações nas eleições proporcionais. Ao farejar o interesse dos senadores pela matéria, Eduardo Cunha recordou que a Câmara rejeitou emenda constitucional que acabava com as coligações proporcionais. Por isso, outra emenda com o mesmo teor só poderia ser apreciada na próxima legislatura.
Sem tirar a razão de Cunha, Dias Toffoli ofereceu uma saída aos senadores. Disse que não há nenhum impedimento legal para que o tema seja rediscutido por meio de um projeto de lei ordinária. É o que devem fazer os senadores. A maioria deles avalia que a Câmara errou ao não acabar com as coligações proporcionais.
O que é uma coligação em eleição proporcional? Na superfície, serve para que pequenos partidos se juntem aos maiores. Assim, agrupados numa coligação, disputam as cadeiras de deputado estadual e deputado federal.
Às grandes legendas interessa aumentar o seu tempo de propaganda no rádio e na televisão. Aos partidos nanicos interessa enfiar nas chapas das coligações candidatos que, de outro modo, não teriam a mais remota chance de disputar.
Nos subterrâneos, as coligações proporcionais servem para que os “donos” de partidos inexpressivos ganhem dinheiro à sombra. Eles vendem o tempo de propaganda de que dispõem. Com sorte, conseguem eleger seus azarões pela coligação. Quanto mais votos obtiverem, maior será a fatia que arrancarão do fundo partidário, 100% feito de verbas públicas.
Hoje, há 32 legendas com registro no TSE, das quais 28 têm assento na Câmara. Outras três dezenas aguardam na fila do cartório da Justiça Eleitoral. Uma reforma política não será digna desse nome se não destruir a engrenagem que move essa fábrica de partidos. O fim das coligações proporcionais seria um bom começo.
A certa altura, a conversa entre os congressistas e os três ministros que têm assento no STF e no TSE enveredou para o modelo de financiamento das campanhas eleitorais. Alguém criticou a decisão da Câmara de empurrar para dentro da Constituição o financiamento privado das eleições, por meio de doações de empresas para os partidos.
Eduardo Cunha apressou-se em defender a providência. Voltando-se para os ministros, evocou a ação que a OAB protocolou no STF questionando a constitucionalidade das doações eleitorais de empresas. Em abril do ano passado, Gilmar Mendes pediu vistas do processo quando já havia no plenário do Supremo uma maioria de votos a favor da proibição do financiamento das eleições por empresas. Com esse gesto, adiou a proclamação do resultado.
“Vocês, lá no Supremo, estão discutindo isso”, disse Cunha. “E a gente decidiu colocar na Constituição para evitar contratempos.” Gilmar Mendes, por assim dizer, ecoou o presidente da Câmara. Disse que a inclusão do financiamento privado na Constituição é mesmo relevante para sepultar a ação que corre no STF.
Toffoli reiterou sua posição a favor da fixação de limites para doações das empresas aos partidos políticos. Ele sugere a adoção de valores nominais. Citou uma cifra hipotética: R$ 1 milhão por empresa. Como contra-exemplo, mencionou o caso do grupo empresarial JBS, dono da logomarca de carnes Friboi. “Doou mais de R$ 350 milhões nas eleições do ano passado. Isso não tem paralelo no mundo.”
A exemplo do que sucedeu na Câmara, a maioria dos senadores é favorável ao financiamento privado das eleições. Para compensar a provável imposição de limites às empresas, os senadores cogitam adotar providências que barateiem o custo das campanhas.

NO O ANTAGONISTA
Toffoli contra a "intervenção humana"
Brasil 23.06.15 16:46
O ministro Antônio Dias Toffoli, presidente do TSE, está aborrecido com a aprovação do voto impresso. Ele disse: "Do ponto de vista técnico, a Justiça eleitoral é contrária. Toda concepção da urna eletrônica se baseou na intenção de terminar com a intervenção humana, que não deixa digitais muitas vezes."
O Antagonista quer "intervenção humana" nas votações, mas de humanos de todos os partidos, em grandes salas de apuração cheias de calor humano.
João Pedro Stedile continua solto
Brasil 23.06.15 22:57
José Rainha Júnior, ex-líder do MST, foi condenado a mais de 31 anos de prisão por extorsão, formação de quadrilha e estelionato.
João Pedro Stedile, atual líder do MST, continua solto.
Ninguém vai protestar se Lula for preso
Brasil 24.06.15 05:38
O que os petistas vão fazer se Lula for preso?
Nada, segundo a Folha de S. Paulo:
"Insatisfeito com a inércia do Planalto, um dirigente do PT disse a um ministro que, caso Lula seja preso, tem dúvidas se a cúpula do partido e a militância da sigla teriam energia para sair às ruas e defendê-lo".
O BNDES é um caso de polícia
Brasil 24.06.15 06:07
É espantoso que, para saber o que o BNDES deu à Odebrecht, tenhamos de mandar a polícia.
Folha de S. Paulo:
"Os investigadores apreenderam na sede da Odebrecht Latin Finance, 42 contratos de financiamento entre o BNDES e países estrangeiros, com participação da construtora. Entre eles, havia 21 de Angola, 8 da República Dominicana e 4 de Cuba, além de documentos sobre as obras do porto de Mariel".
O anúncio de O Antagonista
Brasil 24.06.15 06:30
O Antagonista, contrariamente à Odebrecht, não tem dinheiro para publicar anúncios em todos os jornais do Brasil.
Se tivesse, reproduziria um trecho do depoimento prestado ontem por Paulo Roberto Costa, em que ele confirmou o encontro com Alexandrino Alencar, da Odebrecht, para negociar o pagamento de propina por parte da Braskem.
Paulo Roberto Costa disse que durante o encontro, realizado num hotel de São Paulo, “foi tratado de forma clara o assunto relacionado ao pagamento de vantagens ilícitas em troca de benefícios à Braskem na compra de nafta da Petrobras”.
Palocci pediu dinheiro para Dilma
Brasil 24.06.15 07:11
Antônio Palocci pediu 2 milhões de reais do Petrolão para a campanha de Dilma Rousseff.
A denúncia de Paulo Roberto Costa, feita no ano passado, foi confirmada ontem por seu advogado, João Mestieri, que disse a O Globo:
"Paulo Roberto vai manter sua versão. Ou seja, Palocci lhe pediu o dinheiro e Youssef pagou. Essa é a verdade. Paulo Roberto sempre manterá sua coerência em torno dos fatos relatados".
Bené é Bené?
Brasil 24.06.15 07:34
Um executivo da Engevix, preso pela Lava Jato, disse que, em dezembro de 2013, foi procurado por uma "pessoa que conhece pelo nome de Bené, tendo este solicitado apoio para a campanha de Fernando Pimentel, candidato do PT".
Os investigadores da Lava Jato, segundo o Estadão, agora vão averiguar se o Bené que pediu dinheiro à Engevix para a campanha de Fernando Pimentel é o mesmo Bené que trabalhou como arrecadador clandestino para a campanha de Fernando Pimentel.
Bené é Bené?

NO BLOG ALERTA TOTAL
Quarta-feira, 24 de junho de 2015
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

A confirmação de que o tesoureiro petista João Vaccari Neto ficará preso até seu julgamento, e a confirmação de Paulo Roberto Costa sobre o pagamento de propinas pela Odebrecht para conquistar contratos na Petrobras alimentaram a tensão sobre um desfecho desfavorável a Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato. O risco de ter um pedido de prisão decretado pelo Juiz Sérgio Moro é concreto e objetivo.
Ao também ratificar que Antônio Palocci pediu dinheiro para a campanha de Dilma, Paulinho (como Lula o tratava intimamente antes de estourar o escândalo) agrava a situação já periclitante da cúpula petista no mega esquema de corrupção na Petrobras - que deve ter similares em outras estatais. Tudo deve piorar quando Henrique Pizzolato voltar extraditado ao Brasil, com alto risco de revelar novidades sobre os desdobramentos ocultos do Mensalão (um crime que não terminou, segundo provou o Petrolão).
Enquanto os petistas se borram, parece que, ao menos no jogo de cena da política, Dilma Rousseff entubou a crítica de Luiz Inácio Lula da Silva, o "comentarista do abismo" que proclamou que ele, o PT e o governo Dilma estão no "volume morto". Dilma minimizou ontem, para a imprensa, os ataques de Lula: "Todo mundo tem o direito de criticar, mais ainda o presidente Lula, que é muito criticado por vocês".
Mas o líder do (des)governo na Câmara dos Deputados pensa diferente. O deputado federal José Guimarães, irmão do José Genoíno, ficou pt da vida com as recentes broncas de Lula. Advertindo que falava como petista, e não como líder (dá para diferenciar?), Guimarães lascou a peixeira cearense no companheiro $talinácio:
"O Lula tem todo o direito de criticar o que ele quiser, ele é ex-presidente da República, não me estresso com essas coisas. Só posso dizer que a perspectiva do PT no Nordeste é muito boa. Quem fica apregoando essa história do PT está no fundo do poço, está no volume morto ou coisa que o valha... Vamos esperar as eleições. Já vi tantas previsões feitas e não realizadas, vamos aguardar 2016".
José Guimarães indicou o que pode salvar o governo Dilma e o PT: "Quem ganha a eleição é economia, é bolso, não é nada de outra coisa. Se a economia retoma o processo de crescimento em 2016, não tenho a menor dúvida que vamos sair bem. Tem muita água para rolar ainda, muita coisa a ser feita".
Quem mais bem avacalhou a suposta brinca interna dentro do PT, gerada por Lula, foi o vice-líder do PSDB na Câmara. O deputado federal Nilson Leitão ironizou a jogada do grande chefão da Petelândia: "O PT é o próprio presidente. Se o Lula mudasse de nome ele se chamaria PT. Agora, deu PT no Lula. Esse é o problema. E agora querem fazer essa mudança".
O Alerta Total repete por 13 x 13 para dar sorte: os recentes "sincerícídios" de Luiz Inácio Lula da Silva têm três evidentes intenções. A clara motivação estratégica é reconstruir o PT, de repente até mudando o nome do partido que desmoralizou a honradez, de olho no médio e longo prazos. Já o objetivo tático, nada fácil, é teatralizar uma autocrítica que permita a Lula se descolar do fracasso de Dilma, para uma tentativa de disputar a sucessão de 2018, ainda muito distante. Uma terceira jogada, não declarada, consiste em sensibilizar a militância para a guerra que pode ser gerada com uma eventual queda da Presidenta ou com uma nada improvável prisão do próprio Lula pela Lava Jato.
(...)

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