DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
9 DE FEVEREIRO DE 2015
A empreiteira OAS faturou tanto, no esquema do Petrolão iniciado em 2004, no governo Lula, e desmantelado pela polícia em 2012, que não se importava de pagar R$ 600 mil por mês ao principal executivo, José Aldemário Pinheiro Filho, vulgo “Leo Pinheiro”, que tem 10% da OAS. Agora sob recuperação judicial, e com Leo preso, a empresa negociou acordo antecipando um ano de “salários”, cerca de R$ R$ 7,2 milhões.
Na carceragem da PF em Curitiba, o principal executivo da OAS divide uma pequena cela com três outros capitães da construção civil.
Estão na mesma cela na PF, além de Pinheiro, o presidente da UTC, Ricardo Pessoa, e o vice-presidente da Engevix, Gerson Almada.
Habituado à vida confortável e aos hotéis de alto luxo, Pinheiro, Pessoa e Almada usam o banheiro da cela. E com plateia, sem privacidade.
A força tarefa da Lava Jato avalia que os três empreiteiros têm muito a revelar, nos depoimentos. E que estão quase maduros para fazê-lo.
A 18 meses das Olimpíadas do Rio, onde o risco de atentados é real, o Brasil não dispõe lei que tipifica o crime de terrorismo. Vários governos já manifestaram preocupação ao Brasil oficialmente, mas o projeto que define juridicamente o ato de terror, do planejamento à execução, dormita há dois anos. O governo ignora o projeto pelo seu conteúdo e porque o autor é um deputado de oposição: Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
Com Sibá Machado (AC) à frente da liderança, o PT busca “pizzaiolo de fibra” para presidir o Conselho de Ética em tempos de Petrolão. O escolhido terá a missão de salvar a pele de envolvidos no escândalo.
O PSDB avalia apoiar o deputado Marcos Rogério (PDT-RO) ou José Carlos Araújo (PSD-BA) para presidir o Conselho de Ética. O clima no tucanato é de caça às bruxas, ou melhor, caça aos “petroleiros”.
Promessa de campanha do governador Rodrigo Rollemberg (DF), o corte de cargos em 60% está longe de ser cumprido: em janeiro, 9,5 mil comissionados ganharam uma boquinha, contra 1,2 mil exonerações.
… Graça Foster entrou nos quadros da Petrobras como estagiária, há mais de 30 anos. Tudo que fez, apendeu na estatal.

NO DIÁRIO DO PODER
OPERADOR FORAGIDO DA MY WAY SE ENTREGA À POLÍCIA FEDERAL
ELE É SUSPEITO DE SER O PRINCIPAL OPERADOR DO ESCÂNDALO DO PETROLÃO
Publicado em 8 de fevereiro de 2015 às 18:30 - Atualizado às 20:31
Por: Natallie Valleijo

mario goes
A planilha do ex-gerente Pedro Barusco revela a importância de Mário Goes no Petrolão
O proprietário da empresa Rio Marines, Mário Góes, considerado pelos investigadores, agora, o maior operador do Petrolão no exterior, se apresentou na Superintendência da Polícia Federal (PF) de Curitiba neste domingo, 8. Ele é suspeito de ser um dos operadores do esquema de pagamento de propina envolvendo a Arxo.
Mário Góes teve um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça na nona fase da operação, a My Way, que foi deflagrada na quinta-feira, 5, e estava foragido desde então.
Mario Goes é um antigo operador do mercado de shipping no Brasil, e atua nos esquemas subterrâneos do poder desde os tempos da Sunaman, na ditadura militar. Em depoimento prestado ao Ministério Público Federal (MPF), uma ex-funcionária da Arxo disse que Mário Góes recebeu em diversas oportunidades valores em espécie na sede da empresa. Em contrapartida, ele passava informações privilegiadas, contribuindo para que a Arxo fosse fornecedora exclusiva de determinados produtos para a Petrobras.
Góes também foi citado por Pedro Barusco, ex-gerente de serviços da Petrobras, em delação premiada. De acordo com o dossiê de Barusco, Góes representou as empreiteiras UTC, MPE, OAS, Mendes Junior, Andrade Gutierrez, Schain, Carioca e Bueno Engenharia no esquema de corrupção.
A Arxo é suspeita de estar envolvida em um esquema de pagamento de propina relacionada à Operação Lava Jato. Segundo a PF, a companhia tem negócios com a BR Distribuidora. Foram apreendidos na sede da empresa R$ 3,186 milhões. Segundo os policiais, as notas estão divididas em reais, dólares e euros. Além do dinheiro em espécie, também foram apreendidos 518 relógios de luxo, 35 obras de arte e cinco veículos de alto valor de mercado.

PETROBRAS CONTRATOU 60% DAS OBRAS POR CONVITE, DIZ JORNAL
EM QUASE DEZ ANOS, CRESCE LICITAÇÃO QUE FAVORECEU CARTEL NA ESTATAL
Publicado em 8 de fevereiro de 2015 às 18:55
Lula petrobras foto- Ricardo Stuckert
Delações premiadas à PF apontam que o uso desse tipo de licitação fortaleceu o cartel que direcionava licitações e superfaturava contratos, segundo as investigações (Foto: Ricardo Stuckert)
Segundo levantamento do jornal O Globo, quase R$ 220 bilhões em contratos da estatal foram disputados apenas por um grupo restrito de fornecedores: os convidados.
O montante representa 61% de todas as compras feitas pela Petrobras entre 2003 e 2012, quando ocorreram os superfaturamentos investigados pela Operação Lava-Jato. Nesse período, Paulo Roberto Costa e Renato Duque atuaram na diretoria da Petrobras.
Apenas sobre os contratos em reais da estatal, segundo a publicação, revela que, nesse período, aumentou consideravelmente o uso de carta-convite para a seleção de fornecedores de obras, serviços e equipamentos. O instrumento limita o número de participantes em uma licitação. Em 2004, apenas 8% dos R$ 15,3 bilhões contratados pela Petrobras foram por meio de convite. No ano seguinte, foram mais de 60%. Em 2009, essa proporção chegou a 76% dos R$ 35,5 bilhões gastos pela companhia naquele ano. Esse patamar só começou a cair em 2012, quando os dois ex-diretores foram demitidos com a chegada à presidência da Petrobras de Graça Foster, que reduziu o ritmo dos investimentos. Ainda assim, no ano passado, a empresa gastou 59% do orçamento por meio de licitações do tipo convite.

TCU APURA EMPRÉSTIMO DO BB PARA SOCIALITE NA GESTÃO DE BENDINE
PROCURADOR QUESTIONA POR QUE CRÉDITO DE R$ 2,7 MILHÕES FOI DADO MESMO COM INFORMAÇÕES DE QUE SOCIALITE ESTAVA INADIMPLENTE
Publicado em 8 de fevereiro de 2015 às 17:55
O Tribunal de Contas da União (TCU) investiga empréstimo de R$ 2,7 milhões feito pelo Banco do Brasil à empresária e socialite Valdirene Aparecida Marchiori, a Val Marchiori. A operação foi realizada em 2013, na gestão de Aldemir Bendine, que é amigo da socialite. Na sexta-feira (06), o executivo deixou o comando do banco e foi confirmado como novo presidente da Petrobrás.
A fiscalização do TCU, em fase inicial, foi aberta a pedido do Ministério Público que atua no tribunal. Conforme representação assinada pelo procurador Júlio Marcelo de Oliveira, os fatos são “potencialmente graves” e a cifra vultosa envolvida justifica, por si só, a atuação da corte de contas.
“Mais importante é o precedente que essa operação encerra, podendo servir de modelo danoso para outras operações do Banco do Brasil, máxime porque as linhas de rigor na concessão do crédito não parecem ter sido observadas”, justifica o procurador. Para ele, deve-se verificar se a operação é “recorrente” ou se foi “especialíssima, com gravidade presente em ambas as hipóteses”.
Val obteve o empréstimo do Banco do Brasil a partir de uma linha subsidiada do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), destinada à aquisição de máquinas e equipamentos. De acordo com denúncia de um grupo de funcionários do BB, a socialite tinha restrições de crédito por não ter capacidade financeira suficiente, além de não ter quitado empréstimo anterior ao banco. Na prática, isso inviabilizaria a liberação do dinheiro. O banco nega qualquer irregularidade.
Os recursos foram obtidos por meio de uma empresa de Val, a Torke Empreendimentos, para a compra de caminhões. Logo após a aquisição, os veículos foram sublocados para a Veloz Empreendimentos, que pertence a um irmão e à cunhada da socialite. Os dois tampouco teriam capacidade financeira para a aquisição.
A partir da representação, apresentada em 31 de outubro, o TCU autuou um processo sobre o caso e pediu ao Banco do Brasil documentos para analisar a operação. Parecer dos auditores do tribunal a respeito ainda não foi concluído.
Bendine procurou autoridades da corte para convencê-los de que não houve irregularidades. Para isso, contou com a ajuda do vice-presidente de Governo do BB, Valmir Campelo Bezerra, que é ex-ministro do tribunal.
Caso a operação seja considerada irregular, Bendine pode ser multado. Se o TCU entender que houve prejuízo, cabe a abertura de uma tomada de contas especial para confirmar o valor do débito e impor a ele o ressarcimento.
Na representação, o procurador Júlio Marcelo diz que, se comprovados os fatos e demonstradas “ilicitudes, há que se apontar as responsabilidades pela operação, apurando-se a ocorrência de gestão temerária e apenando-se os gestores envolvidos”.
“Para que (os bancos públicos) realizem adequadamente esta condição de protagonismo creditício, especialmente na linha de recursos direcionados, há que se observar critérios técnicos rigorosos, impessoais, sob pena de risco de inadimplência que, cedo ou tarde, deverão ser arcados pelo Tesouro Nacional e demais acionistas da entidade, isto é, pelo contribuinte brasileiro”, sustenta o procurador na representação.
Na sexta-feira, o Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo informou ter pedido abertura de um inquérito, pela Polícia Federal, para apurar eventuais irregularidades no financiamento. A Justiça Federal determinou ao Banco do Brasil o fornecimento de documentos sobre os empréstimos à socialite. (AE)

SEM SOCORRO, SETE BRASIL PODE DEIXAR PERDA DE R$ 28 BILHÕES
CÁLCULO DA PRÓPRIA EMPRESA APONTA QUE, EM CASO DE QUEBRA, PREJUÍZO DEVE ATINGIR BANCOS, FUNDOS DE PENSÃO E ESTALEIROS
Publicado em 8 de fevereiro de 2015 às 14:15 - Atualizado às 14:17
Estaleiro Sete Brasil Foto Estadão
Empresa Sete Brasil enfrenta dificuldades para honrar pagamentos (Foto: Estadão)
Um prejuízo de mais de R$ 28 bilhões para bancos, fundos de pensão e estaleiros. A extinção de 150 mil empregos. O atraso da construção das sondas para exploração do pré-sal pela Petrobrás. Este é o cenário traçado pela própria Sete Brasil, empresa criada para gerenciar a construção de sondas do pré-sal, caso o governo não consiga fechar a operação salvamento da companhia. O acordo estava prestes a ser assinado com Petrobrás e BNDES quando a diretoria da estatal pediu demissão e novas informações da Operação Lava Jato surgiram, implicando a Sete Brasil.
Na sexta-feira (06), o presidente da Sete, Luiz Eduardo Carneiro, conversou com alguns executivos dos estaleiros e informou que a situação era crítica porque a denúncia de que houve pagamento de propinas nos negócios com as 28 sondas contratadas pela Petrobrás, em acordos de US$ 25 bilhões, deixou os bancos em situação difícil de poder assinar qualquer financiamento de longo prazo.
A indicação de Aldemir Bendine, até então presidente do Banco do Brasil, para assumir a presidência da Petrobrás, foi entendida como parte da tentativa de salvar o acordo e evitar que a Petrobrás cancele o contrato ou suspenda negócios, como aconteceu com a lista de 23 companhias acusadas de cartel. Bendine, que chegou a ser cogitado para presidente do BNDES, tinha sido mantido no BB com a missão de salvar as empresas envolvidas na Lava Jato, segundo fontes próximas da instituição.
Desde novembro, a Sete Brasil está sem dinheiro em caixa. Sem crédito na praça, interrompeu o pagamento das sondas para os cinco estaleiros que contratou e que já estão construindo os equipamentos. Os seis bancos que emprestaram US$ 4,3 bilhões, em empréstimos de curto prazo, também começam a ficar preocupados. Segundo documento enviado no início de janeiro aos acionistas da companhia pela área de relações com investidores, o cenário em caso de quebra é devastador, já que a companhia não tem ativos, pois apenas contratou a construção das sondas. Os bancos perdem os US$ 4,3 bilhões. Os acionistas, entre eles os fundos de pensão Previ, Petros, Funcef e Valia, além dos bancos BTG Pactual, Bradesco e Santander, perdem os R$ 8,3 bilhões que aportaram. Os estaleiros, três deles liderados pelas construtoras brasileiras e que investiram em função dos contratos, perdem R$ 5,5 bilhões. O FI FGTS perde os quase R$ 2,5 bilhões que emprestou.
No documento, o cenário foi traçado para convencer os acionistas a assinar os termos dos contratos com estaleiros para que a Petrobrás não desistisse da compra de sete sondas, como já ameaçou fazer. Segundo conta um dos acionistas, os executivos que foram demitidos, e agora estão envolvidos na acusação de pagamento de propinas, alteraram os termos dos contratos com os estaleiros, favorecendo as construtoras, sem o aval dos acionistas. Alguns reclamam ainda que desde o ano passado, quando Pedro Barusco, ex-diretor da Sete, assinou acordo de delação premiada dentro da Lava Jato, era para ter sido feita uma auditoria interna para apurar irregularidades e que até agora nenhuma satisfação lhes foi dada. (AE)

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
08/02/2015 às 17:27 \ Opinião
Dora Kramer: ‘Estado de alerta’
Publicado no Estadão
DORA KRAMER
O PT, Luiz Inácio da Silva à frente, resolveu reeditar o discurso da vítima de perseguição política para tentar se precaver do que vier adiante em decorrência da Operação Lava Jato.
Pura falta de melhor argumento no momento. Quem esteve com o ex-presidente nesta semana no Instituto Lula – precisamente no dia em que o tesoureiro João Vaccari Neto foi levado a depor na Polícia Federal – pode aquilatar que ele tem perfeita noção da gravidade da situação. A luz amarela acendeu no Instituto Lula.
Ao contrário do Palácio do Planalto, onde a presidente Dilma Rousseff não perde a oportunidade de repetir – e agradece a quem puder fazê-lo por ela em público – que não “tem nada a ver” com Vaccari, no escritório do ex-presidente sabe-se perfeitamente que todo mundo no PT “tem a ver” de alguma forma com o tesoureiro do partido.
Na sexta-feira, dia seguinte ao depoimento de Vaccari, ressurgiram os antigos bordões sobre “golpes”, urdiduras para “criminalizar” o PT, alertas para a possibilidade de “julgamentos políticos e não jurídicos” e as inevitáveis comparações com o mensalão, aquele caso que só existiu na mente dos conspiradores.
Soaram especialmente estapafúrdias as suspeitas levantadas a respeito da conduta da PF ao conduzir o tesoureiro de maneira coercitiva para depor, porque contrastam com o esforço feito pela presidente Dilma Rousseff para convencer o País de que o escândalo da Petrobras só existe porque o governo dela não dá trégua à corrupção.
Ao saber que a polícia queria do tesoureiro informações sobre doações legais e ilegais feitas por empresas que tinham contratos com a Petrobras, o presidente Rui Falcão foi dos primeiros a atestar que no PT não tem caixa 2, só recursos devidamente contabilizados.
Isso agora que o pessoal dos recursos não contabilizados já está condenado e não precisa mais da tese do crime eleitoral para negar corrupção. Nessa altura pouco importa a coerência ou verossimilhança das alegações.
Nem os petistas acreditam de fato na narrativa do “golpismo” tantos são os fatos que deixam o partido atarantado diante de um governo que comete um erro atrás do outro e, além disso, não se comunica para dentro nem para fora. O PT simplesmente não tem o que dizer no momento além de atribuir culpas a inimigos difusos.
Fosse falar a verdade do que se diz internamente, os responsáveis pelas agruras seriam outros: a presidente e os ministros “da casa”, Aloizio Mercadante, Miguel Rossetto e Pepe Vargas.
A presidente da República nada diz que guarde relação com a realidade. Sobre as questões importantes Dilma se cala e, com isso, dissemina inquietação no PT. O ex-presidente Lula tem ouvido de correligionários apelos para que comande algum tipo de reação. Na política.
As declarações dele na reunião do diretório nacional do partido em Belo Horizonte obedeceram ao modelo antigo, mas não traduzem o real estado de espírito de Lula sobre os rumos do governo, a administração (ou falta de) das crises e os desdobramentos da Lava Jato. O blazer, a calça e a camisa pretos refletiram melhor.
As bravatas ditas em público sobre a necessidade de o partido “reagir aos ataques” são apenas bravatas. Na realidade nua e crua há noção da gravidade e da imprevisibilidade da situação. Os petistas falam em defender Vaccari como se o alvo fosse a pessoa física. Lula disse que “na dúvida” ficava com o “companheiro”, Rui Falcão externou confiança de que ele “nunca pôs dinheiro no bolso”.
Não é disso que se trata. O que se investiga é o repasse de uma parte de dinheiro de contratos da Petrobras para partidos políticos. Entre eles o PT do qual Vaccari seria, segundo os delatores, o encarregado de intermediar as operações. Não é ele quem está sendo acusado de receber propina, é o partido.

Já disse isso de outro modo, mas acho que serve para esta foto e este momento. Eu vejo gente morta. Que cara é essa, a do jeca? Que olhar é esse, o dele? Pergunto a Tom Jobim que sabia tudo de olhares. Talvez o do jeca seja o olhar cínico de quem pronuncia o mundo como quem quer convencer de que não há alternativa ao dono desses olhos, logo, que não há alternativa ao cinismo. Um cinismo profundo de que só os covardes são capazes, como se estabelecesse os horizontes e os limites do mundo na mentira – não há vida possível fora desses contornos: a oposição quer o sofrimento do povo, as elites são contra nordestino presidir o Brasil, a imprensa independente é golpista e os indignados são pessimistas, sem falar dos tais “eles”.
Nesta foto, com o olhar rútilo, embevecido entre os cúmplices, mirando o frasco com uma mostra oleosa do que a Petrobras produz, o jeca vê o que importa: a súcia arrancara da empresa, por baixo, 200 milhões em 10 anos. Eis que se completa o destino do partido fundado há 35 anos, revelado no mais patético embuste da História desse país trigueiro dividido entre o Carnaval e a quarta-feira de cinzas. Nascidos para sanear as mazelas da Nação, o jeca e seu partido-bando-seita se nutriram delas e agora morrem de petismo.
Agonizam, respirando por aparelhos incrustados no Estado pelos vigaristas em cópula incessante para continuar parindo, a cada aurora e a cada crepúsculo, as negociatas e as mentiras que, protegendo umas às outras, preservam o conjunto de canalhice colossal, inédita. A súcia esperneia pela sobrevivência na metafísica troncha de um oportunista ideário esquerdista que só deu errado onde foi tentado, mas ainda pulsante nessa matéria bananosa emoldurada por 8 mil km de praia que acomoda, com o jeitinho malemolente sob o Sol dos trópicos que derrete indignações, a roubalheira de quem rouba pela causa.
Que causa? A do triplex no Guarujá, de onde, sonhando com o poder eterno, o jeca insiste em reinar sobre um país devastado pela incompetência mais rombuda e pela roubalheira mais renitente, engendradas por quem lhe sanearia as mazelas? Esse homenzinho miserável está em silêncio desde que a verdade começou a se fazer ouvir. Não sei se morrerá calado, não tenho a habilidade de ler olhos como o Tom Jobim, o Brasil que se submeteu à escória me confunde e o brasileiro me intriga. Não sei ao certo que cara e que olhar são esses, o do jeca. Nem me interessa porque o que vejo me basta: a coisa repugnante que eles encarnam está morta.

NO BLOG DO CORONEL
(Folha) Os 89 maiores contratos da Petrobras foram a fonte para um volume total de propina que chega a R$ 1,2 bilhão, segundo valores contidos em planilha entregue aos procuradores da Operação Lava Jato por Pedro Barusco, ex-gerente da petroleira, e corrigidos pela inflação do período. Os contratos listados por Barusco somam R$ 97 bilhões. O suborno equivale a 1,3% deste valor. Em depoimento que prestou após acordo de delação premiada, o ex-gerente citou que a propina variava de 1% a 2% do valor contratado. 
A tabela de cinco páginas detalha em que acertos houve propina, quem pagou, o nome do intermediário, em que data e como o dinheiro foi dividido entre o PT, o ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, o ex-diretor de Serviços, Renato Duque, e o próprio Barusco. Duque ocupou o cargo por indicação do PT, o que seus advogados negam. 
No acordo que assinou, Barusco se comprometeu a devolver US$ 97 milhões que recebera de suborno. De acordo com a planilha, o PT ficou com a maior parte dos recursos: R$ 455,1 milhões, equivalente hoje a US$ 164 milhões. O partido nega ter recebido doações ilegais. No depoimento aos procuradores, Barusco disse que a parte do suborno que ficara com o PT era de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões. 
A empreiteira que mais pagou propina, segundo a lista de Barusco, é a Engevix. A empresa ocupa essa posição porque conquistou o maior contrato citado pelo ex-gerente na planilha, de R$ 9 bilhões, para a construção de cascos de navio para a exploração do pré-sal. Nesse caso, detalha Barusco, a propina foi de 1% do valor do contrato (R$ 90 milhões), dividida em partes iguais entre o PT e a diretoria de Serviços da estatal. 
Os pagamentos listados ocorreram entre maio de 2004 e fevereiro de 2011, nos governos Lula e Dilma Rousseff. Os dados mostram que a maior parte da propina foi paga em 2010, ano da primeira eleição de Dilma. De acordo com a tabela, foram embolsados R$ 374 milhões. Desse total, o PT teria ficado com R$ 120 milhões. 
METÓDICO
O material apresentado por Barusco é organizado ao ponto de apresentar os centavos de obras bilionárias da Petrobras. Onze agentes que intermediavam a propina são mencionados, entre os quais Julio Camargo -- ligado à empresa Toyo Setal e também delator do esquema -- e Idelfonso Colares, presidente da Queiroz Galvão até 2013. Já na coluna sobre a divisão do suborno, Barusco usa códigos: "part" para Partido dos Trabalhadores, "PR" para Paulo Roberto Costa e "casa" para identificar a diretoria de Serviços.
Em alguns casos, a divisão da "casa" aparece detalhada. Em uma obra na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, por exemplo, há a indicação "(0,6MW 0,4Sab)" ao lado do registro de uma propina de 1% para a diretoria. "MW" é uma referência a Renato Duque, a quem Barusco se referia como "My Way", título de canção interpretada por Frank Sinatra. "Sab" identifica o próprio ex-gerente da Petrobras, numa alusão a Sabrina, nome de uma ex-namorada, segundo ele relatou à Polícia Federal.
Assim, só nesse contrato Duque levou R$ 7,9 milhões e Barusco, R$ 5,3 milhões.
POSTADO POR O EDITOR ÀS 09:58:00


NO BLOG DO NOBLAT
A boa vida dos operadores do petrolão
Operação Lava Jato revelou que ex-funcionários da Petrobras desfrutavam de apartamentos luxuosos, casas de veraneio milionárias e até uma aeronave
09/02/2015 - 05h39
Daniel Haidar, Veja
As cifras do maior escândalo de corrupção já descoberto no Brasil ainda causam perplexidade aos investigadores da força-tarefa montada pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. O patrimônio – não declarado -- dos superfuncionários que operavam a sangria nos cofres da Petrobras permitiu uma vida cercada de luxo, comparável à de pessoas afortunadas no Brasil.
Mas um trio de ex-diretores da estatal acabou fisgado pela mais bem sucedida operação da Polícia Federal da história, batizada de Lava Jato.
E a riqueza da elite de dirigentes da Petrobras revelou-se ainda mais grandiosa: estimativas preliminares apontam que o pagamento de propina em troca de contratos na petrolífera rendeu mais de 40 milhões de reais a cada um dos ex-diretores na mira da Justiça.
E esse dinheiro acabou convertido em apartamentos milionários, casas de veraneio de luxo e em uma aeronave com capacidade de até nove pessoas.
Avião Beechcraft Super King Air 200 comprado por Pedro Barusco  (Foto: Divulgação)Avião Beechcraft Super King Air 200 comprado por Pedro Barusco (Imagem: Divulgação)

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
09/02/2015 às 3:29
Por Natuza Neri, na Folha:
O governo ficou chocado com a pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (8) e ainda não tem uma estratégia para reagir à queda de 19 pontos na aprovação da presidente Dilma Rousseff revelada pela sondagem.
Por ora, o diagnóstico feito por integrantes do governo é o de que a população se sentiu traída pelo discurso feito pela candidata Dilma durante a campanha e a realidade mostrada no período pós-eleitoral: energia mais cara, racionamento de água em São Paulo e apagão em alguns Estados do país. Além disso, membros do Executivo fazem uma autocrítica sobre o processo de anúncio das medidas de ajuste fiscal, que envolveram aumento de tributos, bloqueio provisório de gastos, corte de subsídios para o setor elétrico e mudanças nas regras de benefícios sociais. A avaliação é que o governo alimentou a expectativa negativa sobre o futuro próximo, sem conseguir explicar que o cenário de aperto se destinava a preservar conquistas da última década.
(…)
Por Reinaldo Azevedo

NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza - 08/02/2015 19:22
Uma decisão judicial da semana passada reanimou as empreiteiras encrencadas na Operação Lava Jato. O ministro Luís Felipe Salomão, do STJ, enviou de Curitiba para a Justiça estadual do Maranhão o pedaço do inquérito que se refere à ex-governadora Roseana Sarney. As construtoras cogitam invocar o precedente para tentar fugir dos rigores do juiz federal paranaense Sérgio Moro. Pelo menos uma das empresas, a Norberto Odebrecht, já acionou seus advogados.
Operação Lava Jato da PF95 fotos95 / 95
O doleiro Alberto Youssef (de camisa branca) deixa a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná, na tarde desta sexta-feira (6), para acompanhar os depoimentos na Justiça Federal do Paraná. Preso pela PF desde 17 de março de 2014, Youssef é acusado de participar de um esquema de lavagem de dinheiro que pode ter movimentado ilegalmente R$ 10 bilhões Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo
Roseana fora empurrada para dentro da Lava Jato porque o delator Alberto Youssef a mencionara em depoimento. No STJ, a defesa da filha de José Sarney sustentou que as acusações feitas contra ela referem-se a irregularidades no pagamento de precatórios do governo maranhense. Como o tema não tem conexão com a atuação do doleiro Youssef na Petrobras, caberia à Justiça do Maranhão, não ao juiz federal Sérgio Moro, julgar o caso. O ministro Luís Salomão concordou com a tese.
O advogado que peticionou em nome de Roseana no STJ foi Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. O repórter o procurou para saber se concorda com o argumento de que a decisão favorável à ex-governadora pode mesmo funcionar como abre-alas para um desfile de petições análogas das empreiteiras no STJ.
E ele: “A importância dessa decisão do STJ é o fato de discutir tecnicamente a questão da conexão. O juiz Moro acha que tem jurisdição nacional. Para ele, tudo o que surgir na investigação, independentemente da conexão, deve ficar com ele, no Paraná. Creio que essa decisão do STJ no caso da Roseana deve, no mínimo, tirar de Curitiba todas as empresas que não têm ligação com o Youssef, origem da investigação.”
No escândalo do petrolão, Kakay atua como advogado de políticos, não das empreiteiras. A despeito disso, ele disse não ter dúvidas de que o despacho do ministro Luís Salomão abre a perspectiva do que chamou de “fatiamento da Operação Lava Jato”, com o envio de pedaços da investigação para outras praças.
A prevalecer o entendimento de Kakay, mesmo empreiteiras acusadas de pagar propina na Petrobras podem fugir da jurisdição de Sérgio Moro requerendo no STJ que seus casos sejam julgados nas praças onde estão assentadas as obras previstas nos contratos.
Por exemplo: as acusações referentes à refinaria pernambucana de Abreu e Lima migrariam de Curitiba para Recife. De resto, construtoras que não utilizaram Youssef como operador também poderiam questionar a competência de Moro para julgá-las.
Nas palavras de Kakay: “Qualquer empresa investigada que não tenha ligação primária com o Youssef, origem de toda a investigação, não tem motivo para ser julgada em Curitiba. O fato de a investigação estar relacionada à Petrobras tampouco leva a competência para o Paraná. Uma empreiteira que trabalhou para a Petrobras no Rio, deve ser julgada no Rio. Trabalhou em Recife? A competência é a Justiça de Pernambuco…”
Deve-se o alvoroço causado pela decisão do STJ a favor de Roseana à onda de medo que a atuação do juiz Sérgio Moro espalhou entre as empreiteiras. O magistrado, por rigoroso, impôs às empresas uma realidade à qual elas não estavam habituadas.
Moro mantém presos na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, desde novembro de 2014, sócios e executivos de algumas das maiores construtoras do país. Os detidos convivem com o receio de permanecer atrás das grades até a condenação. Alguns já dobraram os joelhos e acionaram o dedo-duro. Delatam em troca da perspectiva de redução de suas penas. Outros resistem. E sonham em encontrar no STJ uma saída para fugir das mãos de Moro e obter de juízes menos implacáveis um habeas corpus.

NO O ANTAGONISTA
Guia do mochileiro das galáxias
Brasil 09.02.2015
Um despacho publicado hoje no Diário Oficial determina que tanto a Petrobras quanto seus fornecedores deverão respeitar o código de ética da companhia e seu guia de conduta.
Isso explica os 200 milhões de dólares roubados pelo PT, segundo a denúncia de Pedro Barusco: até agora a Petrobras respeitava o código de ética do partido e o guia de conduta de seu mochileiro.
O moch das galáxias e o moch do PT

PTleaks
Brasil 09.02.2015
Paulo Roberto Costa disse que recebeu 23 milhões de dólares de propina da Odebrecht, mas a remessa dos documentos relativos a esses pagamentos estão sendo barrados pelos advogados da empreiteira na Suiça.
Isso é noticiado no mesmo dia em que o Swissleaks abala o mundo financeiro, expondo as transações clandestinas de reis, traficantes de armas e Phil Collins, numa cadeia de eventos que une o rock progressivo ao partido progressista.
O Brasil precisa urgentemente de um Odebrechtleaks, de um AndradeGutierrezleaks, de Engevixleaks e, sobretudo, de um PTleaks.
Phil Collins é o moch do rock

A gente adora um delator
Mundo 08.02.2015
O Le Monde deu um furo mundial hoje, ao revelar um vastíssimo esquema internacional de fraude fiscal que funcionava na filial suíça do HSBC, o segundo maior banco do mundo. De acordo com a investigação liderada pelo jornal francês e conduzida por 154 jornalistas de 47 países, sob a coordenação do ICIJ (The International Consortium of Investigative Journalists), o HSBC Private Bank de Genebra movimentou, entre 9 de novembro de 2006 e 31 de março de 2007, 180,6 bilhões de euros, de mais de 100 mil clientes e 20 mil empresas offshore. Entre os donos das contas, havia todo o tipo de gente -- de traficantes de armas a ditadores e corruptos. Só de brasileiros, havia 5.549 contas que totalizavam o equivalente a 7 bilhões de dólares.
O furo do Le Monde -- o SwissLeaks -- é mais um desdobramento dos arquivos que, obtidos pelo jornal em 2014, foram originalmente fornecidos a autoridades fiscais francesas por um ex-funcionário do HSBC, Hervé Falciani, em 2008. Antes de entregá-los à França, ele tentou vendê-los, sem sucesso. Na Suíça, que já tentou extraditá-lo, o ex-funcionário do HSBC é acusado de "espionagem econômica", "roubo de dados" e "violação de segredo comercial e bancário".
Com a entrega dos arquivos, Hervé Falciani ganhou o prêmio de viver em Paris, sob proteção policial. Ao contrário do advogado Kakay, O Antagonista acha que delações premiadas fazem bem ao mundo.
Hervé Falciani: o bom ladrão

E Kakay, ninguém vai investigar o amigão de Dirceu?
Brasil 08.02.2015
Passou da hora de alguém investigar como o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, vulgo Kakay, fez uma carreira tão fulgurante. O Antagonista sugere à Justiça que comece pela contratação dos serviços de Kakay pelo Banco Opportunity, de Daniel Dantas, no início da década passada, quando o amigão do causídico, José Dirceu, ainda dava -- e tomava, e embaralhava -- as cartas como ministro-chefe da Casa Civil.
Enquanto ninguém investiga Kakay, ele continua tentando melar a Operação Lava Jato. Primeiro, como advogado do doleiro Alberto Youssef, esforçou-se para que o seu cliente não aceitasse o acordo de delação premiada, alegando razões, digamos, filosóficas. Foi demitido pela família Youssef, que percebeu que estavam pagando para que Kakay defendesse outros clientes. Agora, o causídico conseguiu no Superior Tribunal de Justiça que o caso de Roseana Sarney, citada por Alberto Youssef como beneficiária do esquema de corrupção na Petrobras, saísse do âmbito do juiz federal Sergio Moro, em Curitiba, e passasse para a imparcial Justiça Estadual do Maranhão, como informa o jornalista Josias de Souza.
As empreiteiras vão se aproveitar do precedente para tentar escapar de Sergio Moro. E Kakay ainda aproveita para alfinetar o juiz que trouxe à tona o maior esquema de corrupção da história do Brasil, quiçá do mundo. "A importância dessa decisão do STJ é o fato de discutir tecnicamente a questão da conexão. O juiz Moro acha que tem jurisdição nacional", disse Kakay.
Se o juiz Sergio Moro levar adiante uma investigação sobre Kakay, o Antagonista Mario se dispõe a testemunhar sobre como ele tentou evitar que a direção da revista Veja publicasse uma reportagem sobre as suas peripécias.


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