DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
20 DE FEVEREIRO DE 2015
Até o Tribunal de Contas da União (TCU), pelas mãos do presidente, Aroldo Cedraz, baiano como as empreiteiras Odebrecht e a OAS, enroladas no Petrolão, resolveu se associar ao suspeitíssimo acordo de “leniência” que prevê quase uma anistia para empresas envolvidas no roubo à Petrobras. Empreiteiras que se cartelizaram para fraudar licitações, superfaturar contratos e subornar autoridades e funcionários.
Defensores da “leniência” alegam que as empreiteiras que ganharam bilhões com fraude e corrupção “são grandes demais para quebrar”.
A Lava Jato prendeu executivos, mas os donos das empresas, reais beneficiados pela corrupção (e agora pela “leniência”), estão soltos.
O presidente do TCU, Aroldo Cedraz, e Luís Adams (Advocacia-Geral da União) terão de explicar a pretendida “leniência” no Senado.
O “acordo de leniência”, que deveria motivar ação penal contra seus idealizadores, prevê que corruptores participem de licitações públicas.
Às vésperas do mês de março, a Controladoria-Geral não contabilizou um só centavo dos gastos do governo federal com cartões corporativos em 2015. No ano passado, o governo Dilma torrou mais de R$ 65 milhões utilizando essa forma de pagamento, cuja conta é bancada pelo contribuinte. Na Presidência da República, 90% dos gastos com cartões corporativos são escondidos sob “sigilo” desde o governo Lula.
Lula tornou “secretos” os gastos após a revelação de uso de cartões para pagar mordomias de sua família e de ministros.
Assim como deixou a amiga Graça Foster na Petrobras ser fritada e torrada em praça pública, Dilma manteve Luciano Coutinho no BNDES após a oposição propor CPI para “abrir a caixa preta” do banco.
Então está combinado: aos olhos de entidades como OAB, o ministro da Justiça virou instância de recurso judicial. Em especial nos casos em que o partido do titular é suspeito de roubar e afanar o País.
Por um ano, Dilma manteve no limbo trinta embaixadores estrangeiros, impedidos de exercer as funções por não conseguirem entregar-lhe as credenciais. O chanceler Mauro Vieira arrancou dela o agendamento de cinco entregas de credenciais num mesmo dia. Já é um começo.
Em nota, a EBC garante que os salários saem em dezembro com 13º e férias, numa curiosa coincidência de penduricalhos, e que o Sistema de Gestão de Pessoas do governo glosaria valores exorbitantes. Ah, bom.
Salários obesos na EBC, estatal de comunicação do governo federal, são de sindicalistas que conhecem o “caminho dos penduricalhos”. Chegam a R$ 56 mil em dezembro. O presidente da EBC ganha R$ 31,4 mil brutos. Ao contribuinte otário resta apenas pagar a conta.

NO DIÁRIO DO PODER
PSB QUER ANULAR NORMA DO TCU QUE PODE PREJUDICAR DELAÇÃO PREMIADA
PARA CAPIBERIBE, A NORMA É INCONSTITUCIONAL E O TRIBUNAL ULTRAPASSOU SUAS ATRIBUIÇÕES DE ÓRGÃO AUXILIAR DO CONGRESSO
Publicado em 19 de fevereiro de 2015 às 18:11 - Atualizado às 18:15
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Capiberibe também informou que o PSB deve se reunir na terça-feira para decidir se os 6 senadores assinam ou não o pedido de uma nova CPI mista Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
O senador João Capiberibe (PSB-AP) informou que seu partido vai apresentar projeto para anular edição normativa do Tribunal de Contas da União (TCU) que prevê que os acordos de leniência devem passar pelo tribunal. Esses acordos permitem a pessoas físicas ou empresas a colaboração com as investigações em troca de benefícios, como imunidade contra processos e garantia de continuar a participar de licitações do governo. Para o senador, a mudança pode prejudicar as investigações da Operação Lava-Jato, que investiga a corrupção na Petrobras.
— Essa decisão, na prática, transforma o órgão em avalista dos acordos com empreiteiras do “petrolão”, o que estimularia os empresários envolvidos no propinoduto da Petrobras a desistirem de assinar acordo de delação premiada. Para o Ministério Público, a manobra pode prejudicar a operação Lava-Jato e as investigações caso chegue aos chefes do propinoduto — explicou o senador.
Na opinião de Capiberibe, a norma é inconstitucional e o tribunal ultrapassou suas atribuições de órgão auxiliar do Congresso, motivo pelo qual o texto deve ser anulado. Ele também criticou a rapidez com que a nova regra foi aprovada, com apenas quatro horas de discussão. A mudança, avaliou o senador, deveria ter sido discutida em audiências públicas e reuniões com o Ministério Público.
Além do projeto que anula a decisão do TCU, o senador informou que apresentará ao órgão um pedido de informações sobre a aprovação rápida da norma. Capiberibe também pedirá a convocação do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, e do presidente do TCU, ministro Aroldo Cedraz, para que expliquem no Senado as razões da mudança.
Capiberibe também informou que o PSB deve se reunir na terça-feira para decidir se os seis senadores do partido assinam ou não o pedido de uma nova CPI mista para investigar a corrupção na Petrobras. O senador disse que o partido espera a manifestação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot sobre o envolvimento de parlamentares no esquema. Para ele, seria uma temeridade uma CPI com a participação de investigados pela operação Lava Jato.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
19/02/2015 às 19:42\O País quer Saber
A Guiné Equatorial segundo a Beija-Flor (Foto: Mauro Pimentel)
A Guiné Equatorial real (Desirey Minkoh/AFP)
Por BRANCA NUNES
Depois dos banqueiros do jogo-do-bicho e dos traficantes de drogas, o clube dos patrocinadores do desfile das escolas de samba do Rio abriu as portas ao chefão de uma tirania africana exemplarmente infame. O novo sócio brilhou na Marquês de Sapucaí: com 239,9 pontos, a Beija-Flor sagrou-se campeã pela 13ª vez graças ao dinheiro extorquido do povo da Guiné Equatorial por Teodoro Obiang, ditador há 36 anos.
Ex-integrante do império colonial espanhol, terceiro maior produtor de petróleo da África Subsaariana, o país é formado por cinco ilhas e uma porção continental no leste da África. Os 1,6 milhão de habitantes se espalham por 28 mil km² – território equivalente ao de Alagoas, a terceira menor unidade federativa do Brasil. Com uma fortuna declarada que a revista Forbes avaliou em US$ 600 milhões, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo é um dos chefes de estado mais ricos do Planeta.
A fantasia de “democracia constitucional” é rasgada pelo histórico eleitoral. Quando não é o único candidato, o dono da Guiné Equatorial nunca fica abaixo de 90% dos votos. Quem tenta fazer oposição de verdade vai para a cadeia ou para a sepultura. Tem sido assim desde 1979, quando liderou o golpe de Estado que derrubou seu tio Francisco Macias Nguema.
Em poucas horas, o tirano deposto, no poder desde a conquista da independência em 1968, foi sumariamente condenado à morte e executado a mando do sobrinho. Em seguida, o novo carrasco aperfeiçoou os instrumentos de terror utilizados pelo tio. Segundo a Human Rights Watch, Obiang valeu-se do boom do petróleo “para enriquecer às custas do povo”. E gastar sem pudores nem limites o que arrecada num grotão assolado por carências terríveis.
Seu filho (e vice-presidente) Teodorín Obiang, por exemplo, torrou US$ 30 milhões na compra de uma mansão em Los Angeles. Em contrapartida, a Guiné Equatorial amarga um desolador 144º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU. Entre os “países de médio desenvolvimento”, é o último colocado.
Segundo o Banco Mundial, sete em cada dez habitantes sobrevivem com menos de US$ 2 por dia. Menos da metade da população tem acesso a água potável e quase 10% dos nascidos vivos morrem antes dos cinco anos. A Anistia Internacional acusa Obiang de reprimir violentamente seus opositores, realizar execuções extrajudiciais, torturas, prisões arbitrárias, entre tantos outros atentados aos direitos humanos.
Em outubro passado, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos solicitou formalmente o confisco de dezenas de milhões de dólares em bens que se prestaram a lavagem de dinheiro. Como revelou o site 100Reporters, as autoridades americanas sustentam que figurões do regime “adquiriram uma enorme fortuna” recorrendo ao arsenal de praxe: “extorsão, apropriação indébita, roubo e desvio de verbas públicas”.
Nesta segunda-feira (16), com a fantasia oficial de vice-presidente, Teodorín acompanhou de camarote o desfile que exaltou a fraude – da comissão de frente ao último carro alegórico, passando pelo título do samba-enredo: “Um Griô Conta a História: um Olhar Sobre a África e o Despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos Sobre a Trilha de Nossa Felicidade”.
Segundo o jornal O Globo, a Beija-Flor recebeu R$ 10 milhões para dar brilho à escuridão que atormenta a Guiné Equatorial. “O dinheiro veio de financiadores culturais”, tentou despistar Benigno-Pedro Tang, embaixador no Brasil da capitania dos Obiang. “O governo não tem nada a ver com isso. O que a imprensa divulgou é uma soma muito excessiva”.
Laíla, presidente da comissão de Carnaval da Beija-Flor, embarcou na partitura da malandragem. “Tem tanta coisa para jornalistas se preocuparem, tantas mazelas, e querem pegar o Carnaval, uma escola de samba honesta, de comunidade carente, que vive na miséria, para tirar proveito”, desafinou Laila. “É sujo. A Guiné Equatorial é maravilhosa”.
Essa discurseira de patrocinado metido a esperto foi chancelada por Fran Sérgio Oliveira, também diretor da escola vitoriosa. “O povo da Guiné Equatorial é apaixonado por seu presidente. É uma ditadura? É. Mas é benéfica para a população do país”. 
É generosa sobretudo com os que detêm o bastão de mando. Hospedado na suíte presidencial do Copacabana Palace, Teodorín abrigou o restante da comitiva em outros seis apartamentos de luxo, cujas diárias vão de R$ 5.600 a R$ 7.200.
O dinheiro doado à Beija-Flor corresponde a quase um terço dos US$ 12 milhões que a Guiné Equatorial deve ao Brasil. Depois de anunciar que o débito seria perdoado, a presidente Dilma Rousseff achou perigoso continuar torrando dinheiro que não lhe pertence em donativos a ditadores de estimação. A quantia, segundo o Planalto, deverá ser renegociada.
Os Obiang não se impressionam com boladas desse tamanho. Em 2009, num leilão de peças de arte em Paris, o filho gastou mais de R$ 50 milhões. O pai tem dinheiro de sobra para seguir investindo na Beija-Flor e no Carnaval. No desfile nascido para a realização de sonhos, o herdeiro do déspota se divertiu com o triunfo do pesadelo.
Teodorín Obiang (de camisa azul), filho do ditador da Guiné Equatorial, assiste ao desfile da Beija-Flor na Sapucaí (Foto: Daniel Marenco)
Criança num casebre da Guiné Equatorial com o onipresente retrato do ditador Teodoro Obiang Nquema (Foto: Patrick Fort/AFP)
Meninos jogam futebol em Malabo (Foto: Alexander Joe/ AFP)


NO BLOG DO CORONEL
SEXTA-FEIRA, 20 DE FEVEREIRO DE 2015
O maior escândalo de transição de governo no país ocorreu em Brasilia. O petista Agnelo Queiroz (DF) deixou uma dívida impagável de R$ 4 bilhões, salários atrasados, fornecedores sem pagamentos e R$ 80 em caixa. Foi embora passear com a família em Miami. A capital federal está um caos na saúde, na educação, nos transportes, na segurança. O dinheiro público foi desviado para empreiteiras e fornecedores que sustentaram o propinoduto de um governo corrupto, que só no estádio Mané Garrincha roubou mais de R$ 400 milhões, segundo o Tribunal de Contas do Estado.
Pelo que está sendo noticiado, mesmo tendo sido reeleita, Dilma Rousseff virou um Agnelo de saias. Pelo menos na educação está infernizando a vida de alunos, pais e instituições. Bloqueou os financiamentos do FIES. Não está pagando as escolas que ministram o Pronatec. Os bolsistas da Capes estão com dois meses de atraso. O programa Ciências sem Fronteiras não está pagando os intercambistas. As universidades estão recebendo 30% menos do que o orçado para o início do ano. Isso que a presidente prometeu um segundo mandato focado na educação, até com slogan: "pátria educadora".
Seria interessante saber se Cuba está recebendo os seus pagamentos em dia no Mais Médicos. Provavelmente sim. Para a pátria grande bolivariana nunca falta dinheiro.
POSTADO POR O EDITOR ÀS 07:45:00

QUINTA-FEIRA, 19 DE FEVEREIRO DE 2015
(Do site da AMB) Preocupado com a pressão política que parece se intensificar sobre as investigações da Operação Lava Jato, o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), João Ricardo Costa, encaminhou hoje (19) um pedido de audiência ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Costa deverá propor uma varredura na gestão das empreiteiras citadas.
“O Judiciário precisa conduzir esse processo e avançar com independência no combate à corrupção e à impunidade. A Operação Lava Jato trouxe fortes indícios de que muitas dessas empreiteiras que estão sendo investigadas atuam como verdadeiras organizações criminosas cartelizadas que estão saqueando os cofres públicos há anos. É necessário que o Executivo promova uma investigação profunda, além das denúncias da Petrobras”, defende.
Costa avalia, ainda, a postura dos advogados de defesa dos acusados na Operação, ao solicitarem audiência com ministro. “É fundamental para a democracia que os advogados atuem na amplitude das suas prerrogativas, de forma incondicional. Porém, estas mesmas garantias devem ser exercidas dentro de um conceito radicalmente republicano. Neste caso específico, a conduta dos advogados induz em uma atuação voltada para pressionar o uso do poder político sobre o Judiciário”, afirma.
O presidente da AMB defende o Poder Judiciário como instância para o exercício da ampla defesa, já devidamente estruturado para recepcionar todo e qualquer pleito em relação ao caso. “Para cada decisão da Justiça, contamos com infindáveis recursos. O que não podemos admitir é a tentativa de pressionar o Poder Judiciário e os juízes que atuam no processo, muito menos qualquer conduta que tente desqualificar o magistrado que preside as investigações em questão”, alerta Costa.
Espera-se que o encontro entre o presidente da AMB e o ministro Cardozo seja confirmado para a próxima semana, em Brasília.
POSTADO POR O EDITOR ÀS 21:15:00


NO BLOG DO NOBLAT
Quem se importa com o dinheiro manchado de sangue que deu à Beija-Flor o título de campeã?
20/02/2015 03:32
Ricardo Noblat
Um Estado permissivo e uma sociedade tolerante por natureza ajudam a entender por que foi possível a uma das ditaduras mais sangrentas do mundo, a da Guiné Equatorial, se associar à escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, 13 vezes campeã do carnaval do Rio de Janeiro, a que mais coleciona títulos na Era do Sambódromo.
Uma vez perguntaram ao prefeito Eduardo Paes o que ele achava das ligações entre as escolas de samba e os chefes do jogo do bicho, proibido por lei. Cito de memória a resposta dele:
- É chato, não é? Mas o que posso fazer? Acabar com o carnaval do Rio?
Os antecessores de Paes devem ter pensado assim, bem como ex-chefes de polícia, ex-governadores, juízes, desembargadores, empresários, socialites, artistas, e parte do distinto público acostumado a fazer sua fezinha no bicho. Se nem o Estado nem a iniciativa privada bancavam as escolas por que não os bicheiros?
Quantas vezes eles não desfilaram a frente de suas escolas, festejados por notáveis que os admiravam e tiravam vantagens de sua amizade?
Quantas vezes não foram ovacionados pelos que lotavam camarotes, frisas e arquibancadas do Sambódromo?
Quantos favores não prestaram? E a quantos não beneficiaram?
Depois que os mais importantes bicheiros foram presos em janeiro de 1993 por ordem da juíza Denise Frossard, presos novamente em 2007, dessa vez pela Polícia Federal, e condenados em 2012 pela juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, poucos entre eles se arriscaram a ser vistos novamente na Sapucaí. A morte tirou vários de circulação.
Mas na última segunda-feira (16), no desfile do Grupo Especial, uma das cabeças da máfia do jogo do bicho passeou sem constrangimento no Sambódromo pilotando um carro elétrico – o contraventor Anísio Abrahão, presidente de honra da Beija-Flor. A televisão mostrou.
Foi dele a última palavra que fechou a parceria da ditadura da Guiné Equatorial com a escola.
Mariana Sanches, em reportagem publicada, hoje, pelo O Globo, registrou a reação ao episódio de o principal defensor dos direitos humanos da Guiné Equatorial, Tutu Alicante, que vive exilado nos Estados Unidos:
- O carnaval da Beija-Flor é um insulto para o povo da Guiné Equatorial.
Alicante explicou a razão. Cerca de 75% da população de 1,6 milhão de pessoas do seu país vivem com apenas dois dólares por dia e não têm acesso à água limpa ou à saúde.
“Nada disso foi para a avenida na madrugada de terça-feira (17), quando a escola desfilou as “belezas” da Guiné Equatorial”, acusa.
Mônica perguntou se as pessoas por lá já sabem o que aconteceu. Resposta de Alicante:
- Não há jornais lá. Não existe imprensa livre na Guiné. As pessoas não sabem o que está acontecendo nem oficial nem extraoficialmente. Não existe nenhuma rádio ou emissora de televisão livres. O Facebook é bloqueado, assim como a maior parte dos sites de informação.
E um cidadão médio do país? Como vive? Alicante:
- Obiang [ditador há 35 anos] tem pelo menos 17 palácios. 75% da população não têm onde morar, não estuda, não têm água limpa. Se ficar doente, morre. Medicamentos básicos são inacessíveis. Há uma única universidade no país, sem alunos. Nos últimos dois ou três anos, pelo menos 60 mil pessoas foram sequestradas, executadas ou torturadas na Guiné.
Quem por aqui se importa verdadeiramente com isso?

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
20/02/2015 às 6:47
Vejam esta foto. Volto a ela depois.
Um dia depois de milhares de venezuelanos terem ido às ruas para protestar contra a prisão do oposicionista Leopoldo López, que completou um ano nesta quarta, o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, mandou prender nesta quinta (19) Antonio Ledezma, prefeito da área metropolitana de Caracas, outro membro destacado da oposição. Agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin), a polícia política do regime, cercaram o edifício onde ele despacha, encapuzados e armados até os dentes. Maduro, o tirano, foi à TV — prerrogativa de que não dispõem seus opositores — para acusar o adversário de tramar um golpe de estado.
A Venezuela vive uma das piores crises de sua história. No ano passado, a economia encolheu 2,8%. Filas enormes se formam em busca de produtos básicos, em razão do desabastecimento. A inflação, estima-se, passa dos 70% ao ano. Maduro é obrigado a se escorar hoje numa camarilha militar corrupta, notoriamente ligada ao narcotráfico. Restou-lhe a tática do cachorro louco: sair prendendo e, literalmente, matando. Lei aprovada no mês passado dá ao governo o direito de atirar em manifestantes para matar. Bem, no ano passado, o regime matou 43 pessoas nas ruas, mesmo sem lei.
Eles são iguais em toda parte, não é mesmo? No Brasil, os amigos de Maduro, os petistas, acusam de “golpistas” os que falam, por exemplo, que a presidente Dilma pode ou deve ser alvo de um processo de impeachment. Sonham, quem sabe?, com o dia em que poderiam mandar encapuzados sair prendendo e matando…
Falei em Dilma? Pois é… O Brasil é o suposto líder da América Latina, não é mesmo? Bolivarianos e petistas são íntimos. Pertencem todos, diga-se, ao Foro de São Paulo, a organização que reúne partidos de esquerda da América Latina e Caribe, fundada por Lula e Fidel Castro. O que Dilma teria ou tem a dizer a respeito da escalada da tirania na Venezuela? Provavelmente, nada! Temo que a endosse.
Ou não foi ela quem patrocinou em 2012, em companhia de Cristina Kirchner, um golpe no Mercosul, suspendendo o Paraguai e abrigando a Venezuela? Para lembrar: os paraguaios se opunham à entrada do novo membro.
Segundo as regras do Mercosul, a adesão de um novo país ao bloco tem de ser aprovada pelos respectivos Parlamentos dos países membros. O Senado paraguaio, num rasgo de lucidez, recusava a entrada do ditador Hugo Chávez com base no Protocolo de Ushuaia, que estabelece as cláusulas democráticas. Destaco algumas em azul. Volto em seguida:
ARTIGO 1
A plena vigência das instituições democráticas é condição essencial para o desenvolvimento dos processos de integração entre os Estados Partes do presente Protocolo.
ARTIGO 2
O presente Protocolo se aplicará às relações que decorram dos respectivos Acordos de Integração vigentes entre os Estados Partes do presente protocolo, no caso de ruptura da ordem democrática em algum deles.
ARTIGO 3
Toda ruptura da ordem democrática em um dos Estados Partes do presente Protocolo implicará a aplicação dos procedimentos previstos nos artigos seguintes.
ARTIGO 4
No caso de ruptura da ordem democrática em um Estado Parte do presente Protocolo, os demais Estados Partes promoverão as consultas pertinentes entre si e com o Estado afetado.
Voltei
Não há uma só que explicasse a suspensão do Paraguai em 2012. Não há uma só que permitisse a entrada da Venezuela. Sabem quem anunciou a novidade? Cristina Kirchner, outra democrata exemplar, como sabia o promotor assassinado Alberto Nisman.
É bem verdade que Cristina tinha motivos para tentar recompensar Hugo Chávez. No dia 24 de setembro de 2008 , o empresário venezuelano Guido Antonini Wilson confirmou à Justiça americana ter enviado, em agosto de 2007, US$ 6 milhões de Caracas para Buenos Aires, divididos em duas maletas. O dinheiro ilegal era destinado ao financiamento da candidatura de Cristina à Presidência. No momento, esta grande democrata está empenhada em destruir as instituições democráticas argentinas. Mas que ninguém ouse reagir, ou a safra de governantes que pretendem obter nas urnas o “direito” à ditadura gritam: “Golpe!!!”.
Há, sim, uma nova modalidade de golpe na América Latina: o golpe das eleições! A safra de candidatos a ditadores do continente acredita que as urnas lhes dão o direito de solapar até as urnas! 
A diplomacia de Dilma Rousseff conseguiu ir mais baixo do que a de Lula.
Tem de suspender
A Venezuela tem de ser, quando menos, suspensa do Mercosul. É o que estabelece o tratado. A ordem democrática foi rompida. Dilma ocupa a presidência rotativa do bloco e, obviamente, não vai fazer nada. Vai ver está ainda comovida com o discurso em que Maduro saúda a sua vitória na eleição do ano passado. Segundo o ditador, o triunfo da governante alimenta a “força revolucionária da América Latina”. Era uma retribuição. A presidente brasileira foi à posse de Maduro, como se vê lá no alto, em 2013, numa eleição com sinais evidentes de fraude. Ah, sim: o Itamaraty nunca emitiu um pio sobre o massacre dos venezuelanos no ano passado.
Eis aí o amigão do peito de Dilma.
(Texto publicado originalmente às 5h24)

NO BLOG ALERTA TOTAL
Sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
A partir de quinta-feira que vem, a Presidenta Dilma Rousseff começará a sentir, com mais intensidade, o quão torturante significa ficar refém das lideranças do principal partido de uma fragilizada base aliada. Nesta data, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, promete instaurar a nova CPI da Petrobras. Para desesperar a petralhada, já circula até a ameaça de que o deputado Osmar Serraglio, lendário relator daquela famosa CPI dos Correios que tanto desestabilizou o PT na Era Lula, pode retornar para cumprir a mesma missão nesta Comissão da Pizza Intrigante - cuja receita pretende manter Dilma e o PT na corda, enquanto alivia a barra de eventuais peemedebistas enrolados no Petrolão.
CPI segue aquela velha lógica. Todo mundo sabe como começa, mas o final pode acabar de forma diferente do planejado inicialmente. Os vencedores e derrotados finais nunca ficam claros agora. Até porque, as guerras não decidem quem ganha. Decidem quem sobra. A briga promete ser feia e repleta de baixarias e denúncias escandalosas. O ponto mais complicado de toda a operação de sabotagem contra Dilma será como o PMDB vai produzir um desgaste para o desgoverno do qual participa sem agravar o impasse institucional. Por isso, a CPI da Petrobras tem tudo para ser um tiro no pé... 
O PMDB não tem interesse no impeachment de Dilma. Deseja, em princípio, mantê-la nocauteada na corda, ou como uma refém sentada na cadeirinha do dragão. A intenção tática dos peemedebistas é enfraquecerem os petistas. Em 2018, eles querem partir, finalmente, para a cabeça da chapa Presidencial. Por isso, Lula, como mito desmoralizado, que se cuide... Dilma Porcina já era... Sem nunca ter sido Presidente... Lula e Dilma são responsáveis diretos por todas as decisões (boas ou ruins) na Petrobras. Qualquer processo político ou judicial que envolva o Petrolão os atinge em cheio.
Enquanto a CPI não vem para infernizar ainda mais a sobrevida de Dilma - também tirando o sono de Lula -, os processos da Lava Lato conduzidos pelo Homem de Gelo podem colocar o PT em uma fria ainda mais destruidora. No dia 23 de março, o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, vai depor por videoconferência ao juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, na ação em que são réus o ex-diretor da área internacional da estatal Nestor Cerveró, e o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano. Esta é aquela famosa audiência pedida pelo advogado de Cerveró que também teria Dilma Rousseff como testemunha. Providencialmente, Cerveró pediu para tirar Dilma desta reta. O azar deles que Dilma sai, mas o Pinto entra...
Sérgio Moro também ouvirá por videoconferência, no mesmo dia de Gabrielli, Franco Clemente Pinto. Conforme denúncia do doleiro Alberto Youssef, Franco Pinto era "homem de confiança de Júlio Camargo e o responsável pela contabilidade de pagamentos ilícitos a título de propina e caixa 2". Pinto respondia pela contabilidade do consultor Gerin Camargo, que assinou um acordo de delação premiada e deu detalhes sobre o pagamento de propina em contratos com a Petrobras. Youssef revelou que Pinto carregava sempre nas reuniões um pendrive com toda a movimentação financeira do consultor, que confessou ter sido um dos operadores de propina da Petrobras.
A bomba é atômica. O doleiro afirmou ainda que no arquivo aparece o nome do ex-ministro José Dirceu, cujo codinome era "Bob". A mídia nazicomunopetralha já começa a trabalhar a versão de que o Bob, na verdade, é o codinome daquele infantil ator cinematográfico, o Bob Esponja, que mora ali perto da camada pré-sal, que oculta grandes escândalos. A dificuldade maior deste Plano do Cebolinha é como livrar a cara do Lula Molusco e também salvar a Estrela do Patrick. Provavelmente, tentarão jogar a culpa de tudo no Siri Cascudo, ou, como de costume, no FHC & Cia. 
Se Pinto realmente meter Bob no meio, o Petrolão vai estabelecer uma conexão com o velho Mensalão - aquele roubo de galinha, cujos principais condenados já estão na desmoralizante, porém confortável, situação de "prisão domiciliar", exceto os que sofrem rigor seletivo: Roberto Jefferson, delator-mor do esquema, e Marcos Valério Fernandes de Souza, que milagrosamente se mantém calado e segurando as broncas praticamente sozinho, sabe-se lá a que preço...
(...)

NO O ANTAGONISTA
Lula só pensa em matar a Lava Jato
Brasil 20.02.2015
Olhem o que diz o Estadão:
"O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu sócio Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, têm recebido pessoalmente desde o fim do ano passado emissários de empreiteiros que são alvo da Operação Lava Jato".
Pior:
"Preocupados com as prisões preventivas em curso e com as consequências financeiras das investigações, executivos pedem uma intervenção política de Lula para evitar o colapso econômico das empresas".
E ainda pior:
"Em alguns momentos, os empresários chegaram a dar um tom de ameaça às conversas".
Paulo Okamotto admitiu ter recebido “várias pessoas" de empresas investigadas na Lava Jato. Uma delas foi João Santana, diretor de uma empresa do grupo UTC, de Ricardo Pessoa, que está preso e é apontado como coordenador do cartel de empreiteiras que roubava a Petrobrás. Segundo o próprio Okamotto “ele queria conversar, explicar as dificuldades que as empresas estavam enfrentando. Ele estava sentindo que as portas estavam fechadas, que tudo estava parado no governo, nos bancos".
O diretor da UTC disse também que Okamotto tinha de ajudá-lo procurando alguém do governo.
Ao contrário de Okamotto, Lula não conversou com o diretor da UTC. Em compensação, ele conversou com o presidente da OAS, Léo Pinheiro, antes que ele fosse preso. Léo Pinheiro recorreu a Lula assim que recebeu as primeiras notícias sobre o conteúdo da delação premiada de Paulo Roberto Costa.
Se José Eduardo Cardozo se transformou na quarta instância do judiciário, Lula é a quinta. Ele manobra dia e noite para matar a Lava Jato. Ele manobra dia e noite contra a legalidade. Lula faz mal ao país.
Lula e Okamotto fazem mal ao país

Todo o mundo corrompe um pouquinho
Brasil 20.02.2015
O sócio de Lula, Paulo Okamotto, entrevistado pelo Estadão, além de admitir que se encontrou com a UTC e com a OAS e que Lula se encontrou com a Odebrecht, disse também o seguinte:
"No Brasil, todo mundo corrompe um pouquinho. Nego atravessa pelo acostamento, nego fala no telefone celular..."
E nego rouba 300 milhões de dólares da Petrobras.

O cartel da mentira
Brasil 20.02.2015
Lula precisa combinar melhor suas mentiras. Ele negou que tivesse se encontrado com a Odebrecht, mas seu sócio, Paulo Okamotto, desmentiu-o. A UTC e a OAS negaram suas reuniões com Paulo Okamotto, mas o próprio Okamotto confirmou-as. A Lava Jato desmontou até o cartel da mentira.

José Eduardo Cardozo X Montesquieu
Brasil 20.02.2015
José Eduardo Cardozo e a Odebrecht tramam para anular as provas obtidas pelos procuradores da Lava Jato.
A Folha de S. Paulo, hoje, detalha o estratagema usado pelos sabotadores. Em vez de negar o pagamento de propina, a Odebrecht quer negar o acesso às contas bancárias que demonstrariam o pagamento de propina.
Os advogados da empreiteira, com u'a mãozinha de José Eduardo Cardozo, pretendem impugnar duas visitas dos procuradores à Suíça, em novembro de 2014 e janeiro deste ano. Eles escreveram: "Não se sabe quando, por quem, em que termos e por quais fundamentos tais diligências foram autorizadas, e nem mesmo se houve prévia tramitação do indispensável pedido de cooperação às autoridades suíças".
Segundo a reportagem da Folha de S. Paulo, "os procuradores dizem estar tranquilos em relação aos procedimentos adotados na Suíça pois as duas viagens tiveram a intermediação do órgão central de cooperação internacional da Justiça. Eles tiveram acesso a algumas informações e, após identificar documentos que poderiam ser úteis nos processos, fizeram pedidos formais para que as provas fossem enviadas ao país pelos canais adequados, o ministério ou o Itamaraty".
O fato é que, com José Eduardo Cardozo, o Poder Executivo virou uma quarta instância. Só ele pode salvar as empreiteiras, passando por cima do judiciário. Só ele pode melar a Lava Jato.
Cardozo aboliu Montesquieu e a separação dos poderes




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