DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
18 DE FEVEREIRO DE 2015
Dilma reservou apenas R$ 745 mil em “prevenção à corrupção” ao longo de 2014. O montante é o menor aplicado pelo governo federal durante a gestão da petista, e vai em contramão ao “pacto anticorrupção”, lorota que deve ser anunciada nos próximos dias. De acordo com o Portal da Transparência, em quatro anos Dilma destinou mais de R$ 10 milhões ao combate a bandalheiras como o Petrolão.
O valor investido contra corrupção em quatro anos é irrisório comparado aos R$ 65 milhões gastos por Dilma com cartões corporativos em 2014.
Nos anos de 2004 e 2005 do governo Lula, quando começou o assalto à Petrobras, nenhum centavo foi investido na prevenção à corrupção.
Dilma sabe que faz mal ao País não combater a corrupção. Segundo estudo da Fiesp, ações corruptas no Brasil consomem até 2,3% do PIB.
A estatal EBC, criada no governo Lula, custa caro e entrega pouco. Ou entrega nada: a TV Brasil, “tevê do Lula”, é traço em audiência, mas, sem compromisso com custos ou resultados, a EBC avança no bolso do contribuinte para manter 2.446 pessoas com salários como os R$ 54.102,81 de um “chefe da assessoria” ou R$ 56.072,05 recebidos por superintendente, superiores ao teto de ministro do Supremo Tribunal. Se fosse uma empresa privada, a EBC teria quebrado há muito tempo.
Na contabilidade da EBC, salários rondam R$ 30 mil e o chefe ganha 47.683,14. E há jornalista recebendo até R$ 51,5 mil mensais.
Responsáveis pela programação que ninguém vê, segundo pesquisas de audiência, recebem salários que chegam a R$ 28.253,88.
A EBC tem ótimos locutores, mas os R$ 43.116,97 pagos a alguns nem de longe se veem em empresas líderes de audiência e faturamento.
De plantão em Brasília durante o feriadão de Carnaval, o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), garante haver conseguido 23 assinaturas, das 27 necessárias, para a criação da CPMI da Petrobras.
Diante da ameaça de criação de oito novos partidos, um grupo de ambientalistas tem procurado parlamentares em busca de apoio para mais um: Partido Nacional dos Direitos dos Animais (Panda).
A deputada Erika Kokay (PT-DF) anda muito preocupada com Eduardo Cunha (PMDB): “O País mergulhou nas trevas!”. Quanto ao assalto bilionário à Petrobras, nem uma palavra…

NO DIÁRIO DO PODER
LOROTA
SITUAÇÃO DA PETROBRAS DEVE SE NORMALIZAR APÓS BALANÇO AUDITADO, DIZ LEVY NOS EUA
APÓS O BALANÇO AUDITADO, TUDO VOLTARÁ ‘AO NORMAL’ NA PETROBRAS, DIZ LEVY
Publicado em 17 de fevereiro de 2015 às 22:49 - Atualizado às 0:34
Washington - O impacto da crise da Petrobras sobre a economia brasileira e os desafios do ajuste das contas públicas dominaram as dúvidas do grupo de analistas, executivos e integrantes de organismos multilaterais que se reuniu nesta terça-feira, 17, em Washington com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Em suas respostas, ele disse que a presidente Dilma Rousseff está comprometida com a meta de 1,2% de superávit primário neste ano e que a situação da maior empresa brasileira deverá se normalizar depois da publicação de seu balanço auditado.
“A Petrobras está indo em uma boa direção”, disse o ministro em uma rápida entrevista depois do evento, realizado no Brazil Institute do Wilson Center. Segundo ele, o maior desafio da companhia é vencer o “impasse contábil” criado pela dificuldade de contabilizar os desvios investigados pela operação Lava Jato.
Levy afirmou que esse obstáculo “está sendo superado”, mas não fez uma previsão de quando o balanço deverá ser divulgado. “A Petrobras está indo numa boa direção. A mudança recente da administração vai facilitar a aceleração de algumas das coisas que já vinham sendo encaminhadas pela administração anterior”, afirmou.
Em sua avaliação, a perspectiva favorável para a companhia é reforçada pelo aumento recente da produção de petróleo e um resultado operacional mais positivo. “Em última instância, isso que é importante, produzir mais para poder lucrar mais.” Em sua apresentação, fechada à imprensa, Levy elogiou o novo diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, segundo relato de pessoas presentes.
Em um esforço para resgatar a credibilidade da política econômica brasileira, o ministro disse que é possível atingir a meta de superávit primário de 1,2% do PIB neste ano, mesmo depois do déficit de 0,6% registrado em 2014. Mas ressaltou a necessidade de as decisões serem tomadas “com presteza”.
“Há compromisso bastante forte da presidente e de todo mundo de fazer essa meta. Nós estamos tomando as ações requeridas para chegar lá. É o que chamaria esforço fiscal, mas acho que está dentro da capacidade do Brasil”, declarou na entrevista. (Cláudia Trevisan, AE)

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
17/02/2015 às 23:05 \ Opinião
Publicado na edição impressa de VEJA
J.R. GUZZO
Uma das complicações da política brasileira de hoje é que a poeira não baixa. Deveria baixar, pela lei da gravidade; “se subiu tem de descer”, dizia Raul Seixas numa de suas muitas observações notáveis. Mas no Brasil da presidente Dilma Rousseff a lei da gravidade parece não estar funcionando. Seria mais uma dessas leis que não pegam?
O fato concreto é que a poeira em volta do governo, quase sempre levantada por ele mesmo, continua subindo — e o inconveniente disso é que deixou de existir a opção de esperar que a poeira baixe antes de tomar decisões, como recomenda a sempre tão prudente sabedoria popular. Esperar como? Antes de se desmanchar uma nuvem já vem outra, e se alguém ficar esperando o ambiente clarear corre o risco de passar a vida sem fazer nada.
No momento, com a catástrofe que o Palácio do Planalto criou ao se deixar moer como picadinho na eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara dos Deputados, subiu um poeirão de estrada de terra em Mato Grosso em tempo de seca. Vai ficar aí por tempo indeterminado — e o resultado é que a vida pública brasileira continuará no voo cego que vem fazendo nos últimos quatro anos.


NO BLOG DO CORONEL
QUARTA-FEIRA, 18 DE FEVEREIRO DE 2015
(Valor Econômico) O sigilo no Supremo Tribunal Federal (STF) em relação ao suposto esquema de corrupção envolvendo contratos da Petrobras não cairá automaticamente assim que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar os pedidos de investigação ou denúncias contra políticos envolvidos. Cabe ao relator do caso, ministro Teori Zavascki(foto à direita), decidir sobre esse assunto.
Ao investigar a participação de autoridades com foro privilegiado, como deputados, senadores e ministros, nos desvios de dinheiro público na estatal, o Ministério Público Federal (MPF) deve, logo após o Carnaval, dar sequência ao caso com base em informações dos depoimentos dos delatores da Operação Lava-Jato.
Dependendo do nível de indícios de irregularidades, poderá já denunciar supostos envolvidos no esquema, pedir abertura de inquérito para continuar investigando ou, então, arquivar as acusações se não houver material suficiente que comprometa determinado citado. Nos dias 11 e 12 de fevereiro, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, delatores do esquema, tiveram que depor mais uma vez para dar mais informações sobre o envolvimento de políticos.
A regra é que uma investigação (inquérito) não seja sigilosa. "Mas há casos excepcionais, como na Justiça comum para preservar o político", como explicou o ex-presidente do Supremo, Sepúlveda Pertence. Por exemplo, parte do processo do mensalão - até então o maior julgamento da Corte - esteve sob sigilo por um tempo. Em abril de 2013, após intensa discussão, os ministros aboliram a regra em que os inquéritos penais envolvendo políticos eram apresentados apenas pelas iniciais das pessoas em investigação.
Já o processo em que o ex-presidente da República Fernando Collor e outros réus respondiam pelos crimes de corrupção passiva e outros previstos no Código Penal não teve fases sob sigilo, segundo informou o ex-presidente do STF Carlos Velloso, que participou do julgamento do caso, em 1994. "Em geral, se já foi formalizado [o inquérito ou denúncia] junto ao Supremo não se justifica o sigilo. Mas há certos inquéritos que estão no início e então o sigilo se impõe em benefício da autoridade com foro privilegiado", disse.
Apresentando os pedidos de investigação ou denúncias contra políticos supostamente envolvidos no esquema de corrupção na Petrobras, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot pode pedir para que não haja sigilo nos processos ou em parte deles. Mesmo assim, o ministro Zavascki é quem dá a palavra final, ou seja, ele pode ou não aceitar a recomendação do Ministério Público.
A fatia do conteúdo das delações premiadas em que autoridades com foro privilegiado foram citadas foi encaminhada à PGR. Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Congresso Nacional que investigava o caso, Costa, revelou que "algumas dezenas" de políticos participaram das irregularidades. Sem dar nomes, ele informou a quantidade aproximada de autoridades citadas por ele à Justiça no acordo de delação premiada. A lista referente apenas à parte de Costa conta com mais de 30 nomes de políticos.
POSTADO POR O EDITOR ÀS 09:26:00

(Estadão) Dois encargos setoriais poderão elevar a conta de luz da indústria em até 53% a partir do mês que vem e provocar protestos na Justiça. Além do custo da energia, cada empresa - localizada no Sudeste - terá de arcar com mais R$ 79 por megawatt-hora (MWh) para subsidiar programas sociais, pagar despesas do setor e custear a operação das termoelétricas. Essas usinas estão funcionando ininterruptamente para poupar a pouca água que restou nos reservatórios por causa da seca no Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste . 
Representantes do setor industrial ainda tentam reverter a conta com a entrega de propostas à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Mas, por ora, esse é o custo extra que as empresas terão de pagar a partir de março - caminho oposto ao que setor reivindicava desde 2012 para devolver a competitividade à indústria. Naquele ano, vários empresários pediram à presidente Dilma Rousseff medidas para baratear a conta de luz e evitar que unidades fechassem as portas 
Com a MP 579, lançada no último trimestre de 2012, a tarifa de energia caiu, em média, 20% no País. Mas, dois anos depois, os valores já voltaram aos patamares de antes, seja por causa da seca que atinge o País ou pela forma atropelada com que o processo de renovação das concessões foi feito, deixando várias distribuidoras sem contratos para atender seus consumidores e provocando um rombo bilionário no setor.
Um baque 
Hoje, segundo dados da comercializadora de energia Compass, uma empresa que consome 30 MW e tem um custo de R$ 150 o MWh passará a pagar R$ 229 - ou seja, um aumento de 53%. Ao final de um ano, a empresa terá pago a mais R$ 20,8 milhões de energia elétrica. "Para o setor industrial, que está com a margem comprimida, ter esse aumento de uma forma inesperada será um baque grande no caixa", afirma o sócio da Compass, Marcelo Parodi.
Segundo ele, muitas empresas ainda não se deram conta do aumento e podem levar um susto quando receberem a fatura em março. "Com esses valores o governo pode quebrar muitas empresas, pois vai acabar com o lucro operacional delas", afirma o diretor-presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Carlos Faria. "Nesse ritmo, vamos acabar com a indústria nacional e com o País. Aí vai sobrar bastante energia para ser consumida", reclama o executivo. A previsão anterior da Anace era de um aumento médio de 40% na conta de energia. Hoje esse cálculo já supera os 50%.
POSTADO POR O EDITOR ÀS 08:41:00


NO BLOG DO NOBLAT
O galinheiro de ovos Fabergé
O problema é outro, quando se acredita em grandes lorotas empacotadas pela sabedoria de governantes e opiniões de sábios. Eike Batista foi uma delas, mas há outras
18/02/2015 - 09h08
Elio Gaspari, O Globo
Numa de suas operações espetaculosas, a Polícia Federal apreendeu na casa de Eike Batista um ovo do joalheiro Fabergé, o queridinho dos czares russos. Valeria US$ 2 milhões e revelou-se uma cópia barata, daquelas que se compram no eBay por R$ 60.
Cão danado, todos a ele. Essa seria mais um prova das mistificações megalomaníacas do empresário. Problema: não há registro de que Eike tenha dito que aquele ovo era verdadeiro. Era apenas um momento de sonho.
Uma pessoa poderia acreditar que ele tinha um Fabergé e sua vida não pioraria. Ferraram-se aqueles que acreditaram no seu império de portos, minas e campos de petróleo. Os Fabergé de R$ 60, bem como os pinguins de geladeira e as reproduções da Mona Lisa, não fazem mal a ninguém.
O problema é outro, quando se acredita em grandes lorotas empacotadas pela sabedoria de governantes e opiniões de sábios. Eike Batista foi uma delas, mas há outras.
Veja-se o caso do que se chama de polo da indústria naval. Nos últimos 60 anos, os contribuintes brasileiros patrocinaram outros dois. A ideia é banal. Assim como sucedeu com a indústria automobilística, o Brasil poderia produzir navios.
Primeiro veio o polo de Juscelino Kubitschek. Quebrou. Depois veio o da ditadura. Também quebrou. Com uma diferença: nele, os maganos transformaram seus papéis micados em moedas da privataria.
Assim, um banqueiro que poderia ter quebrado investindo em estaleiros trocou o papelório pelo valor de face e comprou a Embraer.
Agora está aí o polo do Lula, com suas petrorroubalheiras. Nenhum dos três polos navais deu certo porque, ao contrário de projetos similares de Japão, Coreia e Cingapura, no Brasil não se respeitaram metas, prazos ou custos.
Uma pessoa pode ter um Fabergé de R$ 60 em casa, mas jamais acreditará que pelo tempos afora se poderá produzir navios que custam mais caro que os do mercado internacional.
Tome-se outro exemplo, noutra área. O governo criou o programa Fundo de Financiamento Estudantil, o Fies. Grande ideia: financia jovens que entram para universidades privadas, como se faz pelo mundo.
Mexe pra cá, mexe pra lá, os empréstimos passaram a ser tomados sem fiador, a juros de 3,4% ao ano e entra quem pede. A Viúva paga e os donos das escolas recebem o dinheiro na boca do caixa. Uma beleza, o comissariado petista estatizou o financiamento das universidades privadas.
Uma faculdade de São Caetano do Sul tinha 27 alunos em 2010, todos pagando suas mensalidades. Hoje tem 1.272 e só quatro pagam do próprio bolso. Essa conta está hoje em R$ 13,4 bilhões.
O governo propôs duas mudanças singelas: só terão acesso ao Fies os jovens que tiverem conseguido 450 pontos no exame do Enem e as faculdades com bom desempenho. Sucedeu-se uma gritaria.
Os repórteres José Roberto de Toledo, Paulo Saldaña e Rodrigo Burgarelli informam que, entre 2012 e 2013, o número de estudantes diplomados do setor público cresceu 2%, enquanto no setor privado caiu 7%.
Já a evasão dos estudantes beneficiados pelo Fies cresceu 88%. Pergunta óbvia: um garoto que abandonou a faculdade vai devolver o empréstimo que tomou sem fiador?
Resposta, também óbvia: para o dono da escola, não faz diferença, pois ele já recebeu o dinheiro da Viúva e sabe mexer seus pauzinhos no governo, o grande galinheiro de ovos Fabergé.
Ovo Rothschild, Fabergé (Foto: Peter Macdiarmid / Getty Images)Ovo Rothschild, Fabergé (Imagem: Peter Macdiarmid / Getty Images)
Brasileira está entre 100 finalistas de missão para colonizar Marte
Sandra da Silva ainda passará por uma última peneira para a seleção de 24 pessoas que vão ao planeta vermelho com passagem só de ida
18/02/2015 - 04h40
Veja
Uma brasileira está entre os 100 finalistas de um processo seletivo que vai escolher 24 pessoas para colonizar Marte a partir de 2025. A lista de candidatos aprovados para a missão de viajar ao planeta vermelho com uma passagem só de ida foi divulgada na segunda-feira (16) pela fundação privada Mars One, idealizadora do projeto.
Sandra da Silva, de 51 anos, é professora de administração e sistemas de informação da Faculdade Porto Velho, em Rondônia. Em sua apresentação no site da missão, ela descreve outras atividades às quais se dedica: é aquarista, escreve livros de ficção científica (tem cinco obras, das quais uma foi publicada) e desenvolve um clube de ciência com crianças em idade escolar.
Dentre os selecionados, há 39 pessoas do continente americano, 31 da Europa, 16 da Ásia, 07 da África e 07 da Oceania. Sandra é a única remanescente entre os 10 289 brasileiros que se inscreveram na primeira fase do projeto, aberta em 2013. Ao todo, mais de 200 mil pessoas de 140 países se candidataram.
Imagens de simulação do projeto Mars One  (Foto: Divulgação)Imagens de simulação do projeto Mars One (Imagem: Divulgação)

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
18/02/2015 às 5:03
Quem me acompanha aqui sabe que já discordei de Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo, muitas vezes. E já concordei com ele também. E nem sempre o PT estava em pauta. Eu não critico ou aplaudo pessoas, mas sua atuação pública e suas opiniões. Barbosa voltou a ser alvo da fúria dos petralhas porque, há quatro dias, postou esses dois comentários em sua conta no Twitter — eu os reproduzo também em texto para facilitar a vida de quem replica meus posts.
1) “Nós, brasileiros honestos, temos o direito e o dever de exigir que a Presidente Dilma demita imediatamente o Ministro da Justiça.”
2) “Ajuda à memória coletiva: pesquisem sobre uma controvertida decisão do TCU de jun/jul 2012, pouco antes do início do julgamento da Ap 470.”

Vamos entender o que ele escreveu. Barbosa se referia à reportagem da mais recente edição da revista VEJA, informando que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, fez uma reunião, em seu gabinete, com o advogado Sérgio Renault, defensor da empreiteira UTC, que pertence ao empresário Ricardo Pessoa, preso desde novembro pela Operação Lava-Jato. O ex-deputado e advogado petista Sigmaringa Seixas também estava presente. Pessoa é visto pelo Planalto como homem-bomba. Amigo pessoal de Lula, considera que foi abandonado pelo petismo e já deixou registrado num manuscrito que a dinheirama financiou os companheiros, inclusive a candidatura de Dilma. É claro que há aí uma senda para o impeachment, daí o pânico.
Cardozo primeiro negou o encontro. Ao perceber que era inútil, admitiu o que seria uma conversa informal — parte de suas atribuições, segundo disse. O estranho é que a audiência não estava em sua agenda. Mais estranhas ainda foram as, digamos, garantias que ele passou a Renault em sua conversa. Anunciou uma reviravolta no caso da Lava-Jato logo depois do Carnaval, quando nomes graúdos da oposição também seriam tragados pela voragem. Como o ministro sabe? Eis um mistério.
Fato: depois da conversa de Cardozo com o advogado, a UTC, a OAS e a Camargo Corrêa recuaram de eventuais acordos com o Ministério Público. Segundo um advogado confidenciou à revista VEJA, também se tratou de outro assunto naquela reunião: a garantia de que Lula estava entrando pessoalmente na, digamos, “jogada”. Com que poder? Não se sabe.
É evidente que conversa dessa natureza é inaceitável. E, por isso, com justeza, Barbosa cobrou a cabeça de Cardozo — a quem, diga-se, ninguém minimamente razoável reconhece credenciais para ocupar aquele cargo. Vamos entender agora a segunda mensagem do ex-ministro do STF. Escreveu ele: “pesquisem sobre uma controvertida decisão do TCU de jun/jul 2012, pouco antes do início do julgamento da Ap 470”. A Ação Penal 470 é a do mensalão.
Muita gente não entendeu. Refresco a memória de vocês. O caso é um pouco complicado e eu o expliquei em detalhes aqui em meu blog no dia 20 de julho de 2012. Para entender o caso, leitor, você tem de saber o que é “bonificação por volume”. Trata-se do desconto que veículos de comunicação concedem a agências de publicidade, que costumam ficar com o dinheiro como parte de sua remuneração, em vez de devolvê-lo aos anunciantes. Segundo a lei que havia no Brasil, no caso de estatais, as agências eram obrigadas a devolver esse desconto às empresas. Pois bem: o TCU constatou que agências de publicidade, muito especialmente as de Marcos Valério, haviam embolsado, até 2005, ano em que explodiu o mensalão, R$ 106,2 milhões.
Agora, é preciso a gente se lembrar que Ana Arraes, a mãe do então lulista Eduardo Campos, foi conduzida ao TCU em setembro de 2011. E foi ela a relatora justamente desse caso do dinheiro sequestrado pelas agências. Ana contrariou o parecer técnico do tribunal e disse não ver nada de errado na retenção. E o fez com base em uma lei proposta sabem por quem? Pelo então deputado federal petista José Eduardo Cardozo, o mesmo que faz reuniões impróprias.
A “lei” inventada por Cardozo, a 12.232, mudava a regra: as agências poderiam ficar com o dinheiro do desconto e pronto! Só foi sancionada pelo então presidente Lula em 2010. Ocorre que o texto tornava legal a retenção daquele dinheiro também para contratos já encerrados. Entenderam? Cardozo assinou um projeto, sancionado de bom grado por Dom Lulone, que, na prática, tornava legal a ilegalidade praticada por Valério. Uma lei não pode retroagir para punir ninguém, mas, para beneficiar, pode. Ao tentar legalizar parte da dinheirama do mensalão, é evidente que o deputado Cardozo procurava influenciar a decisão dos ministros do Supremo no julgamento do mensalão.
Felizmente, a operação deu errado, e a cúpula do PT foi parar atrás das grades, ainda que já tenha saído de lá. Mas a operação vergonhosa deixou sua marca. Em outro post (abaixo), trato da face cordial da truculência.
Por Reinaldo Azevedo

18/02/2015 às 4:56
O ministro José Eduardo Cardozo engana com aquela aparência de urbanidade. É uma das faces cordiais da truculência do petismo. Quem o conhece de perto não se surpreende que tenha feito reunião com o advogado de uma das empreiteiras para, digamos, dar uma direção política para o caso.
A sua atuação na investigação da formação de cartel para a compra de trens em São Paulo e Brasília chegou a ser examinada pela Comissão de Ética da Presidência da República. Até ela! O caso é escabroso. Um documento apócrifo — descobriu-se depois que o autor é ex-diretor da divisão de transportes da Siemens Everton Rheinheimer — com acusações contra secretários do governo Geraldo Alckmin surgiu nas mãos do então deputado estadual do PT, Simão Pedro, hoje secretário de Serviços de Fernando Haddad. O documento, em seguida, foi parar no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), presidido pelo petista Vinicius Carvalho — que já havia sido subordinado de… Simão Pedro!
Dali, o papelucho foi parar nas mãos de Cardozo, que o repassou à Polícia Federal, que decidiu abrir um inquérito. Ou por outra: o ministro funcionou como um repassador de denúncias apócrifas. Pior: não existe protocolo de entrada do documento na PF. A coisa assumiu ares de estado policial mesmo. Nota: no dia 10, a Primeira Turma do STF arquivou o pedido feito pela Procuradoria-Geral da República para investigar o deputado federal Rodrigo Garcia (DEM-SP) e o ex-deputado federal José Aníbal (PSDB-SP), atualmente suplente de senador. Eram dois dos acusados no documento apócrifo que Cardozo passou adiante.
Já fiz um levantamento neste blog demonstrando como Cardozo colaborou, por atos e omissões, para que as jornadas de junho de 2013 degenerassem em violência. O post está aqui. Inicialmente, o governo federal apostava que a bomba dos protestos explodiria no colo de Geraldo Alckmin. Deu tudo errado. Não só isso: no Ministério da Justiça, Cardozo se comportou como um chefe de facção, hostilizando permanentemente a polícia de São Paulo.
Reportagem de setembro do ano passado da VEJA informa que, no dia 5 daquele mês, a mando de Cardozo, Paulo Abrão, secretário nacional de Justiça, encontrou-se com o delegado Leandro Daiello, superintendente da Polícia Federal, para colher informações sobre o Inquérito 1209/2012, que apurou suspeitas de corrupção no Ministério do Meio Ambiente quando Marina Silva era ministra, em benefícios que teriam sido concedidos à empresa Natural Source International. Entre os investigados, estava o empresário Guilherme Leal, que apoiava a candidata do PSB à Presidência. Atenção! O inquérito já tinha sido arquivado por falta de provas, a pedido do Ministério Público. Não custa lembrar: no começo de setembro, Marina aparecia à frente de Dilma em simulações de segundo turno.
Abrão disse que estava apenas querendo saber em que pé estava a coisa porque “uma revista” — ??? — estaria fazendo uma reportagem a respeito e o havia procurado. Revista??? Abrão trabalha para a publicação? É “foca” do veículo? Está na folha de pagamentos? Se apenas quisesse informações, por que foi pessoalmente à sede da PF? Não bastava um ofício? Teve de manter um encontro que nem estava na agenda do superintendente da PF?
Leiam o farto material que a revista VEJA traz das alucinações em curso nos bastidores do governo. Com a morte de Márcio Thomaz Bastos, foi-se, de fato, o grande mago das operações para inocentar o PT. Bastos servia ao regime exemplarmente, mas tinha uma qualidade que até os adversários reconhecem: fazia a defesa de suas causas e clientes sem procurar incriminar inocentes ou fazer vítimas “do outro lado”. Está morto. Sobrou José Eduardo Cardozo. Que, obviamente, jamais será Bastos na vida não porque lhe sobrem qualidades, mas porque lhe faltam.
Por Reinaldo Azevedo

18/02/2015 às 3:55
Na Folha:
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) manteve a condenação imposta ao jornalista Paulo Henrique Amorim por nota publicada contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes no blog Conversa Afiada. Mendes argumentou ter sofrido, em julho de 2008, acusações que poderiam levar o leitor do blog a deduzir que ele era corrupto e criminoso. O jornalista terá que pagar R$ 50 mil ao ministro.
Por Reinaldo Azevedo

NO O ANTAGONISTA
Os bons pagadores
Brasil 18.02.2015
Paulo Roberto Costa continuou a receber propina das empreiteiras mesmo depois de sair da Petrobras. Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, IESA Óleo e Gás e Engevix davam-lhe 550 mil reais por mês pelos contratos assinados no passado.
José Eduardo Cardozo sabe que esse é um bom motivo para defender as empreiteiras: elas sempre foram boas pagadoras.

A duplicidade de Cardozo
Brasil 18.02.2015
José Eduardo Cardozo deu uma entrevista à Folha de S. Paulo e esclareceu todas as questões acerca de seus encontros clandestinos com os advogados das empreiteiras para melar a Lava Jato:
“Como advogado e ministro da Justiça, eu afirmo: é direito de um advogado ser recebido e eu os receberei. Só na ditadura isso não se admite".
Está explicado.
José Eduardo Cardozo, o ministro da Justiça, recebeu José Eduardo Cardozo, o advogado de Dilma Rousseff, que arrumou um jeito para sabotar a Lava Jato e proteger os maiores financiadores ilegais da campanha presidencial.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 2ª EDIÇÃO DE 25/02/2024 - DOMINGO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 25/02/2024 - DOMINGO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 26/02/2024 - SEGUNDA-FEIRA