DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
É a pior possível a expectativa de Dilma Rousseff em relação aos desdobramentos da Operação Lava Jato. Ela mandou avisar aos líderes governistas que só definirá os novos ministros após conhecer a “lista negra” de políticos enrolados na roubalheira na Petrobras. Até porque presume que quase todos integram sua base aliada. Nesta quinta (11), o Ministério Público Federal deve formalizar a denúncia.
O procurador-geral Rodrigo Janot estará em Curitiba, nesta quinta (11), para dar seu apoio à denúncia a ser formalizada pelos procuradores.
A recuperação judicial da empresa de energia Eneva, ex-MPX de Eike Batista, deixou uma dívida de R$ 2,3 bilhões. A maior parte do tombo caiu no colo de três bancos: Itaú e BTG Pactual, com R$ 800 milhões cada um, e Santander, com R$ 400 milhões.
O tombo da Eneva, cujas ações desabaram mais de 40% ontem, é um sinal do que vem aí, como a crise da economia que não cresce, o ajuste fiscal do futuro ministro Joaquim Levy e o rastro de destruição da Lava Jato e empreiteiras enroladas. Tudo somado, vários bilhões.
Com medo do próprio rio com piranha, petistas lançaram ao mar o deputado André Vargas (ex-PT-PR), cassado ontem. Como em sua Londrina não tem mar, Vargas poderia abrir a torneira de denúncias.
Dois operários, um guindaste e dois barracões resumem a “obra” da nova sede da UNE no Rio, prometida para 2015 ao custo de R$ 50 milhões dos contribuintes. A construtora, Wtorre, que fez a nova sede da Petrobras, atuou em fundos de pensão e vendeu um prédio à Previ.
A perda acumulada de valor da Petrobras equivale ao naufrágio de quantas P-36 no governo Fernando Henrique?

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
O país agora sabe o que faz a presidente quando obrigada a encarar uma salada de notícias intragáveis: pensa em macarrão
dia do macaaraa
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No sábado e no domingo, os botões dos terninhos que só saem do armário em dias de folga ouviram mais de uma vez a pergunta de Dilma Rousseff: o que poderia ser pior que a primeira semana deste novembro? A segunda semana do mesmo novembro, avisou já na manhã do dia 8 o atordoante recomeço do desfile de más notícias que tem tirado o sono do governo desde a descoberta do Petrolão.
Nesta segunda-feira, entre o café da manhã e o jantar de segunda-feira, a presidente ficou sabendo que:
1) A Petrobras foi acionada judicialmente por investidores americanos que se consideram lesados pelas bandidagens envolvendo gestores da estatal.
2) A Polícia Federal constatou que a Camargo Corrêa, uma das empreiteiras associadas à usina de negociatas, pagou R$ 900 mil à consultoria de José Dirceu por serviços tão essenciais quanto o Ministério da Pesca. Um deles foi a confecção de “análises de aspectos sociológicos e políticos do Brasil” .
3. Relatórios apresentados por técnicos do Tribunal Superior Eleitoral recomendaram enfaticamente a rejeição das contas de campanha de Dilma Rousseff.
4. Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, vice-presidente do TSE e responsável pelo exame da contabilidade eleitoral de Dilma, confirmou que a contabilidade eleitoral de Dilma está comprometida por irregularidades de bom tamanho.
5. Um corte de R$ 32 bilhões nos investimentos programados pela Eletrobras elevou sensivelmente a tensão provocada por evidências de que a empresa logo estará dividindo com a Petrobras o noticiário político-policial.
Não é pouca coisa ─ e não foi tudo. Surpreendido por urgências desse calibre, um governante ajuizado cancelaria todos os compromissos do dia para concentrar-se nas complicações prioritárias. Como Dilma não rima com sensatez, sacou da bolsa o manual de instruções para momentos críticos organizado pelo neurônio solitário e fez o que determina o primeiro mandamento: fechou-se no gabinete, proibiu a entrada de problemas e seguiu o roteiro traçado pela agenda.
Uma das anotações previa a assinatura da Lei N° 13.050, reproduzida no alto da página. O artigo 1° explica a que veio: “Fica instituído o Dia Nacional do Macarrão, a ser celebrado em todo (sic) território nacional, anualmente, no dia 25 de outubro”. Foi assim que, neste 8 de dezembro de 2014, 193° da Independência e 126° da República, o Brasil descobriu o que faz a presidente quando precisa encarar uma salada de notícias intragáveis: pensa em macarronada.

A proeza de Vargas: cair fora dessa Câmara por falta de decoro é como ser expulso de um hospício por excesso de maluquice
Eleito deputado federal em 2006, reeleito em 2010 por milhares de paranaenses irresponsáveis, o companheiro André Vargas entrou para a história da Câmara no mesmo instante em que dali saiu. Pelo conjunto da obra, ele já garantira uma jaula de luxo no zoológico que abriga esquisitices da fauna política tropical. O despejo consumado nesta quarta-feira (10) transformou-o num assombro sem similares. Num Congresso que lembra uma Papuda sem grades, ter o mandato cassado por falta de decoro equivale a ser expulso do hospício por excesso de loucura ─ e por decisão dos demais malucos.
Já em fevereiro, depois de assumir a vice-presidência da Câmara, Vargas decidiu chegar ao comando da Casa do Espanto pela rota dos ineditismos. Ao debochar do ministro Joaquim Barbosa na sessão de abertura do ano legislativo, foi o primeiro parlamentar a insultar um chefe do Poder Judiciário. Nos meses seguintes, seria também o primeiro deputado a fazer companhia a Alberto Youssef no noticiário político-policial e o primeiro figurão do PT punido por um partido que absolve até ladrões capturados no interior do cofre. Desde hoje, é o primeiro gatuno que a seita lulopetista ajudou a perder o emprego.
É uma ficha e tanto, valorizada pelas anotações que mudaram dramaticamente os horizontes de Vargas. Ele começou 2014 convencido de que terminaria o ano como candidato imbatível à presidência da Câmara. Vai começar 2015 procurando emprego. E tentando escapar da candidatura (que a Polícia Federal tornou irreversível) a uma vaga na população carcerária do Brasil.


NO BLOG DO CORONEL
Milhares de demissões no país porque a Petrobras está atrasando pagamentos. Em vez de cortar custos, Graça Foster corre para debaixo da mesa de Dilma Rousseff.
A Petrobras está com sérias dificuldades financeiras. No entanto, ninguém ouviu dizer que a estatal tenha cortado algum benefício dos seus diretores. Que tenha reduzido a verba de marketing. Que tenha rescindido contratos com consultorias. Que tenha alguma estratégia de redução de custos para vencer a crise. Não tomou nenhuma medida, a não ser contratar mais serviços caríssimos para defender a empresa de acusações sérias de corrupção. Leiam abaixo matéria do Estadão. Em vez de exigir medidas da Petrobras, até mesmo demitindo uma presidente e uma diretoria incompetente e com sérios indícios de atuação desonesta, Dilma Rousseff senta na cadeira da amiga Graça Foster para resolver problemas que não são seus. É apenas mais uma prova de que a presidente da República tem grande participação em tudo o que acontece na Petrobras. E que sempre soube de tudo o que se passava dentro dela.
O governo Dilma Rousseff costura um acordo com a Petrobrás e o Ministério Público Federal para fazer a estatal arcar com o dinheiro devido por fornecedoras da companhia que fizeram demissões recentes por causa das dificuldades de caixa e a insegurança jurídica após a operação Lava Jato.
A proposta em estudo é que a Petrobrás pague os direitos devidos pelas empresas fornecedoras aos trabalhadores como uma espécie de adiantamento e depois desconte esse montante dos valores que tenha de pagar às empresas. O universo de terceirizados da Petrobrás é de cerca de 300 mil trabalhadores, segundo os sindicatos. 
O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, convocou uma reunião para segunda-feira (15) à tarde no Palácio do Planalto com a participação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o advogado-geral da União, Luis Inácio Adams, e os representantes das seis maiores centrais sindicais do País. O convite foi enviado ontem. Segundo apurou o Estado, a presidente Dilma Rousseff deu sinal verde para a discussão sobre um acordo na segunda-feira, após encontro no Planalto com os sindicalistas. 
Dilma e Mercadante foram cobrados pelo presidente da Força Sindical, Miguel Torres, sobre o caso dos mais de 10 mil demitidos em Pernambuco por empresas fornecedoras da Petrobrás e que estão sem receber as verbas previstas na legislação trabalhista. As empresas alegam que a estatal, que sofre dificuldades de caixa, atrasou pagamentos e, por isso, é a responsável. 
Quando os demais líderes sindicais reforçaram o coro, citando casos semelhantes em outros Estados, como Rio Grande do Sul, Bahia e Rio de Janeiro, Mercadante afirmou que não cabia ao governo e à Petrobrás simplesmente decidir pagar - era preciso costurar um acordo envolvendo o Ministério Público Federal. Após o encontro, Dilma liberou a formulação de uma saída pelo governo.
Fogo cruzado 
“A sugestão é que a Petrobrás pague, mas se ela fizer isso sem um acordo, estando sob fogo cruzado, pode caracterizar má gestão, pois ela estaria assumindo um risco que não é dela”, disse o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, também presente na reunião. “Então, é preciso buscar um acordo para o trabalhador não sair prejudicado.” 
Hoje (11), em Salvador (BA), o sindicato que representa os 5,5 mil trabalhadores que constroem o estaleiro em Maragogipe, que servirá para formar navios-sonda para a Petrobrás, vai promover uma grande manifestação. A empresa Enseada Indústria Naval, responsável pelo empreendimento, demitiu 600 funcionários. Outros 1,1 mil trabalhadores seriam desligados ontem. A empresa não tem quitado os direitos trabalhistas, segundo o sindicato, colocando a culpa na Petrobrás, que tem atrasado pagamentos. 
Caso um acordo seja fechado pelo governo, operários de diversas obras serão beneficiados. Entre elas, a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, tocada por um conjunto de construtoras chamado de “clube VIP” por um dos delatores em depoimento à Justiça, em regime de delação premiada na operação Lava Jato. Manifestações sindicais têm sido realizadas em Pernambuco por causa da falta de pagamento. 
Segundo o depoimento do executivo Augusto Mendonça, da empreiteira Toyo Setal, um grupo de 16 companhias formava um clube que fraudava as licitações para obter os contratos de obras da Petrobrás. Dentro deste clube havia um grupo ainda mais seleto - o tal “clube VIP” -, que detinha maior “poder de persuasão”. 
Esse clube, que segundo Mendonça era formado por Odebrecht, Camargo Correa, UTC, Andrade Gutierrez e OAS, conseguiu os contratos da Abreu e Lima. Parte das demissões na refinaria referem-se ao andamento da obra, que está próxima de ser concluída. O problema, segundo os sindicatos, é que as empresas não pagaram a rescisão contratual e outros custos trabalhistas.

Dilma nunca derramou lágrimas pelos mais de 800 brasileiros assassinados ou desaparecidos de cada dia em nosso país.
Hoje (11) a Comissão Nacional da Verdade entregou o relatório final para Dilma Rousseff. A ex-guerrilheira, que pegou em armas junto com companheiros que mataram dezenas de inocentes, chorou de emoção. Foram contabilizadas 434 mortes durante os 21 anos do regime militar. Segundo o relatório da CNV, 191 pessoas foram assassinadas, 210 tidas como desaparecidas e 33 foram listadas como desaparecidas, mas depois seus corpos foram encontrados. Se todos os desaparecidos forem considerados como assassinados pela "repressão", a média de mortes por ano de "ditadura" é de pouco mais de 20 vítimas.
A Comissão Nacional da Verdade, obviamente, não investigou o assassinato de 119 pessoas que morreram pelas mãos assassinas das organizações de esquerda. A primeira vítima foi Paulo Macena, morto na explosão de uma bomba deixada por uma organização comunista nunca identificada, em protesto contra a aprovação da Lei Suplicy, que extinguiu a UNE e a UBES. O atentado terrorista aconteceu em 1964, no Cine Bruni, Flamengo, Rio de Janeiro, e além do morto deixou outros seis feridos graves. O último registro de assassinato cometido pela guerrilha foi o de Vagner Lúcio Vitorino da Silva, guarda de segurança, que foi morto pelo MR-8, durante assalto ao Banco Nacional de Minas Gerais, no bairro de Ramos, Rio de Janeiro, em agosto de 1970. 
Nenhum brasileiro viu Dilma Rousseff chorar por números que aterrorizam muito mais o nosso país. Por ano, desaparecem 250 mil pessoas no Brasil. Destas, 45 mil são crianças. A cada 45 minutos, 22 pessoas desaparecem para desespero de amigos e familiares. O número de homicídios ultrapassa 52 mil por ano, sem que sejam tomadas medidas pela Presidente da República na área de segurança pública. Além disso, segundo o IPEA, 130 mil assassinatos não foram contabilizados como tal, nos últimos 15 anos. O Brasil ocupa o sétimo lugar no mundo em número de assassinatos! Vamos fechar esta década com 500.000 assassinatos! Meio milhão de pessoas. Choro? Só dos familiares. Justiça? Apenas 8% destas mortes são punidas.
Ao fim e cabo do regime militar, a democracia venceu o comunismo e o preço pago pela sociedade brasileira foi de 554 mortos ou desaparecidos, computados na conta das varias facções terroristas e das organizações militares ou paramilitares. Trinta anos depois, o assunto é revirado e remexido pela esquerda com um único motivo: manter a direita contra a parede, impedindo que ela se manifeste. Há pouquíssimos pobres e miseráveis entre os mortos da esquerda. A maioria fazia parte de uma elite intelectual, com origem em classes abastadas. Hoje seus descendentes, regiamente indenizados, ocupam altos postos no governo, nas organizações e movimentos sociais e na imprensa. A famosa Comissão da Anistia analisou mais de 40.000 pedidos de indenizações. Os valores pagos ultrapassam R$ 3,4 bilhões. Mesmo assim, os indenizados da esquerda (as vítimas dos terroristas não receberam um mísero tostão) preferem a revanche pessoal, fechando os olhos secos para os mais de 800 brasileiros assassinados ou desaparecidos por dia no Brasil.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
Ai, ai… Quando eu começo assim, leitor, é porque a estupidez desperta em mim certa preguiça intelectual; é quando penso: “Contestar Fulano e Beltrano não é nem certo nem errado, é inútil”. Mas depois vem o senso do dever. Então parto pra briga, também ela intelectual. A Comissão Nacional da Verdade concluiu o seu trabalho. Aponta 434 mortos durante o regime militar, acusa a responsabilidade de 377 pessoas, cobra a revisão da Lei da Anistia e propõe a desmilitarização das PMs — seja lá o que isso signifique. De maneira indecorosa, a comissão ignorou os assassinados por grupos terroristas: há pelo menos 121. Não! Esses cadáveres não contam. Não devem entrar na categoria de carne humana. Também os atos violentos dos grupos terroristas foram banidos da “verdade”. E as besteiras a respeito já começam a vir a público.
Destaco, em primeiro lugar, a fala daquele que tem mais importância: Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo, segundo quem a validade da Lei da Anistia, a 6.683, de 1979, deve ser examinada de novo pelo tribunal. Explica-se: em 2010, o STF declarou a sua vigência plena. De acordo com o § 1º do Artigo 1º, estão anistiados todos aqueles que cometeram crimes políticos ou conexos — logo, anistiam-se todos: à esquerda e à direita; agentes do estado ou não; terroristas ou torturadores. Anistia tem a mesma raiz da palavra “amnésia”: não quer dizer perdão, mas “esquecimento” para efeitos penais. Isso não significa que fatos possam ser apagados da história — como a Comissão da Verdade tenta fazer, diga-se, com as vítimas das esquerdas. A comissão propõe frontalmente que se ignorem a lei e a decisão do Supremo.
Barroso, o mais esquerdista dos ministros da Corte, diz que o Supremo deve rever a decisão tomada pelo próprio tribunal. Sob qual pretexto? Reproduzo o que ele disse à Folha:
“O que é preciso saber é se lei [da Anistia] é compatível com Constituição e qual a posição que deve prevalecer (se do STF ou da Corte Interamericana). Esta situação de haver decisão da Corte Interamericana posterior à decisão do supremo e em sentido divergente é uma situação inusitada”.
É mesmo? Vamos ver. Em primeiro lugar, o Supremo já decidiu que a Lei da Anistia é compatível com a Constituição, sim — sempre lembrando que ela foi aprovada antes da atual Carta Magna, que é de 1988. Fosse hoje, não haveria mais como anistiar pessoas que praticaram tortura, mas também não haveria como anistiar as que recorreram ao terrorismo. As duas práticas, segundo a Constituição, não são passíveis de graça, segundo o Inciso XLIII do Artigo 5º: “a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;”
Ocorre, meus caros, que a Emenda 26, que convocou a Assembleia Nacional Constituinte, tinha como pressuposto a anistia. Vale dizer: o ato fundador da nova Constituição incorporou a anistia por livre e espontânea vontade. Não foi um ato da ditadura, mas de um Congresso eleito de forma livre e soberana. Agora voltemos, então, a Barroso. Como é, ministro? Quer dizer que o Supremo brasileiro conta agora com uma instância revisora, que é a Corte Interamericana? Ora, tenha a santa paciência! Ou por outra: a instância máxima de decisão da República Federativa do Brasil não se encontra mais em solo pátrio? Só pode ser piada.
Não maior do que a contada por Pedro Dallari, que tem a simpática atribuição de “coordenador nacional da Verdade”. Uau! O Brasil não só tem uma verdade oficial como esta verdade tem um “coordenador nacional”. Nem o stalinismo teve um. Disse o rapaz: “Nós defendemos que haja a responsabilização. Se o Poder Judiciário entender que não há necessidade de rever a lei, porque já pode haver a condenação independentemente de revisão, não há necessidade de revisão. Essa decisão será do Poder Judiciário”.
Aí, então, é a jabuticaba das jabuticabas. O próprio Dallari admite que não há como jogar a lei no lixo. Não havendo, ele defende que se dê às palavras um sentido diferente daquele que elas têm.
Que coisa! A Comissão Nacional da Verdade quer nos fazer crer que só agentes do estado praticaram violência; que não houve terrorismo no Brasil; que as pessoas assassinadas pelos terroristas não eram humanas; que a emenda que convocou a Constituinte não foi aprovada por um Congresso soberano; que se pode dar a um texto legal a interpretação que lhe der na telha e que o Supremo Tribunal Federal está subordinado à Corte Interamericana.
E isso tudo, leitores, é apenas mentira!

Meu pingo final vai para a fala indecorosa de um certo Luiz Inácio Lula da Silva, proferida nesta quarta (10), na abertura do 5º Congresso do PT, em Brasília. Em vez de atacar a roubalheira na Petrobras, o poderoso chefão do PT preferiu vociferar contra as elites e, ora vejam, a imprensa. Contra as elites? Santo Deus! Seu partido foi o que mais recebeu doações de banqueiros e grandes empresas, algumas delas com empréstimos bilionários feitos pelo BNDES. Referindo-se aos PSDB, disse: “Parece que os tucanos arrecadam dinheiro como se fosse Criança Esperança. Não tem empresário.” Onde ele leu isso? Quem disse isso? Os petistas têm a mania de atribuir ao jornalismo o que este não diz para que fique mais fácil defender mecanismos de censura.
A necessidade de “reagir” ao que Lula considera ataques da oposição também foi debatida num almoço no Palácio do Alvorada, que reuniu a presidente Dilma, Aloizio Mercadante, chefe da Casa Civil, e Jaques Wagner, governador da Bahia.
Demonstrando que a impostura não tem limites, Lula resolveu estabelecer um paralelo entre o mensalão e o petrolão:
“Agora a bola da vez somos nós. O PT não pode continuar crescendo, tem que ser atacado de todos os lados, em todas as frentes, com artilharia leve e pesada. Vamos fazer guerra eletrônica contra o PT, não importa se é verdade ou mentira. Vamos tentar difamar, destruir esse partido. No processo do mensalão, os companheiros que foram julgados já estavam condenados. Esse processo da Petrobras, o que a gente está vendo é que, quando chegar à Suprema Corte, quando o Teori (Zavascki) for analisar a delação premiada, instrumento criado por nós, a imprensa já vai ter condenado. Todo o vazamento é contra o PT”
Sabem o que ele está tentando? Encabrestar Zavascki, deixando claro que só aceita um resultado: a rejeição da denúncia contra os petistas. Ontem não era mesmo o seu dia de ser decoroso. Afirmou que os adversários já estão com medo de 2018 — e foi interrompido por grito de “Lula, Lula”, mas disse em seguida que é cedo para isso é que é hora de apoiar Dilma Rousseff. Ah, bom…
Rui Facão, presidente do PT, com a elegância retórica habitual, também discursou. Afirmou: “Não podemos permitir que os coxinhas ocupem a Avenida Paulista, e a gente não mostre a nossa presença”. No seu linguajar, “coxinhas” são os que protestam contra o escândalo da Petrobras. Não ficou claro se a “presença” de que ele fala é disputando o mesmo espaço, num confronto de rua. Eis ai: num dia, um ministro chama o presidente de um partido de oposição de “playbozinho”; no outro, o presidente do PT diz que o eleitorado de oposição é “coxinha”.
Houve tempo de Lula contar ainda uma mentira escandalosa:
“Eu perdi 89, e todo mundo sabe como perdi, entretanto, não fiquei na rua protestando, fui me preparar para a outra. (…) Quando a gente perdia, a gente acatava o resultado. Eles acham que a campanha não acabou. A gente não pode ficar nessa disputa com eles. Eles fazem uma passeata um dia, e a gente no outro. Ninguém aguenta. A Dilma precisa governar. Deixa a mulher trabalhar gente, ela ganhou as eleições”.
Santo Deus! O PT fez oposição sistemática aos governos Sarney, Collor, Itamar e FHC. Sem descanso. Sem dar um dia de folga. Ocupando, sim, as ruas e a Esplanada dos Ministérios. Votou contra todas os esforços sensatos e racionais de organizar o país, incluindo o Plano Real, as privatizações e a Lei de Responsabilidade Fiscal. Este senhor não se conforma, isto sim, é que possa haver oposição no país.
Tentando ser engraçado, Lula afirmou: “Daqui a pouco vão querer saber a cor e a qualidade do papel higiênico que se usa no Palácio”. Duas coisas para encerrar: 1: nós pagamos o papel higiênico e, se for o caso, temos o direito de saber qual está sendo usado; 2: ninguém precisa saber a cor do papel higiênico para reconhecer uma zerda.

Parece piada, mas é verdade. A bancada do PT na Câmara decidiu lançar a candidatura do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) à Presidência da Câsa para enfrentar a postulação de Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB. Até aí, tudo bem! O PT tem a maior bancada, havia um acordo informal de que os dois partidos se revezariam no cargo — hoje com um peemedebista — etc. O que impressiona é outra coisa: a decisão foi tomada depois de uma reunião de petistas com… Luiz Inácio Lula da Silva.
Sim, é isto mesmo: quem se ocupou do assunto não foi o presidente do PT. Quem se ocupou do assunto não foi o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Quem se ocupou do assunto não foi o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini. O ex-presidente da República, metendo-se a articulador do governo Dilma no Congresso, resolveu arrumar um adversário para Cunha.
Pois é… Os dias que vêm pela frente não são nada suaves, não importa o ângulo pelo qual se olhe. Por que os petistas têm de atravessar a rua para comprar essa briga, a não ser pela glória do mando? Qualquer resultado será objetivamente contraproducente: se Cunha vencer, ruim para o governo; se ele ganhar, péssimo. A razão é simples: uma eventual vitória do peemedebista fica ainda mais na dependência da adesão de parlamentares que se opõem ao governo, não?
O bloco de apoio a Chinaglia seria formado por PT, Pros, PC do B, PDT, PHS e PEN, além do PSOL, que é oposição. Só com isso, não dá para vencer. Será preciso rachar o grupo que hoje apoia o líder peemedebista. Um acordo com a oposição está fora de cogitação. Duvido que esta viabilize um terceiro nome para facilitar a vida dos petistas.
Como os companheiros já estão com a boca torta pelo uso do cachimbo, houve quem defendesse na reunião que o Planalto entrasse pesado no apoio ao candidato petista, envolvendo na pressão cargos no futuro governo. Foi preciso que o próprio Chinaglia deixasse claro que não era uma boa ideia.
E, vejam vocês!, os companheiros têm um desprezo pelos aliados que chega a ser comovente. Indagado se o PT apoiaria um candidato de outro partido, afirmou o deputado José Guimarães (PT-CE): “Sacode, sacode e não surge nome melhor do que do PT”. Pois é… Os companheiros seriam capazes de propor a substituição dos membros próprio Olimpo por militantes do partido. Afinal, quem são os deuses olímpicos perto dos petistas?




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