DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Além dos quase R$ 60 bilhões em contratos com a Petrobras, desde a gestão Lula, outras áreas do governo despejaram R$ 11,5 bilhões nas empreiteiras enroladas no Petrolão. Só o governo Dilma pagou R$ 6,045 bilhões a empreiteiras acusadas de subornar políticos, sobretudo do PT. Investigada na Operação Lava Jato, a Odebrecht é a mais beneficiada, inclusive pelo suspeitíssimo esquema de financiamento do BNDES para obras no exterior, como os R$ 2,5 bilhões do porto de Mariel (Cuba).
O BNDES financia obras no exterior, geralmente em ditaduras que não têm órgãos de controle. E o dinheiro é pago às empreiteiras no Brasil.
O financiamento no exterior consagra o “crime perfeito”: as obras são sem licitação, sem TCU ou Ministério Público, sem licença do Senado.
O financiamento do BNDES decorre de acordos bilaterais, e órgãos de controle brasileiros não têm prerrogativa para agir em outros países.
Também enrolada no Petrolão, a Mendes Junior é a segunda na lista que mais levou grana do governo Dilma. Seu vice-presidente está preso.
O juiz Marlon Reis, criador da Lei da Ficha Limpa, está empenhado em um projeto popular proibindo doações empresariais para campanhas.
Com os presidentes das grandes empreiteiras presos pela Polícia Federal, quem vai fornecer jatinhos das viagens de negócios de Lula?

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
Lá da Austrália, uma terra de fauna muito peculiar, como sabemos, Dilma tentou, acreditem, faturar com o escândalo da Petrobras — aquele mesmo que, segundo Alberto Youssef, era do seu conhecimento. Aquele mesmo para o qual, segundo Augusto Nardes, ministro do TCU, seu governo fora advertido. Fez um discurso mais exótico do que um ornitorrinco. O bicho semiaquático é mamífero, mas bota ovo e tem bico. E ainda esconde uma glândula de veneno.
No discurso ornitorrinco de Dilma, a gente entende que há ao menos uma coisa boa: o país nunca mais será o mesmo, segundo ela. Haverá, garante, uma “mudança no Brasil para sempre”. Ao destrinchar, ainda que à sua moda, o que quis dizer, lá veio a conversa mole de que toda a sem-vergonhice decorre do financiamento privado de campanha. Já tratei do assunto em outro post.
É mesmo, é? Que conversinha perigosa, não? Bancos também doam, não é? E, nesse caso, eles são regulados diretamente pelo governo federal — pelo Banco Central. E aí, presidente? Também há relações de troca, ou só os empreiteiros é que são malvadões? Isso é conversa para enganar trouxas. Mas o objetivo do meu post aqui é outro.
Vou aqui contestar uma tolice veiculada pela presidente e seus porta-vozes informais na imprensa. Querem fazer com que a investigação pareça uma virtude do governo: “Ah, esse, sim, combate a corrupção!”. Opa! Calma lá! Em primeiro lugar, como sempre, há o nó lógico: quer dizer que o governo Dilma chegará ao auge da moralidade no dia em que se descobrir um escândalo por dia? Ora, presidente, se país rico é país sem pobreza; país decente é país sem ladrões em postos de comando. Ou a senhora pretende nos convencer de que é o excesso de larápios flagrados pela PF que evidencia o triunfo da moral?
Em segundo lugar, o PT está no poder desde 2003, e os ladrões pintaram e bordaram durante quase 12 anos. No período, a senhora foi a czarina da área energética — inclusive presidente do Conselho da Petrobras. Se a senhora insiste que o financiamento de campanha é a origem de todos os males, devo entender que o dinheiro sujo financiou, inclusive, a sua campanha? Nesse caso, devo considerar o seu mandato legítimo?
Dilma voltou à ladainha de escândalos do passado que não foram investigados. Ah, presidente… Quando um tal Pedro Barusco, um simples gerente e estafeta do petista Renato Duque, ex-diretor de serviços, admite devolver US$ 97 milhões – R$ 252 milhões –, a gente começa a ter uma noção do tamanho do assalto. Nunca houve nada dessa dimensão no país e é difícil acreditar que tenha havido no mundo.
E a própria Dilma, tentando se livrar da confusão, confessa: é tramoia envolvendo partidos – muito especialmente o seu partido. De fato, nunca se investigou algo desse tamanho antes porque, afinal, o PT ainda não havia chegado ao poder para produzir… algo desse tamanho!

Falta apenas um voto — o ministro Gilmar Mendes pediu vista — para que o Supremo bata o martelo e jogue de vez o financiamento de campanha na clandestinidade. Aí, sim, a política brasileira cairá de vez nas malhas de uma verdadeira máfia. E isso será feito com o concurso de elegantes senhores togados e com a colaboração dos estúpidos e dos vigaristas. A que me refiro? A OAB entrou com uma ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra a doação de empresas privadas a campanhas eleitorais. O verdadeiro patrocinador da causa, já demonstrei aqui em meu blog, é Luís Roberto Barroso, que deveria ter tido o bom senso de não votar. Mas votou mesmo assim. Não me espanta. Adiante! A tese mentirosa, ridícula mesmo, é que a roubalheira que está em curso na Petrobras, por exemplo, só existe porque as empresas fazem doações a partidos e, depois, cobram a compensação. Assim, caso se as impeça, na lei ao menos, de doar, então acaba a safadeza. Não sei qual será o voto de Mendes, mas suponho que ele dirá “não” a essa besteira perigosa.
Quem acredita nisso ou é um asno intelectual ou é um asno moral. Não há uma terceira alternativa. Vocês sabem quanto custou, em valores declarados, só a campanha dos 513 deputados que foram eleitos ou reeleitos? R$ 733 milhões. A dos 27 senadores, outros R$ 124 milhões. Essa conta não inclui os gastos dos que foram malsucedidos. Estimativas de setembro do TSE apontavam que as campanhas majoritárias — Presidência, governos de Estado e Senado — chegariam a R$ 4,4 bilhões. Acrescentando-se a esse total o gasto dos deputados eleitos, já chegamos a R$ 5,133 bilhões. Atenção! Eu afirmo e dou fé: os candidatos costumam, não todos, claro!, gastar muito mais do que declaram. Querem saber? Uma campanha eleitoral, no conjunto, roça os R$ 10 bilhões.
De onde vai sair esse dinheiro? De doações de pessoas físicas? É piada! Dos cofres públicos? A cada quatro anos, vai-se abrir um rombo no Tesouro de R$ 10 bilhões? Daí a dois anos, vêm as eleições municipais: mais quantos bilhões? Aí cabe a pergunta evidente: as campanhas eleitorais ficarão mais baratas? Até poderia: seria preciso, entre outras coisas, acabar com essa excrescência que é o horário eleitoral gratuito — e, assim, se aposentariam os cineastas do gênero “campanha” — e instituir o voto distrital puro. Como nada disso vai acontecer, os custos continuarão na estratosfera, e não haverá doações privadas ou financiamento público que consigam dar conta dos gastos.
Sabem a quem os políticos vão apelar? Às empresas, sim, senhores! Só que, a prevalecer a decisão do Supremo, toda doação que fizerem será clandestina. No dia em que empreiteiras não puderem mais fazer doações legais a partidos, não haverá mais gente como Paulo Roberto Costa, Renato Duque ou Nestor Cerveró na Petrobras e em outras estatais? No dia em que as empresas não puderem mais fazer doações, os partidos políticos deixarão de indicar diretores de estatais e de autarquias? No dia em que as empresas não puderem mais fazer doações, não mais existirá, a transitar nas sombras, figuras como João Vaccari Neto, o tesoureiro do PT?
Ao contrário: aí, sim, é que a roubalheira vai correr solta como nunca antes na história “destepaiz”. Se, hoje, jornalistas podem se divertir tentando saber quanto esta ou aquela empreiteiras doaram e quanto pagaram ao esquema, essa conta não mais existirá. Para todos os efeitos, a coluna da doação será “zero”. Ah, estou doido para ver o custo das campanhas cair a um terço, com todo mundo fingindo que acredita. Para que isso fosse verdade, seria preciso que João Santana, por exemplo, também aceitasse ganhar… um terço!
Que o jornalismo e o colunismo a soldo sustentem essa estupidez, vá lá. Afinal, ganham para isso. Que a presidente Dilma tenha repetido a tolice de que a mãe da safadeza é o financiamento privado de campanha, vá lá, ela está, afinal de contas, tentando tirar o seu mandato da reta. Que gente com um mínimo de discernimento embarque nessa falácia, bem, nesse caso, dizer o quê? Sugerir que estude um pouco de lógica elementar. E que mude a dieta alimentar… Humanos não produzem a enzima celulase e não ficam mais inteligentes comendo capim.

Quando aquela capa de VEJA veio a público, no dia 24 de outubro, não era só a confissão da roubalheira na Petrobras que chamava a atenção. Havia outra bomba: no âmbito da delação premiada, o doleiro Alberto Youssef se prontificara a ajudar a Polícia Federal a chegar a contas secretas que o PT manteria no exterior. Se a informação for confirmada, o partido pode ter seu registro cassado.
Youssef estaria mentindo? Então vamos ver. Dois executivos da Toyo Setal, que também fizeram delações premiadas — Augusto Mendonça Neto e Júlio Camargo —, confessaram ter pagado entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões de propina a Renato Duque, diretor de serviços da Petrobras e um dos homens do PT na empresa, e US$ 40 milhões a Fernando Soares — o correspondente a R$ 104 milhões — , que é apontado como o intermediário do PMDB. Vocês leram direito: dois executivos de uma empresa confirmam ter pagado só a dois diretores propinas que chegam, no mínimo, a R$ 154 milhões. Imaginem agora o tamanho do esquema, quantos eram os envolvidos e a que volume pode chegar a roubalheira.
Segundo Mendonça Neto e Camargo, o petista Renato Duque, em parceria com Pedro Barusco, gerente de serviços e seu braço direito, receberam R$ 6 milhões por obras na Revap (Refinaria Henrique Lage); R$ 3 milhões pelo gasoduto Cabriúna 2; R$ 2 milhões pelo Gasoduto Urucu, em Manaus, e R$ 32 milhões pela refinaria Presidente Getúlio Vargas, no Paraná. Atenção! Segundo a dupla, parte desse dinheiro foi paga no Brasil, em reais; parte foi depositada no exterior. A Polícia Federal conseguiu bloquear, vejam que mimo!, US$ 20 milhões numa conta que Barusco tem na Suíça. A engenharia, de fato, se tornou uma profissão muito lucrativa, né?
Mas isso é muito pouco. Esse tal Barusco, que não foi preso porque fez antes o acordo de delação, já aceitou devolver US$ 97 milhões — R$ 252 milhões. Entenderam o tamanho da coisa? O subordinado de Duque, seu estafeta, aceita devolver R$ 252 milhões!!! Um quarto de bilhão!
A Fernando Soares, que está foragido e apontado como homem do PMDB, os executivos da Toyo Setal dizem ter pagado o correspondente a US$ 40 milhões pela compra de duas sondas de perfuração. O método foi o mesmo: parte saiu em reais, parte foi depositada no exterior, em contas secretas. À Polícia Federal, forneceram números de contas bancárias e data dos depósitos. Os R$ 154 milhões, segundo contaram, foi a propina necessária para que a Toyo Setal fechasse nove contratos com a Petrobras.
Ao Fantástico, o advogado Mário de Oliveira Filho acusou a ilegalidade da decretação da prisão de Soares e disse que ele não vai se entregar. Segundo Oliveira, a defesa encaminhará um pedido de habeas corpus à Justiça para suspender a prisão. Afinal, diz ele, seu cliente nunca se negou a colaborar com a investigação.
Pois é… Por que, num processo de delação premiada, em que a inverdade não só impede qualquer benefício como agrava a pena, os dois mentiriam? Convenham: só a verdade poderá beneficiá-los. Eis aí o que se fez na Petrobras ao longo dos anos do mandarinato petista.

NO BLOG DO CORONEL
Em 2010, Lula visitou Jirau e declarou: “Não podemos mais fazer hidrelétricas como na década de 50, que se prometia um monte de coisa e não se cumpria, tanto o governo quanto os empresários”. Agora dá para entender. Ele estava falando com o sócio do PT na obra.
A Polícia Federal investiga se o esquema operado pelo doleiro Alberto Youssef alcança também negócios no setor elétrico. Nas investigações da Operação Lava-Jato, os agentes encontraram na mesa de João Procópio de Almeida Prado, acusado de ser o braço-direito do doleiro, uma planilha identificada como “Demonstrativo de Resultado - Obra Jirau”, com a contabilidade da Camargo Corrêa na obra da hidrelétrica construída no Rio Madeira, em Rondônia, com financiamento de R$ 7,2 bilhões do BNDES.
A empreiteira foi uma das sócias do consórcio que arrematou a concessão até 2012, quando vendeu sua participação. Segundo o Ministério Público Federal, Prado era o elo do esquema de Youssef com a Camargo Corrêa. Ele é concunhado de João Ricardo Auler, presidente do conselho de administração da Construções e Comércio Camargo Corrêa, um dos presos na Lava-Jato.
Youssef disse à Justiça que Auler foi seu principal contato na construtora antes de Eduardo Hermelino Leite, atual vice-presidente da empresa, preso preventivamente. Leite é o único executivo de empreiteira, até agora, acusado pelo doleiro de ficar com parte do dinheiro da propina a ser dividido com os políticos. Procurada, a Camargo Corrêa informou que o Prado “jamais prestou serviços” para a construtora e que desconhece a planilha citada.
Segundo o MPF, Prado era de extrema confiança do doleiro. Operava as contas no exterior, controlava depósitos e pagamentos fora do Brasil, e era também encarregado da abertura de empresas offshore, em nome dele ou de terceiros. Entre os dias 3 e 13 de março passado, Prado, Youssef e Leonardo Meirelles movimentaram € 1,06 milhão de uma conta da Elba Services, na Suíça, para a DGX Import, em Hong Kong.
Youssef afirmou que o primeiro contato que teve com a Camargo Corrêa foi acompanhando o ex-deputado federal José Janene, do PP, um dos flagrados no mensalão e que faleceu em 2010. A reunião foi com João Auler.
A Camargo Corrêa participou de duas grandes obras da Petrobras investigadas na Lava-Jato: a modernização da Repar, refinaria que fica no Paraná, com sobrepreço apontado pelo TCU de R$ 633 milhões e da Unidade de Coqueamento da Refinaria Abreu e Lima, com danos ao erário já identificados de R$ 613,2 milhões. A Camargo Corrêa também fez repasses de R$ 2,875 milhões para a Costa Global, empresa de consultoria do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Os depósitos foram feitos cinco meses após a saída de Costa da estatal, mas ele disse à Justiça que os pagamentos eram propinas.
EMPRESAS PAGAM ADVOGADOS
Para o MPF, é estreita a ligação de alguns dos principais executivos de empreiteiras com Youssef. Os mais próximos do doleiro seriam Leite, da Camargo, Ricardo Pessoa, da UTC/Constram, e Mateus Coutinho, da OAS.
Um dos exemplos está no depoimento da contadora do doleiro, Meire Poza. À Justiça, ela disse que em março, quando foi deflagrada a primeira fase da Lava-Jato, ela e Prado ficaram responsáveis por buscar dinheiro na Camargo Corrêa e na UTC para pagar os advogados dos presos ligados ao doleiro. Meire visitou a UTC, que teria se comprometido a dar R$ 500 mil para pagar os advogados de Enivaldo Quadrado e Carlos Alberto da Costa, ligados ao doleiro.
Depois, Meire disse ter se desentendido com os interlocutores. Um dos presos na última sexta-feira (14), o advogado Carlos Alberto Costa e Silva, segundo ela, acabou sendo acionado para fazer o “meio de campo” com as empreiteiras.
A UTC se tornou sócia de Youssef em empreendimentos na Bahia. A empresa se associou em 2010 à GFD, de Youssef, no hotel Web Salvador Iguatemi e na compra de terreno em Lauro de Freitas, por R$ 5,3 milhões. Para que a sociedade se concretizasse, foi aberta Sociedade em Cota de Participação, tendo a UTC como sócia ostensiva e a GFD como sócia participante. A UTC é uma das contratadas para obras na Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul. No total, os negócios da empresa com a Petrobras superam R$ 8 bilhões. 
Ao GLOBO, a UTC informou que é sócia da GFD num empreendimento específico, o Dual Medical&Business, em Lauro de Freitas, e que a Sociedade em Cota de Participação é um instrumento temporário, usado no setor imobiliário, a ser encerrado ao fim do empreendimento (início de 2016). Confirmou que os custos foram divididos e ressaltou que não há nenhum tipo de sociedade entre as duas empresas. De acordo com a nota, UTC e GFD são cotistas no Web Hotel de Salvador ao lado de outros investidores. A empresa informou que detém 30% das cotas e que a GFD tem 37% e que as documentações foram encaminhadas ao MPF. Sobre o pagamento de advogados, confirmou que foi procurada por Meire Poza, mas que a ajuda foi negada. (O Globo)

Clube VIP das empreiteiras que roubavam a Petrobras para terem mais lucro e corromper políticos lembra a clássica cena da reunião da "família" de Don Corleone, em O Poderoso Chefão.

A alta cúpula das empreiteiras tem participação direta no cartel dos fornecedores da Petrobras investigado na Operação Lava-Jato. O “clube”, apelido dado pelos próprios integrantes, tinha coordenador, reuniões periódicas e até uma divisão interna, onde apenas as gigantes (Camargo Corrêa, UTC, OAS, Odebrecht e Andrade Gutierrez) eram “VIP”. Segundo o executivo Julio Camargo, da Toyo Setal, que colabora com as investigações, esse grupo tinha poder sobre os demais integrantes do cartel e agia de forma conjunta “até o limite da persistência” para fazer valer suas vontades. 
Para desvendar o funcionamento do cartel foram fundamentais os relatos de dois delatores que faziam parte dele. Os executivos da Toyo Setal Julio Camargo e Augusto Ribeiro de Mendonça Neto contaram como eram feitas as negociações entre os altos dirigentes das empresas e os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato de Souza Duque, ambos presos na operação. 
Depoimentos de Costa, que também virou delator e está em prisão domiciliar, e do doleiro Alberto Youssef, outro em colaboração premiada, ajudaram a reforçar as acusações contra os empreiteiros. Além disso, o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, considerou que os pagamentos milionários a empresas de fachada do esquema corroboram o envolvimento dos altos executivos.
Presidente da UTC Engenharia, Ricardo Ribeiro Pessoa era quem fazia a organização do cartel. Ele e Youssef eram próximos. Uma troca de mensagens entre ambos, em 31 de dezembro ressalta essa amizade. Às 23h01m, Youssef escreve: “Amigo Ricardo que 2014 você e família realize (sic) todos os desejos e projetos com muita saúde paz amor felicidade prosperidade bjo no seu coração do seu primo”. E, às 23h57, Ricardo responde: “Amigo Primo. Queria lhe agradecer pela parceria e lealdade. Desejo para você e sua família o maior sucesso e muitas felicidades e muita saude em 2014. Grande abraco. Ricardo.”
REUNIÕES NA QUEIROZ GALVÃO
A Camargo Corrêa teve três integrantes da alta cúpula presos: o presidente, Dalton dos Santos Avancini, o presidente do conselho, João Ricardo Auler, e o vice-presidente Eduardo Ermelino Leite. O presidente da empresa assinou contrato com uma empresa de fachada para repassar R$ 2,8 milhões a Costa depois deste deixar a estatal. Auler foi citado por Youssef como um contato seu na Camargo Corrêa e assinou contrato da refinaria Abreu e Lima com indícios de superfaturamento. Leite também é mencionado como integrante do cartel. 
O presidente da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho, foi citado pelos quatro delatores como integrante do esquema. O vice-presidente da empreiteira Agenor Franklin Magalhães Medeiros teve a atuação no esquema citada por Youssef. O vice-presidentes da Mendes Júnior Sérgio Cunha Mendes, citado por Youssef, aparece numa planilha de Costa como “disposto a colaborar” e assinou um contrato pela Mendes Júnior resultante de uma licitação em que o ex-diretor da Petrobras disse ter ocorrido acerto prévio. 
Gerson de Mello Almada, vice-presidente da Engevix, foi citado pelos delatores como representante da empresano cartel. Valdir Lima Carreiro, diretor-presidente da Iesa assinou contrato de fachada com a Costa Global, de Paulo Roberto Costa, para repassar dinheiro ao ex-diretor.
Várias reuniões dos empreiteiros foram realizadas na sede da Queiroz Galvão, no Rio de Janeiro. Em nota, a empresa “reitera que todas as suas atividades e contratos seguem rigorosamente a legislação e está à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos necessários”. A Andrade Gutierrez disse não ter acesso ao teor das declarações prestadas e “reafirma que não tem ou teve qualquer envolvimento com os fatos relacionados com as investigações em curso”. 
A Camargo Corrêa “repudia acusações sem comprovação, vazadas de forma seletiva, que impedem qualquer possibilidade de defesa”. A Mendes Júnior informou que não se pronuncia sobre inquéritos em andamento. A Odebrecht “nega veementemente ter feito qualquer tipo de pagamento para executivos ou políticos para obter contratos com a Petrobras” e “repudia afirmações caluniosas feitas em suposta delação premiada”. As demais assessorias não responderam aos questionamentos. (O Globo)

NO BLOG DO JOSIAS

Eduardo Cunha: ‘escândalo terá muitos filhotes’

Candidato favorito à presidência da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) antevê um futuro turvo para o Congresso. Considera inevitável a abertura de uma nova CPI em 2015, para apurar os desdobramentos da Operação Lava Jato. Em entrevista ao programa Canal Livre, da Band, ele indagou na noite passada:
“Alguém tem dúvidas de que esse escândalo é um escândalo que ainda vai ter filhotes por muitos anos? É uma situação absolutamente inédita. Você chegou a um nível de corrupção [...] que nós não tivemos conhecimento em nenhum outro momento da história do país.”
Líder do PMDB na Câmara, Cunha disse que seu partido não será o proponente da nova CPI. Mas irá apoiá-la. Avalia que a futura comissão de inquérito pode ter desfecho bem diferente das atuais CPIs da Petrobras. “Ninguém controla CPI se tiver fatos que sejam relevantes, que extrapolem os limites.”
Afirma que, se for eleito para comandar a Câmara, zelará para que os prováveis pedidos de cassação de petro-deputados tenham uma tramitação regular, conforme previsto na Constituição e no regimento interno da Casa.
Perguntou-se a Eduardo Cunha por que o governo de Dilma Rousseff tem horror à sua pretensão de comandar a Câmara. “Aí é o governo que tem que se manifestar”, ele desconversou. Disse estar “tentando construir uma candidatura que valorize a independência do Parlamento”, não uma postulação “de oposição”.
Não receia que o Planalto deflagre uma grande ofensiva para retirá-lo da disputa? “É um equívoco querer tratar o processo desse jeito”, disse o deputado. “Até porque nós saímos de uma eleição [presidencial] bastante conflagrada, a base governista é um pouco menor, mais dividida.”
Num timbre que roçou a ameaça, Eduardo Cunha lembrou que o governo terá muitas “demandas” no Legislativo. Citou o projeto orçamentário que Dilma enviou na semana passada ao Congresso. Nele, a presidente reivindica, na prática, autorização para fechar as contas do Tesouro de 2014 no vermelho, descumprindo a meta oficial de superávit fiscal.
“…Estamos com a discussão da meta do superávit primário agora. É um tema delicado, que todos vão ter que, de uma certa forma, encontrar uma cooperação. E várias outras atividades ou demandas parlamentares vão acontecer”, disse Eduardo Cunha, antes de indagar:
“O governo vai fazer uma disputa dentro da sua própria base, para tentar derrotar uma candidatura do líder do PMDB, que continuará líder do PMDB no primeiro dia depois da eleição?” Ele completou: “Acho que o PT ou qualquer outro que quiser ter candidato, isso é normal, é da democracia. O voto resolve qualquer problema. Outra coisa é o governo interferir e jogar pesado para tentar desbalancear a disputa.”
O PMDB vai ajudar a aprovar a manobra fiscal? “Veja bem, é muito complicado. Mas nós somos obrigados a nos render à gravidade”, disse o deputado. “Estamos na seguinte situação: o fato já aconteceu. E as consequências do fato serão gravíssimas, porque o governo nao terá alternativas até 31 dezembro. Ou flexibiliza a meta [de superávit fiscal] ou vai ter que cumprir a meta na marra.”
Como assim? “Cumprir a meta na marra vai ser suspender todos os repasses e todos os pagamentos. Isso vai ter repercussão nos Estados, porque os repasses são receitas de Estados e municípios. [...] Não vamos faltar porque é grave essa situação. Embora entendamos que a situação, por ser grave, merece que seja mostrada com toda a transparência e que sejam criados instrumentos para que, no futuro, isso não possa ser repetido.”
Na semana passada, o líder do PT no Senado, Humberto Costa, dissera que o governo será forçado a cortar a liberação de verbas para as bases eleitorais dos congressistas se a proposta da manobra fiscal não for aprovada. Instado a comentar, Eduardo Cunha bateu:
“[...] Foi uma inabilidade enorme. Nós não precisamos ameaçar ninguém. Tem que mostar a gravidade e a saída que tem que ter. Acho que nós temos que ter a maturidade para chegar e dizer para a sociedade. Eles têm que mostrar o que aconteceu [às contas públicas] com toda a transparência. Sou favorável a que a conta seja toda mostrada.”
A certa altura, perguntou-se a Eduardo Cunha por que o PMDB está eternamente insatisfeito com o governo. Afinal, o que os deputados do partido querem que o governo não dá?
E ele: “no primeiro mandato [de Dilma], o PMDB não participava praticamente do governo —ministérios risíveis, toda a máquina de baixo era petista. Então, havia uma queixa disso. Tanto que nós, da bancada da Câmara, quando houve substituição de ministros, abrimos mão de indicar os nomes dos ministros que se desincompatibilizaram dos cargos. E ficamos independentes, sem indicar ministro nenhum.”
E quanto ao segundo mandato, a bancada da Câmara indicará ministros?
“Os deputados não quiseram indicar ministros mais. Então, tem que começar a relação. Ou você é governo, está dento do governo e participa do governo da forma como tem que participar ou não precisa participar.”
- Serviço: você pode assistir à entrevista de Eduardo Cunha aqui, aqui, aqui, aquiaqui.

NO BLOG ALERTA TOTAL
Os jornalões, como o Estadão, já escancaram na primeira página e em editoriais a tese sabida pela maioria dos brasileiros com um mínimo de bom senso. É impossível que o Presidente Lula da Silva e a Presidenta Dilma Rousseff não tenham sabido dos escândalos na Petrobras. Duas razões simples justificam a tese: nada se decide naquela empresa sem o aval do controlador majoritário, a União Federal, comandada pelo titular do Palácio do Planalto (ou controlada pela governança do crime organizado?). Assim, Lula e Dilma ficam na inevitabilidade de serem denunciados por responsabilidade.
A situação de Dilma é ainda mais grave. Ela foi "presidente" do Conselho de Administração da Petrobras, durante a gestão presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, o eterno Presidentro. Se insistir na tese inacreditável de que não sabia de nada, assina o atestado de que pecou por incompetência gerencial e tem responsabilidade solidária, com a diretoria da empresa, pelos desmandos de corrupção. Só por milagre Dilma escapará de processos movidos nos Estados Unidos. Uma chefe de Estado acionada civil e criminalmente não tem condições morais de permanecer no cargo. Seu impeachment é inevitável pelo Petrolão.
Se não cair pelas maracutaias na Petrobras, Dilma tem enormes chances de sofrer impedimento ao ser denunciada por crime de responsabilidade (na verdade, irresponsabilidade) por descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. A base governista terá imensa dificuldade, mesmo sendo maioria no Congresso, para aprovar uma ilegal mudança das regras do jogo na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Será temerário autorizar o governo a usar sua "contabilidade criativa" para esconder um rombo nas despesas federais. Se isto ocorrer, o Congresso terá cometido um GOLPE - no pior estilo do socialismo bolivariano.
Os mesmos parlamentares que podem dar o golpe estão apertadinhos. Uns 70 deles temem que seus nada santos nomes apareçam nas delações premiadas e acordos de leniência da Operação Lava Jato. Os executivos de empreiteiras presos pelo juiz Sérgio Fernando Moro, o Homem de Gelo da 13a Vara Federal, vão dedurar seus colaboradores políticos na corrupção bilionária. Exatamente diante do risco de o parlamento ter de passar por uma faxina imediata é que Dilma Rousseff pode aproveitar o momento de tensão e medo para propor aos "companheiros do Congresso" uma salvação golpista, no melhor estilo bolivariana. Eles salvam ela de cair por irresponsabilidade fiscal e o governo (não se sabe como) fará de tudo para salvá-los de futuras punições judiciais.
Nesse cenário absolutamente imoral, Dilma perdeu completamente as condições mínimas de governabilidade. A incapacidade de lidar com a crise econômica que seu desgoverno criou será a tampa do caixão. Dilma já era! Seu segundo mandato já acaba antes mesmo de começar. A ingovernabilidade é um fato objetivo. Só um golpe em estilo bolivariano pode salvar a cúpula da República Sindicalista de acabar sem direitos políticos ou, na pior hipótese para a nacicomunopetralhada, até na cadeia.
Dilma entrará para a História como a Presidenta Porcina. Aquela que foi sem nunca ter sido.
(...)

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