DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 02-9-2014

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
A terceira parte da biografia resumida (e não autorizada) de Dilma Rousseff conta que a secretária do governo gaúcho que pouco entendia de Minas e Energia virou ministra porque o presidente eleito entendia do assunto menos ainda. O post reproduzido na seção Vale Reprise, publicado originalmente em dezembro de 2009, narra o episódio inverossímil.
Integrante da delegação gaúcha incorporada à equipe de transição agrupada em Brasília, aquela mineira filiada ao PDT brizolista causou boa impressão a Lula por ter sempre a tiracolo “um computadorzinho”. Uma ligeiríssima conversa a dois foi suficiente para que o chefe resolvesse alojar no primeiro escalão a companheira que achou muito sabida.
A admiração do presidente alcançou altitudes siderais quando soube que a escolhida era mestre e doutora em economia. Nunca foi uma coisa nem outra, descobriu a imprensa em julho de 2009. Tarde demais: Dilma já estava na chefia da Casa Civil. E em campanha para eleger-se presidente da República.

Descobriu-se há dias que o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, costuma guardar em casa milhares de reais em espécie. Segundo a declaração ao Fisco, eram R$ 280 mil em 2012. Um presidente de banco que prefere esconder sob o colchão o que poderia aplicar na instituição que comanda não merece dirigir sequer um carrinho de cachorro-quente.
O Ministério Público quer saber de onde veio esse dinheiro e investiga a origem de outras boladas. Um cargo de tamanha relevância não pode ser ocupado por um genuíno caso de polícia.
Neste fim de semana, numa reportagem de página inteira, a Folha de S. Paulo informou que Bendine também andou distribuindo dezenas de malas atulhadas de cédulas. A revelação foi feita por Sebastião Ferreira da Silva, o Ferreirinha, ex-motorista do Banco do Brasil. Confira as patifarias relatadas por Ferreirinha na seção O País quer Saber.
O país também quer saber o que espera a Justiça para transferir Bendine do Banco do Brasil para um banco de cimento no pátio da Papuda.

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
O comando da campanha do PT concluiu que fracassou o núcleo do ex-ministro Franklin Martins para cuidar das chamadas “mídias sociais” e digitais. A avaliação foi feita após as pesquisas Ibope e Datafolha apontando para o risco real de derrota da presidenta Dilma em outubro. Por isso, o PT decidiu fazer mudanças no esquema, reforçando a equipe com novos profissionais e demitindo aqueles que falharam.
Uma das principais decisões da campanha do PT foi de “abrir fogo” contra Marina Silva, sua pregação e seu marido, nas redes sociais.
Marina venceria o 2º turno por 50% contra 40% da candidata do PT, segundo o Datafolha. O Ibope prevê Marina com 45% e Dilma 36%.
O Tribunal Regional Eleitoral paulista barrou a candidatura do deputado Paulo Maluf (PP), enquadrando-o na Lei da Ficha Limpa. Insistente, a exemplo de José Roberto Arruda no DF, Maluf disse que vai recorrer.
A revista The Economist reconheceu a força de Marina Silva: apesar de ter se beneficiado com superexposição na mídia após a morte de Eduardo Campos, “a onda deve ser difícil de ser parada”, concluiu.
Já a agência Reuters avalia que Marina Silva está a frente nas pesquisas, mas sua vitória não é garantida: a “imprevisibilidade” de decisões e até sua “frágil aparência física” são motivos da incerteza.
Após recuar da defesa do casamento gay para atender os evangélicos, Marina vai ceder à pressão das ONGs estrangeiras e suspender as obras da hidrelétrica de Belo Monte?

NO BLOG DO NOBLAT
O Globo
O segundo debate entre os presidenciáveis na TV consolidou a polarização entre as duas primeiras colocadas na pesquisa eleitoral: Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB). No mesmo dia que o comando de campanha do PSDB sinalizou com apoio a Marina num eventual segundo turno, o senador tucano Aécio Neves evitou o confronto direto com a candidata do PSB e concentrou ataques no governo petista.
Ao contrário das duas, que duelaram diretamente quase todo o tempo, Aécio ficou com papel secundário no embate entre os três mais bem colocados nas pesquisas. Assumidamente nervosa, a ponto de tentar interferir logo no primeiro bloco nas regras do debate, Dilma usou da falta de propostas para o pré-sal no programa de governo do PSB.
 
Debate entre os candidatos à Presidência da República - Foto: Fernando Donasci / Agência O Globo

O Partido Socialista Brasileiro (PSB) vem a público prestar os seguintes esclarecimentos a respeito do acidente ocorrido em 13/08/14, com a aeronave prefixo PP-AFA, que vitimou o seu presidente e então candidato à Presidência da República, Eduardo Henrique Aciolly Campos.
- O uso da aeronave foi autorizado pelos Srs. João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Apolo Santana Vieira, dos grupos empresariais BR-Par Participação Ltda. e Bandeirantes Cia. Pneus Ltda. de Pernambuco;
- Apurou-se que tais empresários haviam negociado o mencionado avião com a empresa AF Andrade, de Ribeirão Preto, que era sua arrendatária junto à Cessna Finance;
- A transferência de leasing ao Grupo de Pernambuco foi comunicada pela AF Andrade à ANAC, por petição datada de 15 de maio de 2014;
- Referida transferência de leasing, segundo nota à imprensa, não foi ainda concretizada, porque a Cessna Finance não aprovou as garantias oferecidas;
- Como também informou o grupo Andrade à ANAC, os empresários pernambucanos pagaram, no dia 08 de maio, oito parcelas do leasing da aeronave.
O Partido Socialista Brasileiro presta esses esclarecimentos para deixar patente que esteve alheio às negociações efetuadas entre os empresários de Pernambuco e a empresa AF de Ribeirão Preto.
Cumpre ainda esclarecer que a utilização da aeronave está sendo incluída na prestação de contas de Eduardo Campos ao Tribunal Regional Eleitoral.
(a) Roberto Amaral - Presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB)

O Globo
A Airbus, fabricante de aviões, declarou à Justiça que a TAM, os dois pilotos e as condições da pista do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, são os responsáveis pelo acidente em 2007, que matou 199 pessoas, o maior da história com uma companhia aérea brasileira.
As declarações da empresa europeia, fabricante do modelo A 320, modelo que se acidentou ao tentar pousar em Congonhas, estão no processo cível que a Airbus responde na Justiça. Pela primeira vez, a Airbus atribui culpa aos envolvidos pela tragédia. O processo é movido pela Itaú Seguros, seguradora da TAM que tenta reaver o montante gasto em indenizações e, para isso, argumenta que houve falha no projeto da aeronave.


NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
O saldo do debate promovido nesta segunda pela Jovem Pan, Folha, UOL e SBT? Uma Marina Silva que se consolidou como alternativa aos olhos do eleitorado e que cresceu, como presidenciável, atropelando Dilma Rousseff, que teve, de muito longe, o pior desempenho entre os três principais candidatos. O debate está na Internet, pode ser visto por qualquer um que não o tenha feito. O tucano Aécio Neves se saiu muito bem. Respondeu, como de hábito, com clareza e desenvoltura. Demonstrou conhecimento de causa e segurança. Mas, como afirmei no post de ontem, as circunstâncias não o transformaram em um dos polos do debate, que caminhou para o confronto entre Marina, ora no PSB, e Dilma, do PT. Qualquer juízo objetivo constata o óbvio: a candidata à reeleição perdeu feio o embate. Os petistas estão completamente desorientados.
Há dias, chamo aqui a atenção para o desastre a que as ideias fixas podem conduzir as pessoas, lembrando o Machado de Assis de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. Como nunca, o PT tem sido vítima de sua natureza. Se não conseguir sair da encalacrada em que está, perdeu a eleição.
Os petistas só sabem fazer campanha presidencial contra, nunca a favor. A de 1989 se organizou na oposição a José Sarney e Fenando Collor, hoje seus queridos aliados. Em 1994, passa a ser vítima da ideia fixa: atacar os tucanos. Perdeu dois pleitos consecutivos no primeiro turno no ataque ao Plano Real, às privatizações e à Lei de Responsabilidade Fiscal. Em 2002, mudou de rumo: passou a falar uma linguagem propositiva e se tornou monopolista da esperança e da mudança — um discurso que hoje, tudo bem pensado, serve a Marina Silva.
Muito bem! Eleito presidente, Lula resolveu governar com os marcos macroeconômicos herdados do PSDB — não adianta disfarçar —, mas deu início à demonização do adversário. Com impressionante vigarice, o PT se portava como “oposição”, embora fosse governo, embora fosse situação, embora estivesse no controle do Estado. Exercitou, no limite do possível, o discurso do ressentimento, do ódio e da perseguição aos adversários. Queria, em suma, ser o senhor — e era! —, mas com o poder das… vítimas.
Enquanto as circunstâncias econômicas foram favoráveis à construção dessa farsa, surfou na onda. Acreditem: os petistas já não contavam mais — e não contam ainda — com a possibilidade de deixar o poder. Há pouco mais de um ano e meio, falavam abertamente na reeleição de Dilma no primeiro turno e depois em mais oito anos de Lula… Tudo assim, com desassombro, sem combinar antes com a História e com o imponderável.
Para isso, no entanto, sempre dependeu de um inimigo de estimação: o PSDB. O partido era sua antivitrine, seu exemplo de elite pernóstica e insensível aos reclamos do povo. Os braços de aluguel do partido na subimprensa e na imprensa ainda insistem nessa cascata. Mas eis que surge uma Marina no meio do caminho, oriunda justamente do ninho… petista! Também sabe fazer o discurso dos “Silva”; também sabe desempenhar o papel da “vítima triunfante”; também é especialista na “demonização do outro”, embora tenha uma fala menos rascante do que a de Lula, embora se expresse com mais fluência — o que não quer dizer clareza —, embora pareça a pura expressão da mansidão.
E eis que vemos um PT sem resposta, a dar tiros no próprio pé. No debate desta segunda, Dilma tentou encurralar Marina, mas perdeu todas. Mesmo quando atacava, estava na defensiva. A petista só se esmerou no jogo bruto, beirando a grosseria, contra Aécio. Ocorre que, hoje ao menos, quem fará Dilma mudar de endereço é Marina Silva.
Depois do debate, Dilma se reuniu com seu núcleo duro de campanha — incluindo o marqueteiro João Santana e o ministro Aloizio Mercadante — e com Lula. Foi, certamente, uma reunião para lamber as feridas do dia. Marina foi a vencedora da noite, e Dilma, a grande derrotada. Os petistas vivem o dilema expresso pelo asno de Buridan, aquele que pode morrer de fome e de sede, incapaz de decidir entre a água e a alfafa. Se bate em Marina, teme se esborrachar com a rejeição do eleitorado, que vê na ex-senadora a magricela pobrezinha do seringal, que se esforçou e se tornou uma figura mundialmente conhecida. Se não bate, a magriça se agigante e engole a máquina petista nem que seja com um trocadilho, no que ela é boa. Nesta segunda, mandou ver em mais um: “Não sou nem pessimista nem otimista, sou persistente”. O que quer dizer? Nada! Enquanto isso, Dilma, coitada!, se enrolava em números e siglas, com a cara feia, visivelmente contrariada.
Pela primeira vez, desde 2002, as circunstancias atuam contra a ideia fixa do PT. E o partido não sabe o que fazer. Desta vez, nem o Santo Lula pode ajudar. Encontrou uma Silva que sabe ser ainda mais coitadinha e mais orgulhosa do que ele próprio. Como colar nela a pecha de candidata da Dona Zelite, né, Lula?

NO BLOG DO CORONEL
Na eleição passada, a "direita" representada por José Serra (PSDB) foi acusada por trazer religião e aborto para o centro das eleições. Serra e o PSDB foram demonizados por isso, mesmo que a acusação tenha tido muito de injustiça. O que assistimos agora? As duas candidatas de esquerda travando um duelo em busca do voto conservador. Marina Silva (PSB) mudou o seu plano de governo da noite para o dia, depois de quatro tuitadas de um pastor evangélico, passando a desaprovar o casamento gay. Cinco minutos depois do debate de ontem, no SBT, Dilma Rousseff (PT) disse apoiar uma lei que criminalize a homofobia, que só não foi aprovada no Congresso porque a sua base não permite. Aécio desde o início deu a sua posição sobre aborto, união civil entre parceiros do mesmo sexo e não fez desta pauta a sua plataforma. Quem tenta ser mais conservador, pasmem, é a esquerda representada por Marina Silva e Dilma Rousseff. E ganham manchetes de primeira página em todos os jornais. Uma vergonha que estes sejam os temas centrais das eleições presidenciais em um país afogado pela corrupção, pela péssima gestão e em plena recessão.

NO BLOG DO ALUIZIO AMORIM
O site de Veja resumiu bem o que é o ‘marinês’, uma a estranha língua falada pela Marina Silva. Imagina essa mulher governando o Brasil que já possui uma população estimada em 202 milhões em ação!, ou inação... e sob a ameaça, de repente, de sofrer apagões generalizados de energia elétrica, com uma economia em recessão, enquanto a inflação já corrói o poder de compra dos salários.
Enfim, um cipoal de problemas que se tornaram mais agudos a partir do governo de seu amigo e irmão camarada, Lula, que atualmente anda muito sozinho depois que sua equipe foi transferida para a Papuda. Tanto é que Marina já afirmou que vai convidar Lula para a função de oráculo de seu governo caso os brasileiros confirmem sua vocação para a idiotia votando nela.
E o “marinês” foi exercitado por Marina durante toda a entrevista que concedeu ao Jornal da Globo. O grande feito de Marina foi derrubar seus entrevistadores e, por conseguinte, também os telespectadores. Ninguém entendeu nada, já que Marina não respondeu às perguntas que lhe foram feitas. Não afirmou e nem confirmou nada, muito pelo contrário.
Foi aí que me lembrei de um vídeo muito engraçado de propaganda doinstituto de idiomas Busuu. No vídeo os aborígenes africanos falam o busuu, um idioma em extinção que na historinha do vídeo é falado apenas por 8 pessoas no mundo e o slogan é “vamos salvar o busuu”. Marina Silva, entretanto, supera esses aborígenes, pois o “marinês” é falado apenas por uma pessoa, a própria Marina. O pessoal do Busuu ainda não viu nada!.
Leiam o que relata o site de Veja:
"A senhora é a favor ou contra o casamento gay?"
"Vai reajustar a gasolina?"
"As termelétricas salvaram o Brasil neste ano. Pretende desligá-las se for eleita?"
Marina Silva, candidata do PSB à Presidência da República, mais uma vez abusou do "marinês" na madrugada desta terça-feira – a entrevista foi gravada horas antes nos estúdios da TV Globo – e, falando em rodeios, sem assumir posições assertivas, esquivou-se de perguntas sobre temas espinhosos para sua campanha no Jornal da Globo. Marina abriu a série de entrevistas de 25 minutos com os presidenciáveis – Dilma foi a única que se recusou a participar.
Gays – Logo de cara, os entrevistadores fizeram quatro perguntas para Marina sobre o recuo de sua campanha, que modificou um trecho doprograma de governo favorável ao casamento entre homossexuais no final de semana, um dia depois do texto ter sido divulgado. Após o lançamento da cartilha de governo, Marina foi pressionada por pastores evangélicos. A saída foi alterar o documento e atribuir a mudança a um "erro de processo" – os coordenadores, segundo ela, incluíram a proposta "sem mediação". Hoje, não foi diferente: "Foi incluído o documento enviado pelo movimento LGBT tal qual enviaram". Em seguida, o entrevistador questionou a candidata se ela concordava com uma manchete dizendo: "Marina é a favor do casamento gay". Ela não concordou nem discordou. O entrevistador insistiu. E com esta manchete: "Marina é contra o casamento gay". Marina não concordou nem discordou. E terminou dizendo que era a favor da união civil entre pessoas do mesmo sexo, conforme a legislação do país reconhece. "O que a lei assegura é a união civil."
Em seguida, questionada se consultava a Bíblia antes de tomar suas decisões, deu nova volta, afirmou que seus críticos tentam colar nela a pecha de fundamentalista, mas lançou frases direcionadas ao eleitorado evangélico, como "uma pessoa que crê" e "a Bíblia é uma fonte de inspiração".
Marina ainda repisou posições que têm martelado no dia a dia da campanha, como a defesa do tripé econômico – câmbio flutuante, meta de inflação e responsabilidade fiscal – com independência total do Banco Central, críticas à atual condução econômica – "Há uma visão tacanha de se governar pensando nas eleições" – e seu compromisso em acabar com a reeleição, se for eleita.
Já nos minutos finais, os apresentadores do Jornal da Globo questionaram a ambientalista, que carrega a bandeira da energia limpa, se pretende desativar as termelétricas, que salvaram o país neste ano. A pergunta foi direta: sim ou não? Marina começou a resposta: "Falando desse jeito há uma simplificação..." E deixou escapar um breve sorriso. Era o "marinês" mais uma vez em ação. Do site da revista Veja

AS ÁGUAS DA RECESSÃO JÁ CHEGARAM AOS PORÕES DO TITANIC-BRASIL. NA CABINE DE COMANDO TRÊS IRRESPONSÁVEIS: LULA, DILMA E MARINA SILVA. E TODOS FINGEM NÃO VER A TRAGÉDIA ANUNCIADA.
Faltando pouco mais de um mês para a eleições presidenciais, de governadores do Estados, de deputados estaduais e federais e de um terço do Senado, o que se vê é a apatia total e geral dos brasileiros. Não fosse o programa eleitoral que passa na televisões e rádios, poder-se-ia afirmar que de maneira alguma o Brasil está em vésperas de uma eleição. E o nível de politização dos brasileiros é praticamente zero se contrastado com países como a Venezuela, por exemplo, que tem mobilizado multidões nas ruas e um envolvimento enorme de seus eleitores.
Tanto é, segundo noticia o colunista do site de Veja, Lauro Jardim, o debate que foi ao ar no final da tarde desta segunda-feira pelo SBT TV, registra mirrados quatro pontos de audiência, enquanto neste mesmo horário a emissora costuma registrar uma audiência 50% maior.
Dado a este fato, é de indagar-se qual o parâmetro utilizado pela população brasileira para declinar seu voto nas pesquisas eleitorais. Todos os dias passo por diversos lugares, as ruas, os shoppings, supermercados ou até mesmo as prosaicas padarias. Nunca ouvi um pio sobre o fato de que o Brasil está no auge de sua campanha eleitoral. Ninguém discute, ninguém debate, ninguém se envolve e no máximo todos costumam encher a boca para afirmar que detestam a política e os políticos todos. 
Entretanto, no dia da eleição, a esmagadora maioria dos eleitores está nas filas de votação votando. Claro que o voto é obrigatório pela legislação eleitoral brasileira, mas assim mesmo, no dia das eleições os eleitores estão lá e sabem exatamente em quem irão votar.
Essa maioria dos eleitores passa ao largo da campanha eleitoral que só acontece atualmente apenas por meio da grande mídia e, mais recentemente, pelas redes sociais na internet. Quem viveu as campanhas eleitorais de outrora nota uma diferença extraordinária e, justamente, depois que o Brasil retomou o caminho democrático das eleições diretas para presidente da República que foram suspensas pelos governos militares.
O que se nota é que o viés caudilhesco do pensamento político dominante que se revela por exemplo na reverência ao ditador Getúlio Vargas, continua imperante neste século XXI apesar do extraordinário crescimento da população brasileira agora estimada em 202 milhões de habitantes e a multiplicidade de meios de comunicação turbinados pelos dispositivos móveis, hoje ao alcance de qualquer pessoa de todos os estratos sociais e econômicos.
A tarefa de acompanhar os fatos políticos e participar da campanha eleitoral é portanto muito mais fácil do que antes do advento do boom da grande mídia e da internet. A motivação das pessoas deveria ser redobrada, todos ávidos em conhecer e analisar todo o processo político e o posicionamento dos candidatos ao nível do espectro político-ideológico, que é o que verdadeiramente importa. É esse o ponto fundamental que deve, ou pelo menos deveria, orientar o eleitorado.
E por que isso não ocorre? A resposta é óbvia. A questão ideológica é relativizada, quando não ignorada completamente. Tanto é que no Brasil não existem partidos políticos à direita do expectro político-ideológico, de víes conservador ou mesmo liberal. Quando se ouve dizer que todos os políticos são iguais, no fundo isso faz sentido. Nesta eleição como nas outras do passado recente, os candidatos todos praticamente dizem as mesmas coisas e acenam com planos de governo de viés esquerdista, ou seja, que postulam o gigantismo estatal.
Notem que PT do Lula e da Dilma e a Rede/PSB de Marina Silva são esquerdistas radicais e mesmo quando se vê o país definhar economicamente chafurdando no lodaçal do atraso e da recessão, continuam acenando com mais caraminguás estatais. Apenas Aécio Neves, embora também social-democrata, de esquerda, destoa ainda que discretamente, da cantilena estatista.
Mas, como se pode notar, Aécio Neves usa de todos os artifícios possíveis para tranquilizar o eleitor. Mais ou menos assim: olha, eu prometo diminuir os gastos estatais mas juro que não vou cortar as bolsas e ajudas variadas. Tanto é que antes da eleição Aécio Neves foi obrigado a propor no Senado projeto que transforma em lei a bolsa família, como uma forma de vacinar-se antecipadamente da acusação de ser contra os pobres e desvalidos.
Uma tremenda bobagem porque em todos os palanques a discurseira da Dilma e da Marina Silva continua prometendo mais esmolas e acusando a oposição de ser a elite que pretende massacrar os pobres. Tanto é que em pleno século XXI votos no Brasil são comprados com a doação, bancada com dinheiro público, de dentaduras, como se viu recentemente.
Isto faz com que a rigor não exista a discussão de ordem política e ideológica, razão pela qual não se registra debate nenhum, pois prevalece a tese esquerdista do gigantismo do Estado. Depois de mais de 500 anos, desde o dia em que foi descoberto o Brasil, os brasileiros continuam à procura não de um estadista, mas de um pai generoso.
E a cena que se vê agora pode ser comparada com o histórico naufrágio do glamouroso Titanic. Enquanto os passageiros se entregavam às delícias das festas e comilanças a água sorrateiramente adentrava os porões da embarcação para poucas horas depois fazê-la sumir nas profundezas do mar. 
O fabuloso navio havia colidido com um iceberg. Mas pela sua grandeza o momento da colisão não foi suficientemente estrondoso para que boa parte dos passageiros se dessem conta do início da tragédia. 
É o que está acontecendo neste momento comparando-se o Brasil com o Titanic. A água da recessão econômica já começou a tomar conta dos porões dessa embarcação possante que tem à bordo mais de 200 milhões de passageiros e poucos se dão conta disso, ou fingem não ver, esboçando aquele cinismo asqueroso que tipifica a maioria dos brasileiros.

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