DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 04-8-2014

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Publicado na edição impressa de VEJA
J. R. GUZZO

A campanha eleitoral para a Presidência da República e os governos estaduais está prometendo colocar o Brasil diante de uma pregação totalitária para ninguém botar defeito. Tudo isso? É sempre confortável, claro, imaginar que essas coisas não acontecem mais hoje em dia, não num país que caminha para a sétima eleição presidencial seguida com voto livre, secreto e universal, sob a proteção de todas as leis e defesas de um Estado de direito. Virar a mesa, a esta altura do jogo, com certeza não é fácil. Mas, como se vê, não é impossível criar um clima de hostilidade disfarçada, ou nem tão disfarçada assim, às regras segundo as quais candidatos de oposição têm o direito de disputar a Presidência, e o vencedor deve ser aquele que teve a maioria absoluta dos votos. É o que já se pode ver, neste momento, pelos atos praticados na campanha do governo e seu partido para reeleger a presidente Dilma Rousseff – ou, se não é isso, estão fazendo o possível para parecer que é. Sua atitude diante da eleição de outubro, pelo que dizem e fazem em público, é sustentar que os eleitores brasileiros só podem tomar uma decisão nas urnas: reeleger a presidente Dilma. Qualquer outro resultado, segundo o que têm pregado até agora, seria “um golpe de Estado da direita”.

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Durante o primeiro semestre de 2014, o Brasil injetou no mínimo R$ 1,5 milhão por dia na economia dos Estados Unidos só com os pedidos de visto feitos à embaixada e consulados americanos. De acordo com o site da Missão Diplomática dos EUA, foram mais de 4.100 solicitações feitas todos os dias ao custo de US$ 160 cada, mas para estudantes de intercâmbio o valor mais que dobra, pois há uma taxa extra de US$ 180.
A recente suspensão na emissão dos vistos tem impacto zero na conta, pois o pagamento da taxa é feito antes da solicitação, não da emissão.
Como a taxa é cobrada em dólar e equivale a uma compra no exterior, o governo brasileiro também leva o seu ao cobrar até 6,38% de IOF.
Dados do Departamento de Estado dos EUA apontam o Brasil como o segundo maior “mercado” de vistos. Só perdemos para os chineses.
Com o desgaste que o PT vive nos grandes centros urbanos, a cúpula nacional teme que o partido deixe de fazer a maior bancada da Câmara dos Deputados. Além da falta de puxadores de votos em São Paulo, Rio e Minas, petistas sofrem em quase todos os Estados e fazem contas para saber quantos parlamentares poderão emplacar nas urnas. Os números mais otimistas superiores a 100 deputados federais já foram esquecidos.
O presidente do PT, Rui Falcão, admitiu a coordenadores que o fantasma do mensalão é um dos grandes responsáveis pelo desgaste da marca PT.
A CPMI da Petrobras deverá votar na próxima reunião requerimento do deputado Marcos Rogério (PDT-RO) convocando o advogado Thales de Miranda, que teria sido demitido da chefia jurídica da estatal após negar parecer favorável à compra da velha refinaria de Pasadena (EUA).
Ocorre de hoje (4) até quarta o encontro nacional dos tribunais de contas. Os conselheiros prometem criar órgão para fiscalizar os TCEs, mas não garantem acabar com indicações políticas para escolha deles mesmos.
No Ceará, onde acontece o encontro, o Tribunal de Contas do Estado está envolto em escândalo pela construção de uma sede anexa sem ter pago o terreno desapropriado, e com uma licitação suspeita.


NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
Enquanto o Brasil não aprender a lidar com o óbvio, o óbvio vai nos golear com mais facilidade do que a Alemanha enfrentando a Seleção de Felipão. Quem recorrer ao arquivo deste blog vai encontrar várias dezenas de textos sobre as UPPs, as tais Unidades de Polícia Pacificadora, um nome que nasceu torto, fruto de uma consciência torta para um programa não menos… torto. Notem: é claro que eu defendo, hoje como antes, que a polícia chegue ao morro. É claro que eu defendo, hoje como antes, que se faça o policiamento comunitário. Ocorre que parte do Complexo do Alemão, que conta com quatro UPPs, já está, de novo, entregue ao narcotráfico. Policiais admitiram à reportagem da Folha que não entram mais nos becos para evitar confrontos. Os tiroteios voltaram a ser diários. De janeiro a julho, oito pessoas morreram em confrontos — duas eram PMs. Na campanha eleitoral de 2010, como esquecer?, Dilma dizia que a política de segurança do Rio era um modelo e que ela pretendia adotá-la Brasil afora. Ainda bem que a presidente não é do tipo que cumpre o que promete…
Pois bem… O que sempre esteve errado com a política de segurança pública do Rio? Resposta: não prender bandidos, mas espantá-los. Com o tempo, nem isso foi necessário. Como escrevi aqui no dia 8 de setembro de 2011, o que se pediu a eles é que se comportassem. Mas sabem como são os criminosos. Nem sempre cumprem acordos, não é? O Rio de Janeiro continua lindo. Fazer presídios, por exemplo, pra quê? Se a política espanta-traficante tivesse chegado ao máximo de eficácia, todos os bandidos teriam deixado o Estado do Rio e migrado para São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais… Tenham paciência! Mas nem isso aconteceu. Eles se contentaram com Niterói mesmo…
É evidente que a vida melhorou em favelas em que o narcotráfico parou de andar de revólver e fuzil à mostra e em que não há mais risco de confronto entre facções. É evidente que os dias ficaram mais tranquilos nas “comunidades”, como se diz por lá, em que as UPPs ou soldados do próprio Exército são convidados a atuar como seguranças do narcotráfico, garantindo que não haverá guerra de quadrilhas ou enfrentamento com aquelas excrescências que são as milícias.
Mas isso basta? É o que o Estado tem a oferecer à população? Um acordo de cavalheiros com o narcotráfico? A confissão de uma falência? Sim, boca de fumo tem em qualquer lugar. Mas não é em todo lugar que homens com fardas oficiais, de entes públicos, atuam, então, como pacificadores de gangues, garantindo a tranquilidade do poder paralelo instalado. Essa equação iria desandar. E desandou.
Há pobres, sim, nas favelas do Rio, mas não tão pobres que não saibam distinguir o bem do mal. É matéria de escolha. No fundo, é o mesmo mecanismo que nos permite distinguir amigo de inimigo ou escolher entre um sorvete de uva e um de framboesa. É que os “antropólogos” do asfalto adoram ver o pobre como um exótico.
Essa confusão entre “comunidade” e “bandidagem” tem um erro de origem: a suposição de que o marginal é uma vítima social. O Brasil tem tantas vítimas que eu gostaria de saber onde estão os algozes. Já notaram? Os traficantes, coitados!, são vítimas. Essas vítimas, por sua vez, vendem seu produto a outras vítimas: os que fumam e cheiram. Como diria o Apedeuta, “eu estou convencido de que” os vilões da história são, então, os que nem vendem nem cheiram pó e os que nem vendem nem fumam maconha…
É essa, como posso chamar?, ”conspiração das vítimas” que impede que se faça a coisa certa. É claro que prender mais supõe uma polícia mais eficiente e menos corrupta. Mas isso é parte de uma política de segurança pública, certo?
Dilma
Abaixo (link), eis um vídeo-propagada do PT, em que a companheira Dilma anuncia que as UPPs do Rio são o caminho. Transcrevo o que ela disse e volto em seguida.
http://www.youtube.com/watch?v=ic-mup4xhJQ
“A gente considera que o resultado da política aqui, dessa parceria do governo federal com o governo estadual, aqui, com o governador Sérgio Cabral, ela construiu uma referência no que se refere (!!!) à… No que se refere basicamente à… estruturação de uma política de segurança através das Unidades de Polícia Pacificadora. É transformar territórios em guerra em territórios de paz (…) Em muitos estados, não transferiram os chefes do crime organizado para as penitenciárias de segurança máxima. Aqui foi transferido. Os daqui estão em Catanduvas, Campo Grande e Mossoró. Com isso, o que é que acontece? Você tira do presídio os líderes e os cabeças e impede que os presídios sejam transformados em plataformas do crime (…)"
Bem, é a Dilma dos velhos tempos, com um raciocínio ainda mais confuso do que o de hoje e um vocabulário mais estreito. Mas está claro no vídeo, editado como propaganda, que a política de segurança de Sérgio Cabral era considerada exemplar.
Quatro anos depois, o Rio está em chamas. E não foi por falta de aviso. Não!, leitores, eu não acho que Cabral e José Mariano Beltrame, secretário de Segurança Pública, deveriam ter ouvido as minhas advertências. Penso que ambos, mais uma boa leva de bacanas que resolveram jogar os fatos no lixo, deveriam ter ouvido os apelos da lógica. A Internet presta uma grande contribuição à memória.
Pesquisem neste blog e em toda parte: durante uns bons anos, na grande imprensa, devo ter sido o único crítico da política de segurança do Rio. Apanhava que dava gosto — inclusive de muitos amigos cariocas! Alguns deles chegaram a se engajar numa pré-campanha para fazer de Beltrame candidato ao Prêmio Nobel da Paz. Sim, eu sei! Até Arafat ganhou o seu… Mas o ridículo em estranhos dói menos do que em pessoas que a gente ama ou admira, né?
O nome “Polícia Pacificadora” sempre me irritou porque carrega consigo uma óbvia impostura, mas também uma revelação involuntária. “Pacificar” quem exatamente? Pactos de paz se estabelecem entre inimigos beligerantes, postos em pé de igualdade e considerados igualmente legítimos. Cabe hoje, como sempre coube, a pergunta: quem está de cada lado? Então vamos estabelecer a “pax” entre a bandidagem e suas vítimas, é isso? Entre a lei e a não-lei? Entre a sociedade de direito e o arbítrio do crime?
Sim, infelizmente, sempre se tratou exatamente disto: a polícia dita “pacificadora” traz na sua origem o reconhecimento de que existe certa legitimidade no banditismo. O que se cobrava dele é que fosse mais discreto; que não tiranizasse as populações do morro; que não as submetesse a uma disciplina escandalosamente de exceção; que não saísse matando desbragadamente; que fizesse o seu tráfico, mas com um pouco mais de decoro.
A receita entrou desandou.

NO BLOG DO CORONEL
Para farsa na CPI da Petrobras não cair no colo da Dilma, deve rolar a cabeça do relator do PT.

Delcídio Amaral (PT) citado como "pombo correio" e José Pimentel (PT) como parte da farsa. Depoentes da CPI recebiam as perguntas e as respostas prontas dos petistas.

O Palácio do Planalto e o comando da campanha de Dilma Rousseff à reeleição montaram neste domingo, 3, uma estratégia para descolar a presidente da tentativa da oposição de associá-la à possibilidade de fraude na CPI instalada no Senado para investigar irregularidades na Petrobrás. 
A denúncia de que depoentes da CPI receberam com antecedência as perguntas – publicada pela revista Veja – foi desqualificada pelo Planalto, mas integrantes da oposição e até da base aliada admitem que a situação pode levar à destituição do senador José Pimentel (PT-CE) da relatoria da CPI.
“A providência a ser tomada é o afastamento do relator que, até que se esclareça esse assunto, está sob suspeita de ser um dos participantes da farsa”, disse o tucano Aloysio Nunes, candidato a vice-presidente na chapa de Aécio Neves. A linha de ação do PSDB foi traçada durante um encontro do qual participaram Aécio, o governador Geraldo Alckmin (SP) e o ex-governador e candidato ao Senado José Serra, além de Aloysio.
No lado do Planalto, após reuniões e trocas de telefonemas, a Secretaria de Relações Institucionais, chefiada por Ricardo Berzoini, divulgou uma nota para negar as informações de Veja. Segundo a publicação, Paulo Argenta, assessor especial do ministério, teria sido um dos responsáveis pela preparação das questões.
“(...) A Secretaria de Relações Institucionais informa que não elaborou perguntas para uso dos senadores na referida CPI. Questionado, o assessor Paulo Argenta garante que jamais preparou questões que seriam realizadas durante os depoimentos na referida CPI”, diz o texto.
A ordem no Planalto e na campanha de Dilma é bater na tecla da “disputa política” e da “armação” engendrada pela mídia para tentar vincular a presidente a um escândalo. O discurso oficial é que a CPI sempre foi um “assunto do Congresso”.
Combinações 
Segundo a revista, integrantes do governo e senadores do PT treinaram depoentes da CPI, “vazando” as perguntas que seriam feitas e combinando as respostas. Um dia antes do depoimento de José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobrás, ele e o relator José Pimentel teriam acertado quais seriam as perguntas e respostas. O mesmo esquema teria sido usado com a atual presidente da empresa, Graça Fortes, e com Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional.
A CPI foi criada após o Estado revelar que Dilma votou favoravelmente à compra de 50% da polêmica refinaria de Pasadena, no Texas, quando era ministra da Casa Civil e presidia o Conselho de Administração da Petrobrás. Ao Estado, ela informou que só aprovou a transação porque recebeu“informações incompletas” de um parecer.
O vice-presidente da CPI, senador Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP), disse que os integrantes do grupo ouvirão nesta terça-feira, 5, as explicações de Pimentel. Depois disso devem definir uma “nova diretriz” para a CPI. (Estadão)
Assista ao vídeo (link abaixo):
http://www.youtube.com/watch?v=Tpa2XvsIbFc

Dilma prometeu R$ 500 milhões para suprir falta de armazéns. Só liberou R$ 1,5 milhão. Até quando produtores vão ter que guardar a soja e o milho debaixo da lona?

Lançado com alarde pela presidente Dilma Rousseff em maio do ano passado, o plano de modernização e ampliação de armazenagem da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) praticamente não andou até agora. Dos R$ 500 milhões previstos para a contratação de projetos e obras de construção e reforma de 90 armazéns entre 2014 e 2015, o Tesouro Nacional liberou somente R$ 1,5 milhão, ou menos de 1% dos R$ 225 milhões previstos para este ano, conforme dados do Orçamento federal. Um técnico do governo que acompanha o andamento do plano disse que essa "torneira fechada" no Tesouro é sinal de contingenciamento. (Valor Econômico)










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