O TAPIOCA GAROTINHO OU A VOLUBILIDADE DOS POLÍTICOS


Aliado do governo federal, Garotinho criticava Dilma e Lula em blog
Ex-governador atacou inflação, obras, popularidade e aliados da presidente
Por Cássio Bruno
O Globo de 02/07/2014 6:00 / Atualizado 02/07/2014 8:14
Garotinho ao lado de Berzoini, na convenção estadual do PR: deputado oficializou o acordo com o PT ao lado do ministro, enviado do Palácio do Planalto a convenção fluminense - Agência O Globo
RIO E BRASÍLIA — Candidato ao governo do Rio pelo PR, o deputado federal Anthony Garotinho mudou o tom em relação à presidente Dilma Rousseff. Antes crítico à petista, que tentará a reeleição, Garotinho transformou-se em um dos quatro cabos eleitorais de Dilma no estado ao lado de outros candidatos da base aliada: Lindbergh Farias (PT), Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Marcelo Crivella (PRB).
No passado, porém, a relação de Garotinho com Dilma e também com o ex-presidente Lula não era bem assim. Em seu blog, usado para atacar inimigos políticos, como o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), Garotinho destacou, por exemplo, temas delicados ao Palácio do Planalto, como aumento da inflação, queda nas pesquisas de intenção de voto, e os atrasos na execução de um dos principais projetos de Dilma, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
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Antes de confirmar seu nome para concorrer ao governo do Rio, Garotinho deixou para o PR a decisão de apoiar ou não a reeleição de Dilma por meio de prévias. No bastidores, o deputado cogitou até uma aproximação com o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, candidato à Presidência do PSB. Para fechar com Dilma, Garotinho exigiu reciprocidade da presidente à campanha ao Palácio Guanabara.
Além disso, o deputado pressionou o PT e Dilma a intervirem na briga por alianças para as eleições de outubro. Garotinho só conseguiu fechar apoio do PROS graças a interferência dos petistas. No último domingo, Garotinho oficializou o acordo com o PT ao lado do ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, primeiro enviado do Palácio do Planalto a uma convenção no estado — não houve representante nacional nem mesmo na convenção de Lindbergh.
“A presidente Dilma nunca esteve tão isolada no estado. Não foi por falta de aviso”, escreveu Garotinho, no blog, em 22 de junho, ao comentar a aliança do PMDB com o ex-prefeito Cesar Maia (DEM), que disputará uma vaga ao Senado, e lembrando que Cabral estará “de corpo e alma” na campanha presidencial do senador Aécio Neves (PSDB).
Em post publicado 6 de junho, Garotinho criticou a economia e disse que o “maior adversário de Dilma continua crescendo”:
“O mau desempenho da economia é o principal oponente. Para piorar, a curva da economia mostra que não há calmaria à vista. Com a inflação subindo e o consumo caindo, o estrago eleitoral na classe média será grande”.
Garotinho também não poupou ataques às obras do PAC na favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio, realizadas em parceria entre os governos federal e estadual. Em texto escrito em 19 de maio, o deputado afirmou que o dinheiro repassado por Dilma e pelo ex-presidente Lula "ficou apenas na promessa".
“No PAC 1, com (o ex-presidente) Lula, foram anunciados R$ 500 milhões; no PAC 2, com Dilma, mais R$ 1,8 bilhão. Com todo esse dinheiro era para a Rocinha estar um brinco, mas nem a água prometida chegou. (...) Mas a verdade é que uma boa parte desse dinheiro ficou só na promessa, outra foi desviada por (Luiz Fernando) Pezão (candidato à reeleição pelo PMDB) e companhia’, disse Garotinho.
Em 20 de abril, o deputado abordou no blog um estudo sobre a avaliação do governo Dilma. Garotinho reproduziu uma reportagem de jornal com o tema e escreveu: “O certo é que Dilma, dificilmente, vai conseguir voltar ao seus melhores índices de popularidade”.
Garotinho ainda pôs em xeque, em um post publicado em 16 de dezembro do ano passado, a Lei de Acesso à Informação. No texto, o deputado perguntou: “Se nem o governo Dilma respeita a lei, como querem que os estados cumpram a legislação?”
Ao comentar uma entrevista de Lula a uma TV portuguesa, no dia 28 de abril, Garotinho disparou: “Antes, Lula dizia que não sabia de nada sobre o Mensalão. Agora, evoluiu para renegar os mensaleiros”.
Hoje, Garotinho disse que, apesar de a campanha aproximá-lo da presidente Dilma , não deixará de avaliar mesmo que de forma negativa sua gestão.
— No período em que fui líder do PR na Câmara subi várias vezes à tribuna para fazer críticas. Na minha convenção, em que o ministro Ricardo Berzoini participou, ele ouviu críticas minhas ao governo. Não significa que minhas diferenças com o PT tenham desaparecido de uma hora para a outra — afirmou.
Coordenador do programa de governo de Garotinho, Fernando Peregrino seguiu o mesmo discurso:
— A escolha por Dilma foi da maioria. O Garotinho não escolheu o ideal. Foi de acordo com quadro eleitoral do momento. O Eduardo Campos se posicionou contra os royalties para o Rio. O Aécio se juntou à banda podre (PMDB).



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