UMAS E OUTRAS DO HELIO FERNANDES

HELIO FERNANDES –

O escritor e jornalista, André Singer, teve a excelente idéia de escrever artigo simplesmente com o título de um número-palavra: “1914”. Lembra que agora se completam 100 anos dessa guerra.
Cita farta e merecidamente o historiador Eric Hobsbawm. Principalmente na fase magistral apesar de artificial: “No fim a humanidade sobreviveu, o grande edifício da civilização desmoronou nas cinzas”.
A guerra inútil quase desconhecida
Começou com a rivalidade do decadente Império Austro-Húngaro, o assassinato de um príncipe em Sarajevo. O Império já não tinha a menor importância, ninguém sabia quem era Francisco José, poucos poderiam indicar num mapa, onde ficava Sarajevo.
Sem os EUA, a América do Sul e Central, a Ásia, África, Oceania foi praticamente um ajuste de países da própria Europa. França, Inglaterra e Alemanha (e às vezes a Itália) se enfrentavam e defendiam uma bi-polaridade, que era rigorosamente impossível.
Mas aí, a guerra se alastrou em pouco, abandonava aquele ponto geográfico praticamente desconhecido, passou a se transformar em combate, embora muito distante da identificação de Mundial. Arrastou diversos países que viviam se hostilizando, aproveitaram a oportunidade. Mesmo não sendo MUNDIAL, é evidente que sacrificou muita gente nesses quatro anos.
A SEGUNDA Guerra, essa MUNDIAL, “começou” em 11 de novembro de 1918, com a RENDIÇÃO INCONDICIONAL da Alemanha
O tratado de 11 de novembro de 1918, foi terrível. Assinado em Versalhes, naquele vagão ferroviário imobilizado, sempre usado depois da Revolução Francesa. Exigiram tudo da Alemanha. Tinha que pagar indenizações altíssimas, logo surgiu a crise do marco alemão. Os cidadãos levavam um carrinho de mão, cheio de dinheiro, voltavam com ele pela metade de mercadorias.
Os EUA mandaram apenas 13 mil homens, não tinham nem presidente para aparecer em público. Woodrow Wilson, eleito em 1912, foi reeleito em 1916. Não podia levantar da cama, era a mulher que assinava tudo para ele, sob as vistas de um grupo na Casa Branca, civis e militares. 
O livro de sucesso de Erich Maria Remarque, “Nada de Novo no Front Ocidental”, retrato ou radiografia de forma clara e indiscutível, desse clima de espera e não de guerra.
Em 1920, Hemingway fez o famoso comentário, citado e repetido: “Paris é uma festa”. Não poderia haver guerra de verdade, que terminassem “numa festa”.
O Festival Wagner de Berlim
Apoteose, carnaval, festa mesmo só na belíssima e quase inatingida Berlim. A confraternização era geral, principalmente porque franceses e ingleses, “vitoriosos”, se divertiam mesmo. O “desabastecimento” acabou, veio a fase do esquecimento, que não demoraria muito.
A “paz em separado” de 1917, praticamente acabou a guerra
Além dos três continentes já citados, deste lado do Atlântico, não participaram na chamada primeira guerra. Ásia ou África, nenhum país do chamado Oriente Médio. Inglaterra, Alemanha e França tentavam resolver suas hostilidades históricas.
Em 1917, “ajuda” americana
Os alemães já estavam derrotados, sabiam disso. Na Rússia (ainda) foi “combinada” a “paz em separado”, entre russos, alemães e ingleses. Os interesses e exigências militares dos três, eram idênticos. Os russos queriam os outros fora do caminho, para concluírem a Revolução chamada de Soviética, a União das Repúblicas Socialistas.
Inglaterra e França, tinham que retirar suas tropas para reforçar o ataque final a Berlim. E os alemães também precisavam mandar tropas para defender Berlim. Faltava um líder para comandar tudo.
Os russos, desesperados, na confusão da Revolução apoiada e combatida naquele país enorme, eram massacrados. Na batalha de Tannenberg perderam quase 1 milhão de homens. Não sabiam o que fazer, faltava liderança. Trotsky estava escondido em Moscou, mas sem contato algum.
Todos decidiram então que deviam trazer Lênin. Estava na Suíça há quase 10 anos. Foi com a mulher, Sonia Kupskaya. Separou-se, ficou trocando de mulher e tentando encontrar um cirurgião que o operasse. Preso e tendo fugido várias vezes, numa delas foi atingido, ficou com uma bala “colada” no coração.
(Os médicos diziam: “O senhor talvez nem chegue à sala de operações. Pode viver 100 anos ou morrer em 10 segundos”. Essa segunda hipótese aconteceu, mas só em 1924, quando já estava no Poder).
Lênin foi para Moscou, usando o trem blindado e a linha reservada e desimpedida, controlada por franceses e ingleses. Resolveu tudo, franceses, ingleses e alemães foram embora. Em 17 de outubro de 1917, sumia a Rússia, surgia a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
O grito de Clemenceau: “Óleo, óleo, para terminar a guerra”
Estava a uma centena de quilômetros de Berlim, o adversário era a falta de combustível, que atingia também os alemães. Os americanos, que não queriam nada com a guerra, decidiram mandar combustível para franceses e ingleses, embora demorassem muito.
Movimentados os homens da Inglaterra e da França, entraram em Berlim sem maior dificuldade. A população “confraternizou”, a capital estava totalmente desabastecida. Não havia comida, bebida, transporte, nada.
Pétain e Hindenburg, Marechais e “heróis” do nada
O marechal Pétain que venceu a Batalha de Verdun, se transformou em herói nacional. Hindenburg, que perdera a mesma guerra nos arredores de Paris, também aclamado e consagrado como herói, chegou mesmo a Presidente da Alemanha.
Essas duas ”consagrações”, pela vitória e pela derrota, mostram o subjetivismo e a falta de autenticidade desses heróis. Que conquistam a glória mas não a eternidade, pelo fato de terem assassinado mais gente, entre correligionários e adversário.
PS- Os Alemães foram massacrados, tiveram que assinar a cruel e insensata “rendição incondicional”, em 11 de novembro de 1918.
PS2- Amanhã termino com a verdadeira SEGUNDA GUERRA que envolveu o mundo inteiro. 

Da Tribuna da Imprensa On Line de 02-01-2014.

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