UMAS E OUTRAS DO HELIO FERNANDES

A Rede da Superficialidade. Lula em crise de análise. Brizola ganhou em 1982, sem “adivinhar”.

Helio Fernandes
A insustentabilidade, com rede ou sem ela, não resistirá a duas rodadas de pesquisas. A não ser que essa superficialidade, aliada à incredibilidade, possa construir o milagre da irrealidade. E o aparecimento dessa igualdade, eleitoral e política, terá a profundidade para eliminar a imbecilidade?
Dona Marina procura coerência, já afirmou. Eduardo Campos é escravo da ambição, sempre confirmou. Essas duas incoerências, em termos de comportamento humano, serão suficientes para destruir a República velha?
Ou se desentenderão tanto que não terão tempo para a renovação? Tudo se harmonizará se Campos continuar descendo nas pesquisas? Ou em vez de dois candidatos, o PSB não tiver nenhum?
LULA EM CRISE
DE ANÁLISE

O ex-presidente, ao participar do no último dia da III Conferência Global sobre Trabalho Infantil, desconversou, fugiu de todas as perguntas. O problema: não tinha respostas. No final, falou sem convicção: “Temos que esperar as primeiras pesquisas depois da aliança de Marina e o governador de Pernambuco”.
Ora, ora, este repórter colocou o problema das pesquisas na própria sexta-feira, quando Dona Dilma se filiou ao PSB. E no sábado e na segunda, aprofundei a análise. Se as pesquisas forem desfavoráveis (não serão) a Lula, o que ele fará? Não disse nem a Dona Dilma.
BRIZOLA GANHOU EM 1982,
SEM ADIVINHAR

O comentarista Antonio Santos Aquino conheceu muito Brizola, sabe que ele não entraria numa disputa, como a de governador, “sem ter certeza de que venceria”. Foi deputado estadual do RS, prefeito da capital, governador. Ainda sem deixar o governo de lá, disputou aqui um mandato de deputado federal, foi eleito estrondosamente. Com Lacerda governador, em 1962.
O SENADO DISCUTIDO
JUNTO COM A ELEIÇÃO DE 82

Ele me disse, “tenho compromisso com o Saturnino para senador, você assume como suplente”. Dei a resposta publicada ontem, só que as coisas viraram, mudaram, foram superadas. Quando Saturnino soube que, assumindo a prefeitura, perderia o mandato, trocaria oito anos por quatro, não aceitou.
Foram nomeados então Jamil Haddad e Marcello Alencar, Saturnino se candidatou em 86. Estava no meio do mandato. Se perdesse para prefeito, voltaria para o Senado. Como ganhou, trocou quatro anos de senador por quatro de prefeito, que maravilha viver.
Foi um desastre total, não apenas pela falência da administração. Mas também pelo fantástico enriquecimento do chefe do Gabinete, logo depois próspero fazendeiro, riquíssimo. E não apenas ele, outros membros. Menos o próprio Saturnino, saiu com o mesmo patrimônio que possuía quando assumiu.
Minha conversa com Brizola foi franca, aberta direta, embora sem hostilidade, lembrei a ele: “Não entendo essa tua preferência pelo Saturnino. Três dias antes da eleição de 1966, eu era candidato pela oposição (o MDB autêntico), tido e havido como o mais votado. Fui cassado, preso, proibido de escrever ou dirigir jornal”.
EM 66, SATURNINO
DERROTADO, EU CASSADO

Aí, parei, perguntei ao Brizola: “Você sabe o que aconteceu ao Saturnino em 1966? Ele foi cassado pelo povo, era deputado, não se reelegeu. Foi trabalhar com Roberto Campos no BNDE”. (Ainda não tinha o S de Social, continua sem ter. Hoje, devia ter o E de Eike, que deve uma fortuna ao banco).
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PS – Ainda dei uma “estocada” em Brizola: “Tua preferência é derrotista e até pessimista. Por que preferir um comodista e preterir um lutador que não faz concessão?”

PS2 – E a pergunta final, antes de, silencioso, levá-lo ao carro: “Afinal, Brizola, você telefona, prefere a minha casa em vez do jornal, para me dizer isso? Poderia ter falado pelo telefone, seria mais rápido e conclusivo”. Ele não gostou.

Da Tribuna da Imprensa de 11-10-2013.

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