UMAS E OUTRAS DO HELIO FERNANDES

Renan e Eduardo Alves fugiram no 7 de setembro. Hoje pode terminar o julgamento do mensalão. Ou começar um outro, paralelo. O povo não foi às ruas, quanta ausência e desesperança. 7 de Setembro sem Tiradentes. Depoimento imperdível de Jorge Béja. Dona Dilma tem que repudiar Obama, mostrar a revolta do país inteiro.

Helio Fernandes
Dona Dilma aproveitou muito bem a quebra de “privacidade” comprometendo o Brasil. Reagiu como devia, colocou o presidente Obama na defensiva. Ele está perplexo e sem saber, não esperava que a senhora fosse tão ofensiva.
Não houve o menor exagero, o Brasil deixou claro que não convive com a arrogância, não estimula a subserviência, mas não admite a prepotência, seja de quem for.
Isso ficou magnificamente colocado, aqui dentro (que faturamento eleitoral, Dona Dilma), nos EUA e diante do mundo.
Mas agora tem que voltar ao dia-a-dia. Não pode declarar GUERRA aos EUA, nem romper relações comerciais com o maior parceiro do país. Já firmou posição de independência, quem  sabe adiar a viagem para novembro ou dezembro, deixando Obama angustiado? E que ele saiba: o país ficou perplexo com a quebra de “privacidade”. Mas considerou mais grave e revoltante a explicação mentirosa, aviltante e desprezível.
OBAMA NÃO ATINGIRÁ A PETROBRAS,
A EMPRESA SÓ PODE SER ATINGIDA
PELA CORRUPÇÃO, CADA VEZ MAIOR

Nada atinge ou atingirá a Petrobras. E muito menos as manobras ou movimentações do presidente dos EUA. Os escândalos internos e externos que envolvem a empresa, inacreditáveis. E a senhora, que antes de chegar ao Poder condenava essas licitações-leilões criados por FHC, precisa voltar ao passado. (Amanhã mostro o terrorismo financeiro que a Petrobras pratica contra a própria Petrobras).
O POVO NAS RUAS, ESPERANÇA,
ONDE FICOU COMO DESESPERANÇA?

Só lembrei, no dia seguinte, as muitas decepções do 7 de Setembro. A que mais lamentei: a falta de povo, principalmente aqueles que tomaram as ruas a partir de 6 de junho. Foram identificados assim mesmo, povo nas ruas, exaltados, aplaudidos, reverenciados. Só que nesse 7 de Setembro não apareceram, estariam procurando o pedreiro Amarildo, desaparecido desde o dia 14 de julho, que data.
Desde o dia 6 de junho, inteiramente desconhecidos, ovacionados como eles mesmos se identificavam, de “passe livre”, se transformaram em esperança, símbolo e referência de luta. Começaram com uma reivindicação quase inexistente, “redução de 20 centavos nas passagens de ônibus”. Parecia tão pouco, que prefeitos e governadores do Estado do Rio e de São Paulo nem ligaram, elogiaram a Polícia Militar. Que já começou batendo, usando de violência, agredindo.
E defendida por cabralzinho, o “cartolão” Alckmin, o intelectual Haddad e Eduardo Paes, que iniciou a carreira política violento numa CPI contra o ex-presidente Lula. E se elegeu e se reelegeu, “carregado” no colo até o palanque pelo mesmo presidente que massacrou. Não é falta de caráter, é ausência de memória.
Todos sentiram falta de vocês, não apanhando nem batendo, sincera e lucidamente, reivindicando. Foi isso que entusiasmou a comunidade, garantiu a conquista do espaço e intimidou corruptos e corruptores, com mandatos ou sem mandatos, sintetizados naquelas palavras que vocês mesmos popularizaram, se dirigindo a deputados e senadores: “Os senhores não nos representam”.
E agora, quando a comunidade voltará a ouvir as vozes das ruas? Sentirá a presença marcante de multidões, substituídas por “presenças” sem expressão ou convicção?
SONATA E FUGA DOS PRESIDENTES
DA CÂMARA E DO SENADO

Ninguém sentiu a falta deles. Quebrando a tradição da presença de representantes dos Três Poderes no palanque oficial, Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves não apareceram.
Na primeira constatação do palanque quase vazio, surgiu um rumor ou sussurro alentador: “Renan e Henrique Eduardo foram presos”.
Isso logo se diluiu, como todo boato, a verdade prevaleceu: intimidados, apavorados, hostilizados verbalmente e com medo que isso pudesse deixar de ser apenas verbal, combinaram e não foram.
O PRESIDENTE DO SUPREMO, SOZINHO
O palanque, quase que inteiramente despovoado de autoridades. Dona Dilma deu uma “passada” por lá, rapidamente, teve que descer para entrar no carro aberto e comandar o desfile. Encurtado, demorou pouco, entrou no carro oficial e foi para casa.
O presidente do Supremo ficou sozinho, ninguém se aproximava dele, todos ficavam na dúvida se isso seria possível ou permitido. Joaquim Barbosa, desconfortável, também tinha dúvidas: como o único representante dos Três Poderes podia se retirar no meio do vazio, mas “vigiado” pelo olhares de todos? Ficou até o final, impassível, não se virava nem para os lados.
HOJE, NO SUPREMO,
BARBOSA NÃO FICARÁ SOZINHO

Nesta quarta-feira, que eu chamei ontem de decisiva e talvez definitiva, Barbosa será o personagem principal. Não estará isolado, longe das câmeras e dos microfones mesmo por instantes. Ganhando ou perdendo, será o apogeu do julgamento, e ele o adversário a ser contestado por uns, o correligionário apoiado e até aplaudido por outros.
Trabalhei muito, falei, ouvi, insisti, nenhuma possibilidade de esclarecimento. O máximo que quem podia dizer, me disse: “Certo mesmo que a sessão seja histórica, com votos longos e tumultuados. E por causa disso, a sessão de amanhã (hoje) tenha que continuar depois”.
Não há nem como arriscar. Desconfio dos votos de quatro ministros, mas pela ordem de votação, têm que suportar um peso e uma definição que não sabem se poderão confirmar. Não é um julgamento comum ou normal. Com qualquer resultado terá repercussão que ultrapassará o tempo.
ADVOGADOS E MINISTROS
Os defensores estão otimistas, consideram que “não aceitar os embargos infringentes será uma violência. Ou injustiça. Não apresentam essa face otimista para agradar seus clientes (hoje até muito mais amigos do que antes) e sim por convicção.
Os ministros que têm acompanhado o presidente-relator exibem um silêncio também otimista, não conversam, não se manifestam. Mas não podem deixar de mostrar uma satisfação, que deixa quase transparecer o voto. Mas com tantos votando e “desvotando”, como concluir ou opinar apenas por detalhes, suposições, incertezas?
PS – O que não pode ser desmentido de jeito algum é o clima de animosidade, hostilidade, contrariedade. As sessões das turmas, suspensas. Como conciliar ou harmonizar quatro ministros (em cada uma das turmas) discordando tão de perto.
PS2 – Temos todos que esperar mais um pouco. Exatamente às 14h30m, Joaquim Barbosa abrirá a sessão. Mas esse ato não desfará o fato e a confusão. A Justiça, morosa, se torna emocionante.
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O DEPOIMENTO DE JORGE BÉJA

Jorge Béja, corretíssimo e como sempre excelente, teu depoimento sobre a inauguração do Centro Cultural da Justiça, pelo presidente do Supremo, o notável Carlos Veloso, citou toda a fila em que sentamos, sem esquecer um nome.
Melhor ainda: você lembrou que estava na mesa o presidente da Caixa Econômica, eu havia esquecido o fato. E a lembrança tem uma razão insuperável: é que fizemos, durante um tempo longo, na Tribuna impressa, campanha de esclarecimento sobre os prêmios da Loteria da Caixa. E a “sorte” incrível de apostadores não identificados, geralmente um só, quando os prêmios acumulavam.
PS – Você lembrou (como esquecer?) que oferecemos ao presidente da Caixa a primeira página do jornal, para que se defendesse. Mesmo com a ressalva de que “a resposta será publicada inteiramente de graça”, jamais se manifestou ou se defendeu.
PS2 – Por causa da presença dele, eu não quis ir para a mesa, você observou que ele nem me olhava. Fiquei nessa fila que você relacionou. Que tempos memoráveis aqueles, Doutor Béja.

Da Tribuna da Imprensa de 11-9-2013.

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