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REAÇÃO ATRASADA E INSUFICIENTE


Carlos Chagas

Precisou sair no “Fantástico” aquilo que todo mundo no governo já sabia: os Estados Unidos espionaram, e ainda espionam, os telefonemas e os e-mails enviados e recebidos pela presidente Dilma Rousseff. Pois só agora, decorrido mais de um mês depois da denúncia do ex-espião Edward Snowden, diante da exposição de domingo nas telinhas, é que o ministro da Justiça anuncia denúncia às Nações Unidas. Isso depois que o Secretário de Estado americano, aqui no Brasil, teve a desfaçatez de confirmar a continuação da espionagem.

Convenhamos, nossa reação, além de atrasada, é insuficiente. Seria o caso de iniciativas bem mais firmes para demonstrar nossa indignação. Quais?

O cancelamento da visita de estado que Dilma fará em outubro a Washington poderia ser uma delas. Ou sua presença na abertura dos trabalhos da Assembléia Geral da ONU, denunciando a intromissão e pedindo apoio e condenação ao menos retórica das demais nações. A chamada do embaixador brasileiro nos Estados Unidos, para consultas demoradas, também exprimiria a importância dada a prática tão execrável. E outras propostas capazes de exprimir um verdadeiro protesto.

Nada disso acontecerá, salvo engano. Mais uma vez pesará na balança o prejuízo que nossos irmãos do Norte poderão causar à nossa economia. Como sempre, a lei do mais forte prevalecerá.

Indaga-se sobre o que conversarão Dilma e Barack Obama, quando a presidente brasileira estiver hospedada na Casa Branca. Abobrinhas, provavelmente. Juras de amizade. Antes disso, já terão se encontrado em Moscou, pela realização de mais um encontro do G-20. Com a situação na Síria pegando fogo, fica difícil aceitar mais do que uma troca de cumprimentos protocolares nos salões do Kremlin.

Dirão os conformados que política externa é assim mesmo. Reage quem pode, estrila quem consegue. O espírito do marechal Floriano Peixoto não paira sobre Brasília.

MAIS INOCENTES SOFRERÃO

Para ficar na política externa, deveríamos refletir sobre a ameaça que paira sobre a Síria. Um ditador monárquico há anos inferniza aquele país, seguindo o exemplo de seu pai, outro ditador. Uma oposição armada, sabe-se por quem, contribui para a morte de milhares de inocentes, tanto quando o governo em números ainda maiores.

Pois não é que os Estados Unidos encontram-se em vias de aumentar o quota de cadáveres? Barack Obama está a um passo de bombardear Damasco e adjacências com mísseis de última geração. Anuncia que serão atingidos apenas alvos militares, como quartéis, fábricas de munição e outros estabelecimentos bélicos, infelizmente situados em bairros diversos e populosos. A tecnologia ainda não conseguiu produzir bombas especializadas em matar apenas criminosos, poupando inocentes. E nem a pontaria dos americanos é tão absoluta assim. Resultado: morrerão crianças, velhos e famílias sem a menor parcela de culpa sobre a guerra civil, como já tem acontecido. Pergunta-se, para quê? Para satisfazer o complexo industrial-militar?

POUPAR OS TRANSPORTES COLETIVOS

Parece inexorável o aumento nos preços dos combustíveis, em especial a gasolina. Caso contrário a Petrobrás irá à falência, ao tempo em que fica evidente o descompasso entre a economia e a demagogia. Mesmo assim, bem que o governo poderia estabelecer a separação: aumentaria menos, ou nem aumentaria, o preço do óleo diesel destinado aos transportes coletivos. Não seria difícil, com a contrapartida do congelamento das tarifas.

Da Tribuna da Imprensa de 03-9-2013.

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