UMAS E OUTRAS DO HELIO FERNANDES

Aécio, preocupadíssimo com a candidatura Lula. Campos “engrenou” de vez na vice de Lula. Na reforma político-partidária, quem manda é Lula. O fim da reeleição e dos mandatos, serve a Lula. O artigo no New York Times, ridículo para Lula.

Helio Fernandes
Ontem revelei aqui os novos rumos da caminhada de Eduardo Campos. Ainda sem comunicação oficial, estaria desistindo do que jamais assumiu verdadeiramente, a candidatura a presidente, agora em 2014. O PSB já teria incorporado essa convicção e estaria dividido, de acordo com os interesses de cada grupo. Não foi sempre assim?
Só que para Campos a caminhada teria sofrido uma bifurcação. Em vez de partir direto para conquistar o Planalto (que não conquistaria), ele faria uma parada obrigatória como vice de Lula. Se não surgissem complicações de saúde, Lula seria eleito, no primeiro turno.
(Não estou tomando posição, contra ou a favor, apenas fazendo análise e chegando a conclusões. Qualquer analista isento e sem predileções chegaria ao mesmo resultado. Isso já era realidade antes do povo nas ruas, agora se transformou em exigência política, partidária, eleitoral. Dona Dilma foi tão desastrada a partir de 6 de junho, que se transformou na grande derrotada).
CONSULTA A JURISTAS
Agora, a continuidade do que escrevi ontem e dos novos caminhos percorridos pelo governador de Pernambuco. Está conversando com juristas e pedindo resposta para uma única pergunta, como se fosse plebiscito: “Se eu me eleger vice em 2014, para ser candidato a presidente em 2018, preciso me desincompatibilizar?”. Ainda não receber resposta, vou me antecipar.
A reforma da Constituição, comprada às pressas para permitir imediatamente a reeleição de FHC, implantou no Brasil uma Constituição parecida com o “Samba do Crioulo Doido” (Sergio Porto/Stanislaw Ponte Preta), subverteu as coisas, juristas podem interpretá-la da maneira como bem entenderem.
E a razão principal é esta: o tradicional e obrigatório “quem pode o mais, pode o menos”, desapareceu completamente. Quer dizer: o presidente da República (FHC, Lula e supostamente Dona Dilma) podem se reeleger no mais alto cargo da República. Mas se hipoteticamente decidirem disputar qualquer outro cargo, lógico, todos abaixo da Presidência, terão que se desincompatibilizar.
CAMPOS: VÁRIAS RESPOSTAS
Diante da minha exposição e esclarecimento, o ainda governador de Pernambuco pode se preparar: receberá informações com SIM e com NÃO. Alguns juristas-constitucionalistas responderão SIM, tem que sair. Outros dirão NÃO, pode se candidatar no cargo.
Uma pergunta que receberá SIM unânime: tenho de deixar o cargo para ser candidato a vice? Nesse caso, FHC não mexeu na Constituição, não tinha interesse pessoal. E ele só se movimentava por interesse pessoal ou para servir à “privataria”.
A PREOCUPAÇÃO DE AÉCIO E DO PSDB
A chamada oposição que não se opõe, não deixava qualquer dúvida: queria muitos candidatos para então, possivelmente, chegar ao segundo turno. Nunca se viu tanto candidato apregoando que “pretendia apenas chegar ao segundo turno”.
Isso nos tempos de Dona Dilma candidata. Agora que Lula, que era mais forte, e sobe ao pódio junto com o governador de Pernambuco, está prática e oficialmente no palco, os outros não sabem o que fazer. Presidente do PSDB, o ex-jovem Aécio Neves tem total liberdade de desistir de ser presidenciável, sem autorização de ninguém.
LULA IMPÕE SUA VONTADE NA
COMISSÃO DA REFORMA POLÍTICA

Essa comissão não mudará nada, não transformará os partidos ou seus representantes. Mas todos brigam para participar da Comissão. O presidente da Câmara decidiu (?) assim: cada partido terá um representante. O do PT deveria ser Henrique Fontana, há anos estuda o problema.
Lula não se conformou, deu ordens. Indicou o deputado Candido Vaccarezza. Henrique Eduardo Alves, já com um pé no jatinho, aceitou as determinações. Cumpriu a indicação de Vaccarezza, garantiu: “O PT terá dois representantes na Comissão”.
Não explicou a razão, ninguém perguntou, quem quer contradizer um ex-presidente quase futuro outra vez? É evidente que essa Comissão, que “tem 90 dias para fazer”, não fará nada. E quem pensa (?) ao contrário?
PS – 80 por cento, pelo menos, dessas reformas, nem precisariam de 90 dias. Bastaria uma PEC, aprovada e executada em menos de 15 dias. Só que liquidaria com os privilégios dos parlamentares mais antigos.
PS2 – O presidente da Câmara não se cansa de repetir: “Sou deputado de 10 mandatos, estou aqui há 42 anos”. O presidente do Senado, por que ajudaria a transformar um sistema político-partidário, no qual, apanhado em flagrante de vários crimes, renunciou à presidência do Senado, para não ser cassado?
UNIFICAÇÃO DOS MANDATOS
E FIM DAS REELEIÇÕES

A idéia de acabar com todas as reeleições e fixar os mandatos em 5 anos, de vereador a presidente da República, foi a melhor sugestão, aplaudida em toda essa confusão das ruas e dos gabinetes. Não será aprovada, tem que passar pelo Legislativo, quem votará a favor?
Agora, apareceu proposta semelhante, com aumento de mais um ano. Foi apresentada por prefeitos, só que, em vez de 5 anos, todos teriam 6 anos, mas sem reeleição. São muito prefeitos apoiando essa sugestão. Afinal, os prefeitos, mais de 5 mil e 500.
LULA ESTÁ “INCHADO”
O único obstáculo político-eleitoral, impedindo Lula de voltar ao Planalto-Alvorada, seria a saúde. Ele estava “escondido” há muito tempo, agora apareceu na TV por causa do artigo do New York Times. E a constatação irrefutável: ele não parece bem, a palavra correta para defini-lo: inchado. E totalmente roliço.
O ARTIGO NO JORNAL DOS EUA
Engraçadíssimo. Foi uma “sacanagem” do jornal americano. Embora soubessem que o artigo não seria escrito por ele, tinham certeza de que não passaria de uma peça de humor, não do tipo Chico Anysio/Millôr Fernandes, mas sim de “Zorra Total”. Puxa, não havia um conselheiro, um marqueteiro, um diretor do Instituto para alertar: “Lula”, isso é uma armadilha”. Só houve mesmo repercussão (negativa) no Brasil. Lá, ninguém leu.
NINGUÉM QUER LIGAÇÃO
COM SERGIO CABRAL

Depois de Dona Dilma, o maior perdedor com a participação do povo nas ruas foi o governador do Estado do Rio. Antes mesmo de toda essa confusão e tumulto, eu já dizia aqui, taxativamente: o futuro governador do Estado do Rio será Garotinho (a terceira vez, a segunda foi quando elegeu a própria mulher) ou Lindbergh Farias.
Quando o secretário de Segurança não aceitava ser vice de Pezão, eu explicava aqui: “Ele não quer se o segundo do primeiro que não vai ganhar”. Agora é o próprio vice Pezão, cotado para ser promovido a governador, que não quer disputar, prefere ser senador. Como é só uma vaga, Cabral não aceita indicá-lo.
CABRAL: DE EMBAIXADOR
A SENADOR, E OLHE LÁ

Antes do povo ir para as ruas, Cabralzinho tinha um plano perfeito, revelado aqui várias vezes. Como em 2014 não havia chance para ele, conseguira com Dona Dilma que o nomeasse embaixador na França. Ficaria lá até o fim de 2016, início de 2017, voltaria no auge, cheio de possibilidades. Com a derrocada de agora, se ficar em liberdade, tudo é lucro.
Ontem à noite, quando eu terminava este texto, manifestantes queimavam um boneco diante do prédio luxuoso onde mora o governador que nunca trabalhou na vida e ficou miliardário antes dos 40 anos. Cabral é um fenômeno de enriquecimento ilícito. Às custas da política. Só sonha em morar na França, porque a guilhotina está desativada.

Da Tribuna da Imprensa de 18-7-2013.

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