O PREGUIÇOSO TEM PRESSA


A pressa do preguiçoso

ESCRITO POR FABIO BLANCO | 12 JULHO 2013 NO MÍDIA SEM MÁSCARA
ARTIGOS - CULTURA

Se querem que o Brasil seja um país habitável daqui há algumas décadas, precisam começar a prepará-lo desde agora.


O homem agrário, ao observar seu cotidiano, não tem dúvida de duas verdades inflexíveis: a de que se planta o que se colhe e a de que o que se planta hoje será colhido apenas em seu devido tempo. Qualquer lavrador sabe disso. No entanto, o homem-massa civilizado brasileiro não aprende esta lição trivial.
Décadas de descaso em relação à alta cultura, de exaltação de um estilo de vida boêmio e malandro (quando não criminoso), de propagação de imoralidades, anti-religiosidade e imbecilidade pelos meios de comunicação, principalmente a tevê, e de apatia política, um dia cobrariam seu preço. Após ignorarem por tanto tempo os valores superiores, cultivando a baixeza em todas as suas formas, o que as pessoas acreditavam que iriam colher?
O que temos hoje é o fruto das sementes que nós mesmos plantamos. E esta é uma lei inexorável: tudo o que o homem semear, isso também ceifará (Gl 2.6). O estranho seria se houvesse no Brasil uma estabilidade e prosperidade tais, comparáveis às nações mais desenvolvidas. Isso seria praticamente como se a lei da gravidade deixasse de agir por algum momento.
Vemos o país em uma grave crise institucional, com seus poderes agindo, quase como sempre agiram, com casuísmo, de acordo com as suscetibilidades imediatas e, ainda assim, não pense que está sendo aprendida alguma lição. Não vejo, em um comentarista sequer, do veiculo de imprensa que for, apontando que tal crise é resultado do descaso cultural e institucional secular neste país. 
Como um vício já impregnado na alma brasileira, os opinadores conseguem apenas observar os fatos, os problemas imediatos, os erros do presente, sem qualquer capacidade de enxergar em retrospectiva, de olhar além do tempo atual, de perceber que as mazelas de hoje são apenas o resultado óbvio de um estilo de vida e pensamento que há muito tempo vêm sendo acolhidos por estas terras.
O problema ainda maior é que este vício de observação não apenas afeta o olhar em relação ao presente, mas não permite que se prepare algo de valor para o futuro. Ora, se há algo de muito errado diante dos nossos olhos, deveríamos fazer algo para consertá-lo. Porém, ignorando mais uma vez a sabedoria natural do homem do campo, a solução encontrada está sendo a destruição do que existe e a tentativa de substituir tudo de uma vez só. 
É assim mesmo! O preguiçoso está sempre com pressa. Melhor é fazer tudo rapidinho, que dessa maneira dá menos trabalho.
A onda de reclamações que temos visto nos últimos dias é exatamente isso: gritos por mudanças, porém mudanças pontuais e imediatas. Em um só tempo querem acabar com a corrupção, criar sistemas de transportes, saúde e educação eficientes, fazer uma reforma política, uma reforma agrária, ter aumento em suas próprias remunerações, ter melhores condições de trabalho, impedir a homofobia, garantir a liberdade de expressão, permitir o aborto, impedir o aborto, liberar a maconha, liberar a catraca, pagar menos pedágio, pagar menos impostos, livrar-nos dos comunistas, dos fascistas, dos anarquistas, dos direitistas, dos conservadores e dos religiosos, derrubar a presidente etc. etc. etc.
Apenas estão ignorando uma coisa: uma sociedade não pode ter nada estável e consistente sem anos e anos de trabalho, estudo, planejamento, pesquisas e debates. Se querem que o Brasil seja um país habitável daqui há algumas décadas, precisam começar a prepará-lo desde agora. E isso apenas será possível, se abandonarem o casuísmo, o imediatismo e a pressa que fazem parte já da cultura e alma nacionais.
E sabe o que é pior? Não vejo nenhum movimento nesse sentido.

* * *

Moloch moderno

É incompreensível esta obsessão pelo aborto. Ainda que alguém tenha dúvidas sobre a humanidade plena de um feto, militar ardentemente em favor de sua destruição deliberada apenas pode ser explicado por algum transtorno psicológico grave. O que para nós é luto, para eles é festa. Porém, é possível que haja uma explicação mais misteriosa para tudo isso, como uma atuação demoníaca sobre boa parte da humanidade. Considerando que o mundo está no maligno (1ª João 5, 19), o genocídio que ocorre em muitos lugares talvez seja uma nova forma de satisfazer o deus Moloch.

O mundo está ficando pequeno

A ditadura do pensamento chegou há muito tempo em países como Inglaterra e Suécia. O que aqui estamos começando a perceber, lá já é realidade há mais de duas décadas. E esse monstro vai expandindo seus tentáculos até os confins da terra. Chegará um momento que não haverá mais para onde fugir, onde ficar, onde viver, sem que os olhos do Grande Irmão lhe alcancem. O mundo realmente está ficando pequeno, mas não é por causa da superpopulação. O mundo está ficando pequeno para que haja mais de uma forma de pensar. Basta a deles. Acho que é por isso que o Apocalipse fala de uma cidade que vem do alto. Quando o mundo não oferece mais abrigo para o homem de Deus, lhe resta apenas esperar que ele passe e que se façam novas todas as coisas (Ap. 21.5).

O anticristo e a democracia

A aparição de um anticristo, seja lá o que for ou quem for ele, não será, decididamente, recebida com espanto. Pelo contrário, do jeito que as coisas andam, o anticristo, longe de ser uma afronta, será o reflexo do próprio espírito do mundo. Se as pessoas o seguirão, será pela identificação. O maravilhamento se dará por causa da perfeita simetria entre sua atuação e os anseios das pessoas. Diferente do que pensávamos antigamente, o anticristo será levantado pela democracia, em um amálgama entre esta e o imperialismo, como já dizia H. A. Ironside, lá no começo do século XX.

Fabio Blanco é advogado e teólogo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 10/12/2023 - DOMINGO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 05/8/2023 - SÁBADO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 2ª EDIÇÃO DE 08/4/2024 - SEGUNDA-FEIRA