DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 14-6-2013

NO JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE (Regional)

EXCLUÍDOS CIGANOS
Vidas em trânsito e perseguição
14.06.2013

Com uma trajetória marcada historicamente pelo preconceito, os ciganos conseguem despertar sentimentos dúbios

O sofrimento é a marca do povo cigano, em quase todos os lugares
Foto: Cid Barbosa

Diferentemente de como são apresentados na moda, em festas representadas pela exuberância das cores, sensualidade das danças e da música, os ciganos, na vida real, são bem diferentes. E foi essa realidade que pudemos constatar ao entrar no universo de um povo marcado pelo preconceito, daí a desconfiança. Mas quando percebem que o visitante tem uma outra visão sobre eles, abrem as suas tendas e falam de suas necessidades e anseios. E entre xícaras e mais xícaras de café, revelam mais sobre a sua cultura.
Para alguns, não passam de trapaceiros, espertalhões, gente perigosa; enquanto, para outros, são portadores de um saber sobrenatural, principalmente as mulheres. A maior parte delas dedica-se à quiromancia, adivinhação pelas linhas da palma das mãos. Enquanto os homens são exímios comerciantes. Mas, quem são essas pessoas? São vítimas de um preconceito "globalizado". No mundo todo a rejeição acompanha esses povos ao longo da história.
Na Idade Média, eram queimados em fogueiras; sentiram na pele os horrores da perseguição de Hitler junto com os judeus. Em pleno século XXI, são cidadãos indesejáveis na Europa. Portadores de uma história que ninguém sabe ao certo onde começou, possuem linguagens próprias, uma cultura que mistura traços de povos de diversos países e continentes, marcada pela oralidade.
São escassos os registros ou documentos oficiais sobre esses povos. Eles próprios constituem registros vivos dessa história, pontuada por perseguições. No Brasil, existem poucas obras escritas sobre eles. Um dos documentos mais antigos (1574) trata da chegada de João Torres, com sua família, como degredado. Sabe-se que chegaram aqui à época do descobrimento e que ocuparam o litoral nordestino.
Comum em todas as denominações, tanto a Calon, quanto a Rom, originária do leste europeu, o desprezo acompanha essas populações desde que foram expulsas da Europa, por atrapalharem o projeto de modernidade, entre os séculos XV e XVIII, marcado pelo culto exacerbado ao progresso científico.
Respeito aos mais velhos, casamentos familiares e supremacia do homem frente à mulher são elementos dessa cultura que possui códigos éticos próprios. Ainda são chamados de bruxos ou malfeitores por onde passam. No Nordeste, os Estados da Bahia, Piauí, Pernambuco, Paraíba e Ceará concentram algumas comunidades do grupo dos Calon, primeiro a chegar ao Brasil, após ser expulso de Portugal. Muitos não têm sequer registro civil, impedindo o acesso à educação e à saúde. Dentre as minorias étnicas no Brasil, são as menos favorecidas. Este caderno encerra a série "Excluídos", que mostrou, também, um pouco da realidade de quilombolas e indígenas no Nordeste.

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NO BLOG DO EGÍDIO SERPA

Copa das Confederações: venda encalha

No comércio lojista de Fortaleza, que esperou tanto por este momento, tudo se passa como se a Copa das Confederações ainda estivesse distante de acontecer.
As lojas estão vazias de interesse pelos produtos do marketing desse torneio, que amanhã começará em Brasília e prosseguirá domingo com jogos em Recife e no Rio de Janeiro, onde também o evento da Fifa não tem repercutido a ponto de incrementar as vendas.

O que houve?

A explicação dos comentaristas de futebol é simples: a Copa das Confederações, que se realiza um ano antes da Copa do Mundo, atrai muito pouco torcedor estrangeiro.
Sem ele, tudo encalha.
Há uma esperança: se a seleção brasileira, liderada por Neymar, for bem, as vendas do comércio melhorarão.
Então, a hora é da torcida. Resta torcer.


NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO

DF: aprovação 
de Dilma desaba
de 53,3 para 43,6%

A aprovação do governo Dilma, entre os moradores do Distrito Federal, despencou 9,7 pontos percentuais, caindo de 53,3% para 43,6%, enquanto a desaprovação cresceu 13,3 pontos, passando de 20,1% em março para 33,4% em junho deste ano. É o que aponta pesquisa do instituto O&P Brasil, que entrevistou mil eleitores entre os dias 6 e 10 deste mês. A margem de erro é de 3,1% e o grau de confiança, 95%.

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Endividamento familiar

Tem tudo para dar errado a opção de Dilma pelo “eleitoralismo”, em vez do realismo, financiando com dinheiro do próprio trabalhador, o FGTS, linha de crédito para mobiliar o “Minha Casa, Minha Vida”.

Desce do salto

Até o PCdoB aprecia a queda de Dilma nas pesquisas. Espera que a madame troque os saltos altíssimos pelas sandálias da humildade.

Pensando bem...

...depois da Rose desaparecida, surge mais uma lenda brasileira: o autor do boato do Bolsa-Família.

Marina avança

A O&P Brasil mostra que, no DF, Dilma caiu na intenção de votos para presidente, de 44,2% para 33%, e Marina Silva se próxima: 27,9%.

Noblesse oblige

Enquanto o pau comia em São Paulo, Geraldo Alckmin e Fernando Haddad cantavam no palco com Daniela Mercury, após saborear foie gras, com as mulheres, em regabofe na embaixada do Brasil em Paris.

Dormindo espero

“Dorme” na Justiça Federal há dois anos o processo contra Lula e o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli pedindo a anulação da entrega de refinarias à Bolívia, do cocalero, num episódio vexaminoso em 2007.

Boi na linha

A Frente Agropecuária paralisa várias rodovias hoje entre 9h e 14h contra fraudes nas demarcações de terras indígenas e quilombolas, num movimento nacional pela instalação da CPI da Funai/Incra.

Contrabando

Além de mais ou menos eleito, o presidente Nicolás Maduro pode ser “pirata”: em artigo no jornal espanhol El País, o embaixador do Panamá na OEA reafirma a suspeita de que Maduro nasceu na Colômbia.

Chute de canela

Após visitar em abril as obras do Mané Garrincha, o deputado Romário (PSB-RJ) sentenciou que o estádio de Brasília não seria concluído a tempo da Copa das Confederações. Agora, deve estar se lembrando das próprias palavras sobre Pelé: “Calado, ele é um poeta”.

Menem é condenado a 7 anos de prisão

O ex-presidente argentino e atual senador Carlos Menem (1989/99) foi condenado nesta quinta-feira (13) a sete anos de prisão de cumprimento efetivo, por contrabando de armas para Croácia e Equador durante seu governo, informou o tribunal. "Será estabelecida uma pena de sete anos de prisão de cumprimento efetivo", disse o presidente do Tribunal durante a leitura da decisão, esclarecendo que o processo de perda do foro privilegiado de Menem deve ter início para que a sentença seja aplicada. Aos 82 anos, Menem esteve ausente durante a audiência por razões médicas. O contrabando foi praticado entre 1991 e 1995. Seu ex-ministro da Defesa Oscar Camilión, de 83 anos, também ausente por prescrição médica, foi condenado a cinco anos e meio de reclusão pela mesma acusação.

Coerência oblíqua

Foto
Homem culto e orador brilhante, o general e deputado gaúcho Flores da Cunha discursava da tribuna da Câmara quando um deputado, Teixeira Coelho, resolveu corrigir-lhe uma frase iniciada com pronome oblíquo. A resposta de Flores da Cunha entrou para a História das melhores reações de improviso de que se tem notícia: - O senhor não tem muita autoridade para me corrigir, pois, para ser coerente, o seu próprio nome deveria ser Cheira-te Coelho!


NO BLOG DO NOBLAT

Diante do quadro fiscal, governo desiste de cortar mais impostos

Gabriela Valente e Martha Beck, O Globo
Preocupada com as contas públicas, a equipe econômica do governo decidiu suspender temporariamente todos os estudos sobre novos cortes de impostos, que estavam em planejamento para incentivar a economia via aumento de consumo.
Apesar do baixo ritmo de crescimento da economia, aquém das expectativas mais pessimistas, a ordem agora é congelar tudo o que poderia pesar nos cofres públicos, inclusive a tão esperada reforma na tributação do PIS/Cofins. Neste caso, as mudanças representariam uma renúncia de cerca de R$ 18 bilhões no ano.



A população do planeta Terra atingiu 7,2 bilhões de pessoas

Estadão
A população do planeta Terra atingiu 7,2 bilhões de pessoas, informa a Organização das Nações Unidas (ONU) no estudo "Perspectivas de População Mundial", divulgado hoje.
E, de acordo com as projeções de crescimento demográfico apresentadas pela entidade, a população mundial deve chegar a 8,1 bilhões de pessoas em 2025 e 9,6 bilhões em 2050.




NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO

Como a metafísica petista criou a violência dos Remelentos e das Mafaldinhas incendiários. Ou: O casamento do estado-babá com o estado prevaricador

A Avenida Paulista não é a Praça Tahrir, no Cairo. Também não é a Praça Taksim, em Istambul. Embora eu não reconheça, como todo mundo sabe, a existência de uma “Primavera Árabe”, não dá para ignorar que os egípcios que foram às ruas enfrentavam uma ditadura feroz. Na Turquia, o que está em curso é a construção de um regime autoritário, ancorado, como é evidente, na religião. Os que rejeitam a ditadura religiosa e o governo autoritário — embora eleito — estão nas ruas. A resistência à reforma de uma praça é, de fato, rejeição à progressiva islamização do país, promovida pelo primeiro-ministro, Recep Erdogan. A Europa em desalento, especialmente a Espanha, com um desemprego brutal, também tem sido palco de protestos. ATENÇÃO! No Cairo, em Istambul ou em qualquer país europeu, não se viu nada parecido com a violência liderada pelo tal Movimento Passe Livre em São Paulo. Muito bem! Os que foram à luta nos países árabes (com uma agenda ruim, insisto!) enfrentavam tiranias. Os que resistem em Istambul estão dizendo “não” à progressiva islamização do país.
Mas e os nossos “revolucionários”, saídos dos setores mais abastados da sociedade? O que quer essa gente? O Brasil passa, por acaso, por algum déficit democrático? A resposta até pode ser afirmativa, mas não é isso que está a levar os baderneiros para as ruas. O Brasil passa por alguma crise econômica grave? Há sinais importantes de deterioração da economia, mas também não é isso que mobiliza os incendiários. Tenho uma desconfiança: estamos assistindo ao desdobramento mais perverso deste misto que temos visto de estado-babá com estado prevaricador. Já chego lá. Antes, algumas outras considerações.
Nesta quinta, enquanto os delinquentes babavam a sua pauta aloprada nas ruas de São Paulo — e de diversas capitais —, em Brasília, aconteciam algumas coisas importantes. No STF, decidia-se o destino da liminar que suspendeu a tramitação do projeto de lei que impõe dificuldades à criação de novos partidos. Já escrevi muito a respeito (e voltarei ao assunto nesta sexta). A liminar vai cair — embora haja pistas importantes de que a lei, se aprovada, será considerada inconstitucional. Trata-se de um movimento da maioria de ocasião esmagando a minoria. Com o texto, se aplicado, Dilma consolidaria um verdadeiro latifúndio no horário eleitoral gratuito. Trata-se de uma patuscada autoritária, nascida, sim, no Legislativo, mas patrocinada pelo Planalto, com o intuito claro de impedir a criação da Rede, partido de Marina Silva, e a consolidação da Mobilização Democrática. Não há um só banana protestando. Esses cretinos nem sabem direito do que estou a falar. Não sabem PORQUE A DEMOCRACIA NÃO É UM VALOR PARA ELES.
Mas esse não era o único debate importante. Uma comissão se formou para tentar encontrar algum consenso para a PEC 37, aquela que impede o Ministério Público de conduzir investigações. Quer-se que essa tarefa seja monopólio da Polícia Federal e das Polícias Civis. Não se chegou a lutar nenhum. Qualquer coisa pode acontecer. O ânimo, no Congresso, é cortar a prerrogativa do MP. Eis outra questão fulcral para a democracia. E, como é notório, o Movimento Passe Livre, o PSOL, o PCO e outras minoridades políticas sem voto também deram de ombros para a questão. Aqueles babacas mascarados, que saem chutando ônibus, pichando, com suas mochilinhas caras nos ombros, seus tênis importados e suas roupas de grife, se lessem o que escrevo, não distinguiriam este texto de um tratado em grego clássico.
O país começa a assistir a um alinhamento que aponta para um mau futuro: inflação acima da meta, baixo crescimento, juros elevados (vão subir mais), baixo investimento, déficits gêmeos… Isso, então, está em outra galáxia, muito distante daquele em que orbita a turma do quebra-quebra. Ontem, assisti na TV à entrevista de alguns deles — os que falavam, dava para perceber, comem sucrilho ainda hoje, tomam Toddynho, vivem confortavelmente… Às vezes, é preciso ser profundo o bastante para acreditar na primeira impressão: a pobreza tem cara específica, dentes específicos, pele específica, cabelo específico… O consumo das boas proteínas no tempo adequado não mente jamais. Ali estavam filhos, como vou dizer?, dos abastados. E muitos nem se ocupam em esconder: admitem que o reajuste de 20 centavos na tarifa é uma bobagem; admitem que não são afetados pelo problema; sabem que os transportes públicos foram reajustados abaixo da inflação em São Paulo… Mas anunciam que estão a falar em defesa do povo!
Era patético ver os Remelentos & as Mafaldinhas do sucrilho a gritar, com sua boca cheia de dentes, em direção ao povaréu que assistia àquilo tudo, incrédulo, estupefato: “Você aí parado/ também é explorado”. Não entendi o “também”? Quem mais é “explorado”? Certamente não são aqueles que gritam. Mas sabem como é: parte dessa meninada aprendeu na escola, com seus professores hipomarxistas (o “hipomarxismo” é o marxismo dos idiotas que não leram Marx, que é mais bisonho do que o marxismo idiota dos que leram), que, se o oprimido não luta, a gente deve lutar por ele…
Qual é a luta?
Qual é a luta dessa turma? Como é que eles pretendem mudar o mundo? Numa primeira etapa, a redução da passagem de R$ 3,20 para R$ 3. Uau!!! Mas eles deixam claro que a pauta verdadeira é outra: a gratuidade do transporte público. Sim, caro leitor: eles querem que o Brasil seja o único país do mundo com a gratuidade total dos transportes e que tudo comece por São Paulo. Uma frase estúpida, verdadeiramente “jumêntica”, como diria Odorico Paragauaçu, indaga: “Se é público, por que é pago?”. Notaram? Toma-se o público como sinônimo de gratuidade, como se os recursos para isso caíssem do céu. Ora, aquilo que for publico e gratuito será pago por alguém: por quem?
Como é que essa pauta prospera e chega a conquistar a simpatia de setores da imprensa — desde sempre — e, segundo informa o Datafolha, de parcela considerável dos entrevistados? Segundo o instituto, 55% apoiam o protesto, contra 41%, que o rejeitam. Dizem, no entanto, que há excesso de violência 78%. Atenção! O Movimento Passe Livre quer a gratuidade do transporte; a maioria, diz a pesquisa, apoia, mas se opõe a que se cortem recursos de outra área para desviar para o transporte. Confuso, então, esse o paulistano, nesse particular, quer a quadratura do círculo.
De novo: qual é a luta?
Noto alguns esforços de sociologização barata do episódio, tentando identificar um certo mal-estar difuso, que andaria por aí, querendo significar alguma coisa… A resposta me parece até bastante simples, embora ela aponte para uma realidade nada alvissareira. Estamos assistindo ao desdobramento virulento da associação entre o estado-babá e o estado prevaricador.
Por babá, entende-se, então, que esse estado é obrigado a financiar o indivíduo até nas questões mais pessoais, mais íntimas. Já há no país uma verdadeira Bolsa Orgasmo: o ente público fornece camisinha, pílula comum, pílula do dia seguinte… Se depender da militância, logo vai oferecer também o aborto, que é para fechar o círculo. O sujeito não precisa se responsabilizar nem pelo que faz com o seu baixo ventre. Nada! “Ah, Reinaldo, antes isso do que ver crescer o números de contaminados pela AIDS…” Até pode ser. Mas isso não anula o fato de que temos uma sociedade — SOCIEDADE MESMO! — que vai se tornando, a cada dia, mais estado-dependente. Num extremo, é Bolsa Família; no outro extremo, é Bolsa BNDES.
Generaliza-se a convicção de que o estado tem, sim, o dever de sustentar o indivíduo do nascimento à morte. E pouco importa quanto isso possa custar. A pesquisa Datafolha é eloquente a respeito. A maioria apoia os protestos, mas é contra dar mais dinheiro público para os transportes. Bem, então resta tirar um coelho da cartola. Aquela pergunta estúpida é emblemática: “Se é público, por que é pago?”. Depender do estado, esperar a benesse, não querer arcar com o custo, isso está se tornando a nossa segunda natureza.
Patrocinando a ilegalidade
E há, é evidente, um patrocínio escancarado da ilegalidade, operado pelo estado brasileiro. Ora, o MST é uma excelente inspiração para os radicaloides do Movimento Passe Livre. Afinal de contas, o que esse “movimento” faz no Brasil há quase 30 anos? Move-se na mais escancarada, arreganhada e vergonhosa ilegalidade. Qual foi a consequência, para aqueles valentes, da primeira invasão da fazenda da Cutrale? Nenhuma! Qual foi a consequência da segunda invasão? Nenhuma também! E da próxima? A resposta é a mesma.
Vejam o caso escandaloso do Mato Grosso do Sul, aí envolvendo os índios. Proprietários legais de terra, com títulos centenários, estão sendo expulsos de suas propriedades, que são depredadas, queimadas. Esse movimento é insuflado, atenção!, de dentro do Palácio do Planalto, por intermédio da Secretaria-Geral da Presidência, cujo titular é Gilberto Carvalho. É, amiguinhos, a prática terrorista passou do campo para a cidade — mais dia, menos dia, isso iria acontecer. E estejam certos: se essa gente não for reprimida, segundo o rigor da lei, as cidades brasileiras vão se transformar num inferno. Já está claro que para criar uma grande confusão não é preciso muita coisa. O PSOL e o PCO não têm votos, como a gente sabe. Mas eles não precisam disso. Voto é coisa da democracia representativa, que os baderneiros desprezam. Hoje em dia, eles lidam com o conceito fascistoide de “democracia líquida”.
Começando a encerrar
Sim, existem os esquerdopatas no meio da turma, mas a ideologia, nesse ambiente, nem tem tanta importância porque essa gente é mal informada, malformada, desinformada. Na raiz de uma mobilização estúpida como essa — gratuidade dos transportes — estão a convicção deformada de que o estado deve ser o provedor dos indivíduos (Dilma acaba de lançar um programa de crédito pra comprar sofá e geladeira, certo?) e a certeza de que, na “luta política”, o crime compensa.
“Ah, o Reinaldo agora é contra mobilização popular. Democracia é assim mesmo: também vale para causas ruins.” Eu sei e já escrevi isso umas 500 vezes. O ponto é outro: as formas de luta em curso são aceitáveis num regime democrático? Acho que não são. Aí, então, essa gente precisa sentir o peso da democracia quando fardada — porque ela resgata e preserva direitos. Se houve excessos, que sejam punidos. Ocorre que, com alguma frequência, se está a chamar de excesso a reação normal de uma força militar que foi agredida.
Não há mal-estar secreto nenhum na “civilização brasileira” que explique o vandalismo. Há, isto sim, o casamento de dois atrasos: o estado-dependentismo e a impunidade. Grupos radicais resolveram adotar os métodos do MST, na certeza de que nada vai lhes acontecer. É MSNV: o Movimento dos Sem-Noção e Sem-Vergonha.
Por Reinaldo Azevedo



NO BLOG DO JOSIAS


Nina Cappello, estudante de direito, tida como uma das “organizadoras” do Movimento Passe Livre já havia lavado as mãos há três dias: “A gente não tem controle. Ficou claro que a manifestação se transformou numa revolta popular na cidade contra o aumento da tarifa.” Na noite passada, Lídio Costa Júnior, major da Polícia Militar, enxaguou as mãos “Não nos responsabilizamos mais pelo que vai acontecer”.
Entre a falta de controle da turba e a ausência de responsabilidade da farda, o irracional tornou-se o ator principal do espetáculo transmitido ao vivo das ruas centrais de São Paulo para os lares de todo país. Em meio à bruma do spray de pimenta, a euforia do quebra-quebra misturava-se à excitação dos tiros de borracha. Os dois lados pareciam ter ciência de que preparavam um noticiário fantástico.
Era como se ditassem para o William Bonner um par de destaques para a escalada de manchetes do Jornal Nacional. Era como se redigissem a capa dos jornais da manhã seguinte. Rodavam uma espécie de filme de ação sem autor nem diretor. Depredavam e lançavam bombas de gás porque seguiam orientações e cumpriam ordens. Orientações do Tinhoso, ordens do Todo-Poderoso. E vice-versa.
Exceto pelos sublevados que não têm cara de quem anda de ônibus, manifestantes e soldados formam uma irmandade feita da mesma matéria prima. Não têm razão para sentir raiva um do outro. Provavelmente moram nas mesmas submoradias, comem o mesmo pão que Asmodeu amassou.
Suprema ironia: quando o prefeito era de outro partido, o PT estimulava o Movimento Passe Livre. Agora, o prefeito é petista. Cúmplice nos reajustes, faz coro com o governador tucano: não há como cancelar. E a turma que dirige o próprio carro se horroriza com a revolta que um reajuste de R$ 0,20 pode causar. Que horror, que horror!
Por sorte, a rebelião teve um desses momentos que o doutor Luís Roberto Barroso, novo ministro do STF, chamaria de ponto fora da curva. Protagonizou-o o policial militar Wanderlei Paulo Vignoli. Montava guarda no prédio do Tribunal de Justiça de São Paulo quando notou que um sujeito pichava o bem público. Tentou impedir. Súbito, viu-se cercado por duas dezenas de manifestantes.
Apedrejado na testa, sangue a escorrer pelo rosto, recolheu os ruídos que soavam ao redor: “Lincha, lincha. Tira a arma dele. Mata!” Sacou o revólver que trazia na cintura. Estava carregado com balas letais, não de borracha. Por que não atirou? “Somos treinados para manter o autocontrole, só atirar no limite. Entendi que, mesmo tendo sido atingido com pedradas, não era o limite para usar arma de fogo.”
Vignoli anda de ônibus e de metrô. Quando não está fardado, desembolsa a tarifa que passou de R$ 3,00 para R$ 3,20. Informado de que os rebeldes pedem tarifa zero, o policial fez cara de riso. “Eu também gostaria, né? Mas acho que nem os países de Primeiro Mundo chegaram a esse patamar.”
Segurança do Tribunal de Justiça, Vignoli conta que o prédio acaba de passar por uma restauração milionária. “Eles têm que entender que esse dinheiro [para apagar a pichação] vai sair do bolso da população.” A realidade brasileira por vezes fica inacreditável. as quando se imagina que tudo está perdido, o sujeito que segura o revólver demonstra que é possível ter razão disparando apenas argumentos.


NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES

Marco Antonio Villa: Passe livre, fascismo e oportunismo político

MARCO ANTONIO VILLA
Sobre o tal “Movimento Passe Livre”, vale destacar dezesseis pontos:
1. não é o que pode ser chamado de movimento social, sociologicamente falando;
2. é um ajuntamento de pequenos grupos ultra-esquerdistas sem qualquer importância política;
3. tem uma prática típica de grupos fascistas, são eleitoralmente inexpressivos;
4. como a eterna crítica ao capitalismo – que vive uma “crise terminal”, falam isso desde o final do século XIX – não se materializa na “revolução”, necessitam construir um móvel de luta para não perder o apoio das “suas bases”;
5. o desemprego e a crise econômica – presentes na Europa – aqui são irrelevantes, portanto a “mobilização” tem de buscar outro móvel de luta;
6. a passagem de ônibus virou um eficaz instrumento para as lideranças desses grupelhos dar satisfação às suas inquietas “bases”, cansadas de ouvir discursos revolucionários, negadores da democracia (chamada depreciativamente de “burguesa”), sem que tivessem o que chamam de prática revolucionária;
7. para estes grupelhos, o vandalismo é um excelente instrumento de propaganda. Eles se alimentam do saque, da violência e da destruição do patrimônio público e privado;
8. o poder público não sabe agir dentro da lei para conter os fascistas. Ou se omite, ou age como eles (ou da forma como eles querem);
9. agir com energia, dentro dos limites legais, é a forma correta de conter os fascistas;
10. e o óbvio: é nestes momentos que as lideranças políticas são testadas.
11. É evidente a tentativa de emparedar o governador do estado. O prefeito – sempre omisso – não está na linha de fogo;
12. Não há qualquer relação destas manifestações com aquelas dos anos 1960, 1970 (quando vivíamos no regime militar), das Diretas ou do impeachment do Collor (1992). Hoje vivemos em um regime de amplas liberdades;
13. A liberdade de manifestação é garantida pela Constituição, assim como a de ir e vir. Os fascistas são contra as duas. Tem ódio da Constituição, que para eles é “burguesa” e liberdade de ir e vir é contra o “Estado socialista” que eles defendem (Coréia do Norte, Cuba , etc);
14. Se tivessem sincero desejo de se manifestar, não faltam praças em SP;
15. O “movimento” está desesperadamente procurando um cadáver;
16. E como bem disse um comentário, este movimento não vale vinte centavos.




























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